sexta-feira, 9 de setembro de 2016

EM UM ANO, APOIO À DEMOCRACIA NO BRASIL CAI DE 54% PARA 32%



Na América Latina, situação brasileira só é melhor do que a da Guatemala. Na região, índice caiu de 61% para 54% desde 2010

O apoio à democracia na América Latina caiu para um nível histórico. E o Brasil – ondeDilma Rousseff acaba de ser destituída do cargo de presidente – é o país em que mais se verifica essa tendência.
"O passado não conta, e como governante é preciso reconquistar (a aprovação dos eleitores) a cada dia", afirma uma das conclusões de uma pesquisa de opinião divulgada no início de setembro pela Corporación Latinobarómetro.

Desde 1995, a renomada organização não governamental avalia a cada ano o apoio dos latino-americanos à democracia como forma de governo. A instituição é apoiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela Transparência Internacional.

A atual análise é resultado de uma sondagem realizada com 20 mil pessoas em 18 países da América Latina. O resultado: desde 2010, o índice de apoio à democracia na região caiu de 61% para 54%.

No Brasil, o índice caiu de 54% para 32% em apenas um ano. Somente na Guatemala – onde, em 2015, o presidente Otto Pérez Molina teve que renunciar por causa de acusações de corrupção – o índice de apoio à democracia é menor: 30%.

Em novembro de 1889, o marechal liderou o golpe das Forças Armadas que derrubou dom Pedro 2º. Ele governou provisoriamente até fevereiro de 1891, quando foi eleito indiretamente pelo Congresso, com um mandato até 1894. Devido à crise econômica e política, que teve seu auge com a dissolução do Congresso, o vice Floriano Peixoto teve a ajuda da Marinha para forçar a saída de Deodoro, que renunciou.

As consequências da situação no Brasil são especialmente grandes. "O Brasil não é somente o maior e mais poderoso, mas também o único país da América Latina que está lado a lado com as potências mundiais", diz o estudo.

Por isso, o estado da democracia brasileira tem fundamental importância para toda a América Latina. "A recuperação política do Brasil está vinculada à capacidade do governo de mostrar progressos na luta contra a corrupção", conclui o texto.

Os resultados atuais da pesquisa estão alinhados com uma tendência mundial de ceticismo em relação à democracia abordada pelo pesquisador americano Marc F. Plattner no ano passado, em seu livro Democracy in decline? ("Democracia em declínio?", em tradução livre).

Herança do passado

Na América Latina, muitos países voltaram à democracia há não mais de 30 anos. A análise das consequências das ditaduras militares dos anos 1970 e 1980 ainda não foi concluída.

Segundo o estudo, o aumento da indiferença política na região é particularmente grave. Do total de entrevistados, 23% da população não se importam se o governo foi eleito democraticamente ou não. Em 2010, esse índice era de somente 16%.

"A perda de confiança se manifesta num momento em que as perspectivas sombrias para a região se misturam com as altas exigências dos cidadãos em relação aos seus representantes no governo", afirma Marta Lagos, fundadora e diretora da Corporación Latinobarómetro. Esta é a primeira vez que a combinação desses fatores foi verificada na pesquisa.

Recessão e corrupção

Perspectivas econômicas negativas dificilmente são os fatores decisivos para a crescente desilusão com a democracia. Isso porque, justamente durante a crise mundial de 2008 e 2009, o índice de aprovação alcançou, respectivamente, 57% e 59%. Um ano depois, em 2010, ele chegou a 61%.

"A sociedade mudou", constata Marta Lagos. "O que ainda era tolerado há cinco anos, não é mais aceitável hoje." As pessoas exigem soluções concretas que precisam ser implementadas imediatamente contra problemas também concretos. "Eles não estão mais dispostos a esperar para depois", opina.

À primeira vista, o resultado da pesquisa na Venezuela é surpreendente. Embora o país esteja em colapso político e econômico, a democracia tem 77% de aprovação. Uma possível explicação é que muitos venezuelanos não consideram mais o governo do presidente Nicolás Maduro democrático e desejam que a Constituição volte a ser respeitada.

No Chile, Uruguai, Nicarágua e El Salvador, o apoio à democracia também caiu. No Chile, não diminuiu somente o apoio à democracia, mas também à presidente Michelle Bachelet.

Embora ela tenha terminado seu primeiro mandato em 2010 com um índice de aprovação de cerca de 80%, seu segundo mandato, iniciado em 2014, registra números bem menores.

A razão para a queda não foi somente a crise econômica provocada pela diminuição dos preços de exportação no mercado internacional da principal matéria-prima do país – o cobre –, mas um escândalo de corrupção no qual o filho de Bachelet estava envolvido. "Esses são sinais do tempo: não há mais garantia sobre êxitos alcançados no passado", explica Lagos.

"Com a democracia crescem também as exigências aos representantes eleitos para que resolvam os problemas estruturais da região", resume Lagos, citando o único resultado positivo da pesquisa: o apoio à volta de regimes autoritários caiu de 16% para 15%.

