Martinho Júnior | Luanda
Com
o capitalismo neoliberal abriu-se a porta das “parcerias público privadas” à
indústria de armamento, ao comércio illegal de armas ligado ou não a outros
tráficos, ao mercenarismo galopante, à refinação das redes em termos de sua
actuação segura e camuflada, à barbárie…
Nesses
termos, as Forças Armadas dos Estados Unidos correrão sempre o risco de perder
guerras a fim de que privados tenham com elas muitos lucros e, quanto aos seus
apêndices, têm pulso livre para desencadear o caos, o terrorismo e a
desagregação de nações e de estados onde quer que seja…
Os
excedentes de armamento nos países do leste europeu “reconvertidos” pelo
neoliberalismo a partir da década de 90 do século passado, criaram a oportunidade
para negócios que alimentaram as guerras em África e alimentam hoje o
fornecimento de armas aos terroristas da AL QAEDA e do DAESH.
Angola
foi um dos primeiros “ensaios” na sequência da “Guerra Fria” (que
em Angola não o era, mas uma Luta de Libertação contra o colonialismo, o “apartheid” e
algumas das suas sequelas) – Martinho Júnior.
PÁGINA
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1-
A “guerra dos diamantes de sangue” levada a cabo por Savimbi de 1992
a 2002, tirando partido dos malparados acordos de Bicesse e Lusaka,
teve todos os ingredientes duma guerra “privada”, aparentemente “auto
sustentada” e desenvolvendo-se em espiral: garantia-se basicamente a posse
de território, explorando e vendendo diamantes a partir dos aluviões dos rios,
a fim de transaccioná-los para comprar armamento e garantir a logística das
tropas, fazendo progredir a mancha da subversão em direcção à tomada do poder.
Como
todas as guerrilhas em África porém as bases de rectaguarda e de apoio estavam
fora do território e, no caso da “guerra dos diamantes de sangue”, muitos
pontos de apoio, em função da tipologia dos tráficos (de diamantes e de armas),
em países próximos ou longínquos.
Os
traficantes e os interesses a eles conectados fazem passar a “mensagem
dominante” de que se trata duma “guerra civil”, mas basta recordar
que em África a sul do Sahara só a África do Sul possui indústria de armamento,
pelo que todo o material de guerra é importado, o suficiente para levar sempre
em conta os interesses e as components externas dos conflitos, que se tornam
muitas vezes determinantes.
No
caso de Savimbi, as engrenagens do cartel tornaram-se determinantes: quaisquer lotes
de diamantes incluíam transacções na tradicional Bolsa de Antuérpia, que aliás
era o receptáculo dos traficantes actuando em Angola e no Zaíre, neste caso sob
os auspicious de Mobutu intimamente associado aos interesses e “diligências” de
Maurice Tempelsman (cartel dos diamantes que inclui a De Beers e a Anglo
American).
O
processo 105/83 em Angola evidenciava isso e muitas das conexões internacionais
envolvendo inclusive Bancos como o Trade Development Bank, ou a UBS…
Punha
também em evidência que mesmo companhias aéreas de bandeira como a TAAG, a TAP,
ou a Sabena, eram meios “furados” pelos traficantes de
diamantes e “transversais” de clandestinidade suscitadas pelos seus
negócios… onde entre outras se escondiam a CIA, ou o MI6…
Se
Angola mantivesse a equipa de investigação do 105/83 no activo, o espaço de
Savimbi não seria tão alargado como o veio a ser e isso apesar da rectaguarda
de Mobutu e dos apoios internacionais que granjeou, inclusive os que se ligavam
ao cartel dos diamantes.
Foi
em função desses interesses que eu e outros camaradas que no active serviram
com dignidade e honestidade o estado angolano, fomos presos, julgados e
condenados, mas mesmo assim, na parte que me toca, não abandonei a luta…
2-
Quando entre 1998 e 2000 os outros dois camaradas (“Revolução” e Baptista)
e eu demos apoio ao estado angolano, tínhamos feito essa avaliação em relação à
questão dos diamantes e por isso, para melhor avaliar onde estariam as forças
às ordens de Savimbi, procurou-se desde logo pesquisar onde estavam as suas
minas aluviais, tornando-se evidente o “eixo” norte-sul de sua
implantação, ao longo dos vales do Cuango e do Cuanza.
Da
minha parte tinha em memória o rescaldo da minha própria prisão e tinha sobejos
motivos para avaliar o apogeu de Savimbi em 1998.
