segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

ANGOLA ALVO SISTEMÁTICO DE INGERÊNCIA E MANIPULAÇÃO AO SABOR DAS VEIAS ABERTAS…


...PELO IMPÉRIO DA HEGEMONIA UNIPOLAR!

PONTO DE SITUAÇÃO!


Os "iluminados do mercado" enquanto síntese e os "revús" (entre outros), enquanto antítese, constituem as duas faces da moeda anti-patriótica da manipulação da aristocracia financeira mundial contra Angola, inibindo qualquer veleidade de outras interpretações e correntes possíveis mediante outras formas de pensar e de agir.

Com isso eles procuram neutralizar qualquer hipótese de análise do imperialismo por via das interpretações materialistas dialéticas disponíveis, algo que para mim constitui a questão essencial a nunca perder de vista, conforme minha trilha publicamente assumida desde 1998.

Abordo a evolução das situações correntes conjunturais acima das cabeças daqueles angolanos que compõem a "burguesia nacional", as "novas elites", os "iluminados do mercado", os "iluminados da era Bush", os “diamantários do costume”... qualquer que seja a sua designação ou estatuto de mais ou menos arrogantes castas ou elites, grupos que, por via da priorização de seus próprios interesses egoístas, se estão a tornar anti-patrióticos, pois eles são um produto intestino e endógeno da terapia neoliberal capitalista instalada na sequência do choque neoliberal de Savimbi (1992/2002), assumida em tempo de "social democracia" (e dum partido de massas que arrisca a perder a sua qualidade histórica de vanguarda), enquanto os "revús" e outros afins, são um produto exógeno que, no âmbito da manipulação contraditória instrumentalizada pela aristocracia financeira mundial, procuram gerar o jogo político propício às mais avançadas ingerências contemporâneas, graduando desde logo a sua ementa e intensidade.

Por isso uns são constitucionalistas (algumas franjas da oposição nas margens vaporosas desse constitucionalismo), enquanto os outros procuram derrubar de forma velada, ou de forma clara, mas em qualquer dos casos assumidamente, a ordem constitucional vigente, recorrendo a apoios e“bases” institucionais no exterior (entre eles, a título de exemplo, deputados com voz activa na Assembleia Nacional da República Portuguesa, ou nos areópagos internacionais, desde os das constelações institucionais pertencentes à União Europeia, até aos instrumentos ao dispor duma Open Society, ou duma National Endowment for Democracy)...

Esses apoios, “bases” e caminhos, integram em soft power” os processos típicos das culturas de assimilação que rebuscam o passado desde o período final do colonialismo português, passando pelas ambiguidades dos sucessivos governos portugueses desde o 25 de Novembro de 1975, até aos comportamentos e atitudes de algumas das castas e elites dominantes, sob os pontos de vista económico, financeiro e sócio-político, na actualidade “transversal” em Angola.


Neste âmbito a graduação da ementa e intensidade da ingerência e da manipulação parece-me evidente:

Primeiro a fase da "inocência" de gente como a injecção projectada com recurso emblemático aos"revús" (um trabalho que o National Endowment for Democracy gere, impulsiona e financia), ou com recurso à USAID, ou a ONGs que integram os tentáculos da matriz manipuladora (conforme ao carácter do USAFRICOM, ou da Voice of America, entre outros, no continente africano)!...

Depois, num segundo patamar, o reforço de sensibilidades sócio-políticas mais alargadas recorrendo a sectores "de oposição" (o que é por demais viável em época eleitoral como a que se propicia em 2017)!...

Tudo isso vai-se intensificando na direcção dum terceiro patamar, que pode recorrer à"desobediência civil", ao caos e ao terrorismo, incluindo o recurso a vias clandestinas de migração provenientes do exterior (por exemplo, integrando circuitos islâmicos afins aos “jihadistas”financiados pelas mesmas entidades e nos mesmos termos dos “jihadistas” das "primaveras árabes", das "revoluções coloridas" e do Afeganistão, tirando partido da migração ilegal em curso muito sensível nas incidências em fronteiras, como as da costa noroeste, as do vale do Cuango e as do vale do Cuanza no seu circuito do planalto).