Deutsche Welle , em Carta Maior

Portugal. AINDA A FRAUDE DOS ESTÁGIOS



José Soeiro – Expresso, opinião

A transformação de Portugal numa economia de estágios não é novidade. Nos últimos anos, com particular incidência a partir de 2014, os estágios foram uma das principais estratégias da Direita para o mundo de trabalho. O esquema parecia perfeito. O Estado financia as empresas, que podem ter licenciados precários a preço de saldo: pagam entre 140 e 240 euros por mês e o IEFP, com dinheiro público, paga o resto, até 691 euros por mês. E pelo caminho anuncia-se que há “oportunidades” para os jovens.

Que o Estado tenha políticas públicas para promover o emprego faz todo o sentido. Mas é preciso que façam o que diz o nome: promover emprego. Ora, ao contrário do que foi vendido à opinião pública, a generalização dos estágios, que ultrapassaram os 72 mil em 2015 (dados do IEFP), não serviu para isso. Como mostra um relatório apresentado neste verão, seis meses após a conclusão do estágio, apenas 15,2% dos estagiários permaneceram na mesma entidade sem recurso a um apoio à contratação posterior. E só 5,3% com contrato sem termo. Para tanto dinheiro investido, o resultado é risível. Mas por que correu tão mal na maior parte dos casos?

A realidade é que, com honrosas exceções, a maior parte dos empresários ficou viciada em estágios financiados pelo Estado e, em vez de os usarem para o que supostamente servem, foram fazendo suceder a um estagiário outro estagiário, em rotação permanente, à custa do contribuinte. O IEFP fechou os olhos e o Governo anterior, que fez disto a sua política, esfregou as mãos. De facto, a economia dos estágios servia também outro grande propósito: mascarar as estatísticas do emprego.

Foi o próprio FMI, cujas orientações são as que se sabem, que o reconheceu num relatório oficial. Com uma taxa oficial de cerca de 13% de desempregados em 2014, “é pouco provável”, dizia o relatório do Fundo, “que a escassez de emprego seja devidamente capturada pelas taxas de desemprego oficiais. No caso de Portugal, uma medida mais abrangente, que adiciona ao número de desempregados os trabalhadores desencorajados (que aumentaram drasticamente durante a crise), bem como o trabalho involuntário de curto prazo, coloca o desemprego em 20,5% em 2014”. Some-se pois quem deixou de estar inscrito nos centros de emprego, os estagiários, os contratos de emprego-inserção, os “desencorajados” e assim fica explicada a falácia de um país onde havia cada vez menos empregos, mas, supostamente, também cada vez menos desempregados.

Não foi surpresa, por tudo isto, quando se descobriu o escândalo (relativamente despercebido ou relativamente silenciado) de que em menos de dois anos (entre meados de 2014 e 2015), o Governo anterior conseguiu estourar mais de 60% dos fundos que havia até 2020 (do quadro de recursos PT2020) para aplicar em políticas ativas de emprego. O objetivo era só um: tirar gente das estatísticas de desemprego, e rápido. Pensar a médio prazo, fiscalizar esquemas mafiosos entretanto instalados, exigir às empresas apoiadas contrapartidas em termos de criação de emprego ou pensar em sustentabilidade era coisa que não interessava.

E agora estamos confrontados com isto: além de terem sido um fiasco do ponto de vista da criação de emprego sustentável, os estágios foram mais um dos campos onde a fraude (quantas vezes criminosa, como veio a público este verão) se disseminou, com patrões sem escrúpulos a receberem apoio do Estado e a roubarem o dinheiro que pertence ao trabalhador pela lei.

Que o escândalo sirva então para alguma coisa. Queremos ou não interromper a impunidade laboral que se tornou a norma nos últimos anos, com o mundo do trabalho a ser tomado por uma verdadeira máfia patronal? Estes patrões mafiosos vão ser obrigados a devolver aos estagiários o dinheiro que lhes extorquiram? E vão ser proibidos de aceder a qualquer tipo de apoio público no futuro? É agora que se vai exigir que se cumpra mesmo um rácio mínimo de contratação (por exemplo, um em cada dois estagiários) por parte das empresas que recebem estes apoios públicos? Vai finalmente o IEFP, perante denúncias, ter uma ação contundente com estes empresários? É agora que se inclui na missão da Autoridade para as Condições de Trabalho a fiscalização da utilização indevida de estágios, garantindo-lhe um reforço de meios para poder atuar? Seremos capazes de ter uma política de emprego digna desse nome, que saia finalmente deste ciclo vicioso dos estágios?

