Martinho Júnior, Luanda
1
– A fluidez do Não Alinhamento activo não desapareceu na voragem do tempo,
sobrevivendo ao fim da Guerra Fria, por que a “Nova Ordem Global”, na
perspectiva e via da hegemonia unipolar, tem sido determinante em relação à sua
firmeza, coerência e vitalidade.
Essa
fluidez socorre-se da lógica com sentido de vida, sem se deixar equivocar nos
termos duma consciência dialéctica alicerçada em factores de ordem histórica,
antropológica e sócio-política, no que ao homem diz respeito, como em factores
essenciais resultantes dos aspectos físico-geográficos-ambientais que estão na
base do respeito que a todos deve merecer a Mãe Terra.
Por
isso muitas das minhas correntes análises, assumem aspectos filosóficos que se
prendem à matriz dessa extraordinária amplitude que nos contempla e nos
mobiliza.
2
– O equacionamento dos factores físico-geográficos-ambientais no seu
inter-relacionamento com o homem mereceu algumas apreciações minhas em séries
como “A LÓGICA COM SENTIDO DE VIDA”, ou “O LABORATÓRIO AFRICOM” e
estão presentes em muitos outros trabalhos por mim produzidos e mesmo em muitos
comentários e intervenções que tenho feito.
Por
isso parece-me que, ao abordar o presente tema, “A PAZ POR OBRA DO NÃO
ALINHAMENTO ACTIVO EM PLENO SÉCULO XXI”, há apreciações sobre África e América
Latina que, por mérito próprio no que à paz diz respeito, merecem especial
atenção.
Destaco
desde logo os papéis de vanguarda da Revolução Cubana no espaço da América
Latina e do Movimento de Libertação em África, com relevância para o
protagonismo do MPLA no que ao continente-berço diz respeito, algo que
corresponde a uma simbiose que nutre as opções mais saudáveis a sul e de acordo
com as sensibilidades sócio-político-culturais do sul.
3
– Não se julgue que esse processo civilizacional de veias abertas, desperdice
coerência substantiva: elas, as veias abertas, estão a ser tão poderosas no que
a inteligência diz respeito, que há um espaço de tal maneira intenso e imenso
de sua responsabilidade por dentro da coerência da multipolaridade que promove
a possibilidade dum amplo renascimento, ao ponto de, por exemplo, até o
Vaticano conforme expressão do actual Papa Francisco, um Papa vindo das pampas
argentinas, favorecer a alternativa desse renascimento, que se vai erguendo a pulso
do pântano premeditado do caos.
A
paz nos termos do Não Alinhamento activo em pleno século XXI, tem também a ver,
entre muitos outros ventos bonançosos favoráveis, com a Teologia de Libertação,
não se reduzindo evidentemente a ela.
As
potencialidades da emergência multipolar animam-se também desse processo
civilizacional de veias abertas decorrente a sul, com implicações desde logo
profundas na América Latina e em África, pelo que se torna em algo
incontornável no que à coerência e energia vital diz respeito.
Não
é um processo limitado (e limitativo) ao “to be, or not to be”, conformado
à gestão dum Bilderberg, com um expediente que não passa os limites de gestão
controlada e de acordo com o exercício da “Nova Ordem Global”!
4
– É evidente que em relação ao ambiente de trevas que se seguiu à Guerra Fria,
onde ganharam espaço até as mais abjectas monarquias feudais a ponto de se
recomporem franjas de fascismo e de nazismo em reforço dos falcões do Pentágono
e da NATO, há já uma ruptura que corresponde à lógica com sentido de vida na
perspectiva do Não Alinhamento activo em pleno século XXI.
Desse
modo a paz no âmbito dessas veias abertas é assumida face a face aos falcões,
ao feudalismo, aos neo fascistas, aos neo nazis e até em relação àqueles que
assumem austeridade nos exercícios que fazem em amplos espaços nacionais,
regionais e continentais.
Haverá
ainda alguém que não alimente esperança com essa pequena luz rompendo as trevas
e nos espreita bem do fundo do túnel?
Em
saudação ao 4 de Fevereiro de 2016 em Angola.
Ilustrações
e fotos: O
símbolo do MPLA e a marcha de archotes em Havana, em saudação a José Marti.
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