sábado, 18 de fevereiro de 2017

MANUAIS ESCOLARES EM ANGOLA POSSUÍDOS POR POLVO DE GRANDES TENTÁCULOS (reposição)



Mário Motta, Lisboa

A educação, as escolas, os compêndios escolares e restante material didático são a bagagem para o futuro que é adquirida pelas crianças de todo o mundo com o apoio dos professores(as). O desenvolvimento das crianças, futuros adultos e futuro das nações, depende essencialmente disso. 

O Estado angolano tem por princípio legal que os manuais escolares sejam entregues gratuitamente aos alunos desde o pré-primário. Com essa deliberação o Estado angolano apostou e aposta no futuro, possibilita a todos que desde crianças desfrutem de iguais oportunidades na aquisição de conhecimento, de instrução, de cultura, da sabedoria que representa o desenvolvimento dos futuros homens e mulheres que vão possibilitar uma sociedade mais equilibrada, justa, criativa, sã, culta e preparada para produzir desenvolvimento nos vários setores da economia. O interesse coletivo é que todos aprendam com igualdade de oportunidades. Quantos mais, melhor. Entre outros objetivos essa foi a meta traçada pelo Estado angolano quando não negou às crianças, cujos pais têm menores recursos (ou nem têm recursos nenhuns), a oportunidade de aprenderem do mesmo modo que aqueles que vivem sem problemas de recursos financeiros. O Estado angolano foi justo na sua deliberação.

Tudo estaria bem se acabasse em bem. Mas não está bem. Em Angola, apesar da deliberação e esforço do Estado, os manuais escolares não chegam à maioria dos alunos cujos pais não têm recursos para garantirem a aprendizagem dos seus filhos. Os manuais escolares que superiormente foram decididos serem de distribuição gratuita estão a ser vendidos na candonga porque existe uma máfia organizada que reduz as tiragens tipográficas dos manuais gratuitos para assim causar a procura no chamado mercado negro. Escusado será dizer que são vendidos a preços exorbitantes, o que leva muitos pais a terem de fazer sacrifícios enormes para os comprar. Os pais que os conseguem ainda comprarem. São aos milhares as crianças que não têm os referidos manuais que em princípio deviam ser gratuitos.

Como é explicado por aqueles que em Angola conhecem todas as “maroscas” do “polvo”:

“A cada ano que passa o estado angolano que garante a distribuição gratuita de livros escolares para a pré e a primária, cobrindo o universo de alunos "de Cabinda ao Cunene e do mar ao leste", se vê esvaziado nos seus legítimos propósitos: os editores-distribuidores e as gráficas que deveriam corresponder, produzem abaixo das necessidades e possibilitam ao polvo que os domina, a venda no "mercado informal" duma parte dessa produção. Tudo isso é feito com o fito de enriquecer o polvo-sabotador e anti-patriótico, um polvo disposto a tudo, à custa de milhões de crianças angolanas.”

Neste tema a realidade convida a que seja mostrado à sociedade angolana e a todo o mundo como associação ou associações criminosas se permitem ser um estado dentro do próprio Estado. Ter tanto ou mais poder que o Estado. Aumentando de ano para ano maior escassez de manuais escolares que deviam ser gratuitos para produzir e vender mais manuais no chamado “mercado negro” a preços proibitivos. A mola real é a ganância de uns quantos que se sobrepõe ao interesse coletivo de um país, comprometendo, neste caso, o futuro dos angolanos. É isso que está em causa e também a legalidade. É o governo de Angola que tem por obrigação fazer cumprir o disposto por si em prol dos interesses das crianças angolanas. É ao Estado que compete proteger os cidadãos. Principalmente as crianças. Proteger o futuro de Angola e dos angolanos. 

Este tema não encerra aqui. O Página Global continuará com esta abordagem em agenda. Se necessário com maior incidência no quem é quem de um polvo que tem nome, para além de poderosos e compridos tentáculos que urge amputar. Para bem das crianças angolanas. No inalienável interesse da sociedade e de Angola.

*Reposição:  Publicada por Página Global à(s) março 20, 2015 

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António Burity, ex-ministro da Educação de Angola, está a ser apontado nas suspeições de estar envolvido e ser figura grada na responsabilidade pelo “negócio” dos livros escolares que são pagos pelo Estado angolano e distribuídos gratuitamente às crianças angolanas que frequentam a pré-primária e primária.

… Enquanto o estado angolano, a cada ano que passa, se compromete publicamente a distribuir gratuitamente os livros escolares por todo o universo estudantil da primária, da pré à 6ª classe, quem tutela as gráficas e as editoras-distribuidoras, ao não haverem mecanismos de investigação e controlo sobre os seus procedimentos, indiciam ter passado a ter um só fito, que põe em causa ética e moral: a arrecadação de enormes quantidades de dinheiro correspondentes a pagamentos de livros que não chegaram a ser produzidos, com a agravante de vender uma parte do pouco que o foi, o que redunda em imensos prejuízos para o processo de formação, educação e ensino de centenas de milhares de crianças que mereciam toda a justiça e vontade patriótica em seu tão legítimo benefício! …

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