Paquidermia,
é do que trata este Expresso Curto, sem pica. É caso para ir buscar Vasco
Santana mas sem chapéus. Em vez disso metem-se lá os paquidermes africanos roubados
pelos EUA. É o costume, eles comem e roubam tudo. No caso foi um minipaquiderme,
expropriado do seu habitate natural e oferecido a um presidente norte-americano que o mandou prender sem culpa formada. Presidente que passava a vida a dormir, quando não estava acordado e a tramar os outros,
por serem assim de natureza. Por cá chamamos a esses os Chicos Espertos, por lá
são cowboys e assassinos domésticos e globais. Não adianta por mais na escrita.
Falta a pica mas há Orçamento de Estado de Portugal para rechear a prosa neste
Expresso Curto por Ricardo Marques. Um doutor jornalista - como diria MM, daqui do
PG.
Tenha
um bom dia, se deixarem.
Redação
PG / CT
Bom
dia, este é o seu Expresso Curto
Ricardo
Marques – Expresso
Paquidermes
há muitos
William
Johnson Hippopotamus não é apenas um nome estranho. É mesmo um hipopótamo
pigmeu capturado na Libéria em 1927. Billy, para os amigos,
ainda era novo quando entrou por acaso (e sem hipótese de voltar a sair) numa
plantação de borracha da empresa norte-americana de pneus Firestone. O dono da
empresa, Harvey Samuel Firestone, decidiu oferecer o pequeno hipopótamo (não
chegava a pesar 300 quilos) ao então presidente norte-americano, de seu nome Calvin Coolidge.
Coolidge, reza a história, adorava animais e o Jardim Zoológico de Washington DC adorava o presidente, tantas e tão variadas eram as suas doações. Conta-se também que Coolidge adorava dormir - até 11 horas por noite, dizem uns, oito arriscam outros, somando depois mais algumas sestas à tarde. Contar a vida do trigésimo presidente norte-americano exigiria um Expresso Curto muito mais longo, mas basta dizer que é o único presidente a ter nascido no Dia da Independência (4 de julho de 1872), que despertou para a política em miúdo, quando vendia pipocas e maçãs durante as reuniões de câmara na cidade onde nasceu, e que deixou ao mundo algumas frases que se ajustam bem aos dias que vivemos.
"A Economia é o idealismo na sua forma mais prática."
"Encaro um bom orçamento como um dos mais nobres monumentos à virtude."
Sim, quando estava acordado, Coolidge tinha algumas pérolas. Morreu em 1933. Billy, o seu hipopótamos, viveu mais 22 anos.
Hoje é quinta-feira, 4 de fevereiro, e está um enorme paquiderme sentado na agenda do país. Chama-se Orçamento de Estado para 2016 ou, para os amigos, OE 2016. E, acredite, é provável que não se fale de mais nada durante todo o dia. Portanto, não precisa de agradecer a (aparentemente nada relacionada) história do hipopótamo.
Vejamos: O Conselho de Ministros reúne esta manhã para aprovar o OE 2016, garantia dada ontem por um confiante António Costa: "Ninguém razões para estar preocupado", disse ontem.O primeiro-ministro encontra-se também com o Presidente da República para a habitual reunião semanal e Cavaco Silva não está à espera demás notícias. Pelo meio, como conta a Ângela Silva no Expresso Diário, Pedro Passos Coelho anuncia a sua recandidatura à liderança do PSD e o assunto OE não deverá ficar esquecido.
Amanhã será a vez da Comissão Europeia se pronunciar. Sim ou não?
Hoje nem Coolidge conseguiria dormir. Após semanas de negociações à porta fechada, e de medidas isoladas que iam saindo cá para fora, vamos finalmente começar a conhecer as verdadeiras linhas do OE2016. Será o primeiro vislumbre daquilo que realmente interessa. Para a maioria dos portugueses, que não compreendem as tecnicalidades económica da política de hoje, tudo se resume a algo bem mais simples: A vida vai correr melhor ou pior? Vai ser mais fácil ou mais difícil? Não há folha de Excel que nos valha, nem promessa que nos sossegue. Só o tempo.
