quinta-feira, 14 de abril de 2016

O BENFICA E AS LUTAS INTESTINAS DO GOVERNO. FESTA É FESTA!



Diz o articulista que nos serve o Expresso Curto de hoje sobre futebol e o desaire do Benfica ao perder com a quarta melhor equipa da Europa. Já cá faltava o futebol. O Benfica morreu de pé para a Europa mas pode dar que falar entre portas. Ponto final. Pior está o Porto, que se prepara para enveredar ainda mais numa enorme travessia do deserto. Toca a todos. O Sporting vai de vento em popa. Despenteado, por causa da ventania gerada pelo seu parceiro da 2ª Circular, o tal Benfica. No final o que contam são os pontos.

Em estilo de café retardado o Expresso Curto é servido com cubos de desatino e de cólicas no governo. A Defesa, o Exército, às cabeçadas. Tenham vergonha e marchem para a aceitação do decidido pelo poder político eleito democráticamente. Basta de se armarem em machões homofóbicos e discriminatórios. Não é só o governo, a sociedade civil, que tem de entender os militares. Os militares também têm de se esforçar por entender a sociedade civil e deixarem de fazer intrigalhada como as comadres. Que dão a vida pela Pátria se necessário? Os da construção civil também, quando caem dos andaimes ou noutros acidentes de trabalho. Todos nós damos a vida pela Pátria, exceto os traidores. Exceto os maus cidadãos e os da Pátria do Cifrão – como os do último governo. Esse é que era bom, não era, senhores generais? Para os portugueses que serviram militarmente numa guerra colonial de treze anos a opinião é a de que há generais a mais. Tantos, que já estão a ficar bolorentos. Basta!

Demitiu-se um secretário de estado, irrevogavelmente. Foi mesmo. Não foi como o Portas e outros noutras cenas desprezíveis do anterior governo. Mas essa era do agrado dos tais generais pum-pum. E de todas as elites com rabos de palha e pés dentro das causas da crise. Os que ganharam e ganham demais. Os que roubaram e roubam demais.

Que até 2020 a degradação continuará a atacar as economias europeias. Vão buscar os milhões aos offshores e logo passa a crise. Afinal o que lá está não pertence – na maior parte dos casos – aos seus alegados proprietários. Penalizem exemplarmente os senhores dessas elites mafiosas e declarem guerra aos offshores. Não querem? Compreende-se. É tudo da mesma fornada de salafrários. Não só em Portugal mas sim globalmente. Políticos, advogados… Nos parlamentos globais o que mais abunda são advogados como deputados. Em Portugal são também imensos, para não destoarem.

Basta, por hoje. Não deixemos o Expresso Curto arrefecer ainda mais. O Henrique hoje não tinha a dose necessária para produzir Expresso Forte, está para o anémico. Desculpem lá.

Festa é festa. A festa continua.

Tenham um dia como de costume, pelo menos. Pior que isso é que não. (CT / PG)

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Henrique Monteiro - Expresso

E pronto, a festa acabou!

Falemos do Benfica. Não do jogo em si, em que a equipa fez o possível e saíu de cabeça erguida, segundo asseguram os especialistas ('A Bola' chama-lhe "Um admirável adeus"), mas como metáfora. A meio da primeira parte (27 minutos), com uma cabeçada certeira de Jiménez, a equipa de Lisboa parecia conseguir impor-se aos bávaros alemães de Munique. Menos de cinco minutos depois, poderia ter-se colocado em vantagem na eliminatória, mas o remate saíu mal. Até que, os bávaros voltaram a empatar o jogo, por Vidal, e a colocar as coisas a seu favor (traziam, lá da Baviera, uma escassa vitória de 1-0). Na segunda parte, os portugueses pareciam perdidos; poucos minutos (apenas sete) depois do recomeço do jogo, um golo deMüller (há sempre um Müller ou um Fritz nas histórias com alemães) pôs o Bayern à frente. Até que aos 76 minutos (ainda faltavam 14), o velho Talisca, num livre marcado irrepreensivelmente, empatou a partida. Os últimos minutos pareciam, ou quiseram parecer, favoráveis à causa dos nossos, mas no fim cumpriu-se o ditado: o futebol é um jogo que opõe duas equipas de 11 jogadores e no fim ganha a Alemanha. Além do Bayern, passaram às meias-finais o Atlético de Madrid, depois de derrotar o Barcelona, o Real Madrid e o Manchester City.

E pronto, a festa europeia no futebol acabou! Até ao Europeu de França, em Junho, tudo será caseiro. A menos que o Braga, hoje, na Ucrânia, faça o milage de, na Liga Europa, passar o Shakhtar, que no Minho lhe ganhou 2-1. O jogo é transmitido na SIC.