UE. Comissão quer avançar rapidamente com processo de suspensão de fundos a Portugal e Espanha



A Comissão Europeia considera "fundamental" que o processo de suspensão parcial de fundos a Portugal e Espanha, no quadro dos Procedimentos por Défice Excessivo, avance rapidamente, pois "não há tempo a perder", afirma o comissário Pierre Moscovici

"Relativamente à suspensão de fundos estruturais e de investimento (a Espanha e Portugal), confirmo que nós desejamos que o diálogo estruturado previsto com o Parlamento Europeu tenha lugar o mais rapidamente possível. Não há tempo a perder", declarou o comissário europeu responsável pelos Assuntos Financeiros, numa conferência de imprensa em Bratislava, após a reunião informal de 'rentrée' do Eurogrupo, o fórum de ministros das Finanças da zona euro.

Moscovici lembrou que "este diálogo (com o Parlamento Europeu) é consultivo, pois o Conselho (Ecofin) tem a última palavra", mas "é importante que todas as instituições sejam plenamente associadas a um assunto importante", acrescentando ser todavia "fundamental que esse processo avance".

No quadro do processo de sanções lançado contra os dois Estados-membros por falta de ações efetivas para correção dos respetivos défices, a Comissão acabou por recomendar, a 27 de julho passado, a suspensão de multas a Portugal e Espanha -- decisão confirmada no início de agosto pelo Conselho Ecofin (ministros das Finanças dos 28) -, mas segue o processo de congelamento parcial de fundos, incontornável por ser automático.

Todavia, e porque o Parlamento Europeu solicitou um "diálogo estruturado" com a Comissão sobre esta matéria - um diálogo consultivo, previsto nas regras europeias, no qual a assembleia deverá alertar para os efeitos nefastos de uma suspensão de fundos -, o executivo comunitário só depois dessa consulta elaborará uma proposta, a ser apreciada pelos ministros das Finanças.

Com a 'rentrée' política europeia só agora a ter lugar - a primeira sessão plenária de 2016/2017 do Parlamento terá lugar na próxima semana, em Estrasburgo -, ainda não foram definidas datas para esse diálogo entre Parlamento e Comissão, tendo fontes parlamentares indicado à Lusa que é provável que o calendário só seja definido numa reunião da Conferência de Presidentes do Parlamento Europeu agendada para 15 de setembro.

As mesmas fontes acrescentaram que o diálogo deve ter lugar em sede das comissões parlamentares dos Assuntos Económicos e do Desenvolvimento Regional.

Diário de Notícias – Lusa – Foto: Reuters / Francois Lenoir

Portugal. “TOO PSD TO JAIL”




Onde pára a reclamação do Estado dos 155 milhões de euros do penhor financeiro do capital da Galilei, dos 1,8 milhões da Sociedade Médica, dos mais de 22 milhões da Galilei Saúde e dos 1,17 milhões da Datacom-sistemas?

Na  chamada crise de 2007/2008, que se arrasta, ficaram conhecidas as expressões Too big to fail (grandes de mais para falir).

Este foi o expediente argumentativo para os neo-liberais, que defendiam e defendem que o Estado não deve intervir nas empresas e que deve ser o mercado a sanear as situações, premiando as que têm mérito e punindo as que não têm, injectando milhões dos Orçamentos do Estado, dos contribuintes como eles gostavam de dizer, nessas grandes empresas dos seus amigos e correlegionários...

Deixaram cair a teoria e passaram a argumentar que há empresas e bancos que pela sua dimensão e interligações não podem falir pois põem em perigo as respectivas economias.

A pratica mostrou assim a hipocrisia da política neo-liberal que afinal só se aplica às pequenas e médias empresas tornando claro a quem serve tal teoria apresentada nas universidades com roupagens científicas e de neutralidade. Uma teoria para dar cobertura à concentração e centralização de capitais, à acumulação do capital, entre nós defendida , entre outros, por Passos/Cristas/Portas...

Com o andamento da crise foi-se vendo que dos grandes responsáveis pelas muitas trafulhices que meteram milhões aos bolsos e nos bolsos dos amigos e compadres – os tais das «liberalidades» – só foram presos meia dúzia, os mais indefensáveis, para calar a opinião pública. Por isso, na imprensa mais crítica surgiu uma nova expressão: Too big to jail. Grandes de mais para serem presos!

Em Portugal tem-se passado o mesmo.

Veja-se a vergonha do BPN e os milhões que custa e vai custar ao Estado. Já se avança com a verba de nove mil milhões. Para se ter uma ideia, esta verba dava para se aumentar o Orçamento da Educação em 20% durante cerca de cinco anos!

O Estado tem a receber muitos milhões de milhares de euros do grupo que colapsou em 2008, onde pontificavam os barões e figuras gradas do PSD e do cavaquismo: o BPN, que foi nacionalizado com o voto contra do PCP, e as empresas do grupo que ficaram na SLN CGPS, hoje Galilei.

Para onde foi o dinheiro? O património pessoal dos principais responsáveis foi tocado? Que garantias havia? O que fez e faz a Parvalorem gerida por Fernando Nogueira Leite do PSD e amigo de Passos desde a JSD? Vai continuar a aceitar expedientes colocados pelo núcleo duro dos accionistas do ex-BPN para não serem executados, como o do processo especial de revitalização (PER)?

