Opera
Mundi, São Paulo
Em
nota, ONU Mulheres se solidariza com adolescentes vítimas e solicita que
questão de gênero seja incorporada na investigação, processo e julgamento dos
casos
A
ONU Mulheres no Brasil pediu nesta quinta-feira (26/05) "tolerância
zero" a todas as formas de violência contra as mulheres após os recentes
casos de estupro coletivo no país.
Em comunicado, a entidade se solidariza com as duas
adolescentes que, recentemente, foram vítimas de estupro coletivo no Brasil. No
Rio de Janeiro, uma jovem de 16 anos foi estuprada por mais de 30 homens,
enquanto outra, de 17, foi violentada por cinco no município de Bom Jesus, no Piauí.
A
entidade solicita também que a questão de gênero seja incorporada na
investigação, processo e julgamento dos casos para evitar a “revitimização” e a
culpabilização das jovens.
Leia
a nota na íntegra:
Nota
pública da ONU Mulheres Brasil sobre estupros coletivos
A
ONU Mulheres Brasil se solidariza com as duas adolescentes vítimas de estupro
coletivo: uma, no Rio de Janeiro, violada por mais de 30 homens, e outra, em
Bom Jesus (PI), vitimada por cinco homens. Além de serem mulheres jovens, tais
casos bárbaros se assemelham pelo fato de as duas adolescentes teriam sido
atraídas pelos algozes em tramas premeditadas e terem sido violentamente
atacadas num contexto de uso de drogas ilícitas.
Nesse
sentido, a ONU Mulheres solicita, aos poderes públicos dos estados do Rio de
Janeiro e do Piauí, que seja incorporada a perspectiva de gênero na
investigação, processo e julgamento de tais casos, para acesso à justiça e
reparação às vítimas, evitando a sua revitimização. Alerta, ainda, que uma das
formas com que a revitimização acontece é pela exposição social da vítima e dos
crimes, incluindo imagens e vídeos em redes sociais e demais meios de
comunicação, em ações de violação do respeito e da dignidade das vítimas, entre
eles a falta de privacidade, a culpabilização e os julgamentos morais baseados
em preconceitos e discriminações sexistas.
Como
crime hediondo, o estupro e suas consequências não podem ser tolerados nem
justificados sob pena do comprometimento da saúde física, mental e emocional
das mulheres, as quais devem dispor de todas as condições para evitar a
extensão do sofrimento das violências perpetradas. Deste modo, urge a plena
aplicação da Lei 12.845/2013 de atendimento obrigatório e integral de pessoas
em situação de violência sexual, com profilaxia de gravidez e antirretrovirais,
em consonância com normativas internacionais a exemplo da Declaração sobre a
Eliminação das Nações Unidas sobre a Eliminação da Violência contra as
Mulheres.
Por
fim, a ONU Mulheres reforça a necessidade de garantia e fortalecimento da rede
de atendimento a mulheres em situação de violência e de órgãos de políticas
para as mulheres e profissionais especializadas e especializados em gênero em
todas as esferas governamentais, para o pleno acolhimento às vítimas, primando
pelo cumprimento de protocolos, pela celeridade e pela humanização nos
procedimentos de saúde, assistência psicossocial e justiça em todas as etapas
do atendimento às vítimas e seus familiares, assim como a rigorosa punição dos
agressores. À sociedade brasileira, a ONU Mulheres pede a tolerância zero a
todas as formas de violência contra as mulheres e a sua banalização.
Nadine
Gasman
Representante
da ONU Mulheres Brasil
Foto:
Midia Ninja
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