Recordando
o último “cumpleaños” do Comandante Fidel, a 13 de Agosto de 2016 – http://www.cubadebate.cu/opinion/2016/08/13/el-cumpleanos/#.WY7S1SbkVlY
“Una
importante especie biológica está en riesgo de desaparecer por la rápida y
progresiva liquidación de sus condiciones naturales de vida: el hombre.
(...)
Cesen
los egoísmos, cesen los hegemonismos, cesen la insensibilidad, la
irresponsabilidad y el engaño. Mañana será demasiado tarde para hacer lo que
debimos haber hecho hace mucho tiempo”.
(DISCURSO
PRONUNCIADO EN RÍO DE JANEIRO POR EL COMANDANTE EN JEFE EN LA CONFERENCIA DE NACIONES
UNIDAS SOBRE MEDIO AMBIENTE Y DESARROLLO, EL 12 DE JUNIO DE 1992.) – Ligação vídeo em baixo.
Martinho Júnior | Luanda
1-
Hoje, dia 11 de Agosto de 2017, no Centro de Imprensa Aníbal de Melo em Luanda,
desfilaram sob os nossos olhos alguns dos painéis possíveis sobre a memória, os
ensinamentos, a sensibilidade e o amor rigoroso do povo cubano e do Comandante
Fidel por toda a humanidade, filtrado no respeito pelo planeta azul,
nossa “casa comum”…
Aqui
e agora, em Angola, a Operação Carlota (http://www.granma.cu/granmad/secciones/30_angola/artic01.html)
continua por via da educação, por via da saúde, por via da expressão daqueles
que Cuba Revolucionária contribuiu solidariamente para arrancar às trevas…
testemunhámo-lo num anfiteatro cheio de entidades capazes de dar seguimento à
longa batalha pelas ideias, para dar sequência à lógica com sentido de vida sem
se perder emoção e criatividade, mesmo que haja que enfrentar tanta barbárie
resultante da subversão do que deveria ser a civilização ao alcance do século
XXI…
Muitos
feitos foram lembrados, muitas estatísticas foram apresentadas e Cuba salientou
como sua própria “prova de vida” o seu empenho na longa luta contra o
subdesenvolvimento, no seguimento da história contemporânea de libertação de
África do colonialismo, do “apartheid” e de muitas sequelas que se
arrastam do passado (http://paginaglobal.blogspot.com/2017/03/maturacao-da-amizade-afro-cubana.html).
2-
O Comandante Fidel, enquanto homem de vanguarda, adiantou-se nos conceitos
críticos sobre o estado do mundo e da humanidade…
Isso
deveu-se também e em parte às suas contínuas experiências de luta e de reflexão
sobre África (https://convencao2009.blogspot.com/2015/06/o-internacionalismo-cubano-em-angola.html),
o continente mais vulnerável de todos e aquele sobre o qual paira um
teimosamente perverso condor que não cessa de o debicar, de tal modo ele tem
sido obrigado a permanecer inerte, prostrado e vilipendiado, século após
século!
A
esse propósito, lembro, há 25 anos, naquele Rio de Janeiro madrugador e
disposto a um inevitável ponto de situação sobre o homem e o planeta, o
Comandante Fidel alertava para o que hoje considerei como a “MODERNIDADE
GASEIFICADA” em que se estava já a cair, quando a lógica com sentido de
vida era apenas um embrião para uma vanguarda que perseguia e persegue, um
outro destino para a humanidade e para a Mãe Terra!...
São
ainda poucos, os que detêm as rédeas do mundo, capazes de entender e levar à
prática o sentido estratégico dessa mensagem lúcida, ainda que compelidos por
uma corrida contra o tempo que está cada vez mais longe de estar ganha!...
São
ainda poucos os que ousam em consciência ter a percepção da saga comum do
Movimento de Libertação em África e da Revolução Cubana, trilhada de Argel ao
Cabo “da Boa Esperança”...“Precisamente no sentido inverso ao projetado
pelo império anglo-saxónico sob inspiração de Cecil John Rhodes… do Cabo ao
Cairo…” (http://paginaglobal.blogspot.com/2016/12/de-argel.html).
…
Todavia a memória, os ensinamentos, a sensibilidade e o amor rigoroso do
Comandante Fidel estão aí, gerando predisposição para a continuidade da longa
batalha das ideias, dos conceitos e das práticas revitalizadoras de que África
tanto carece! (http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/02/angola-cuba-e-memoria-do-grande-salto.html).
