Martinho Júnior | Luanda
1-
O assalto a Raqqa está a pôr a descoberto a arrogância dos Estados Unidos e de
seus vassalos, em relação ao respeito que a nível internacional deve merecer o
estado sírio.
A
arrogância é de tal ordem que os Estados Unidos estão-se a implicar num mar de
contradições na Ásia, que irão provocar uma sucessão de conflitos em cadeia,
num processo que se vai alargando desde o Iémen à Síria, ao Iraque, à Turquia,
ao Qatar e ao Afeganistão, entre outros potenciais intervenientes (Israel e
Irão).
Na
Síria, os Estados Unidos estão a fazer penetrar unidades suas a partir das
fronteiras da Jordânia e do Iraque, depois de mover uma linha de logística
militar a partir da Itália (Campo Darby – Porto de Livorno – Aqqaba, na
Jordânia – Jedah, na Arábia Saudita), em Abril do corrente ano e na sequência
dos êxitos em Mossul, contra o Estado Islâmico.
Entre
os receptores desse material de guerra, estão os curdos de Rojava (territórios
a norte do Eufrates, até à fronteira com a Turquia), cujas linhas da frente
tendem a assaltar Raqqa a partir desses territórios situados na margem esquerda
do Eufrates.
Há
notícias que indicam que Rojava estabeleceu um acordo de cooperação militar por
10 anos com os Estados Unidos, o que aumenta o potencial de desestabilização
não só em relação à Síria, mas também em relação à Turquia, ao Iraque e ao
Irão.…
Os
curdos têm agora, com o material de guerra fornecido pelos Estados Unidos, uma
acrescida capacidade ofensiva.
A
sul do Eufrates, os curdos dos cantões de Rojava procuram também isolar Raqqa,
sem atender que todo esse processo inquinado pelos Estados Unidos, não pode
impedir a Síria de, a partir do sudoeste, enveredar pelo assalto à capital do
Estado Islâmico na Síria, bem como na tomada de Deir ez Zog (a leste de Raqqa),
um assalto que também já começou.
2-
Na contradição principal: enquanto a presença de unidades da Rússia, do Irão e
do Hezbollah respeitam a soberania síria, os Estados Unidos e a coligação
avassalada e apensa, estão na Síria sem qualquer respeito pelo estado sírio, de
forma ilegítima e ilegal, desrespeitando por outro lado todo o tipo de
convenções internacionais.
Tendo
havido alguma espectativa sobre como Rojava iria determinar seu posicionamento,
com o recente derrube dum bombardeiro sírio a sudoeste de Raqqa, a confrontação
da Síria contra os curdos de Rojava parece levar um caminho inevitável, em
função da arrogância estado-unidense na região; os curdos procuraram, ainda que
sem sucesso, impedir a recuperação do piloto por parte dos sírios…
A
Rússia suspendeu os contactos com a coligação e avisou que a ocidente do
Eufrates o espaço aéreo irá ser controlado de forma a qualquer ameaça (drones e
aviação) da coligação sujeitar-se a poder ser neutralizada.
A
escalada de tensões em torno do assalto a Raqqa está instalada, abrindo uma
brecha no sentido principal das acções, de que só o Estado Islâmico pode
beneficiar e a responsabilidade dessa brecha recai por inteiro sobre a forma
ilegítima, ilegal e errática da actuação dos Estados Unidos, o que comprova que
sobre o caos e o terrorismo instalados, os Estados Unidos pretendem a
fragmentação da Síria.
3-
As unidades sírias que estão envolvidas no assalto a Raqqa, tiveram de
confrontar os curdos no local onde o bombardeiro sírio foi derrubado, a fim de
resgatar o piloto (missão já cumprida).
Para
o efeito travaram-se duros combates com os curdos de Rojava que em função do
apoio estado-unidense se estão a recusar a coordenar os movimentos de tropas na
direcção da capital síria do Estado Islâmico.
Por
outro lado, as unidades de elite sírias, comandadas pelo general Suhail
Hassan, “O Tigre”, já estão a sul de Raqqa e isso vai pôr em causa a
tentativa dos curdos se tornarem hegemónicos no assalto, prevendo-se novas
confrontações no horizonte entre sírios e curdos, dando alguma folga ao Estado
Islâmico, que beneficia de algumas linhas de retirada por parte dos intereses
da coligação liderada pelos Estados Unidos.
As
próximas semanas são de múltiplas tensões e conflitos, todavía há um dado
adquirido: a Síria não está disposta a ver seu territorio desagregar-se e, para
tal, está a partir da vantagem da maioria da população síria estar já em
territorio por si controlado.
Para
além do assalto aos núcleos duros do Estado Islâmico (Raqqa e Deir ez Zog), a
Síria começa também a recuperar territórios onde estão instalados alguns dos
principais poços de petróleo do país, a nordeste.
Os
combates tendem a evoluir das áreas mais densamente povoadas em direcção às
periferias menos povoadas e aí a confrontação entre unidades regulares dos
sírios contra outras forças (incluindo as unidades dos Estados Unidos), é um
risco a considerar a sul, sudeste, leste, norte e nordeste.
Mapas:
Localização
dos cantões dos curdos sírios, que compõem o território de Rojava; Confrontação
entre a Síria e Rojava, apoiada pelos Estados Unidos; Assédio
de Rojava a Raqqa.
A
consular (Martinho Júnior):
AREIAS
MOVEDIÇAS – http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/02/areias-movedicas.html
BOOMERANG
GEOESTRATÉGICO – http://paginaglobal.blogspot.pt/2015/12/boomerang-geoestrategico.html
ROJAVA,
UMA PEQUENA LUZ NO MEIO DAS TREVAS – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/05/rojava-uma-pequena-luz-no-meio-das.html#more
UMA
SÍRIA A RETALHOS – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/04/uma-siria-retalhos.html
Outras
consultas:
De
Camp Darby, des armes US pour la guerre contre la Syrie et le Yémen – http://www.voltairenet.org/article196028.html
El
Ejército Sirio Combate contra los Kurdos y la SDF después del Derribo de un
Su-22 por EEUU! –https://topeteglz.org/2017/06/18/el-ejercito-sirio-combate-contra-los-kurdos-y-la-sdf-despues-del-derribo-de-un-su-22-por-eeuu/
Las
Fuerzas Kurdas apoyadas por EEUU comenzaron la toma de ar-Raqqah – https://topeteglz.org/2017/06/15/videosiria-eeuu-y-las-fuerzas-kurdas-comienzan-el-asalto-en-ar-raqqah-15-junio-2017/
EEUU
y las brigadas kurdas firman un contrato de cooperación militar por 10 años – http://annurtv.com/eeuu-y-las-brigadas-kurdas-firman-un-contrato-de-cooperacion-militar-por-10-anos/
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