@Verdade
| Editorial
O
que se está a passar no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), nos
últimos tempos, especificamente no que diz respeito aos supostos investimentos
que a instituição tem vindo a fazer no âmbito da sua não clara Política e
Estratégia de Investimentos (PEI), é bem uma eloquente amostra do saque ao
dinheiro dos trabalhadores moçambicanos.
Os
gestores do INSS têm vindo a provar que não sabe fazer mais nada, se não roubar
e destruir o dinheiro do pacato trabalhador que é descontado todo os santos
meses. Nos últimos 42 anos de independência, temos estado a assistir a uma
gestão danosa das contribuições do trabalhador moçambicano. Na verdade, os
gestores do INSS transformaram aquela instituição numa verdadeira capoeira
pública no qual qualquer indivíduo ligado ao partido no poder inventa um
negócio para encaixar fraudulentamente o dinheiro do trabalhador moçambicano.
O
dinheiro dos contribuintes moçambicanos, ganho com muito suor e sangue do seu
trabalho, tem sido esbanjado em investimentos que são feitos sem nenhum pingo
de transparência e, muito menos, sensibilidade em relação ao trabalhador que
produz o dinheiro. Pelo contrário, os valores têm sido usados para satisfazer
necessidades de certos indivíduos, para além de ampliar os seus negócios
pessoais.
Um
dos mais vergonhosos e preocupantes exemplos do uso obscuro do dinheiro do
trabalhador moçambicano é o caso que envolve o antigo presidente da
Confederações das Associações das Actividades Económicas (CTA), Rogério Manuel,
que viu a sua empresa, num negócio pouco claro, receber mais de sete milhões de
dólares norte- americanos dos cofres do INSS. Para o cúmulo da situação, o
indivíduo em causa não devolveu ainda sequer um centavo do dinheiro dos
trabalhadores moçambicanos. E, como se isso não bastasse, no âmbito da suposta
PIE, que na verdade não passa de trapaça para um grupo de pessoas enriquecer à
custa do Estado, o INSS acaba de fazer um investimentos em 490 milhões de
meticais com a aquisição de um edifício de apartamentos com serviços de
hotelaria (apart-hotel).
O
investimento que parece um bom negócio para os cofres do INSS é sem sombras de
dúvidas resultante de um esquema de saque ao dinheiro do honesto trabalhador
moçambicanos, pois o edifício de 15 pisos, composto 47 apartamentos, uma loja e
um parque de estacionamento para 18 viaturas, não deve custar mais de 250
milhões de meticais. É evidente de que se trata de mais um negócio obscuro que
os gestores daquela instituição têm estado a levar a cabo em benefício próprio.
Portanto,
diante desse tipo de situação, os trabalhadores moçambicanos não apenas devem
lamuriar-se, mas sim é preciso mudar de rumo, exigindo que o desconto de
segurança social seja facultativo, pois, a esse ritmo, corre-se o risco de não
sobrar um centavo sequer nos cofres do INSS para o trabalhador em caso de
invalidez ou outras situações de vida.
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