O
Bié surgia assim como “santuário”, por que as minas situavam-se nos rios
cuja nascente ocorriam na vasta Região Central das Grandes Nascentes e, como a
capital (cidade do Kuito), não chegou a ser tomada, os dispositivos de Savimbi
foram disseminados sobretudo pelo Bailundo, Mungo, Andulo e Nharêa, onde ele
tinha também as pistas para receber armamento e combustível a partir do
exterior (do Togo, do Zaíre e da África do Sul, a partir do aeroporto de
Lanseria).
O
Andulo tornou-se mesmo no baluarte principal e o armamento pesado encontrava-se
nessas áreas, a que se agregava a Nharêa, onde se situava a Zona Económica
Especial do garimpo de diamantes de Savimbi.
3-
O Relatório Fowler corroborou as pesquisas no terreno em relação aos fluxos de
armamento envolvendo origem das armas, traficantes de armas “privados”,
lugares de trânsito, transportes aéreos mobilizados, locais de desembarque e
mercenários:
“The
source of origin of UNITA's arms and training
39.
The source of arms. UNITA acquired arms and military equipment from two
sources - large quantities were imported from suppliers in Eastern Europe, and
substantial quantities were captured by UNITA from Government forces in battle.
There has been considerable speculation as to the actual source of origin of
the weapons purchased by UNITA - the vast majority of which were of East
European origin. The Panel learned that as a result of the end of the Cold War
and the dissolution of the Warsaw Pact international arms markets were being
filled with surplus weaponry, much of it of East European origin offered at
below market prices. The arms reduction requirements imposed by the
Conventional Forces in Europe Treaty (CFE) have resulted in the need for some
countries to reduce and dispose of stockpiles. Likewise, the desire of a number
of former Warsaw Pact countries to join NATO may have resulted in those
countries selling off non-NATO standard equipment at a discount - with much of
this equipment going to Africa Arms sales bring in hard currency, and are a
significant economic factor in a number of former Warsaw Pact countries now
facing economic difficulties.
40. It is known that there are many Ukrainian nationals among the flight crews
of aircraft bringing in arms and other military materiel for UNITA. A number of
the air transport companies often mentioned in connection with illegal flights
into Andulo appear to have Ukrainian ties. The presence of Ukrainian
instructors in UNITA areas has also been widely reported. Also prevalent were
Ukrainian arms brokers purporting to have good connections in Ukraine and
Bulgaria. General Bandua stated that he thought that a BM-27 (Hurricane)
Multiple Launch Rocket system had come from Ukraine, via Togo. However, the
Government of Ukraine reported that there were no authorized arms sales from
Ukraine to Togo during the relevant period. The Panel's investigation turned up
no evidence that the Government of Ukraine sold arms or otherwise provided
military assistance directly or indirectly to UNITA.
41.
While not excluding the possibility that some weapons may have reached UNITA
from Ukrainian territory - especially from unauthorized sources, the evidence
collected as a result of the Panel's own investigations overwhelmingly points
towards Bulgaria as the source of origin for the majority of the arms purchased
by UNITA - at least since 1997. The Panel heard corroborated independent
testimony from several sources that aircraft carrying military equipment for
UNITA arrived in Andulo from Bulgaria. This information was confirmed by the
ex-UNITA officer who was in charge of the control tower at Andulo until its
capture by Angolan Government forces in October 1999. General Jacinto Bandua
also confirmed that flights carrying military equipment arrived in Andulo from
Bulgaria. General Bandua had the responsibility of cross-checking delivery
quantities and weight against the accompanying documentation, and he noted that
in many cases Bulgaria appeared in the documentation as the point of origin for
the flights bringing in military equipment. General Bandua recalled that in
some cases the documentation indicated that some of the equipment had transited
through Togo. The Bulgarian connection is also supported by evidence gained in
1999 from the interrogation of a captured UNITA Colonel, who stated that boxes
of ammunition and other military materiel delivered to Andulo had Bulgarian
markings. A report on the Colonel's interrogation was shown to the Panel.
42.
In light of what was learned by the Panel regarding UNITA's pattern of
procurement for arms and military equipment, the Panel formally asked the
Governments of Belarus, Bulgaria, Ukraine and the Russian Federation to provide
information on any arms sales involving Togolese end-user certificates since 1997.
The Government of Bulgaria indicated that since the beginning of 1997, 19
permits have been issued to Bulgarian companies for arms export to the Republic
of Togo In at least one case, the importing party arranged for the transport of
the arms on Air Cess - a company that has long been widely reported as having
been engaged in sanctions busting for UNITA. As noted above, the Government of
Ukraine informed the Panel that there were no authorized sales by Ukraine to
Togo since 1997.
