Ana Alexandra Gonçalves*
É
escusado tentar dourar a pílula, o que se passou em Tancos é inadmissível: o
roubo de armamento numa base militar de um país da NATO é preocupante,
desconfiando-se desde logo que se trata de um trabalho encomendado e que as
armas já nem estarão em Portugal. Quem fez este assalto conhecia as
vulnerabilidades que foram, inacreditavelmente, muitas.
E
nem tão-pouco há outra forma de dizer isto: o Estado falhou e falhou a todos os
títulos numa das suas competências elementares: salvaguardar o seu armamento.
Não
sendo ainda possível aferir com todo o detalhe o que falhou, não será de
excluir ainda assim da equação os incomensuráveis cortes que atravessaram todos
serviços do Estado. Resta avaliar o peso desta variável na equação.
Se
por um lado, temos um Estado que falha; por outro temos uma oposição
desesperada. Incapaz de fazer face aos bons resultados da actual solução política,
designadamente no que diz respeito ao contexto económico, e incapazes de
disfarçar o seu falhanço e a sua incompetência, a oposição de direita agarra-se
literalmente ao que pode. Pelo caminho as manifestações descaradas de
hipocrisia, como se nada tivessem a ver com o que quer que seja, são profusas.
De
resto, esta oposição age como se viesse de um outro planeta onde a competência
faz escola e as consequências da austeridade, como modo de vida, nunca tivessem
existido.
Com
efeito, um planeta que só existiria naquelas cabeças se as mesmas fossem, de
facto, possuidoras dos recursos criativos para imaginá-lo.
E
depois temos a cereja no topo do bolo: Assunção Cristas, numa luta constante
contra a sua própria irrelevância pede demissões, enquanto tenta crescer – uma
clara impossibilidade.
Ficaria
a frase para a posteridade, em entrevista à SIC, não fosse a insignificância da
líder do CDS: “Um primeiro-ministro não pode ter curiosidade”. Profere a frase
quem, enquanto ministra da Agricultura e face ao problema dos incêndios, rezava
para que chovesse. O primeiro-ministro António Costa escolheu o silêncio.
Escolheu mal, a gravidade do que se passou em Tancos merece mais; Cristas
escolheu rezar. Nada mais a dizer.
Ana
Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razâo
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