Diz
o articulista que nos serve o Expresso Curto de hoje sobre futebol e o desaire
do Benfica ao perder com a quarta melhor equipa da Europa. Já cá faltava o
futebol. O Benfica morreu de pé para a Europa mas pode dar que falar entre
portas. Ponto final. Pior está o Porto, que se prepara para enveredar ainda
mais numa enorme travessia do deserto. Toca a todos. O Sporting vai de vento em
popa. Despenteado, por causa da ventania gerada pelo seu parceiro da 2ª
Circular, o tal Benfica. No final o que contam são os pontos.
Em
estilo de café retardado o Expresso Curto é servido com cubos de desatino e de cólicas
no governo. A Defesa, o Exército, às cabeçadas. Tenham vergonha e marchem para a
aceitação do decidido pelo poder político eleito democráticamente. Basta de se armarem em machões
homofóbicos e discriminatórios. Não é só o governo, a sociedade civil, que tem
de entender os militares. Os militares também têm de se esforçar por entender a
sociedade civil e deixarem de fazer intrigalhada como as comadres. Que dão a
vida pela Pátria se necessário? Os da construção civil também, quando caem dos
andaimes ou noutros acidentes de trabalho. Todos nós damos a vida pela Pátria,
exceto os traidores. Exceto os maus cidadãos e os da Pátria do Cifrão – como os
do último governo. Esse é que era bom, não era, senhores generais? Para os
portugueses que serviram militarmente numa guerra colonial de treze anos a
opinião é a de que há generais a mais. Tantos, que já estão a ficar bolorentos.
Basta!
Demitiu-se
um secretário de estado, irrevogavelmente. Foi mesmo. Não foi como o Portas e
outros noutras cenas desprezíveis do anterior governo. Mas essa era do agrado
dos tais generais pum-pum. E de todas as elites com rabos de palha e pés dentro
das causas da crise. Os que ganharam e ganham demais. Os que roubaram e roubam
demais.
Que
até 2020 a degradação continuará a atacar as economias europeias. Vão buscar os
milhões aos offshores e logo passa a crise. Afinal o que lá está não pertence –
na maior parte dos casos – aos seus alegados proprietários. Penalizem
exemplarmente os senhores dessas elites mafiosas e declarem guerra aos
offshores. Não querem? Compreende-se. É tudo da mesma fornada de salafrários. Não
só em Portugal mas sim globalmente. Políticos, advogados… Nos parlamentos
globais o que mais abunda são advogados como deputados. Em Portugal são também
imensos, para não destoarem.
Basta,
por hoje. Não deixemos o Expresso Curto arrefecer ainda mais. O Henrique hoje não
tinha a dose necessária para produzir Expresso Forte, está para o anémico. Desculpem
lá.
Festa
é festa. A festa continua.
Tenham
um dia como de costume, pelo menos. Pior que isso é que não. (CT / PG)
Bom
dia, este é o seu Expresso Curto
Henrique
Monteiro - Expresso
E
pronto, a festa acabou!
Falemos
do Benfica. Não do jogo em si, em que a equipa fez o possível e saíu de
cabeça erguida, segundo asseguram os especialistas ('A Bola' chama-lhe
"Um admirável adeus"), mas como metáfora. A meio da primeira parte
(27 minutos), com uma cabeçada certeira de Jiménez, a equipa de Lisboa parecia
conseguir impor-se aos bávaros alemães de Munique. Menos de cinco minutos
depois, poderia ter-se colocado em vantagem na eliminatória, mas o remate saíu
mal. Até que, os bávaros voltaram a empatar o jogo, por Vidal, e a colocar
as coisas a seu favor (traziam, lá da Baviera, uma escassa vitória de 1-0).
