O
presidente moçambicano e da Frelimo, partido no poder, Filipe Nyusi, pediu hoje
às autoridades judiciais um rápido esclarecimento do assassínio de José Manuel,
membro da oposição no Conselho Nacional de Defesa e Segurança, e do magistrado
Marcelino Vilankulo.
"O
partido Frelimo condena veementemente os assassinatos bárbaros de José Manuel,
membro do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, na cidade da Beira, e de
Marcelino Vilankulos, procurador da República, na cidade da Matola, e encoraja
as Forças de Defesa e Segurança a continuar a procurar o rápido esclarecimento
destes atos macabros", afirmou Nyusi, durante o discurso de abertura da V
Sessão Ordinária do Comité Central da Frente de Libertação de Moçambique
(Frelimo).
José
Manuel, membro do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, em representação da
Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e membro da ala militar do principal
partido de oposição, foi crivado de balas por desconhecidos à saída do
aeroporto internacional da Beira, perto das 23:30 locais de sábado.
Outras
duas pessoas que estavam na sua companhia, no táxi-moto ('txopela') que fazia o
trajeto Aeroporto-Mercado Mascarenhas, também foram atingidas por balas, tendo
um deles morrido no local e o outro sucumbido a caminho do Hospital Central da
Beira.
Marcelino
Vilankulo, magistrado do Ministério Público, foi atingido a tiro na noite de
segunda-feira junto da sua casa, na cidade da Matola, a cerca de oito
quilómetros da capital moçambicana, quando regressava no final de um dia de
trabalho.
A
imprensa moçambicana tem associado o assassínio do magistrado às investigações
em torno dos raptos que estavam ao seu cargo e em que supostamente está
envolvido Danish Satar, sobrinho de Nini Satar, que está em liberdade
condicional após ter cumprido pena por participação no homicídio, em 2000, do
jornalista Carlos Cardoso.
O
porta-voz do comando-geral da Polícia da República de Moçambique, Inácio Dina,
disse hoje à Lusa que Marcelino Vilankulo, com uma carreira de mais de dez anos
como magistrado, já esteve envolvido em vários casos, mas reiterou que é
precipitado associar o assassínio do procurador a casos de raptos em
Moçambique.
"Ele
não tinha só este processo, ele tinha vários outros processos em sua
responsabilidade. Não se pode fazer esta afirmação categoricamente",
declarou Dina, acrescentando que as operações continuam e, em momento oportuno,
informações relacionadas com o caso serão tornadas públicas.
Marcelino
Vilankulo, 40 anos, era membro do Conselho Superior de Magistratura do
Ministério Público, além de exercer funções na secção criminal da Procuradoria
da cidade de Maputo.
Maputo
tem vindo a ser assolado por uma onda de raptos desde 2012 e dezenas de pessoas
já foram vítimas desse tipo de crime, havendo relatos de que a maioria tem sido
libertada mediante o pagamento de resgate.
Várias
pessoas foram condenadas a pesadas penas de prisão por envolvimento em raptos,
embora este continue a ser um crime relativamente frequente em algumas cidades
moçambicanas, sobretudo em Maputo.
Em
2014, um juiz que tinha em mãos processos relacionados com a onda de raptos em
Maputo, Diniz Silica, foi morto a tiro por desconhecidos até agora a monte, em
plena luz do dia na capital moçambicana.
PMA
(SAYA/EYAC)// APN
Sem comentários:
Enviar um comentário