43. The Panel observes that, at the time this report was finalized, it had not
received substantive replies from the Government of Belarus and the Government
of the Russian Federation to its requests for information, including with
regard to arms sales with end- user certificates from Togo and Burkina Faso.
44. External
training of UNITA soldiers. The Panel also received evidence suggesting
that some UNITA personnel had been trained in Bulgaria on the use of various
weapons systems that UNITA was importing - particularly the SAM6 anti-aircraft
missile system, and the BMP2. The director of the control tower in Andulo
stated that a flight that brought back some of the UNITA personnel who had gone
for training, came to Andulo directly from Bulgaria. General Bandua indicated that
those who had gone abroad for training officially went in the guise of Zairians
and not as UNITA (though the UNITA trainees were all Portuguese speakers rather
than French speakers). In response to a question posed by the Panel, the
Government of Bulgaria acknowledged that In August, September and October 1996,
40 Zairian military specialists were trained for the level of command positions
in the KUB anti-aircraft missile complex in the P. Volov Air Force Academy in
the town of Shumen, Bulgaria.
45.
In response to a similar set of questions, the Government of Ukraine informed
the Panel that they were not in possession of any information on military
personnel training in or for Zaire and that there was no agreement between
Ukraine and Zaire on any kind of military or military-technical cooperation,
including training. The Panel found no evidence to suggest that Ukraine was
directly or indirectly involved in the training of UNITA personnel. The
Governments of Belarus and the Russian Federation have not yet provided
substantive replies.
46. Presence of foreign mercenaries. The possible use by UNITA of foreign
mercenaries has been a matter of particularly intense interest. The activities
in Africa of soldiers for hire including those associated with the firm
Executive Outcomes have been well publicized. Although the Panel continued to
hear reports of foreign mercenaries serving with UNITA, the Panel was not able
to confirm these reports. The direct evidence presented to the Panel was to the
effect that while there were no foreign combat soldiers now fighting with
UNITA, there were foreign instructors (usually procured by the arms broker)
especially for mechanized units. The Panel was unable to determine conclusively
the nationality of foreign military personnel reported to be assisting UNITA. Nationalities
mentioned include Russians, Ukrainians, Bulgarians and South Africans”.
4-
No terreno as pesquisas de meus camaradas e as minhas, antes do Relatório
Fowler, procuravam sempre o inventário de meios com que dispunha Savimbi e, o
facto de grande parte desses meios se terem concentrado no Bailundo, Mungo,
Andulo e Nharêa, havia de ser a base para se decidir a Operação Restauro que
tomaria esses territórios.
Em
meados de 1998 já havia algumas pontas em fase de decifragem, em relação à
ordem de batalha de Savimbi, conforme documento por mim produzido a 16 de Julho
de 1998, que pela primeira vez publico.
Àquela
data, ano e meio antes do Relatório Fowler, já o grupo de apoio ao estado
angolano sabia que a Ucrânia era um dos principais fornecedores de armamento,
por via de tráfico de armas, a Savimbi, uma informação que viria a ser confirmada
e ampliada com detalhes até ao ano de 2000...
Uma
nova estratégia de desestabilização do País – I
16
JUL 98
1) Tudo
nos leva a crer que a UNITA está a levar a cabo um programa de vários anos, com
vista a desestabilizar a vida do País, tendo como objectivo final a conquista
do poder pela força.
Este
programa teve início com as próprias Conversações que viabilizaram o Acordo de
LUSAKA e, com a aplicação desse Acordo, até ao desaparecimento físico de
BLONDIN BEYE – 1 ª fase.
A
sua sequência, 2ª fase, está neste momento em curso.
2) Durante
a 1ª fase, a UNITA praticou uma política de aparente submissão aos Acordos de
LUSAKA, muito embora fosse jogando com o tempo, de forma a retardar o
cumprimento dos seus compromissos; com isso, paciente e laboriosamente, foi
refazendo o seu sistema de auto financiamento, de compra de armamento, de
recuperação das suas Unidades Militares (“fintando”os próprios organismos de
controlo das diversas missões da ONU em ANGOLA), da montagem do aparelho
clandestino em várias partes do MUNDO e no interior (principalmente em direcção
a LUANDA), nunca pondo de lado as ideologias que se serviu enquanto Organização
Armada e tirando partido de apoios importantes, inclusive na EUROPA.