Mas é importante perceber o que aí vem.
O Pedro Santos Guerreira explica-lhe neste vídeo a carga ideológicaque distingue este Orçamento dos anteriores e as dúvidas que subsistem quanto à sua exequibilidade. O João Vieira Pereira prevê, no Expresso Diário, que tudo será mais difícil em 2017. Ainda no Expresso pode ler também a análise mais detalhada de tudo o que já é conhecido: "Novas medidas de austeridade valem 675 milhões" é um bom guia para o resto do dia. Se preferir, tem aqui a base ideal para acompanhar toda a informação sobre o assunto do momento.
Coolidge, reza a história, adorava animais e o Jardim Zoológico de Washington DC adorava o presidente, tantas e tão variadas eram as suas doações. Conta-se também que Coolidge adorava dormir - até 11 horas por noite, dizem uns, oito arriscam outros, somando depois mais algumas sestas à tarde. Contar a vida do trigésimo presidente norte-americano exigiria um Expresso Curto muito mais longo, mas basta dizer que é o único presidente a ter nascido no Dia da Independência (4 de julho de 1872), que despertou para a política em miúdo, quando vendia pipocas e maçãs durante as reuniões de câmara na cidade onde nasceu, e que deixou ao mundo algumas frases que se ajustam bem aos dias que vivemos.
"A Economia é o idealismo na sua forma mais prática."
"Encaro um bom orçamento como um dos mais nobres monumentos à virtude."
Sim, quando estava acordado, Coolidge tinha algumas pérolas. Morreu em 1933. Billy, o seu hipopótamos, viveu mais 22 anos.
Hoje é quinta-feira, 4 de fevereiro, e está um enorme paquiderme sentado na agenda do país. Chama-se Orçamento de Estado para 2016 ou, para os amigos, OE 2016. E, acredite, é provável que não se fale de mais nada durante todo o dia. Portanto, não precisa de agradecer a (aparentemente nada relacionada) história do hipopótamo.
Vejamos: O Conselho de Ministros reúne esta manhã para aprovar o OE 2016, garantia dada ontem por um confiante António Costa: "Ninguém razões para estar preocupado", disse ontem.O primeiro-ministro encontra-se também com o Presidente da República para a habitual reunião semanal e Cavaco Silva não está à espera demás notícias. Pelo meio, como conta a Ângela Silva no Expresso Diário, Pedro Passos Coelho anuncia a sua recandidatura à liderança do PSD e o assunto OE não deverá ficar esquecido.
Amanhã será a vez da Comissão Europeia se pronunciar. Sim ou não?
Hoje nem Coolidge conseguiria dormir. Após semanas de negociações à porta fechada, e de medidas isoladas que iam saindo cá para fora, vamos finalmente começar a conhecer as verdadeiras linhas do OE2016. Será o primeiro vislumbre daquilo que realmente interessa. Para a maioria dos portugueses, que não compreendem as tecnicalidades económica da política de hoje, tudo se resume a algo bem mais simples: A vida vai correr melhor ou pior? Vai ser mais fácil ou mais difícil? Não há folha de Excel que nos valha, nem promessa que nos sossegue. Só o tempo.
Mas é importante perceber o que aí vem.
O Pedro Santos Guerreira explica-lhe neste vídeo a carga ideológicaque distingue este Orçamento dos anteriores e as dúvidas que subsistem quanto à sua exequibilidade. O João Vieira Pereira prevê, no Expresso Diário, que tudo será mais difícil em 2017. Ainda no Expresso pode ler também a análise mais detalhada de tudo o que já é conhecido: "Novas medidas de austeridade valem 675 milhões" é um bom guia para o resto do dia. Se preferir, tem aqui a base ideal para acompanhar toda a informação sobre o assunto do momento.