Na segunda parte, os portugueses pareciam perdidos; poucos minutos (apenas
sete) depois do recomeço do jogo, um golo deMüller (há sempre um Müller ou
um Fritz nas histórias com alemães) pôs o Bayern à frente. Até que aos 76
minutos (ainda faltavam 14), o velho Talisca, num livre marcado
irrepreensivelmente, empatou a partida. Os últimos minutos pareciam, ou
quiseram parecer, favoráveis à causa dos nossos, mas no fim cumpriu-se o
ditado: o futebol é um jogo que opõe duas equipas de 11 jogadores e no fim
ganha a Alemanha. Além do Bayern, passaram às meias-finais o Atlético de
Madrid, depois de derrotar o Barcelona, o Real Madrid e o Manchester City.
E pronto, a festa europeia no futebol acabou! Até ao Europeu de França, em Junho, tudo será caseiro. A menos que o Braga, hoje, na Ucrânia, faça o milage de, na Liga Europa, passar o Shakhtar, que no Minho lhe ganhou 2-1. O jogo é transmitido na SIC.
Mas tomámos o Benfica como metáfora porque, de resto, o FMI também veio estragar outra festa. A da Economia caseira. E sobre esta não há Europeu que nos redima. O que o FMI espera é mesmo a degradação da situação orçamental portuguesa até ao final da década (são ainda mais quatro anos). Apesar de em 2016 a situação não ser ainda grave, a organização internacional prevê que Portugal possa piorar e ver-se em risco de não cumprir o Tratado Orçamental. Mas o caso, como noticia o 'Financial Times', alastra-se à Europa toda.
Face a isto, o Governo age como é costume: com a ditadura das Finanças. Nem um cêntimo será gasto sem a autorização de Centeno. O que haviam de dizer alguns dos que agora apoiam esta medida e o que dela dirão aqueles que apoiaram outras iguais. Mas isso é politiquice, coisa que não tem a beleza de um golo de Jiménez ou de Talisca.
É bem verdade, a festa acabou. Depois de um ministro que se demite há um secretário de Estado que bate com a porta. Os militares estão descontentes e o primeiro-ministro evita perguntas: sobre o seu amigo Diogo Lacerda Machado (de quem o 'Correio da Manhã', no seu estilo próprio, diz ter ganho 170 mil euros em dois meses - mas afinal, foi o escritório onde trabalha que os ganhou em ajustes diretos com o Estado, enquanto o 'I' diz que ele esteve, igualmente, nos negócios desastrosos dos Kamov e do SIRESP)... enfim, um amigo que pode ser para as ocasiões e sair muito mais caro do que os escassos dois mil euros que vai ganhar como consultor.
E pronto, a festa europeia no futebol acabou! Até ao Europeu de França, em Junho, tudo será caseiro. A menos que o Braga, hoje, na Ucrânia, faça o milage de, na Liga Europa, passar o Shakhtar, que no Minho lhe ganhou 2-1. O jogo é transmitido na SIC.
Mas tomámos o Benfica como metáfora porque, de resto, o FMI também veio estragar outra festa. A da Economia caseira. E sobre esta não há Europeu que nos redima. O que o FMI espera é mesmo a degradação da situação orçamental portuguesa até ao final da década (são ainda mais quatro anos). Apesar de em 2016 a situação não ser ainda grave, a organização internacional prevê que Portugal possa piorar e ver-se em risco de não cumprir o Tratado Orçamental. Mas o caso, como noticia o 'Financial Times', alastra-se à Europa toda.
Face a isto, o Governo age como é costume: com a ditadura das Finanças. Nem um cêntimo será gasto sem a autorização de Centeno. O que haviam de dizer alguns dos que agora apoiam esta medida e o que dela dirão aqueles que apoiaram outras iguais. Mas isso é politiquice, coisa que não tem a beleza de um golo de Jiménez ou de Talisca.
É bem verdade, a festa acabou. Depois de um ministro que se demite há um secretário de Estado que bate com a porta. Os militares estão descontentes e o primeiro-ministro evita perguntas: sobre o seu amigo Diogo Lacerda Machado (de quem o 'Correio da Manhã', no seu estilo próprio, diz ter ganho 170 mil euros em dois meses - mas afinal, foi o escritório onde trabalha que os ganhou em ajustes diretos com o Estado, enquanto o 'I' diz que ele esteve, igualmente, nos negócios desastrosos dos Kamov e do SIRESP)... enfim, um amigo que pode ser para as ocasiões e sair muito mais caro do que os escassos dois mil euros que vai ganhar como consultor.