Paralelamente
soube tirar partido das mudanças que houve na conjuntura Internacional após a
GUERRA FRIA, de forma a adquirir uma nova geração de armamentos (de que existem
algumas notícias) principalmente aos Países do LESTE (com a UCRÂNIA em aparente
evidência), que soube introduzir no interior do País, montando autênticas
operações de longo curso com aeronaves que foram chegando às várias pistas sob
seu controlo, no NORTE, CENTRO e LESTE do País, desde meados de 1997 até MAR
98, enquanto treinava os seus homens no domínio das técnicas para sua
utilização.
3) O
facto de BLONDIN BEYE reagir abertamente contra as suas pretensões, ao
apontar-lhe o dedo sobre as responsabilidades do descarrilamento eminente do
Processo de Paz, implementando novas sanções pela via do CONSELHO DE SEGURANÇA
da ONU, determinou muito naturalmente o começo da 2ª fase do Plano, que se
iniciou com a operação da sua morte, com a conivência do TOGO e de alguns
apoios a partir de FRANÇA (jogando até com o facto do Presidente Francês vir a
ANGOLA praticamente na mesma data), precipitando todos os acontecimentos que se
lhe estão a seguir.
Efectivamente,
muito embora não haja ainda resultados técnicos conclusivos sobre a queda da
aeronave onde viajava BLONDIN BEYE, o que começou a desencadear-se logo a
seguir, são sintomas evidentes que a sua morte foi o sinal do virar da página,
duma fase para outra, em que os métodos políticos passaram de novo para um
segundo plano e se começou a enfatizar os processos operativos clandestinos de
acção, nas cidades e nas áreas rurais, com o emprego de forças consideráveis,
bem treinadas (em alguns casos reforçadas por Zairenses e Ruandeses), assim
como se fizeram reaparecer em número calculado em cerca de 70.000, as suas
forças, mantidas “em letargia” durante os quatro últimos anos.
Paralelamente
começaram a chegar-nos informações melhor fundamentadas sobre o que antes
transportavam as aeronaves que se dirigiam clandestinamente para ANGOLA
(algumas das quais tocaram no Aeroporto do SAL, em CABO VERDE): de entre as
técnicas adquiridas, há notícias que a UNITA comprou mísseis solo – solo no
exterior, principalmente à UCRÂNIA e RÚSSIA, entre eles “SCUD”, “SS
20” e “PERSHING II”.
Há
também notícias que a UNITA formou operadores desses mísseis no IRAQUE (cerca
de 200 homens), assim como pilotos de aeronaves (que ainda não estão identificadas),
na TUNÍSIA, bem como comandos e grupos de sabotagens em vários Países
(incluindo MARROCOS e muito provavelmente o TOGO), num número considerável,
1.500 dos quais se deslocaram já para as periferias de LUANDA, onde se
encontram disseminados.
Desta
vez a UNITA aparentemente prepara-se para desencadear acções num escalão sem
precedentes, essencialmente contra a cidade Capital, envolvendo meios próprios,
mas que podem estar ligados e / ou sincronizados com uma “quinta coluna
interna” .
4) Apesar
de serem importantes as acções da UNITA no LESTE do País (de forma a garantir o
manancial principal da pesquisa de diamantes, bem como os canais clandestinos
de ligação à RDC e ZÂMBIA) e no CENTRO (onde aparentemente está a reforçar as
medidas à volta do BAILUNDO – ANDULO que não pretende entregar ao Governo no
âmbito dos Acordos), parece-nos que as acções no NORTE são contudo as que estão
na direcção principal, havendo a expectativa que outras acções importantes
sejam dirigidas contra a estrada SUMBE – CABO LÊDO, a SUL da Capital, (de forma
a criar a sensação de “asfixia” sobre LUANDA, pelo menos no quadro da actual
fase).
As
acções sobre os DEMBOS (triângulo BULA ATUMBA – QUIBAXE – PANGO ALÚQUEM)
parecem-nos que foram preparadas com maior cuidado e a prazos mais dilatados,
se levarmos em conta que:
Foi
nessa área que o aparelho (possível) de INFORMAÇÃO Governamental tem sofrido
aparentemente alguns dos maiores reveses, de há quatro anos a esta parte.
Foi
nessa área que se utilizou uma política forte de redução de influência de gente
não identificada com a UNITA (uma operação com indícios de depuração étnica).
É
nessa área que muito recentemente se está a fazer a maior concentração de
efectivos militares surgidos da “letargia” daquela Organização
Armada, estimados em vários milhares.