Em que ponto está a reclamação, por parte do Estado, dos 155 milhões do penhor financeiro do capital da Galilei, os 1,8 milhões da Sociedade Médica, os mais de 22 milhões da Galilei Saúde, os 1,17 da Datacom-sistemas informáticos?

E, finalmente, a grande questão: por que só há um preso e em prisão domiciliária?

Neste caso nem se pode dizer que são financeiramente grandes de mais para irem para a cadeia. Neste caso, a questão é outra: too PSD to jail – importantes de mais no PSD para serem presos e, ainda por cima, toocavaquistas...

*AbrilAbril - Foto de Manuel de Almeida/ Agência LUSA

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Portugal. Marisa Matias irónica face a críticas de PSD a viagens da Galp



Viagens pagas a governantes pela petrolífera estiveram na ordem do dia no debate parlamentar.

Depois de um agosto quente em temperatura, foi a vez de os termómetros subirem no Parlamento. E um dos temas em destaque na quinta-feira remonta ainda ao verão.

Falamos das viagens pagas pela Galp a governantes para ver jogos da Seleção durante o Euro’2016, um dos temas que mereceu particular enfoque por parte da oposição.

Tanto o CDS como o PSD criticaram o Governo pela situação. Mas nas redes sociais, Marisa Matias, eurodeputada, que ficou em terceiro nas presidenciais, reagiu com ironia.

“A ver as notícias e a ver a bancada do PSD a acusar o atual governo de promiscuidade entre os negócios e a política... A sério?!”, escreveu, especificando logo de seguida algumas figuras de relevo no PSD: “A bancada de Maria Luís Albuquerque? O partido de Durão Barroso?”.

Marisa Matias recordou ainda a expressão “olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço”,fazendo questão de realçar que acha “inaceitáveis os voos pagos pela Galp”.

Saliente-se que, entretanto, foi confirmada a aprovação de um código de conduta que limita até 150 euros as ofertas que os governantes podem receber.

Pedro Filipe Pina – Notícias ao Minuto

Portugal. Fisco a vigiar contas e outras decisões de uma (r)entrée a 'pés juntos'



A Autoridade Tributária vai passar a ter acesso a contas bancárias e os membros do Governo vão ficar sujeitos a um código de Conduta. Duas medidas entre as várias aprovadas esta quinta-feira.

A primeira reunião de Conselho de Ministros da reentré política debateu duas questões particularmente polémicas esta quinta-feira.

Foi aprovado o diploma que autoriza oacesso a contas bancárias de cidadãos portugueses ou estrangeiros residentes em Portugal por parte do Fisco.

Os bancos vão assim passar a reportar à Autoridade Tributária todos os saldos de contas com valor superior a 50 mil euros.

Entre as informações a serem comunicadas a partir do início do próximo ano, ficam de fora os movimentos das contas bancárias em questão e outro tipo de produtos, como os Planos Poupança Reforma.

Em matéria de proteção de dados pessoais são acatadas as recomendações da Comissão Nacional de Proteção de Dados "no sentido de vedar o acesso por terceiros, qualquer que seja a sua natureza jurídica aos dados detidos pela AT" e estender os deveres de sigilo a empresas e pessoas subcontratadas.

Uma segunda questão ‘sensível’ - as viagens para França durante o Euro pagas pela Galp ao secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade e aos secretários de Estado da Indústria, João Vasconcelos, e da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira - resultou na aprovação de um “código de conduta”.

Disposições, de “natureza ética”, nas palavras de Augusto Santos Silva, para elementos do Governo e altos dirigentes da administração pública sob tutela do Executivo. Assim, elementos do Executivo só poderão aceitar presentes até 150 euros, exceções feitas a prendas de outros Estados, cuja recusa constitua uma ofensa. A norma, sublinhe-se, não se reveste de caráter retroativo.

O Conselho de Ministros aprovou ainda alterações ao mapa judiciário que visam "corrigir défices graves de proximidade" na área de família e menores e nos julgamentos por crimes puníveis com pena de prisão até cinco anos.

O Governo quer reativar 20 tribunais que foram encerrados na última reforma do mapa judiciário e alargar a competência material das atuais secções de proximidade, de modo a que ali se realizem julgamentos criminais, a partir de janeiro de 2017.

Aprovados foram ainda os diplomas que criam um regime comum de acesso à reforma dos militares das Forças Armadas, GNR, elementos da PSP, PJ, SEF e guardas prisionais e uma proposta de lei sobre os contratos de distribuição de eletricidade em baixa tensão, que permite aos municípios de Portugal continental lançarem concursos conjuntos.

À margem do Conselho de Ministros, mas também uma novidade em destaque nesta reentré, foi dada a garantia por parte do ministro da Economia de que o Orçamento de Estado para 2017 trará "uma diminuição da carga fiscal" para todos os portugueses, ainda que inferior ao “desejado” pelo Governo.

