Martinho Júnior | Luanda
1-
A vitória dos emergentes, a vitória da Síria, assim como a vitória do Iraque,
começa a aprontar-se para as questões finais!
A “civilização
judaico-cristã ocidental”, segundo a batuta da orquestra que integra os Estados
Unidos, a NATO, os falcões de Israel e os aliados das monarquias arábicas são
os grandes derrotados!
As
ementas neoliberais, que promovem a hegemonia unipolar para os da “civilização
judaico-cristã ocidental” e o caos, o terrorismo e a desagregação para o
resto do mundo, se ética e moralmente já há muito estão derrotados, agora estão
sem soluções económicas, de inteligência, militares, ou outras, pelo que, sem
cosmética resta esconder a cabeça na areia escaldante dos desertos da região!
2-
As alianças mais perversas vão ficando a descoberto, pelas notícias que vão
chegando dos fronts e da diplomacia: sabe-se hoje com cada vez mais
consistência, quem financiou o Estado Islâmico, as redes da Al Qaeda (qualquer
que o nome por que se esconde), ou os grupos “moderados” (só a
hipocrisia e o cinismo “ocidental” tinha possibilidade de criar uma
ilusão dessas) e à medida que tudo entra em colapso do lado dos projectos
da “coligação”, a crueza da verdade vem ao de cima, como o azeite sobre a
água!
O
Estado Islâmico já perdeu 70% do território que controlava na Síria e até ao
seu fim haverá uma aceleração das ofensivas sírias.
Os “aliados” curdos
têm a oportunidade agora de ensaiar uma saída para a armadilha em que se
encontram em função da “coligação”, sabendo-se que o seu papel contra o
Estado Islâmico e as redes da Al Qaeda não foi decisivo, nem na Síria, nem no
Iraque, quanto queriam os media da hegemonia fazer crer.
Na
Síria, por exemplo, alimentam um pântano em Raqqa, que ainda não foi totalmente
tomada, enquanto as Forças Árabes Sírias tomaram Deir ez-Zor e avançaram para
território a norte do rio Eufrates, onde Rojava tem tido quase expressão única.
A
Síria está disposta a não deixar para outros os seus poços de petróleo e gás e,
se os curdos ripostarem aos avanços das Forças Árabes Sírias, arriscam-se a
receber o mesmo tratamento que o Estado Islâmico e os grupos da Al Qaeda (ainda
que com o rótulo de “moderados”) têm sofrido.
Por
influência da coligação, “rebeldes moderados” instalados na bolsa de
Idlib, procuraram iniciar uma ofensiva contra as Forças Árabes Sírias,
apanhando-as pela rectaguarda de sua manobra em direcção a Deir ez-Zor, mas o
seu plano foi descoberto e estão a contas com ataques aéreos sírio e russo,
simultâneos às barragens de artilharia, infiltração de forças especiais e
contramedidas de todo o tipo que os levarão ao tapete.
3-
Em resultado da derrota, os Estados Unidos expõem-se ao ridículo, ainda mais
com o espantalho do seu empertigamento militar contra a América Latina (com
Cuba e a Venezuela Bolivariana no horizonte), como em relação à Coreia do
Norte.
Na
Coreia do Norte a derrota de suas pretensões não é ofuscada pela retórica: se
houver qualquer ataque, as respostas podem atingir a Coreia do Sul, o Japão e
Guam, no mínimo e isso seria um desastre ainda maior, que nada tem a ver com a
simples retórica que não altera presente “stato quo”.
Um
ataque à Coreia do Norte iria obrigar os vizinhos, República Popular da China e
Rússia, a entrar na guerra, com consequências imprevisíveis… e alguns avisos já
foram sendo feitos a propósito, no sentido de não haver mais escalada por parte
dos Estados Unidos e seus aliados regionais, possibilitando as partes a
sentarem-se à mesa de negociações!
4-
Cada vez há mais estados tentados em abandonar o dólar como moeda-padrão para
os negócios internacionais, apesar de se saber que esse tipo de iniciativas
levaram antes à morte de Saddam Hussein e de Kadhafi, assim como ao colapso o
Iraque e a líbia, contaminando as regiões adjacentes.
O
próprio carácter do poder dos Estados unidos, minado pelos “lobbies” de
sustentação que quantas vezes não possuem nem interesses, nem convicções em
comum, reage de forma desconexa, o que aumenta a falta de credibilidade a nível
internacional.
Derrota,
descrédito e cada vez mais dedos apontados pelo facto dos Estados Unidos se
assumirem desde a IIª Guerra Mundial como o constante e principal factor de
desestabilização internacional (inclusive em muitos círculos internos), dão
corpo à derrapagem que, se o dólar continuar a perder terreno, se tornará numa
rampa inclinada na direcção do abismo!
O
terreno está fértil para a “road and belt” e não haverá ninguém a
poder parar a nova Rota da Seda, que terá na Síria um dos seus terminais!
Martinho
Júnior - Luanda,
24 de setembro de 2017.
Imagens:
Três
mapas da Síria dos últimos dias, ilustrando o colapso do Estado Islâmico e um
mapa final que mostra fotos de unidades estado-unidenses em território do
Estado Islâmico sem serem molestadas (Deir ez-Zor).
Sem comentários:
Enviar um comentário