O
presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas, António Mota, diz que
é um "crime de lesa-pátria" a atribuição a empresas privadas do
combate aéreo aos fogos florestais.
"O
poder político afastou por completo a Força Aérea do combate aos incêndios e
isso ninguém entende. É um crime de lesa-pátria", critica o presidente da
Associação de Oficiais das Forças Armadas, António Mota, em declarações ao
"Jornal de Notícias".
Aquele
tenente-coronel diz que não faz sentido os portugueses estarem a pagar o
combate aos incêndios a empresas privadas depois de existir uma rede da Força
Aérea capaz de responder ao flagelo, com aeródromos e profissionais.
"Os
pilotos são pilotos o ano todo e não apenas no verão. São custos que os
portugueses já têm. O piloto tanto sai para fazer o transporte de bombeiros
para a Madeira, como está a acontecer agora, como segue para apagar um fogo em
Arouca", disse.
António
Mota acrescenta que "os militares estão preparados e interessados nessa
missão, mas alguém decidiu retirar essa competência à Força Aérea. É um negócio
que envolve muitos milhões de euros".
Críticas
no Facebook
As
declarações do presidente da AOFA surgem horas depois de ter surgido na página
oficial da associação no Facebook uma publicação assinada por um coronel que
critica o "negócio" aéreo que envolve o plano de combate a incêndios
em Portugal.
O
texto, assinado por João Marquito, deixa clara a crítica à forma como foi
retirada às Forças Armadas a função de operar os meios aéreos envolvidos no
combate aos incêndios.
"O
MAI (Ministério da Administração Interna) recusou entregar à Força Aérea, a
gestão e operação dos meios aéreos de combate a incêndios, bem como os de
emergência médica, optando por manter o actual estado de coisas, com várias
entidades, várias frotas, cada uma no seu "interesse" e custos
acumulados para todos, incluindo contratação dentro e fora do país", pode
ler-se na publicação.
Coronel
João Marquito (Vogal do Conselho Nacional da AOFA)
FOGOS
/ FORÇA AÉREA
"Parece impossível... No final do século passado, enquanto o combate aos incêndios florestais foi uma "Missão", a Força Aérea Portuguesa operava os meios aéreos em Portugal, mas quando esse combate passou a ser um "Negócio" arrumaram-se os C-130, os kit MAFFS para os equiparem ficaram a apodrecer, os bombeiros exaustos, os meios de substituição não aparecem e....o flagelo continua.
Quais as vantagens? A centralização dos meios aéreos na Força Aérea com custos reduzidos para o erário público, bem como a poupança em termos de manutenção (dado o background existente) e uma logística dos meios incomensuravelmente mais rápida e operacional.
Parece que, conforme noticiado em 09jun2016, o MAI recusou entregar à Força Aérea, a gestão e operação dos meios aéreos de combate a incêndios, bem como os de emergência médica, optando por manter o actual estado de coisas, com várias entidades, várias frotas, cada uma no seu "interesse" e custos acumulados para todos, incluindo contratação dentro e fora do país.
Espanha, EUA, Grécia, Croácia, Marrocos, são exemplos de países onde os meios aéreos de combate a incêndios são operados pela Força Aérea local. Parece impossível..."
O
coronel acrescenta ainda na publicação que "quando esse combate passou a
ser um "Negócio" arrumaram-se os C-130, os kit MAFFS para os
equiparem ficaram a apodrecer, os bombeiros exaustos, os meios de substituição
não aparecem e....o flagelo continua."
"Quais
as vantagens? A centralização dos meios aéreos na Força Aérea com custos
reduzidos para o erário público, bem como a poupança em termos de manutenção
(dado o background existente) e uma logística dos meios incomensuravelmente
mais rápida e operacional", pode ler-se ainda no texto publicado na página
oficial da AOFA.
Estudo
na gaveta
O
anterior governo pediu um estudo sobre a resposta aérea de combate aos
incêndios, que defende o regresso dessa competência para a Força Aérea.
A
garantia é reiterada pelo presidente da Associação de Oficiais das Forças
Armadas (AOFA), António Mota, que explicou ao JN que nesse relatório se
identificam os meios que a Força Aérea precisaria de voltar a ter para assumir
a responsabilidade.
O
relatório, "que continua numa gaveta", nas palavras do presidente da
AOFA, estima que "a partir de 2018 haveria um lucro para o erário público
(2016 e 2017 seriam anos de investimento), uma vez que deixaria de ser
necessária a contratação de meios privados para fazer o ataque aéreo às
chamas".
Joana
Almeida Silva – Jornal de Notícias
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