E Costa também se cala sobre a demissão de outro amigo, o secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Wengorovius Meneses; e nada diz sobre a ida para o Banco de Portugal de Elisa Ferreira. É um Costa calado, Moita carrasco! Teve uma semanahorribilis, como diz o 'Público na primeira página, ao lado da foto em que o primeiro-ministro inaugura uma estação de metro nos arredores de Lisboa (Reboleira, Amadora).
Hoje tomam posse o novo ministro da Cultura, embaixador Luís Filipe Castro Mendes e os dois novos secretários de Estado - da cultura, Miguel Honrado e o da Juventude e Desportos, João Paulo Rebelo. Segundo o 'Observador' foi o Presidente da República, que também já foi jornalista a dar, em Estrasburgo, a notícia da demissão de Meneses e da nomeação de Rebelo. Há originalidades para todos os gostos e se há local onde ainda há festa, esse local é Belém.
OUTRAS
NOTÍCIAS
A grande surpresa que soube ontem, mas ainda ficou algo por explicar, foi a demissão de João Wengorovius Meneses de secretário de Estado do ministro da Educação. Se o 'DN' diz que foi porque o ministro quis travar nomeações por ele feitas, tentando exonerar uma adjunta e impondo-lhe um chefe de gabinete e o 'Público' informa que o secretário de Estado manteve pessoas do Executivo anterior, o próprio disse ao Expresso Diário que "foi um avolumar de situações contrárias à minha forma de gerir recursos", o que não contradiz a notícia de primeira página do 'DN'.
Como ficámos dependentes de espanhóis e angolanos na banca? Eis algo explicado em 2 minutos e 59 segundos pelo diretor do Expresso na já conhecida secção 2'59". Veja aqui.
Esconder seis mil milhões não custa nada. É simples. Basta tê-los fora do país e depois aproveitar um RERT (Regime Extraordinário de Regularização Tributária).Houve três RERT nos últimos oito anos e isso permitiu que esses seis mil milhões estivessem a salvo dos impostos que pagam os que deixam o dinheiro mal parado em Portugal. Eis uma história com uma moral: não cumpras a lei e, se for muito o teu dinheiro, serás perdoado.
Quem fez o mais colossal (palavras do próprio) aumento de impostos em Portugal foi Vítor Gaspar. Pois bem, agora dáreceitas contra o 'crescimento fraco'. Haverá muito gente que preferiria que a receita fosse contra o decréscimo súbito, mas é o que temos de momento.
Elisa Ferreira, ex-ministra e atual deputada socialista do Parlamento Europeu, é um dos dois novos nomes da administraçãodo Banco de Portugal, como vice-governadora. O outro nome é o de Luís Máximo dos Santos, que era já quadro do BdP e esteve ultimamente à frente do BES (banco mau, embora o próprio diga não gostar da expressão). Recorde-se que o responsável pela supervisão,António Varela, demitiu-se no início de março.
A ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque foi autorizada pelo Parlamento (com a abstenção do PS na respetiva comissão) a acumular funções de deputada com as de consultora da Arrow Global. A agora também dirigente de topo do PSD afirma esperar que o PCP faça queixa dela ao Ministério Público e que, quando vir que não há nada por onde pegar, lhe apresente as suas desculpas…
O tenente-general Rovisco Duarte, até agora Inspetor-Geral do Exército, é o nome proposto pelo Governo para Chefe do Estado Maior daquela arma, depois da polémica saída do general Carlos Jerónimo. Entretanto, na instituição militar fala-se de um jantar de desagravo a este último enquanto o líder da Associação 25 de Abril,Vasco Lourenço, apelava a que nenhum general aceitasse o cargo.(mas já se congratulou com esta escolha). Perante isto, o ministro guarda silêncio, o seu secretário de Estado, Marcos Perestrello, dirigente do PS, defende-o e o Bloco de Esquerda apoia-o.
