Paula
Ferreira* – Jornal de Notícias, opinião
1. Surge
em todo o lado. Omnipresente. Opinião na ponta da língua para qualquer assunto.
Se aconteceu, Assunção Cristas irrompe a comentar. O CDS-PP, agora, é ela.
Obscureceu todos os seus companheiros de partido. E, a bem da verdade, eclipsou
qualquer tentativa de oposição.
Pedro
Passos Coelho andará pelo país a falar às bases, a apresentar o seu programa de
reformas e a preparar um desafio - decisivo, talvez - para a sua carreira
política. O líder do PSD precisa de uma vitória nas próximas autárquicas. Não
tem alternativa. Será por isso que ninguém o ouve. Passos sabe que não pode
gastar a imagem, fragilizada por quatro anos de governação nas piores
circunstâncias em que um primeiro-ministro pode exercer as suas funções.
Sendo
assim, Assunção Cristas aparece a liderar a oposição. Ontem, esteve em Bruxelas
a comemorar o aniversário do Partido Popular Europeu, por sinal a família
política de que o PSD de Passos Coelho também faz parte. Foi, contudo, a líder
do CDS que ouvimos, piedosamente, a informar os portugueses ter pedido aos
líderes europeus para evitarem o castigo a Portugal, "bom aluno" em
matérias de austeridade. Todavia, segundo Cristas, parecem ser uma
inevitabilidade os açoites da UE - salvo se o atual Governo, em vez de praticar
o seu programa político, recuar e der continuidade ao programa de Passos e
Cristas. Melhor era impossível.
2. Trinta
mil, ou quarenta mil, consoante a fonte. Foram de vários pontos do país até
Lisboa, pedindo liberdade de escolha na Educação. Um protesto vestido de
amarelo contra a decisão do Governo de cumprir aquilo que a lei estipula:
financiar o ensino aos alunos em escolas privadas, nos locais onde não exista
oferta pública. Simples. Uma coisa tão simples a ser subvertida, acintosamente,
graças ao ruído de alguns.
Depois
da manifestação, pediram uma audiência ao primeiro-ministro. António Costa não
tem qualquer hipótese de recuo nesta matéria. Até agora, geriu o dossiê,
sensível, com mestria, deixando o ministro da Educação tomar as decisões, e, ao
mesmo tempo, salvaguardando-o do combate político, dando palco a Alexandra
Leitão, a secretária de Estado. Um recuo de Costa perante o protesto amarelo
não significaria só a inevitável saída de Tiago Brandão Rodrigues, mas o princípio
da queda da coligação.
*Editora-executiva-adjunta
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