O
Presidente moçambicano e da Frelimo, partido no poder, Filipe Nyusi, exortou
hoje os membros do partido no poder a pautarem-se pelo respeito pelo bem
público, defendendo ainda o exercício da liberdade de pensamento no movimento.
"Sonhamos
com um membro do partido que respeita o bem público e que encontra oportunidade
igual à dos outros para a sua autossuperação", afirmou Nyusi, enunciando
algumas linhas de conduta que espera dos membros da Frente de Libertação de
Moçambique (Frelimo), quando falava no discurso de abertura da V Sessão Ordinária
do Comité Central (CC), que se prolonga até sábado na cidade da Matola,
arredores da capital moçambicana.
Nyusi
não referiu situações concretas, embora vários titulares de cargos públicos e
quadros da Frelimo tenham sido detetados em atos de corrupção e a oposição e
organizações da sociedade civil acusem frequentemente o partido no poder de
apropriação dos bens do Estado.
Noutra
passagem do seu discurso, Filipe Nyusi apelou aos membros da Frelimo para
cultivarem a liberdade de pensamento, numa referência implícita aos anos de
gestão anterior do partido e que sofreu duras críticas em relação à diversidade
de ideias e expressão.
"O
nosso sonho é ver um camarada que confia e é confiado, que exprime o seu
pensamento livremente e em frente do seu camarada, ou do órgão a que pertence -
uma disciplina de quem usa o espaço do seu órgão para fazer crescer a Frelimo,
para fazer progredir o país", enfatizou Nyusi.
Reiterando
que a agenda do partido no poder em 2016 é o reforço da disciplina interna,
Filipe Nyusi defendeu a necessidade de respeito da experiência dos veteranos do
partido, criticando a exclusão de quadros da organização.
"Na
disciplina partidária, não encontramos o espírito de quem é mais ou menos
importante, mais ou menos influente. Respeitamos a experiência e exploramos a
experiência dos que mais possuem e dos que mais acumularam ou adquiriram
créditos das lições da Frelimo", frisou o chefe de Estado.
Filipe
Nyusi pediu também ao CC da Frelimo para concentrar a sua atenção numa reflexão
sobre a paz, observando que " a falta de paz efetiva condiciona o
crescimento económico".
"A
situação de paz e o comportamento da nossa economia, embora seja parte da
conjuntura regional e internacional, aumenta o custo de vida dos moçambicanos e
reduz a sua esperança", frisou.
Moçambique
vive uma crise política e militar caracterizada por confrontos entre as forças
de defesa e segurança moçambicanas e o braço armado da Renamo (Resistência
Nacional Moçambicana) no centro do país, e por ataques a veículos militar e
civis em vários troços da principal estrada do país na região, atribuídos pelas
autoridades ao principal partido de oposição.
Além
disso, a economia moçambicana tem sido atingida por uma queda vertiginosa do
metical face ao dólar, descida das exportações e subida de inflação, por efeito
não só de causas externas, como a baixa cotação de matérias-primas, como também
de uma persistente seca que atinge centenas de milhares de pessoas no sul e
centro do país.
Outra
ameaça prende-se com as contas do Estado, envolvendo o risco de agravamento da
dívida pública, num momento em que Moçambique conseguiu restruturar o
empréstimo de 850 milhões de dólares, contraído para a empresa estatal de atum,
mas em que surgem notícias dando conta da existência de um segundo encargo até
agora desconhecido, no âmbito do mesmo dossiê.
O
Comité Central da Frelimo esteve reunido em sessão extraordinária em fevereiro,
tendo sido renovada a maior parte do elenco do seu secretariado.
Foi
a primeira reunião do Comité Central dirigida por Filipe Nyusi, desde que
assumiu a presidência da Frelimo, em março de 2015, substituindo o anterior
líder do partido e ex-Presidente da República, Armando Guebuza.
PMA/HB
// PJA - Lusa
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