Martinho Júnior, Luanda
1
– Há palavras e conceitos densos e intemporais, que ao colocar o homem enquanto
indivíduo perante seu trânsito pela vida, o obrigam a ir muito para além de si
próprio, o obrigam a agarrar os sonhos com mãos seguras, o obrigam a desvendar
e correr exigentes e sacrificados trilhos solidários, o obrigam a enfrentar
todo o tipo de riscos, o obrigam a lançar-se nas imensas sendas da sabedoria,
da humildade e do amor rigoroso, o único que se conseguirá manter viçoso
durante todos os percursos perenes no libertário colectivo!
Assim
os homens que trilham caminhos imprescindíveis, são moldados até ao limite
físico de sua passagem pela vida dessa substância quase inalcançável, mas tão
completa, tão integral, tão íntegra, acima de qualquer suspeita e quando
desaparecerem, ficam os sinais de seus passos vincados na memória e sobretudo
nas decisivas opções das horas mais difíceis das nações e dos povos!
Sabemos
por que o camarada Lúcio Lara no seu percurso humano singular se soube afirmar
e se soube afastar, sabemos quando ele se expunha a toda a responsável
visibilidade, quanto à ainda mais responsável ausência, sabemos as razões da
luz e da sombra (e de quanto ele é luz, mesmo que hajam ao derredor universos
de sombra)…
…
A propósito de luz e sombra, sabemos quanto a luz dos caminhos imprescindíveis
iluminam na sombra, mesmo que em nome da luz os que alimentam as supérfluas
luzes que são sombra queiram fazer o colectivo ir na direcção das trevas de
onde se partiu!
Em
Angola não há que chorar: há que compreender as lições da filosofia tão
substantiva da libertação, há que cultivar suas trilhas, há que nelas ser
clarividente e humilde sábio, mesmo que se passe à sombra quando houver um
ocaso, mesmo que se desapareça de todas as visibilidades, por que há que ganhar
consciência crítica e reflexiva das opções para que aquelas que são justas
algum vez se consolidem!
Essa
é uma sabedoria imprescindível!...
2
– Alguém disse um dia, de forma sonoramente ampliada e multiplicada, que a luta
continua… é possível que sim que ela continue, mas de forma clarividente e
sábia só com a cultura imprescindível e com homens que se afirmem nela até ao
fim de seu ciclo singular de vida, (por que só assim eles se tornam também
imprescindíveis)!
Longo,
muito longo e carregado de luz e de sombra é o caminho do resgate histórico e
antropológico que se impõe a Angola, mas vale a pena integrar esse fluxo de
luz, via única para se fazer luz, quando o sentido da lógica da vida teve já
passos tão exemplarmente peregrinos!
Foto:
O Camarada Lúcio Lara: uma pequena e imprescindível luz quando as sombras
querem remeter Angola de novo para o caminho das trevas!
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