Mas tomámos o Benfica como metáfora porque, de resto, o FMI também veio estragar outra festa. A da Economia caseira. E sobre esta não há Europeu que nos redima. O que o FMI espera é mesmo a degradação da situação orçamental portuguesa até ao final da década (são ainda mais quatro anos). Apesar de em 2016 a situação não ser ainda grave, a organização internacional prevê que Portugal possa piorar e ver-se em risco de não cumprir o Tratado Orçamental. Mas o caso, como noticia o 'Financial Times', alastra-se à Europa toda.

Face a isto, o Governo age como é costume: com a ditadura das Finanças. Nem um cêntimo será gasto sem a autorização de Centeno. O que haviam de dizer alguns dos que agora apoiam esta medida e o que dela dirão aqueles que apoiaram outras iguais. Mas isso é politiquice, coisa que não tem a beleza de um golo de Jiménez ou de Talisca.

É bem verdade, a festa acabou. Depois de um ministro que se demite há um secretário de Estado que bate com a porta. Os militares estão descontentes e o primeiro-ministro evita perguntas: sobre o seu amigo Diogo Lacerda Machado (de quem o 'Correio da Manhã', no seu estilo próprio, diz ter ganho 170 mil euros em dois meses - mas afinal, foi o escritório onde trabalha que os ganhou em ajustes diretos com o Estado, enquanto o 'I' diz que ele esteve, igualmente, nos negócios desastrosos dos Kamov e do SIRESP)... enfim, um amigo que pode ser para as ocasiões e sair muito mais caro do que os escassos dois mil euros que vai ganhar como consultor.

E Costa também se cala sobre a demissão de outro amigo, o secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Wengorovius Meneses; e nada diz sobre a ida para o Banco de Portugal de Elisa Ferreira. É um Costa calado, Moita carrasco! Teve uma semanahorribilis, como diz o 'Público na primeira página, ao lado da foto em que o primeiro-ministro inaugura uma estação de metro nos arredores de Lisboa (Reboleira, Amadora).

Hoje tomam posse o novo ministro da Cultura, embaixador Luís Filipe Castro Mendes e os dois novos secretários de Estado - da cultura, Miguel Honrado e o da Juventude e Desportos, João Paulo Rebelo. Segundo o 'Observador' foi o Presidente da República, que também já foi jornalista a dar, em Estrasburgo, a notícia da demissão de Meneses e da nomeação de Rebelo. Há originalidades para todos os gostos e se há local onde ainda há festa, esse local é Belém.

OUTRAS NOTÍCIAS

A grande surpresa que soube ontem, mas ainda ficou algo por explicar, foi a demissão de João Wengorovius Meneses de secretário de Estado do ministro da Educação. Se o 'DN' diz que foi porque o ministro quis travar nomeações por ele feitas, tentando exonerar uma adjunta e impondo-lhe um chefe de gabinete e o 'Público' informa que o secretário de Estado manteve pessoas do Executivo anterior, o próprio disse ao Expresso Diário que "foi um avolumar de situações contrárias à minha forma de gerir recursos", o que não contradiz a notícia de primeira página do 'DN'.

Como ficámos dependentes de espanhóis e angolanos na banca? Eis algo explicado em 2 minutos e 59 segundos pelo diretor do Expresso na já conhecida secção 2'59". Veja aqui.

Esconder seis mil milhões não custa nada. É simples. Basta tê-los fora do país e depois aproveitar um RERT (Regime Extraordinário de Regularização Tributária).Houve três RERT nos últimos oito anos e isso permitiu que esses seis mil milhões estivessem a salvo dos impostos que pagam os que deixam o dinheiro mal parado em Portugal. Eis uma história com uma moral: não cumpras a lei e, se for muito o teu dinheiro, serás perdoado.

Quem fez o mais colossal (palavras do próprio) aumento de impostos em Portugal foi Vítor Gaspar. Pois bem, agora dáreceitas contra o 'crescimento fraco'. Haverá muito gente que preferiria que a receita fosse contra o decréscimo súbito, mas é o que temos de momento.

Elisa Ferreira, ex-ministra e atual deputada socialista do Parlamento Europeu, é um dos dois novos nomes da administraçãodo Banco de Portugal, como vice-governadora. O outro nome é o de Luís Máximo dos Santos, que era já quadro do BdP e esteve ultimamente à frente do BES (banco mau, embora o próprio diga não gostar da expressão). Recorde-se que o responsável pela supervisão,António Varela, demitiu-se no início de março.

A ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque foi autorizada pelo Parlamento (com a abstenção do PS na respetiva comissão) a acumular funções de deputada com as de consultora da Arrow Global. A agora também dirigente de topo do PSD afirma esperar que o PCP faça queixa dela ao Ministério Público e que, quando vir que não há nada por onde pegar, lhe apresente as suas desculpas

O tenente-general Rovisco Duarte, até agora Inspetor-Geral do Exército, é o nome proposto pelo Governo para Chefe do Estado Maior daquela arma, depois da polémica saída do general Carlos Jerónimo. Entretanto, na instituição militar fala-se de um jantar de desagravo a este último enquanto o líder da Associação 25 de Abril,Vasco Lourenço, apelava a que nenhum general aceitasse o cargo.(mas já se congratulou com esta escolha). Perante isto, o ministro guarda silêncio, o seu secretário de Estado, Marcos Perestrello, dirigente do PS, defende-o e o Bloco de Esquerda apoia-o.

Na Bulgária foi a opinião pública que obrigou o Governo a dar caça aos "caçadores de migrantes", grupos que perseguem e capturam desumanamente refugiados.

No Brasil, a fuga de partidos aliados deixa Dilma cada vez mais isolada, afirma o 'Público'. O Partido Progressista e o Partido Republicano Brasileiro deixaram de a defender.

Cinco grandes bancos americanos, incluindo o JP Morgan Chase e o Bank of America, não cumprem as diretivas cruciais do Congresso dos EUA, aprovadas depois de 2008, para evitar falências desordenadas, como a que aconteceu no Lehman. A revelação foi ontem feita pelo regulador federal norte-americano.

E no Panamá, o país mais na berra dos offshores, a polícia fez buscas ao escritório da firma Mossack e Fonseca. Não se sabe se ainda encontraram alguma coisa.

FRASES

“As convicções antigas e fortes nunca mudam. Continuo convicto do papel insubstituível da União Europeia, na Europa e no mundo. E, desde que há democracia, Portugal continua fiel a esta constante da sua estratégia nacional, com todos os seus Presidentes e com todos os seus Governos”, Marcelo Rebelo de Sousa, em Estrasburgo.

“Nós ouvimos do ministro da Defesa uma declaração que nos parece absolutamente aceitável e defensável”, Pedro Filipe Soares, deputado do Bloco de Esquerda, sobre a polémica envolvendoAzeredo Lopes.

“O ministro da Defesa nunca exigiu a demissão a ninguém (…) Essa falta de rigor tem estado a inquinar o debate”, Marcos Perestrello, secretário de Estado da Defesa, a defender o seu ministro

"A Imprensa é desonesta. Se a Imprensa fosse honesta, até iria porque passaria uns bons momentos… Mas, independentemente de quanto bons fossem, a Imprensa diria ‘Donald Trump foi miserável’.Para que hei de precisar disso?”, Donald Trump, explicando porque não comparece ao tradicional jantar dos correspondentes da Casa Branca.

O QUE EU ANDO A LER

Não há qualquer dúvida de que Pequim é longe de Lisboa, os hábitos são diferentes, o idioma incompreensível e a escrita totalmente diferente. Mas isso não impediu que toda uma geração (da qual não se exclui este escriba) sentisse, em determinado momento,uma atração pela China vermelha, a China de Mao. Cada um terá tido as suas razões, mas eu não minto se disser que alguns de nós pensavam, verdadeiramente, que na China, que cortara com a burocracia hierarquizada e solene da URSS, se discutia livremente.

António Caeiro é um excelente jornalista, um bom camarada e um conhecedor profundo da China, onde foi correspondente da agência Lusa durante muitos anos. Escreveu, depois de outros livros sobre aquele país, como "Pela China Dentro: Uma viagem de 12 anos" (2004) ou "Novas Coisas da China: Mudo Logo Existo" (2013) uma singela obra: "Peregrinação Vermelha" (2016; D. Quixote). Um livro documental onde recorda que ambos os países não tiveram relações até 1979 e que foi, mais ou menos até esse ano, ou até à morte de Mao Zedong, três anos antes, que houve um autêntico fascínio geracional por aquele país, que se hoje é uma ditadura, na altura o era ainda muito mais feroz. É uma obra que nos faz compreender muitas coisas acerca de parte da elite portuguesa, mas também acerca da nossa ainda sobrevivente extrema-esquerda.

E hoje é tudo. Logo às 18 horas o Expresso Diário terá mais e interessantes dados sobre todos os casos que abalam estes dias e amanhã de manhã, como sempre, o Expresso Curto, da autoria de Ricardo Marques.

Um excelente dia para todos, apesar dos aguaceiros prometidos.

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