quinta-feira, 7 de abril de 2016

Documentos do Panamá. Quase um terço das firmas "offshore" teve origem na China



Quase um terço das firmas 'offshore' expostas pelo caso dos "Papéis do Panamá" teve origem em Hong Kong e na China continental, segundo novos dados revelados hoje pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa).

No conjunto, os escritórios na China da Mossack Fonseca, empresa alegadamente envolvida em esquemas de evasão fiscal, criaram 16.300 empresas de fachada, ou 29% do conjunto mundial.

A investigação da ICIJ abrangeu 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da Mossack Fonseca, que conta com uma carteira de clientes prestigiados, entre os quais responsáveis políticos ou personalidades de primeiro plano do desporto ou da cultura.

De acordo com o ICIJ, pelo menos oito atuais ou antigos membros do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês, a cúpula do poder na China, terão colocado os seus bens em empresas 'offshore'.

No "Índex de Transparência" de 2015, que avalia o nível da corrupção em 168 países, a China figura em 83.º lugar.

No ano passado, o país asiático registou uma massiva fuga de capitais privados, apesar das restrições cambiais impostas por Pequim. A economia chinesa registou no mesmo período o menor crescimento dos últimos 25 anos.

Entre os familiares ou pessoas próximos de altos responsáveis chineses envolvidos figura Deng Jiagui, o marido da irmã mais velha do atual Presidente Xi Jinping.

Após ascender ao poder, em 2012, Xi lançou uma mediática campanha anticorrupção, enquanto reprimiu ativistas e dissidentes que exigiam maior escrutínio sobre os titulares de cargos públicos.

Familiares de Zhao Gaoli e Liu Yunshan, atuais membros do Politburo do PCC, criaram também empresas de fachada, revelou o ICIJ.

O jornal britânico The Guardian, que fez parte da investigação, implicou ainda familiares do ex-primeiro-ministro chinês Li Peng, que integrou a sangrenta repressão do movimento pró-democracia da Praça Tiananmen, em 1989.

Entre os nomes chineses envolvidos, consta ainda Chen Dongsheng, o marido de uma das netas de Mao Zedong, o fundador da República Popular da China.

Chen foi dono da Keen Best International Limited, uma firma com sede nas Ilhas Virgens Britânicas.

A criação de empresas 'offshore' não é ilegal, apesar de visar frequentemente o branqueamento de capitais ou a evasão fiscal.

JOYP // JPS - Lusa

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