Quase um terço das firmas 'offshore' expostas pelo caso dos
"Papéis do Panamá" teve origem em Hong Kong e na China continental,
segundo novos dados revelados hoje pelo Consórcio Internacional de Jornalistas
de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa).
No
conjunto, os escritórios na China da Mossack Fonseca, empresa alegadamente
envolvida em esquemas de evasão fiscal, criaram 16.300 empresas de fachada, ou
29% do conjunto mundial.
A
investigação da ICIJ abrangeu 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro
décadas de atividade da Mossack Fonseca, que conta com uma carteira de clientes
prestigiados, entre os quais responsáveis políticos ou personalidades de
primeiro plano do desporto ou da cultura.
De
acordo com o ICIJ, pelo menos oito atuais ou antigos membros do Comité
Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês, a cúpula do poder na
China, terão colocado os seus bens em empresas 'offshore'.
No
"Índex de Transparência" de 2015, que avalia o nível da corrupção em
168 países, a China figura em 83.º lugar.
No
ano passado, o país asiático registou uma massiva fuga de capitais privados,
apesar das restrições cambiais impostas por Pequim. A economia chinesa registou
no mesmo período o menor crescimento dos últimos 25 anos.
Entre
os familiares ou pessoas próximos de altos responsáveis chineses envolvidos
figura Deng Jiagui, o marido da irmã mais velha do atual Presidente Xi Jinping.
Após
ascender ao poder, em 2012, Xi lançou uma mediática campanha anticorrupção,
enquanto reprimiu ativistas e dissidentes que exigiam maior escrutínio sobre os
titulares de cargos públicos.
Familiares
de Zhao Gaoli e Liu Yunshan, atuais membros do Politburo do PCC, criaram também
empresas de fachada, revelou o ICIJ.
O
jornal britânico The Guardian, que fez parte da investigação, implicou ainda
familiares do ex-primeiro-ministro chinês Li Peng, que integrou a sangrenta
repressão do movimento pró-democracia da Praça Tiananmen, em 1989.
Entre
os nomes chineses envolvidos, consta ainda Chen Dongsheng, o marido de uma das
netas de Mao Zedong, o fundador da República Popular da China.
Chen
foi dono da Keen Best International Limited, uma firma com sede nas Ilhas
Virgens Britânicas.
A
criação de empresas 'offshore' não é ilegal, apesar de visar frequentemente o
branqueamento de capitais ou a evasão fiscal.
JOYP
// JPS - Lusa
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