A
cobrança de impressos em estabelecimentos de ensino público é uma prática
ilegal, tendo em conta que a Constituição da República prevê o caráter
"tendencialmente gratuito" da escolaridade obrigatória.
O
Ministério da Educação confirma estar a investigar a cobrança ilegal
de documentos impressos nas escolas, como folhas de matrículas e
cadernetas de aluno, que segundo a lei deveriam ser gratuitos. A Inspeção-Geral
da Educação e Ciência (IGEC) abriu “um processo de averiguações” a uma escola
no concelho do Seixal, mas há mais duas escolas referenciadas por práticas
semelhantes em Alverca e no Restelo.
Segundo avança o jornal ‘Diário de Notícias’, a cobrança de
impressos em estabelecimentos de ensino público é uma prática ilegal, tendo em
conta que a Constituição da República prevê o caráter “tendencialmente
gratuito” da escolaridade obrigatória. “Os boletins de matrícula nos
estabelecimentos de ensino público são gratuitos”, reitera ao ‘DN’ fonte
do Ministério da Educação.
Contactado
pelo jornal, o agrupamento Agostinho Louro, no Seixal, justifica a
cobrança indevida com a necessidade de angariar fundos “para visitas de estudo
de alunos carenciados”. O montante já está, entretanto, a ser devolvido aos
encarregados de educação.
Mas
há mais dois casos idênticos a este, denunciados pelo blog ‘Assistente
Técnico’: no Agrupamento de Escolas Pedro Jacques de Magalhães, em Alverca,
onde a escola terá pedido um “donativo” de 2,5 euros pelas matrículas e na
Escola Secundária do Restelo, onde os encarregados de educação têm de pagar uma
quantia de cinco euros.
“Esses
impressos de matrícula e essas cadernetas não têm de ser pagos pelos alunos se
estiverem na escolaridade obrigatória. Só se pagam as segundas vias se se
extraviar ou se o aluno estragar muito o documento”, explica Filinto Lima,
presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas
Públicas (ANDAEP).
Filinto
Lima diz ainda que apesar de a lei estabelecer a gratuitidade dos documentos,
alguns deles são cobrados às escolas. “Cada caderneta escolar, produzida pela
Editorial do Ministério da Educação, tem um custo de 1,20 euros para as
escolas. Num agrupamento com mais de dois mil euros já são mais de dois mil
euros. E isso é dinheiro para uma escola”, explica, salientando que o Governo
deveria “aumentar o orçamento que todos os anos atribui” às escolas.
Joana Almeida | Jornal Económico
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