O recurso do capital aglutinado nos 1% que a todo o transe pretendem dominar o resto do mundo, recorre ao capitalismo neoliberal como esteio para a implantação e desenvolvimento de condutas doutrinárias e ideológicas como as proporcionadas por Milton Friedman, por Francis Fukuyama, por Leo Strauss, ou por Gene Sharp, entre outras, associadas aos bons ofícios por exemplo, duma Open Society, ao dispor do filantropo-especulador que dá pelo nome de George Soros, ou dum qualquer fundamentalista como o protagonizado por um providencial McCain de ocasião e ao movimento de fundamentalistas de toda a ordem, que desde logo se identificam com e tiram partido do ambiente dos processos alienatórios propiciados pela corrente assimilação na via da globalização hegemónica unipolar…

Os novos assimilados angolanos contêm nos seus comportamentos, atitudes, ideologias e outros processos de expressão, em todas as esferas possíveis de actividade enquanto castas e elites afins, elementos antropológicos do passado colonial de seus antecessores, como elementos antropológicos contemporâneos de subculturas dependentes do caudal anglo-saxónico da globalização hegemónica unipolar.

Em Angola, intensificando-se o fluxo de alienações, está-se na fase-tentativa de se passar do primeiro para o segundo patamar da ementa e intensidade da ingerência e impacto neoliberal, o que nos leva à espectativa em relação ao carácter de relacionamento que advirá com a administração republicana de Donald Trump!

Fotos por ordem: Donald Trump, Milton Friedman, Francis Fukuyama, Leo Strauss e Gene Sharp, o novo Presidente dos Estados Unidos e quatro “filósofos” da bateria que criou algumas das mais explícitas doutrinas de que se socorre a aristocracia financeira mundial para levar a cabo a formatação de ingerências e manipulações, no quadro da globalização hegemónica unipolar, ainda que recorram à “desobediência civil”, à desagregação dos estados e instituições, ao caos, ou ao terrorismo.

Algumas consultas:
- A hegemonia unipolar estimula a internacional neo fascista – http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/01/a-hegemonia-unipolar-estimula.html
- Doenças psico-sócio-políticas que vêm de longe – http://paginaglobal.blogspot.pt/2015/11/doencas-psico-socio-politicas-que-vem.html
- A propósito de alguns fundamentalismos correntes e “transversais” – http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/12/a-proposito-de-alguns-fundamentalismos.html
- MARTINHO JÚNIOR FACEBOOK UMA NINHADA DE RATAZANAS FASCISTAS MADE IN EUA –http://paginaglobal.blogspot.com/2016/12/martinho-junior-facebook-uma-ninhada-de.html?spref=fb
- LUATY BEIRÃO, AVESSO À CRÍTICA E À OPINIÃO DE OUTROS, QUEIXOU-SE AO FACEBOOK? – http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/12/luaty-beirao-avesso-critica-e-opiniao.html

Para a criação da transparência, publicar o “RELATÓRIO DO REDATOR DO PROTOCOLO”


GUINÉ-BISSAU

Abdulai Keita*, opinião

Está muito bem, de ver finalmente publicado o Acordo de Conakry na íntegra e na sua versão original (espero) em francês, português e inglês (Cif., http://www.ode mocratagb.com/documento-completo_acordo-de-conakri-em-tres-linguas/#com ments; acessado, 18.11.16). Mas o problema que se coloca em relação ao aspeto da confusão verificada até à data (18.11.2016) à volta deste Acordo não está aí. O problema está na decisão tomada consensualmente ou não, quando se debateu na mesa redonda daquele encontro as propostas dos nomes para a escolha (a proposta) de um candidato ao cargo do Primeiro-Ministro, a ser posteriormente nomeado pelo Sô Presidente da República neste posto.  

Porque evidentemente, para todos os bem avisados nos processos de tomada de decisões pela aplicação do PRINCÍPIO DE CONSENSO (em detrimento do princípio de maioria/minoria ou princípio de sorteio), sabe-se o seguinte.

Para o assunto de discórdia que assistimos desde alguns picos dias da assinatura deste Acordo (14.10.2016) até aqui, a publicação de um único instrumento desse processo pode trazer o esclarecimento necessário. Pode criar a transparência. O RELATÓRIO DO REDATOR DO PROTOCOLO. É neste documento (instrumento) que é anotado uma decisão tomada ou não por consenso (o resultado da discussão), no fim, evidentemente, de cada uma das possíveis eventuais etapas e do próprio processo no seu todo, para a discussão e a tomada de decisões; passando pela aplicação do PRINCÍPIO DE CONSENSO. Aqui se fala, em vez do resultado da votação, do RESULTADO DA DISCUSSÃO.

A não publicação deste documento (O RELATÓRIO DO REDATOR DO PROTOCOLO), quando exigida por uma ou outra circunstância ditada pelas razões quaisquer, pode ser comparada em semelhantes situações da aplicação do princípio de maioria/minoria com a não publicação da ata-síntese da mesa de uma assembleia de voto ou a ata-síntese de um escrutinador (ou de uma comissão eleitoral) após o cumprimento de um ato votivo qualquer.