OUTRAS
NOTÍCIAS
Manchetes:
Correio
da Manhã: "Prisão de Veiga leva PJ a Damásio"
JN:
"José Veiga apanhado com 11 milhões"
DN:
"Governo tem a certeza de que Bruxelas aprova o Orçamento"
Público:
"Cada filho vai passar a valer 550 euros nas deduções para o IRS"
i:
"Governo adia as 35 horas para o fim do ano para satisfazer Bruxelas"
Visão:
"O pequeno grande inimigo"
Sábado:
"O banco sujo do BES"
Dos EUA vem hoje o alerta: a ameaça terrorista na Europa nunca foi tão alta, garante a CNN.
O Porto foi a Barcelos bater o Gil Vicente por 3-0, na primeira mão da meia-final da Taça de Portugal. A segunda mão, no Estádio do Dragão, é a 2 de março. Hoje jogam Braga e Rio Ave (voltam a encontrar-se a 3 de março).
Em Espanha, também para a primeira mão da meia-final da taça, o Barcelona "despachou" o Valencia por 7-0. Suárez marcou quatro, Messi os outros três.
A Procuradoria Geral da República garantiu ontem que não existe qualquer inquérito criminal sobre o BANIF e por isso a Comissão Parlamentar de Inquérito vai funcionar sem restrições de segredo de Justiça.
José Veiga, o antigo empresário de futebol, o gestor Paulo Santana Lopes e uma advogada de Cascais foram detidos ontem pela PJ por suspeita de lavagem de dinheiro de dirigentes políticoscongolenses. Deverão ser sujeitos a primeiro interrogatório até sexta-feira de manhã e a história está com força nas notícias.
Há anos que andamos a dizer que tudo chega tarde a Portugal, maspelo que se vai sabendo de Espanha é caso para dizer que estamos muito, mas muito à frente. O socialista Pedro Sanchez aceitou o desafio lançado pelo rei, mas pediu um mês para tentar formar Governo. O Espanol revela a equipa negocial do líder do PSOEe a do Podemos. Lá, como cá, o tempo escasseia e quem ler esteeditorial do El Pais poderá sentir-se transportado para o Portugal dos idos de outubro de 2015...
Ontem, horas depois de ter sido divulgado o relatório "A Situação do País em Matéria de Álcool" (elaborado pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências), segundo o qual havia 11.881 portugueses em tratamento por alcoolismo em 2014, tropecei nesta notícia: Antonio Docampo García, de Vigo, que morreu aos 107 e durante toda a vida apenas bebeu vinho tinto, feito em casa. Tomou o primeiro antibiótico aos 103 anos, por causa de uma pneumonia.
O tempo passa a correr, já se sabe, e a Organização Mundial de Saúde, dias depois de ter declarado o virus zika uma ameaça global, quer que a Europa tome todas as medidas necessárias para evitar a chegada, na primavera e no verão, do mosquito mais temido do momento. No Brasil, a presidente Dilma Roussef apelou à união de todos os brasileiros no combate ao mosquito. Claro que, durante o discurso transmitido pela televisão e pela rádio, não se livrou do paquiderme chamado Lava Jato que a persegue há meses e foi alvo de mais um, como lhe chamam lá, "panelaço".
Por cá, o problema é uma bactéria (klebsiela). Em Coimbra, comocontamos no Expresso, há 21 doentes internados e três mortes confirmadas.
Nesta breve volta ao mundo, geográfico e de notícias, podemos apanhar a boleia de um investigador espanhol, Alfredo Hernando, que passou nove meses à procura das melhores escolas do planeta: há uma no Brasil, 16 nos EUA, quatro em Espanha, nenhuma em Portugal. Um artigo que vale a pena ler.
Duas histórias a que convém estar atento, ambas sobre paquidermes de outro tempo. Ainda em Espanha, parece que algo vai mal nacentral nuclear de Almaraz, a mais antiga do país e a que se encontra mais perto de Portugal. Tão próxima que hoje haverá reunião extraordinária da Comissão Parlamentar de Ambiente. (Já houve um tempo em que o nuclear era o pior que nos podia acontecer...) Mais longe, em África, o perigo está barragem de Kariba, na Zâmbia, cuja estrutura já viu melhores dias. No pior cenário, como conta este artigo da The New Yorker, haverá problemas até Moçambique. (Já houve um tempo em que, por cá, as pessoas iam ver barragens ao fim de semana...)