Manuel Caldeira Cabral respondia assim aos jornalistas depois de ter sido confrontado com uma entrevista na qual admitia que um ajustamento dos escalões do IRS podia levar a um aumento da taxa aplicável nos escalões mais elevados (classes mais altas).

Carolina Rico – Notícias ao Minuto

JUIZ LELÉ DA CUCA? JORNALISTAS AVENÇADOS TAMBÉM NO EXPRESSO? EXPLICA EINSTEIN!




Valdemar Cruz, jornalista do Expresso, serve o Expresso Curto de hoje. A peça é mesmo de um jornalista, a qualidade está servida por quem a tem. Vamos sorver letra por letra. Está gostoso. Claro que esta é a mídia pró-sistema. Só publica o que aprova e convém. Agora por isso: e então onde estão os nomes dos jornalistas que recebem uns trocos do Espírito Santo – chamam-lhe avenças – e que o consórcio dos Papéis do Panamá disse ter em sua posse e que o Expresso não publica? Será que há jornalistas do Expresso e de mais “caldeiradas do tio Balsemão e associados” que também recebiam avenças do Espírito Santo (GES). Por aqui, o nosso Espírito Santo de orelha acha que sim e que vai daí “abafam”. O tio Balsemão lá sabe as linhas com que se coze. Ou será com que nos coze em lume brando impondo censura? Pois. Perguntar não ofende, pois não? Afinem as sensibilidades e mentalizem-se que mais cedo que tarde isso virá a público sem censura e sem ser a conta-gotas. Pois.

Daqui, mais em baixo, a cafeína matinal abre com dúvidas de como deve abrir o Expresso Curto. Perguntámos ao Einstein o que faria perante tais dúvidas e ele disse, com a sua habitual modéstia, que o que importa é abrir a Caixa de Pandora detida por uns poucos que põem e dispõem neste mundo. Depois, abrir com qualquer conteúdo e publicá-lo todo, sem censura, assim como os seguintes. Todos. Do tipo aqui me queres, aqui me tens. “Mas abram mesmo a Caixa e revelem todo o conteúdo. Deixem-se dessa de que o segredo é a alma do negócio porque isso não é informar mas sim manipular, ocultar, censurar". Pois. Afinal o negócio da informação é como é (com censura e manipulação) porque é um negócio e guarda segredos, podres que não revela, e são pagos por isso. Grande negócio.

E quem bater com a língua nos dentes ou dispuser o preto no branco com o teclado… está quilhado.

Esclarecendo: o Einstein com quem falei é canino. É o meu grande amigo cão, que sabe e vale muito mais que certas e incertas pessoas. Isso, aquelas em que já estão a pensar. Pois.

Está menos calor. Está vento. Portugal continua em chamas. Agora no Algarve. Temos de fazer a dança da chuva para ver se salvamos alguma floresta e casas deste país. Haja bombeiros. Mesmo maltratados por políticos, por governos e outras bestas dos poderes, lá andam eles, exaustos mas imparáveis. Obrigado, bombeiros de Portugal.

Um juiz. Carlos Alexandre. Esta já é outra conversa. Pode saber mais na TSF, aqui: Super-Juiz tem a certeza de que é escutado. Esta expressão do “super-juiz” é mesmo infeliz. Afinal o homem anda com o rabo entre as pernas ou então a mioleira cedeu a pressões e não está a funcionar nos trinques normais. Disse ele que alguém o escuta e que até houve sons do mar, ondinhas a murmurar na praia… Querem ver que o “super” já anda a ouvir “coisas” que são fruto do imaginário? Estará a ficar lelé da cuca? Cuidado, um juiz sem os alqueires mentais bem medidos é um perigo! Ainda mais perigoso que um “super-juiz” (quem terá sido o madraço que inventou esta do “super”?).

Bem. Mas se o Carlos Alexandre está de boa saúde mental e anda mesmo a ser escutado, quem será que o escuta na praia, com ondinhas a baterem na areia? Está mal. Uma coisa é certa: ainda bem que é o mar a bater na areia e não nas rochas. É que quando o mar bate nas rochas quem se lixa é o mexilhão. E esse está farto de ser lixado e a ver o super-juiz decidir com dois pesos e duas medidas, uma delas, branda q.b., foi com o Ricardo Espírito Santo. Tadinho. Pois.

Já chega. Vamos lá ver o Expresso Curto saboroso que por acaso hoje é um pouquinho mais cheiinho…

Bom dia, se conseguirem. Façam tudo por isso.

Mário Motta / PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Valdemar Cruz – Expresso

O que faria Einstein?