Na aplicação do PRINCÍPIO DE CONSENSO não se fala de “quantos votos”. Porque não se vota. Fala-se é do: “QUAL O RESULTADO DA DISCUSSÃO”, segundo a “REGRA DE DISCUSSÃO” pré-combinada. E, o resultado é chamado de “CONSENSO ABSOLUTO, CONSENSO PERFEITO ou CONCORDÂNCIA UNANIME”, quando não há nenhuma opinião contrária, formal e expressamente exprimida (o veto). Ou “CONSENSO SIMPLES ou CONSENTIMENTO UNANIME”, se há opinião contrária, formal e expressamente exprimida, mas sob observação do livre consentimento, também (em princípio) exprimido expressamente pelo interveniente em causa, de poder viver (arranjar-se) com a decisão tomada. Caso contrário não se toma decisão nenhuma (o veto).

Segundo a “REGRA DE DISCUSSÃO” pré-combinada em cada caso da aplicação do PRINCÍPIO DE CONSENSO de tomada de decisões, pode haver outras formas de “RESULTADOS DA DISCUSSÃO” (economiza-se a evocação e descrição de tudo aqui).

Para dizer que, cada “RESULTADO DA DISCUSSÃO” é anotado, segundo a “REGRA DE DISCUSSÃO” pré-combinada em cada caso, consoante a progressão das discussões de etapa por etapa, pelo “REDATOR DO PROTOCOLO” e sempre anunciado tal qual aos participantes pelo “MODERADOR”. Estes atos são executados no decorrer de cada processo respetivo e no fim. Cada “RESULTADO DA DISCUSSÃO” obtido em definitivo e anunciado como tal pelo “MODERADOR” é vinculativo para todos os participantes. Após anunciado e aceitado por todos em definitivo, nenhum “RESULTADO DA DISCUSSÃO” pode ser modificado e/ou recusado em caso algum e por ninguém a posteriori.

Quanto ao processo ele mesmo, esse se desenrola em diferentes etapas de ponto de vista de atos concretos a cumprir por cada participante ou grupo de participantes, a saber: CONSULTAÇÃO/AUSCULTAÇÃO, DISCUSSÃO e DECISÃO. Atos de CONSULTAÇÃO/AUSCULTAÇÃO são (ou podem) ser cumpridos antes (também no decorrer, à margem, pode ser) das sessões de discussões. A DECISÃO resulta sempre da DISCUSSÃO. Sendo este ato ele mesmo (de discussão) divido em cada caso, em várias etapas (também aqui, economiza-se a evocação e descrição destas).  

Enquanto participantes, estes podem ser INDIVIDUAIS ou GRUPOS DE AFINIDADES, relevantes em como decisores nos assuntos em debate. A última categoria corresponde no caso aqui em causa, o “grupo dos 15” + PRS + PND (+ Sô Presi, Dr. JOMAV). Constituem um grupo de afinidade, digamos o grupo 1. E o PAIGC + PCD + UM (+ ANP – as partes constituindo as maiorias absolutas dos membros militantes do PAIGC dos diferentes atuais Órgãos Diretivos desta instituição), o outro grupo de afinidade. O grupo 2.

Então sabendo tudo isto, e pensando que deveria ter havido CONSULTAÇÕES/AUSCULTAÇÕES intra “grupos de afinidade” antes de Conakry (e no decorrer), não devia haver nenhuma confusão enquanto o “RESULTADO DA DISCUSSÃO” lá obtido à volta da lista dos três nomes; lista esta apresentada pelo Sô Presi, Dr. JOMAV, via o Mediador da CEDEAO e o “MODERADOR” ao mesmo tempo do encontro, S. Exa. Sr. Presidente da República da Guiné, Prof. Dr. Alpha Condé.  

Se os membros do grupo 1 são autores da tal lista, via Sô Presi, Dr. JOMAV, e segundo dizem, que estão de acordo com qualquer um dos três nomes desta sua própria proposta inicial, e o grupo 2 a dizer, que só aceita um dos três nomes; e ainda que o objeto de discussão colocado sobre a mesa neste aspeto do problema geral é precisamente o da “escolha (a proposta) do nome de um dos candidatos ao cargo do Primeiro-Ministro, a ser nomeado posteriormente pelo Sô Presi da República neste posto”; e que finalmente em todo, só um dos três nomes dentre os desta tal proposta do grupo 1 é que deve ser nomeado no posto do Primeiro-Ministro; então, o “RESULTADO DA DISCUSSÃO” está claro. Houve o “CONSENSO ABSOLUTO” ou “CONSENSO SIMPLES” à volta do nome escolhido em definitivo pelo grupo 2. No primeiro caso (o do consenso absoluto), porque este grupo 2 tendo escolhido o tal nome, sem opinião contrária nenhuma da sua parte, formalmente exprimida. E no segundo caso (o do consenso simples), porque o mesmo grupo 2 tendo apontado aquele mesmo nome, excluindo categoricamente os restantes dois outros; opinando todavia contra este um apontado, mas sob a declaração ao mesmo tempo do consentimento de poder viver com a escolha deste tal um dos três nomes, à partida, todos, da proposta inicial do grupo 1.