Em contagem decrescente para a cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia, a 18 e 19 de fevereiro, que poderá ser decisiva para um acordo quando à delicada questão da permanência do Reino Unido na UE, a BBC faz um ponto de situação e revela o que pensam os diferentes países da proposta para travar o Brexit.
Nos EUA, o presidente Barak Obama visitou uma mesquita em Baltimore: "Se levamos a sério a liberdade religiosa, temos de perceber que um ataque a uma fé é um ataque a todas as fés".
As conversações de paz para Síria acabaram antes de começar devido à guerra na Síria.
FRASES
(Cinco sobre o OE2016 e mais uma)
"Imprudentes, irrealistas e até contraditórias com o que prometia”,António Leitão Amaro PSD
"O Governo terá o apoio incondicional d'Os Verdes sempre que resistir às pressões da União Europeia e lembrar que a soberania orçamental reside nos portugueses e nesta casa, a Assembleia da República", José Luís Ferreira, Os Verdes
“Este não é o nosso caminho. Isso parece-me óbvio”, Nuno Magalhães, CDS
"Austeridade é parte do passado e assim queremos que continue. Esta é a garantia que nos foi dada”, Pedro Filipe Soares, Bloco de Esquerda
"A apreciação tem de ficar para um momento oportuno, mais à frente, quando for conhecida a proposta de orçamento e houver condições para a avaliar em todas as suas dimensões", João Oliveira, PCP
João Ferreira, eurodeputado do PCP, defendeu que as ações da Comissão Europeia refletem a União Europeia como "um projeto condenado e sem futuro, que não deixará saudades".
O QUE ANDO A LER
Peguei há dois dias num livro chamado "Amor e Matemática" (Casa das Letras). É uma espécie de regresso ao passado, ao meu passado, aos tempos do liceu, quando a matemática era tão difícil como usar as palavras amor e matemática na mesma frase. Estou ainda nas primeiras páginas, mas prometem-me na capa que Edward Frenkel, o autor, me vai revelar "o lado da matemática que a maioria de nós desconhece, aquele que está impregnado com a beleza e a elegância de uma obra de arte". Prometo voltar ao livro num próximo Curto.
Digamos que estou a meio caminho do cimo da montanha, depois de ter lido, há meses, "Birth of Theorem" ("Teorema Vivo", edição em português, da Gradiva), de Cédric Villani - um mergulho na vida de um dos melhores matemáticos da atualidade. Entrevistei-o por esses dias e perguntei-lhe se havia esperança para pessoas como eu, um antigo não muito bom aluno, incapaz de perceber as piadas matemáticas dos irmãos, que descobriu na meia idade o fascínio pelos números (ainda que continue a não os compreender lá muito bem...). "Para se tornarem matemáticos, realisticamente, é demasiado tarde. Mas nunca é tarde para obtermos alguma cultura matemática e para nos informarmos sobre as relações da matemática com a história, com a cultura e com as alterações na nossa sociedade", respondeu Villani.
Estou a tentar, Cédric. Estou a tentar.
Entretanto, comprei para ter na secretária "O Grande Livro dos Pensamentos & das Citações", de Óscar Mascarenhas, jornalista e antigo provedor do leitor do Diário de Notícias que faleceu o ano passado.
São 320 páginas de grandes frases ditas ao longo dos tempos. Há pelo menos uma da autoria de Coolidge e nenhuma sobre hipopótamos.
Quanto a elefantes, o maior dos paquidermes, está na página 106 algo que nos faz pensar.
"Certa manhã, abati um elefante no meu pijama. Como é que ele se meteu no meu pijama, não sei", Groucho Marx.
Sei que amanhã, por esta hora, terá o último Expresso Curto desta semana vertiginosa servido pelo Henrique Monteiro.
Desejo-lhe um bom dia.
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