domingo, 28 de fevereiro de 2016

TCHIWEKA




Foi longa a sua participação activa na luta pela independência de Angola. Dele retiramos lições de coragem abnegada, de empenho inquebrantável, de coerência lúcida. Com ele aprendemos a noção de sermos cidadãos patriotas universais. A sua postura impoluta, a sua frugalidade, modéstia autêntica, simplicidade, o seu modo solidário de ser e de estar, a sua vida dedicada à defesa dos nossos sonhos, (os quais, certamente, eram os sonhos dele), os princípios elementares (difíceis decerto) de patriotismo, militância, trabalho, honestidade, competência e rectidão de carácter, constituíram um raro exemplo de tenacidade, que forjou o carácter do povo angolano e que ecoou pelo continente africano e além das fronteiras de África.

Lúcio Lara foi um combatente cuja arma assentava na sua postura de intelectual e nas suas qualidades humanas. Como guerrilheiro palmilhou as florestas de Cabinda e as Chanas do Leste e falou ao povo numa vida melhor, acreditou na construção de uma Angola libertada, onde a vida digna fosse uma conquista do povo.

Certa da vitória, Angola libertou-se do colonialismo, forjada na luta contínua, sempre em busca de Paz, contribuindo para um mundo melhor, livre das algemas do imperialismo, do neocolonialismo e da exploração do Homem pelo Homem. Esta Revolução Angolana de ontem prossegue hoje e continuará amanhã, de forma persistente, decidida e permanente. E nela (nesta bela e grandiosa Revolução Angolana, uma das páginas históricas da epopeia de África e da Humanidade) está a marca da extraordinária sabedoria, da integridade notável, da dedicação inquestionável de Lúcio Lara.

Toda a sua acção fundamentou-se nos princípios da ampla participação democrática de todas as camadas e grupos sociais da população interessados na construção de uma Angola de Liberdade e de Justiça. Os seus ideais foram baseados nas ricas tradições de luta do povo Angolano, nas suas experiências e nos valores democráticos universais aplicados, de forma criativa, à realidade nacional.

Realça-se os seus sentimentos patrióticos, a sua fidelidade sem limites aos ideais de todo o povo, sobretudo a sua preocupação com as camadas mais desfavorecidas e o seu cuidado com a defesa dos legítimos interesses nacionais.

As suas palavras, ditas e escritas, deram um sentido profundo á luta. A superficialidade estava banida do seu léxico e da sua acção. Homem de vanguarda, confrontou-se, de forma ousada, com a realidade. Visionário, colocou-se á frente, no tempo e no espaço. Decidido, seguiu o caminho que trilhou, sempre com verticalidade.

As condições que levaram ao surgimento de combatentes que ao lado do povo angolano levaram Angola à vitória sobre o colonialismo estão, hoje, transformadas. Foram criados novos desafios, é certo, mas continuam os mesmos ideais, que nos guiam contra os novos obstáculos e dificuldades. Os ideais que nortearam a luta dirigida por Agostinho Neto, um dos companheiros de sempre de Lúcio Lara, os ideais que tornaram Angola uma realidade.

São estes mesmos ideais que tornam possível derrubar as novas barreiras e que possibilitam novas soluções, respostas adequadas ao turbilhão dos tempos presentes. E neles, nos ideais libertadores e transformadores, estão inscritos, gravados, os nomes dos heróis, dos que combateram por uma causa justa, dos que assumiram a justiça no seu comportamento e atitude.

O nome de Lúcio Lara estará, para todo o sempre, neste panteão que reside na memória dos povos.

Twasanselako, Tchiweka.

1 comentário:

Unknown disse...

O máximo respeito e a maior admiração.

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