Em
conclusão, a UNITA criou condições para, em posições que estão de 100 a 200 km
em linha recta da Capital, ter a maior preponderância informativa e táctico
operativas, na área e na direcção de LUANDA (com ligação aos dispositivos que
se encontram nela); há notícias que os mísseis solo – solo teriam sido
desembarcados no NEGAGE e foram, ou estariam a ser montados em “mesas”, nas
montanhas dos DEMBOS, sendo essa uma das razões da enorme concentração dos
efectivos naqueles três Municípios, tirando partido das condições naturais
(difícil acesso, muita camuflagem e relevo adaptado às manobras de defesa
activa e clandestinidade, bem como as melhores condições técnicas de lançamento
dos mísseis).
5) O
esforço do RECONHECIMENTO EM PROFUNDIDADE e de INFILTRAÇÃO CLANDESTINA nessa
área parece-nos muito importante apesar das dificuldades, tendo em conta o
enorme fluxo de população que, estando a fugir à ocupação da UNITA, pode estar
a servir de “camuflagem” a muitos mais operadores clandestinos que
estejam a ser lançados em LUANDA.
O
maior aprofundamento de dados sobre essa concentração, tendo em conta elementos
que pertencendo à UNITA, estejam em processo de aparente afastamento, apesar
dos riscos de desinformação, ou contra informação, parece-nos de prioritária
importância.
16-07-1998
22:00
5-
Apesar de tantas evidências que se foram acumulando sobre a junção de tantos
tráficos em benefício do terrorismo internacional naquela época, apesar do
efeito arrasador do Relatório Fowler publicado a 23 de Março de 2000, até hoje
os traficantes de armas, salvo raras excepções (entre elas a de Victor Bout, um
russo que também transportou nos aviões de sua companhia, armas para Savimbi a
partir doAeroporto Internacional de Burgas, na Bulgária, do Aeroporto
Internacional do Dubai, nos Emiratos Árabes Unidos e do Aeroporto de Lanseria,
na África do Sul), tiveram “mãos livres”.
O “ensaio” para
o fornecimento aos terroristas na Líbia, Síria, Iraque, ou Afeganistão teve
início ainda nos tempos da administração republicana de Ronald Reagan e em
Angola, os “mercadores da morte” contribuíram para a “somalização” do
país entre 1992 e 2002…
Alguns
dos países implicados, como a Bulgária e a Roménia, são simultaneamente membros
da União Europeia e da NATO, mas a União Europeia, tão ciosa dos Direitos
Humanos, jamais se pronunciou sobre isso…
Qual
será então o segredo para tal comportamento?
A
CIA e o Pentágono, com suas ramificações e redes afins espalhadas pelos mais
recônditos recantos de todo o mundo, impõem a lei do silêncio, só capaz de ser
rompido através de pesquisa de poucos, mas é também verdade que outros serviços
de inteligência (o caso do GRU por alturas da governação de Boris Yeltsin)
estavam também a fazer a sua parte…
Na
Líbia, na Síria, no Iraque, no Afeganistão hoje, como o foi em Angola anos
derradeiros anos do século XX, ou seja de há mais de trinta anos a esta parte!…
Fotos
e mapa:
O
Presidente Ronald Reagan com o Presidente Mobutu lançaram as bases
introdutórias às políticas neoliberais que possibilitaram o choque em Angola
(1992-2002), via Savimbi; O Aeroporto Internacional de Burgas, na Bulgária,
base da Air Cess operada pelo traficante de armas Viktor Bout (uma personagem
típica da “era” Yeltsin), que forneceu armas também a Savimbi;
Detenção de Viktor Bout na Tailândia, antes de ser entregue aos Estados Unidos,
onde foi julgado e condenado; Um Ilyushin Il-18Gr da Air Cess, cujo casco
vandalizado está em Kalemie, na RDC, onde fez carregamentos para os
rebeldes “banyamulengue” que operavam contra o governo de Laurent
Kabila (1999) – era com este tipo de aviões que as armas e o combustível
chegavam ao Andulo para alimentar a guerra dos diamantes de sangue de Savimbi (http://www.airliners.net/photo/Air-Cess/Ilyushin-Il-18Gr/733980);
Um dos IL-76 da Air Cess, que fazia a ligação entre o Aeroporto Internacional
de Brgas (Bulgária) e Kinshasa (capital da RDC), fornecendo armas para Savimbi,
repousa hoje em Sharjah (Emoratos Árabes Unidos), onde a Air Cess tinha outra
das suas bases (https://srdanjovanovic.wordpress.com/tag/air-cess/; http://www.newyorker.com/magazine/2012/03/05/disarming-viktor-bout).
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