Pedro
Tadeu | Diário de Notícias | opinião
Pedro
Passos Coelho disse num comício do seu partido que Portugal não é lugar para
"qualquer um viver". Não, não vou acusá-lo de ser racista ou de ter
um discurso xenófobo, apesar de a frase ter sido dita num contexto de crítica a
uma nova lei sobre imigração e, por isso, poder soar a um insulto contra
estrangeiros. Essas acusações contra Passos são bem capazes de ser injustas (ou
pelo menos eu quero crer que sim) e a minha pergunta, neste momento, é outra:
para além dos portugueses que já vivem em Portugal (presumo que o líder do PSD
não pense em excluir algum, independentemente da ascendência, sexo, raça,
território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução,
situação económica, condição social ou orientação sexual), quem são as outras
pessoas que Passos Coelho acha que têm direito a viver no nosso país?
Temos
uma resposta nuns novos imigrantes criados pelo seu governo, pelo executivo do
seu partido coligado com o CDS: os imigrantes beneficiários dos chamados vistos
gold, pessoas que investem pelo menos meio milhão de euros a comprar uma casa
(mesmo que ela valha, na realidade, metade desse valor) ou transfiram para o
país pelo menos um milhão de euros (mesmo que não se conheça claramente a
origem desse dinheiro), criando com esse investimento um mínimo de dez postos
de trabalho (cuja qualidade e perenidade não é, sejamos francos, seriamente
avaliada).
Este
sistema já criou processos judiciais, ainda em curso, com antigos governantes e
autoridades nacionais, em vários níveis de responsabilidade, a serem suspeitos
de corrupção por concessão, fora da lei, dessas licenças de imigração.
A
probabilidade, entretanto, de vários dos quase (estimo com base nas notícias de
jornais) dez mil licenciados com uma autorização de residência em Portugal e de
circulação livre pela União Europeia terem comprado, graças àquela lei, esses
direitos para praticarem crimes é quase inevitável. As possibilidades são
imensas e vão desde o óbvio "lavar" de dinheiro "sujo" até
ao acesso a um área gigantesca, sem fronteiras e com dinheiro, para traficar,
com maior facilidade, todo o género de coisas ilegais, dando espaço para o
crime sofisticado e organizado (e até, eventualmente, cúmplice do terrorismo)
explorar um novo filão.
Dir-se-á
que não há medida de abertura à imigração que não traga o perigo da
criminalidade, que os justos não devem pagar pelos pecadores e que os
benefícios para o país de medidas como a dos vistos gold ultrapassam largamente
os prejuízos que estes "efeitos colaterais" que descrevo possam
trazer... Sou capaz de estar de acordo com tudo isso mas, se olhar para o que
Passos Coelho disse no Pontal, no último fim de semana, o criador, com Paulo
Portas, da lei dos vistos gold em Portugal não pode subscrever essas teses.
Porquê?...
Vamos
ler o que ele disse: "Porque é que não discutem na sociedade portuguesa as
implicações que para a segurança do país a médio e longo prazo isso pode
trazer? Da mesma maneira pergunto: o que é que vai acontecer ao país seguro que
temos sido se esta nova forma de ver, a possibilidade de qualquer um residir em
Portugal, se mantiver?"
Na
altura da entrada em vigor da lei dos vistos gold, no início de 2013, não
faltou gente a alertar Passos Coelho para o problema de criminalidade que este
tipo de imigração certamente atrairia: além de muitos políticos, vários
colunistas escreveram sobre o assunto. Pois nessa altura o então
primeiro-ministro não quis "discutir na sociedade portuguesa as
implicações que para a segurança do país a médio e longo prazo isso pode
trazer?". E muito menos se perguntou sobre o que pode acontecer ao nosso
"país seguro".
Passos
Coelho não esteve preocupado com os criminosos que viriam viver para Portugal
quando aprovou a lei dos vistos gold. Agora diz estar em causa a segurança do
país com as novas regras para a imigração. Na primeira lei ignorou os efeitos
colaterais. Na segunda lei só vê efeitos colaterais.
Se
o que diferencia os imigrantes dos vistos gold dos imigrantes da nova lei da
imigração, que transpõe uma diretiva comunitária, não é a raça ou local de
origem (vêm, em ambos os casos, pessoas de todo o lado) nem o serem ou não
criminosos (como já se viu), o que é que leva Passos Coelho a aceitar
facilmente os primeiros e a ter receio do que possa acontecer com os segundos?
Para
Passos Coelho a diferença entre a lei dos vistos gold e a nova lei da
imigração, como é óbvio, não é a raça, é o dinheiro.
O
líder do PSD não se importou de liberalizar a imigração de ricos, mesmo se isso
facilitasse a vida a alguns criminosos, mas a imigração de pobres é coisa que o
aborrece, e aí a questão da segurança já lhe serve de pretexto para a tentar
impedir. Isto não é mesmo racismo nem é xenofobia, isto é preconceito contra os
pobres.
1 comentário:
O grande legado de Donald Trump foi/é as reacções aos seus discursos:
- passou a ser mais facilmente visível que OS JORNALISTAS DO SISTEMA SÃO GENTE QUE NÃO PRESTA - são uns nazis armados em humanitários.
.
Um exemplo: A alta finança, capital global, está apostada em terraplanar as Identidades, dividir/dissolver as Nações para reinar... como Donald Trump andou a falar em fronteiras (logo, subentende-se, é possível uma Identidade defender-se/sobreviver)... os jornalistas mercenários chegaram ao ponto de andar por aí a evocar a imigração para a América... quer dizer, ao mesmo tempo que os jornalistas mercenários andam por aí a acusar povos de deixarem 'pegada ecológica' no planeta, em simultâneo, eles revelam um COMPLETO DESPREZO pelo holocausto massivo cometido sobre povos nativos na América do Norte, na América do Sul, na Austrália, que (apesar de serem economicamente pouco rentáveis) tiveram o «desplante» de quererem ter o SEU espaço no planeta, de querem sobreviver pacatamente no planeta, e de quererem prosperar ao seu ritmo.
-» Tal como a alta finança, capital global, os jornalistas do sistema SÃO NAZIS: eles são intolerantes para com os povos autóctones - economicamente pouco rentáveis - que procuram sobreviver pacatamente no planeta.
[nota: nazi não é ser alto e louro, blá, blá, blá... mas sim, a busca de pretextos com o objectivo de negar o Direito à Sobrevivência de outros]
.
[não há pachorra para os jornalistas mercenários: apenas separatismo]
.
.
.
P.S.
DEMOGRAFIA E SEPARATISMO-50-50: Todos Diferentes, Todos Iguais... ou seja, todas as Identidades Autóctones devem possuir o Direito de ter o SEU espaço no planeta -» inclusive as de rendimento demográfico mais baixo, inclusive as economicamente menos rentáveis.
-» Os 'globalization-lovers', UE-lovers e afins, que fiquem na sua... desde que respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa.
---» blog http://separatismo--50--50.blogspot.com/.
.
.
P.S.2.
É necessário um activismo global
-» Imagine-se manifestações (pró-Direito à Sobrevivência) na Europa, na América do Norte (Índios nativos), na América do Sul (Índios da Amazónia), na Ásia (Tibetanos), na Austrália (Aborígenes), ETC... manifestações essas envolvendo, lado a lado, participantes dos diversos continentes do planeta (indivíduos autóctones interessados na sobrevivência da sua Identidade) ... tais manifestações teriam um impacto global muito forte.
Enviar um comentário