3-
Sentimos os riscos aqui em África quando o percurso libertário se tornou
realidade de norte para sul seguindo a verticalidade do meridiano…
Sentimos
os riscos num dos continentes que mereceu a atenção dialética e substantiva do
Comandante Fidel, onde os maiores desertos quentes do planeta avançam
imparáveis, diminuindo a área de um dos pulmões tropicais do globo…
Os
desertos avançam e condenam as tão frágeis culturas africanas a cada vez mais
tensões esgotantes, a conflitos artificiosos e a guerras intermináveis, em
disputa de espaço vital e de acesso à escassa água interior!...
A
contradição dialética da natureza continental, entre o deserto e a água
interior, influi severamente nas contradições humanas, quando a população
sedentária aumenta exponencialmente e diminui o espaço vital, tal como o acesso
à água (http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/05/angola-deve-reequacionar-as-abordagens.html).
A
partir do discurso do Comandante no Rio de Janeiro, sem dúvida que há que
reequacionar e reinterpretar o que antropologicamente se passa com o continente
africano, berço da humanidade, em função das razões causais das tensões,
conflitos e guerras disseminadas continente fora, bem como das migrações
forçadas que esses fenómenos estão a gerar.
A
pressão sobre a Região fulcral dos Grandes Lagos, onde além das enormes
reservas de água interior, rios fabulosos como o Nilo, o Congo e o Zambeze têm
suas nascentes e cursos iniciais, tem aumentado inexoravelmente, apesar da
relativa lucidez duns poucos, impotentes para fazer face a fenómenos que
ultrapassam as anémicas potencialidades das respostas comuns africanas, quantas
vezes aproveitadas nas suas “correntes quentes”, pelas longas asas do
condor.
4-
O relacionamento dos factores físico-geográfico-ambientais com os factores
humanos em Angola, reproduz a nível do território do país a similar à escala da
mais ampla situação continental.
Em
Angola há riscos das áreas desérticas, ou desertificadas por acção humana,
poderem avançar e tomar de assalto a Região Central das Grandes Nascentes, por
que os impactos da terapia neoliberal não foram sustidos nos seus apetites mais
vorazes em relação à preservação da vitalidade da água interior, quando não se
podem perder de vista as projecções geoestratégicas de desenvolvimento
sustentável.
Urge
adoptar uma geoestratégia a muito longo prazo de desenvolvimento humano, com
fundamento no relacionamento dos factores físico-geográfico-ambientais com os
factores humanos, tendo como base a distribuição da água interior do país e o
facto do centro geográfico do“quadrado” angolano coincidir com a Região
Central das Grandes Nascentes, conforme tenho vindo a sublinhar de há alguns
anos a esta parte (http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/01/geoestrategia-para-um-desenvolvimento.html).
Urge
agregar a essa geoestratégia as universidades do país, que precisam ser
incentivadas para a investigação multissectorial e tendo em conta que a
inteligência nacional precisa ser equacionada nessa via, pondo fim à ignorância
que os angolanos possuem do seu próprio território e espaço vital.
Ainda
há pouco uma equipa do National Geographic (http://jornaldeangola.sapo.ao/reportagem/national_geographic_anuncia_importantes_descobertas)
percorreu a bacia do rio Cubango (Cubango e Cuito) desde a sua nascente à
fronteira, recolhendo amostras da água, da flora, da fauna e dos ambientes
circundantes, para além das filmagens levadas a cabo e levando os dados para as
universidades sul-africanas, a fim de serem homologados cientificamente…
Os
angolanos ficaram muito satisfeitos, mas pouco foi feito sobre o imenso
trabalho de investigação que deve recair sobre as nossas próprias universidades
e institutos superiores espalhados pelas capitais provinciais do país (salvo os
polos universitários do Cuito Cuanavale e da Universidade Agostinho Neto)!
Nesse
caminho há que mobilizar a imensa competência cubana em relação pelo menos às
questões ambientais), tendo como alvo a mobilizar a juventude angolana, há que
alterar os parâmetros sócio-político-administrativos, com implicações
multissectoriais no conhecimento e na gestão corrente do próprio estado… e
todavia tudo parece que se vai passando ainda como se atavicamente a âncora
colonial, nos seus múltiplos processos mentais de assimilação, nos prendesse
ainda ao passado!
A
batalha das ideias e do conhecimento que nos propõe o Comandante Fidel,
conforme à sua memória e ao seu memorável discurso no Rio de Janeiro,
pronunciado a 12 de Junho de 1992, merece em Angola um reequacionamento ao
nível da inteligência científica do país e das aspirações nacionais, de África
e de todos os povos que compõem a humanidade!
Fotos
e ilustrações:
- Memória e ensinamentos do Comandante Fidel;
- Mesa Redonda de 11 de Agosto de 2017 em Luanda sobre o papel do
Comandante Fidel, da revolução Cubana e do povo cubano em África.
- Discurso de Fidel Castro, Rio de Janeiro 1992 - vídeo Youtube
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