quarta-feira, 13 de abril de 2016

Moçambique. Filipe Nyusi apela aos membros da Frelimo para respeitarem o bem público



O Presidente moçambicano e da Frelimo, partido no poder, Filipe Nyusi, exortou hoje os membros do partido no poder a pautarem-se pelo respeito pelo bem público, defendendo ainda o exercício da liberdade de pensamento no movimento.

"Sonhamos com um membro do partido que respeita o bem público e que encontra oportunidade igual à dos outros para a sua autossuperação", afirmou Nyusi, enunciando algumas linhas de conduta que espera dos membros da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), quando falava no discurso de abertura da V Sessão Ordinária do Comité Central (CC), que se prolonga até sábado na cidade da Matola, arredores da capital moçambicana.

Nyusi não referiu situações concretas, embora vários titulares de cargos públicos e quadros da Frelimo tenham sido detetados em atos de corrupção e a oposição e organizações da sociedade civil acusem frequentemente o partido no poder de apropriação dos bens do Estado.

Noutra passagem do seu discurso, Filipe Nyusi apelou aos membros da Frelimo para cultivarem a liberdade de pensamento, numa referência implícita aos anos de gestão anterior do partido e que sofreu duras críticas em relação à diversidade de ideias e expressão.

"O nosso sonho é ver um camarada que confia e é confiado, que exprime o seu pensamento livremente e em frente do seu camarada, ou do órgão a que pertence - uma disciplina de quem usa o espaço do seu órgão para fazer crescer a Frelimo, para fazer progredir o país", enfatizou Nyusi.

Reiterando que a agenda do partido no poder em 2016 é o reforço da disciplina interna, Filipe Nyusi defendeu a necessidade de respeito da experiência dos veteranos do partido, criticando a exclusão de quadros da organização.

"Na disciplina partidária, não encontramos o espírito de quem é mais ou menos importante, mais ou menos influente. Respeitamos a experiência e exploramos a experiência dos que mais possuem e dos que mais acumularam ou adquiriram créditos das lições da Frelimo", frisou o chefe de Estado.

Filipe Nyusi pediu também ao CC da Frelimo para concentrar a sua atenção numa reflexão sobre a paz, observando que " a falta de paz efetiva condiciona o crescimento económico".

"A situação de paz e o comportamento da nossa economia, embora seja parte da conjuntura regional e internacional, aumenta o custo de vida dos moçambicanos e reduz a sua esperança", frisou.

Moçambique vive uma crise política e militar caracterizada por confrontos entre as forças de defesa e segurança moçambicanas e o braço armado da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) no centro do país, e por ataques a veículos militar e civis em vários troços da principal estrada do país na região, atribuídos pelas autoridades ao principal partido de oposição.

Além disso, a economia moçambicana tem sido atingida por uma queda vertiginosa do metical face ao dólar, descida das exportações e subida de inflação, por efeito não só de causas externas, como a baixa cotação de matérias-primas, como também de uma persistente seca que atinge centenas de milhares de pessoas no sul e centro do país.

Outra ameaça prende-se com as contas do Estado, envolvendo o risco de agravamento da dívida pública, num momento em que Moçambique conseguiu restruturar o empréstimo de 850 milhões de dólares, contraído para a empresa estatal de atum, mas em que surgem notícias dando conta da existência de um segundo encargo até agora desconhecido, no âmbito do mesmo dossiê.

O Comité Central da Frelimo esteve reunido em sessão extraordinária em fevereiro, tendo sido renovada a maior parte do elenco do seu secretariado.

Foi a primeira reunião do Comité Central dirigida por Filipe Nyusi, desde que assumiu a presidência da Frelimo, em março de 2015, substituindo o anterior líder do partido e ex-Presidente da República, Armando Guebuza.

PMA/HB // PJA - Lusa

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