O
escritor angolano José Eduardo Agualusa considerou que a manutenção na prisão
dos 17 ativistas angolanos, já condenados, demonstra o
"endurecimento" do regime do Presidente José Eduardo dos Santos e a
"ausência de inteligência", o que dificulta o diálogo.
Em
declarações à agência Lusa, o escritor luso-angolano, manifestou-se
"surpreendido" com o facto de o processo dos ativistas, que cumprem
penas entre os dois anos e três meses e os oito anos e seis meses, se ter
prolongado por tanto tempo, situação que, defendeu, "é difícil de
compreender".
A
20 de junho de 2015, uma operação do Serviço de Investigação Criminal (SIC) fez
em Luanda as primeiras detenções deste processo, que mais tarde ficaria
conhecido como "15+2", em alusão aos 15 ativistas que ficaram meio
ano em prisão preventiva e duas jovens que aguardaram o julgamento em
liberdade, constituídas arguidas em setembro.
Todos
foram condenados por rebelião e associação de malfeitores e encontram-se
atualmente a cumprir penas de prisão efetiva.
"Continua
a surpreender-me que este processo se tenha prolongado por tanto tempo, que
eles tenham sido condenados e com penas tão pesadas. Tudo isto me parece
surpreendente, tendo em atenção a injustiça flagrante de todo o processo, a
perturbação que causa ao conjunto da sociedade angolana e pelo próprio regime
não sair em nada beneficiado deste processo, muito pelo contrário", disse
José Eduardo Agualusa.
"É
difícil compreender, não se compreende esta atitude do regime. No dia em que
foram presos, pensei que iriam ficar detidos dois ou três dias, como já tinha
acontecido antes. À medida que este processo se foi prolongando, fui ficando
cada vez mais inquieto, porque o que isto demonstra é não só o endurecimento do
regime, mas também uma ausência de inteligência e é difícil dialogar com um
regime que não demonstra inteligência, nem sequer para a sua própria
continuidade", sustentou.
O
escritor luso-angolano admitiu, porém, que os ativistas presos não cumprirão a
totalidade da pena a que foram condenados e que acabarão libertados "em
breve".
"Ou
porque o regime não se sustenta - acho que o regime não está de boa saúde - ou
são libertados porque o regime os liberta. Mas não acredito que fiquem muito mais
tempo. Continuo a não acreditar nisso. Mal seria se cumprissem (a pena toda).
Seria muito mau para eles, para as famílias e um mau sinal para Angola",
concluiu.
JSD
// VM – Lusa
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