Posto perante o dilema de escrever um Expresso Curto com tantos temas passíveis de merecerem o destaque de abertura – Incêndios, IRS, Comandos, governantes com viagens pagas pela Galp, o discurso de Maria Luís Albuquerque na Grécia, a recapitalização da CGD - dei comigo a pensar numa pergunta que, escrevia há tempos um professor (Thomas Levenson) do Massachussetts Institute of Technology, EUA, os jornalistas deviam com mais frequência colocar a si próprios: o que faria Einstein? Num meio de tópicos tão complexos e num mundo comunicacional tão polarizado, é preciso saber relativizar e colocar as questões em perspetiva. Então, se todas aquelas hipóteses são importantes, nenhuma o é de um modo tão persistente e consistente como uma outra que está a ocupar espaço nobre dos jornais há dois dias: os resultados do inquérito ao grau de satisfação dos professores. Há uma expressão latina capaz de caracterizar esta questão: "Non nova, sed nove". Isto é, nada disto será novo, mas a frieza dos números leva-nos experienciar tudo de uma forma diferente e com um novo olhar. Entre 2910 professores inquiridos pertencentes a 130 escolas públicas e privadas, mais de 35% dizem-se exaustos, baralhados ou desesperados; 57% estão insatisfeitos devido à falta de reconhecimento profissional; 52% mostram-se preocupados com a indisciplina na sala de aula. As transformações na relação com os discentes levam a que 58,9% apontem como uma outra preocupação a falta de respeito na sala de aula; 64% consideram que a educação piorou em Portugal; 85% dizem que o Ministério da Educação não valoriza o seu trabalho;para 58% os pais dos alunos também não dão particular atenção ao trabalho dos professores. Os números continuam e são dramáticos. Em entrevista ao Expresso Diário, Joaquim Azevedo, investigador da Universidade Católica, ex-secretário de Estado da Educação, coordenador do projeto “As preocupações e as motivações dos professores”, lançado pela Fundação Manuel Leão, diz que o que mais o surpreendeu “foi o número tão elevado de respostas que expressam a insatisfação e cansaço dos professores”. A surpresa será genuína, mas os resultados seriam previsíveis para quem tenha acompanhado com um mínimo de atenção o modo como os professores têm vindo a ser tratados, pelo menos desde há duas décadas. O auge da degradação e da imagem pública dos docentes foi atingido durante o consulado de Maria de Lurdes Rodrigues como Ministra da Educação, no governo de José Sócrates. A 8 de março de 2008 realizou-se a maior manifestação de sempre em Portugal com mais de 100 mil professores na rua. Não por acaso,90,7% dos professores responsabilizam também a comunicação social pelo desprestígio associado à profissão. A classe está envelhecida. Perderam-se todos os atrativos para entrar numa profissão que deveria estar entre as mais valorizadas da sociedade. Passa pelos professores a construção do futuro que queremos ou ambicionamos. Esse futuro fica comprometido quando alguns dos principais agentes do que há de mais transformador numa sociedade – a educação e o conhecimento –estão desesperados, dizem-se exaustos e ansiosos por abandonar a profissão. Os professores, um dos esteios do ensino público, sempre foram uma classe profissional aglutinada à volta de um movimento sindical muito forte. Coisa rara num tempo de anátema sobre os sindicatos. Como nada é inocente e nada é fruto do acaso, é fundamental perceber como, em particular nas duas últimas décadas, houve a intenção deliberada de quebrar a espinha (para utilizar uma expressão com história) a essa força coletiva. Os professores perderam autonomia. Perderam autoridade. Perderam liberdade. Perderam prestígio. Perderam salários.Ganharam longos programas. Perderam-se no labirinto da burocracia. Na verdade a espinha (chamemos-lhe assim) terá sofrido impactos brutais, mas resiste. Tal como resiste o ensino público, mesmo se cada vez mais vilipendiado.

OUTRAS NOTÍCIAS

Num Curto muito dedicado à educação, eis mais uma notícia assustadora, veiculada pelo JN. Este ano Portugal terá o mais baixo número de matrículas deste século. Entram 80 mil alunos no 1º ano do 1º ciclo. Em 1985 foi inscrito o dobro de alunos. O número de alunos tem vindo a crescer de forma continuada desde há uma década. Segundo dados da Direção-Geal de estatísticas da Educação e Ciência, em 2000/01 entraram no 1º ano de escolaridade.

Veiculada pelo JN. Este ano Portugal terá o número de matrículas deste século. Entram 80 mil alunos no 1º ano do 1º ciclo. Em 1985 foi inscrito o dobro de alunos. O número de alunos tem vindo a crescer de forma continuada desde há uma década. Segundo dados da Direção-Geal de estatísticas da Educação e Ciência, em 2000/01 entraram no 1º ano de escolaridade 116 938 crianças.

Hoje realiza-se em Atenas a Cimeira dos Países do Sul da União Europeia, preparatória da Cimeira da EU marcada para o próximo dia 16. Segundo o Público, António Costa vai deixar como marca da sua participação a defesa da construção de alternativas às políticas de austeridade capazes de resultarem num aumento do investimento e num sustentado crescimento económico.