Na Bulgária foi a opinião pública que obrigou o Governo a dar caça aos "caçadores de migrantes", grupos que perseguem e capturam desumanamente refugiados.
No Brasil, a fuga de partidos aliados deixa Dilma cada vez mais isolada, afirma o 'Público'. O Partido Progressista e o Partido Republicano Brasileiro deixaram de a defender.
Cinco grandes bancos americanos, incluindo o JP Morgan Chase e o Bank of America, não cumprem as diretivas cruciais do Congresso dos EUA, aprovadas depois de 2008, para evitar falências desordenadas, como a que aconteceu no Lehman. A revelação foi ontem feita pelo regulador federal norte-americano.
E no Panamá, o país mais na berra dos offshores, a polícia fez buscas ao escritório da firma Mossack e Fonseca. Não se sabe se ainda encontraram alguma coisa.
FRASES
“As convicções antigas e fortes nunca mudam. Continuo convicto do papel insubstituível da União Europeia, na Europa e no mundo. E, desde que há democracia, Portugal continua fiel a esta constante da sua estratégia nacional, com todos os seus Presidentes e com todos os seus Governos”, Marcelo Rebelo de Sousa, em Estrasburgo.
“Nós ouvimos do ministro da Defesa uma declaração que nos parece absolutamente aceitável e defensável”, Pedro Filipe Soares, deputado do Bloco de Esquerda, sobre a polémica envolvendoAzeredo Lopes.
“O ministro da Defesa nunca exigiu a demissão a ninguém (…) Essa falta de rigor tem estado a inquinar o debate”, Marcos Perestrello, secretário de Estado da Defesa, a defender o seu ministro
"A Imprensa é desonesta. Se a Imprensa fosse honesta, até iria porque passaria uns bons momentos… Mas, independentemente de quanto bons fossem, a Imprensa diria ‘Donald Trump foi miserável’.Para que hei de precisar disso?”, Donald Trump, explicando porque não comparece ao tradicional jantar dos correspondentes da Casa Branca.
O QUE EU ANDO A LER
Não há qualquer dúvida de que Pequim é longe de Lisboa, os hábitos são diferentes, o idioma incompreensível e a escrita totalmente diferente. Mas isso não impediu que toda uma geração (da qual não se exclui este escriba) sentisse, em determinado momento,uma atração pela China vermelha, a China de Mao. Cada um terá tido as suas razões, mas eu não minto se disser que alguns de nós pensavam, verdadeiramente, que na China, que cortara com a burocracia hierarquizada e solene da URSS, se discutia livremente.
António Caeiro é um excelente jornalista, um bom camarada e um conhecedor profundo da China, onde foi correspondente da agência Lusa durante muitos anos. Escreveu, depois de outros livros sobre aquele país, como "Pela China Dentro: Uma viagem de 12 anos" (2004) ou "Novas Coisas da China: Mudo Logo Existo" (2013) uma singela obra: "Peregrinação Vermelha" (2016; D. Quixote). Um livro documental onde recorda que ambos os países não tiveram relações até 1979 e que foi, mais ou menos até esse ano, ou até à morte de Mao Zedong, três anos antes, que houve um autêntico fascínio geracional por aquele país, que se hoje é uma ditadura, na altura o era ainda muito mais feroz. É uma obra que nos faz compreender muitas coisas acerca de parte da elite portuguesa, mas também acerca da nossa ainda sobrevivente extrema-esquerda.
E hoje é tudo. Logo às 18 horas o Expresso Diário terá mais e interessantes dados sobre todos os casos que abalam estes dias e amanhã de manhã, como sempre, o Expresso Curto, da autoria de Ricardo Marques.
Um excelente dia para todos, apesar dos aguaceiros prometidos.
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