Ex-líder
da CGTP diz que o funcionamento do Governo PS apoiado pelo PCP, BE e Verdes tem
surpreendido muita gente, mas sublinha que é preciso não perder o espaço
crítico à esquerda. E admite que no futuro os problemas vão ser “mais quentes”
valho
da Silva acredita que o Governo de António Costa vai cumprir a legislatura caso
prossiga com a perspetiva estratégica. Em entrevista ao jornal “i”, o antigo
líder da CGTP admite, contudo, que os problemas vão tornar-se “mais quentes” no
futuro.
“A
conjugação entre o conjuntural e o estratégico tem de ser reforçada. Quanto
mais se avançar no tempo, mais se vai tornar evidente a necessidade dessa
conjugação entre o conjuntural e o estratégico”, afirma Carvalho da Silva ao
diário.
Dirigindo
críticas ao PSD e ao CDS, o antigo líder sindical frisa que na fase inicial do
Executivo a direita tentou inviabilizar e depois descredibilizar a solução
governativa, sem alcançar sucesso nessa tarefa.
“A
direita está-se a sair mal nessa função e este último episódio das chamadas
sanções também contribuiu para a perceção de que esse negativismo em que quer
situar constantemente o país pode ser sacudido, isso é o mais relevante”,
acrescenta.
Para
Carvalho da Silva, o funcionamento do Governo PS apoiado pelo PCP, BE e Verdes
tem surpreendido muita gente, criando um “novo sentimento na sociedade”. “Desde
o início que digo que são, em muitos casos, pequenos passos corajosos de
dignidade e um sinal à sociedade portuguesa de não-cedência à inevitabilidade
do retrocesso”, sublinha, apontando para os casos dos subsídios aos colégios
privados, a reposição dos subsídios de férias, dos feriados, e das 35 horas.
Para
que o Governo cumpra a legislatura, Carvalho da Silva considera ainda que o
“espaço crítico à esquerda não pode desaparecer” e que é preciso contornar as
limitações da solução governativa. “Dificilmente o país consegue ter
investimento se mantiver os encargos da dívida que tem. Se em cada ano temos
que pagar 8,5 mil milhões de euros de encargos da dívida, não fica margem para
haver investimento”, exemplifica.
A
resolução dos “podres do sistema financeiro” são, na opinião de Carvalho da Silva,
essenciais para que o país avance. “Sem isso é muito difícil encntrar
conjugação de fatores que permitam o desenvolvimento, e por último, a
necessidade de estancar a emigração e começar a reverter o saldo demográfico em
Portugal”, conclui.
Expresso
– Foto: Tiago Miranda
Sem comentários:
Enviar um comentário