Nos comandos portugueses debate-se uma questão semântica. O Minsitro da Defesa, Azeredo Lopes, diz que os cursos estão “suspensos”. O presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas, tenente-coronel António Mota, discorda do uso daquela expressão porque, diz, não estão suspensos, mas “condicionados aos resultados dos inquéritos” em curso no Estado Maior do Exército e no Ministério Público sobre a morte de um militar no próximo domingo. O Rui Gustavo explica-lhe tudo no Expresso Diário. Marcelo Rebelo de Sousa está de acordo com a suspensão dos cursos e vai visitar os comandos internados, como explica a Ângela Silva.

Se possui contas bancárias com depósitos superiores a €50 mil, abertas a partir de 1 de janeiro deste ano, saiba que o fisco passará a ter acesso a esses saldos. A medida é válida para nacionais e estrangeiros. Os bancos terão de comunicar até 31 de julho do próximo ano os dados coligidos até 31 de dezembro. Uma outra forma de colocar a questão é dizer, como o faz o DN, que as “contas anteriores a 2016 escapam ao fisco”.

Não devia ser necessário, mas ele aí está. O Governo aprovou um código de conduta. Surge na sequência da polémica criada pelas viagens pagas pela Galp a membros do executivo para assistirem em França a jogos do Europeu de futebol. A partir de agora, os membros do Governo e dirigentes da Administração Pública não podem receber prendas cujo valor seja superior a €150.

Lá fora

No deserto da Nigéria foram encontrados na passada semana os corpos de 34 migrantes que tentavam chegar à Argélia, noticia o Guardian. Entre os mortos estão vinte crianças, cinco homens e nove mulheres. Segundo as autoridades, poderão ter morrido de sede na zona de Assamaka, perto a um posto fronteiriço entre os dois países. Terão sido abandonados por traficantes de pessoas.

Uma empresa dinamarquesa de construção, a CNBT DK Aps vai ter depagar perto de €2,5 milhões em indemnizações por irregularidades nos pagamentos e nos horários laborais de trabalhadores portugueses envolvidos na obra de extensão do metro de Copenhaga, na Dinamarca. A notícia faz manchete no Público. O jornal assegura que as indemnizações variam entre os €1300 e os €100 mil.

A contaminação atmosférica é já o quarto fator de morte prematura no mundo e provoca prejuízos de biliões de dólares na economia mundial, segundo um relatório do Banco Mundial ontem publicado. As doenças provocadas pela contaminação ambiental (cardiovasculares, cancro do pulmão e outras doenças pulmonares crónicas) são responsáveis por uma em cada dez mortes no mundo, o que representa um número seis vezes superior ao das mortes provocadas pelo paludismo, por exemplo.

O homem destruiu, nos últimos 25 anos, um décimo das regiões selvagens ainda existentes na Terra. Segundo estudos agora revelados, caso esta tendência não diminua, no espaço de um século poderá não restar qualquer área selvagem no globo. Só a Amazónia representa quase um terço desta perda “catastrófica”. Outros 14% desapareceram na África central, numa região de milhares de espécies, incluindo elefantes da floresta e chimpanzés.

757 milhões de adultos, dos quais 115 milhões são mulheres entre os 15 e os 24 anos, não conseguem ler ou escrever uma simples frase. A maioria dos excluídos das escolas são raparigas. Entre os adultos, a maioria (63%) dos que apresentam baixos índices de literacia são mulheres. Dados revelados pela UNESCO a propósito do Dia Internacional da Literacia, ontem celebrado.

Esteja atento à Liga inglesa porque amanhã (13h30) vai acontecer a aquela que se admite ser a mais cara partida de futebol alguma vez disputada em todo o mundo. Os Manchester, United e City, treinados por Mourinho e Guardiola (comece a somar), reúnem nas suas fileiras alguns dos jogadores mais cotados da bolsa futebolística, ou pelo menos protagonistas das mais dispendiosas transferências da época. Ora veja: De Gea, Pogba, Ibrahimovic, Fernandinho, John Stones, Eric Bally, Leroy Sané e tantos outros. O onze tipo dos dois conjuntos, segundo contas feitas pelo El País, deverá ultrapassar os €600 milhões.

E se acabássemos esta secção com uma ideia radical? O suíço Le Temps amplifica a questão colocada pelo economista estadunidense Keneth Rogoff, segundo o qual devia acabar o dinheiro em espécie, muito utilizado em operações ilegais. Uma sondagem recente da Master card revela que, numa sociedade numérica, e não obstante a massiva divulgação de cartões de crédito e de débito, o dinheiro vivo continua a ser o meio de pagamento em 85% das transações de consumidores em todo o mundo. Perto de 14 mil milhões de dólares passam regularmente de mão em mão. Nunca houve tanto dinheiro em circulação. Na opinião de Rogoff, acabar com o dinheiro atacaria a corrupção, a evasão fiscal, o terrorismo, o tráfico de droga e de seres humanos e a economia subterrânea. É muito radical acabar com tudo isto?

FRASES

“Um terço dos docentes a dizer que gostaria de deixar de dar aulas e que acha que há desmotivação, é um valor muito significativo. (…). São 40 mil profissionais que manifestam esse mal-estar. E isso é grave”. Joaquim Azevedo, coordenador do estudo “As preocupações e motivações dos professores” no Expresso Diário.

