quarta-feira, 13 de abril de 2016

PR moçambicano pede esclarecimento de homicídios de conselheiro de defesa e magistrado



O presidente moçambicano e da Frelimo, partido no poder, Filipe Nyusi, pediu hoje às autoridades judiciais um rápido esclarecimento do assassínio de José Manuel, membro da oposição no Conselho Nacional de Defesa e Segurança, e do magistrado Marcelino Vilankulo.

"O partido Frelimo condena veementemente os assassinatos bárbaros de José Manuel, membro do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, na cidade da Beira, e de Marcelino Vilankulos, procurador da República, na cidade da Matola, e encoraja as Forças de Defesa e Segurança a continuar a procurar o rápido esclarecimento destes atos macabros", afirmou Nyusi, durante o discurso de abertura da V Sessão Ordinária do Comité Central da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).

José Manuel, membro do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, em representação da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e membro da ala militar do principal partido de oposição, foi crivado de balas por desconhecidos à saída do aeroporto internacional da Beira, perto das 23:30 locais de sábado.

Outras duas pessoas que estavam na sua companhia, no táxi-moto ('txopela') que fazia o trajeto Aeroporto-Mercado Mascarenhas, também foram atingidas por balas, tendo um deles morrido no local e o outro sucumbido a caminho do Hospital Central da Beira.

Marcelino Vilankulo, magistrado do Ministério Público, foi atingido a tiro na noite de segunda-feira junto da sua casa, na cidade da Matola, a cerca de oito quilómetros da capital moçambicana, quando regressava no final de um dia de trabalho.

A imprensa moçambicana tem associado o assassínio do magistrado às investigações em torno dos raptos que estavam ao seu cargo e em que supostamente está envolvido Danish Satar, sobrinho de Nini Satar, que está em liberdade condicional após ter cumprido pena por participação no homicídio, em 2000, do jornalista Carlos Cardoso.

O porta-voz do comando-geral da Polícia da República de Moçambique, Inácio Dina, disse hoje à Lusa que Marcelino Vilankulo, com uma carreira de mais de dez anos como magistrado, já esteve envolvido em vários casos, mas reiterou que é precipitado associar o assassínio do procurador a casos de raptos em Moçambique.

"Ele não tinha só este processo, ele tinha vários outros processos em sua responsabilidade. Não se pode fazer esta afirmação categoricamente", declarou Dina, acrescentando que as operações continuam e, em momento oportuno, informações relacionadas com o caso serão tornadas públicas.

Marcelino Vilankulo, 40 anos, era membro do Conselho Superior de Magistratura do Ministério Público, além de exercer funções na secção criminal da Procuradoria da cidade de Maputo.

Maputo tem vindo a ser assolado por uma onda de raptos desde 2012 e dezenas de pessoas já foram vítimas desse tipo de crime, havendo relatos de que a maioria tem sido libertada mediante o pagamento de resgate.

Várias pessoas foram condenadas a pesadas penas de prisão por envolvimento em raptos, embora este continue a ser um crime relativamente frequente em algumas cidades moçambicanas, sobretudo em Maputo.

Em 2014, um juiz que tinha em mãos processos relacionados com a onda de raptos em Maputo, Diniz Silica, foi morto a tiro por desconhecidos até agora a monte, em plena luz do dia na capital moçambicana.

PMA (SAYA/EYAC)// APN

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