“Nem há governo, nem luzes novas na oposição”. António Lobo Xavier na Quadratura do Círculo/SIC Notícias

“Todos os compromissos que o PS assumiu com o PCP e o Bloco estão a ser todos rigorosamente cumpridos”. Jorge Coelho na Quadratura do Círculo/SIC Notícias

“O cimento dos acordos PS, PCP e Bloco é a mudança do alvo da austeridade, das medidas restritivas. Isso é uma mudança social muito significativa”. José Pacheco Pereira na Quadratura do Círculo/SIC Notícias

“Portugal está pior do que podia e devia”. Maria Luís Albuquerque, ex-minisra das Finanças do Governo PSD/CDS em Atenas numa iniciativa do partido Nova Democracia

"O que frisei é que este ano e em 2017, e é isso que está previsto, vai haver uma diminuição da carga fiscal; que será eventualmente menor do que nós desejaríamos. Mas consistentemente vamos ter dois anos de redução da carga fiscal sobre todos os portugueses".Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia

"Sinto-me escutado no meu dia-a-dia, sob várias formas". Carlos Alexandre, magistrado judicial do Tribunal Central de Instrução Criminal em entrevista à SIC

“Sempre achei que tinha algo em comum com Sísifo. Estou sempre a empurrar aquela pedra. De uma maneira ou de outra. Estou sempre a empurrar aquela pedra”. Bruce Springsteen no trabalho de capa da última Vanity Fair

“Quantos dos nossos atormentados espiões teriam preferido que Edward Snowden tivesse escrito um romance?”. John le Carré,escritor, que ontem publicou o seu livro de memórias “The Pigeon Tunnel”.

O QUE ANDO A LER

Depois do deslumbramento (sim, é a palavra) provocado há uns anos pela leitura de “Fala-lhes de Batalhas, de Reis e de Elefantes”, eis-me perante o incómodo estranhamento suscitado pela leitura do novo, longo e melancólico romance do francês Mathias Enard, “Bússula”, editado pela D. Quixote. Vencedor do Prémio Goncourt 2015, suscita-me sentimentos contraditórios. Hesito entre a paixão e o ódio. Vale a pena, neste espaço, mostrar como não lemos apenas maravilhas absolutas e inquestionáveis. O problema de “Bússola” é um pouco esse. Tanto é brilhante (e na verdade é-o com frequência), como se arrasta, tentado a deixar-se cair na indolência opiácea do narrador, o austríaco Franz Ritter, um universitário orientalista, musicólogo a debater-se com uma doença grave. A narrativa decorre durante uma noite de insónia numa Viena tida como antiga porta do Oriente. Ou será o contrário? Essa é uma das questões mais relevantes do romance (ou será um ensaio?), ao explorar os equívocos em que sempre têm assentado as relações entre Ocidente e Oriente. Através do olhar ou das memórias convocadas por Ritter entramos numa longa e detalhada viagem através dos antigos protetorados franceses e britânicos, que nos leva de Viena aos mares da China, com passagem pela revolução iraniana, os bordéis de Istambul, as ruínas de Palmira, os fumadores de ópio, as escavações na Síria. Sempre à sombra do amor impossível por uma Sarah idealizada, passamos por Damasco, detemo-nos em Teerão ou no Cairo.Refletimos sobre a Al Qaeda e o Daesh. Somos confrontados com dilemas antigos projetados no nosso quotidiano. Ficamos a conhecer inimagináveis pequenos e grandes episódios relacionados com a vida de homens e mulheres que de alguma forma cruzaram ou são devedores das relações de proximidade entre dois mundos, duas culturas, como Franz Liszt, Mozart, Donizetti, Beethoven, Mahler, Annemarie Schwarsenbach, Mendelssohn, Brahms, Balzac, Rimbaud, Sadegh Hedayat (escritor iraniano), Shaharam Nazeri (cantor iraniano), o sultão Abdümecit, o seu irmão Abdülaziz, “o primeiro wagneriano do oriente”, ou Napoleão Bonaparte, “o inventor do orientalismo” e tantos, mas tantos outros, numa sucessão de nomes, detalhes informações, reflexões e histórias demasiadas vezes tão só reveladoras da imensa e bulímica erudição de Mathias Enard. O livro torna-se esmagador, pelo modo como nos confronta com a nossa própria ignorância. Essa aparente fragilidade poderá ser, afinal, um dos seus fascínios, pelo modo como nos desafia a um caleidoscópio de novas e porventura nunca imaginadas leituras e aventuras.

Despeço-me com 4 minutos de divertimento, proporcionados por este vídeo feito com material de arquivo da NASA recolhido nos anos de 1980 no interior de naves espaciais. Veja os resultados e tenha um bom dia na companhia do Expresso on line e, mais logo, do Expresso Diário. Amanhã, como sempre, terá o seu semanário.

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