Portanto eis, como tudo poderá (ou deverá) logica e tecnicamente ter acontecido. E se é assim, quer dizer, correspondendo esta presente descrição, a realidade que terá vigorado na prática no encontro, então o RESULTADO DA DISCUSSÃO está (ou devia estar) claro! Não há outro caminho da organização técnica e do funcionamento procedimentalmente correto e possível do processo de tomada de decisão aplicado, do PRINCÍPIO DE CONSENSO.

Portanto e repito, assim sendo, houve evidentemente sim senhor, ou seja o “CONSENSO ABSOLUTO”, ou seja, o “CONSENSO SIMPLES”. Isso ainda porque, o nome escolhido pelo grupo 2 é efetivamente um dos nomes proposto à partida pelo próprio Sô Presi, Dr. JOMAV dentre os três. Este nome constituindo assim portanto, ao mesmo tempo, um dos nomes da pessoa da sua confiança. Não há nesta situação outra leitura possível, séria, justa e correta. A não ser a do reconhecimento de ter havido de facto, ou seja, o “CONSENSO ABSOLUTO”, ou seja, o “CONSENSO SIMPLES” à volta do tal nome. Eis o resultado de tudo portanto; a solução. E ponto final.

O resto é cantiga; trapaça; desonestidade intelectual; ativismo militante à cego; etc… por uns e outros. Ou pura e simplesmente um ato de retração dos atores membros do grupo 1 por uma razão a posteriori qualquer. Mas sobre um tal tipo de gesto de retração a posteriori, sabe-se efetivamente, foi já antes dito mais acima, é absolutamente indamissíviel e totalmente proibido nos processos de tomada de decisões passando pela aplicação do PRINCÍPIO DE CONSENSO.   

Bom, seja como for, trata-se simplesmente de divulgar este dado, com este nome ou um outro. Pois, se se trabalhou bem do ponto de vista da organização técnica do evento em Conakry, e de forma correta do ponto de vista da sua condução e gestão geral (comunicação e orientação sempre à tempo, de todos os participantes dos resultados intermediários e finais), então, esta ou outra verdade está contida no RELATÓRIO DO REDATOR DO PROTOCOLO desta mesa redonda e terá sido conhecida por todos. Facto verificável, possivelmente até a nível das gravações das sessões de síntese (recapitulação) das discussões tidas durante o evento. E este documento deve existir com os dados nele ora gravados por escrito ou sonoramente, ou pelas duas técnicas ao mesmo tempo. E o texto do Acordo assinado por todos no fim em Conakry, dito Acordo de Conakry e publicado agora, foi feito a partir daí.

Eis o que deve criar a transparência. A publicação do tal documento, descrevendo tudo, tal qual, como a decisão fora encontrada e a própria decisão à volta do assunto preciso in causa (a escolha [a proposta] procedida e o nome único e preciso retido por todos em Conakry).

Agora publicar o texto original do tal Acordo assinado no fim do encontro e ou outros documentos derivados afins deste mesmo, ou proceder debates e mais debates contraditórios à volta do tal molho dos documentos; uns participantes afirmando mesmo a não existência de outros documentos nenhuns referentes diretamente ao evento capazes de trazer o esclarecimento necessário porque não tendo sido assinados por todos (Cif., http://prsgbissau.blogspot.ch/2016/11/prs-reafirma-que-nao-houve-nenhum-nome.html; acessado, 18.11.2016), ou outros desviando atenção para o debate da soberania, ou da constitucionalidade, disto e aquilo dos outros aspetos ligados também ao problema geral mas do debate podendo ser reservado a outros momentos (http://guineendade.blogs pot.ch/2016/12/opiniao-pouco-pouco-didinho-vai-caindo.html; acessado, 07.12. 2016; etc…); tudo isto, pensado que está-se esclarecer assim a situação de confusão vivida neste momento e neste assunto preciso, é tentativa objetiva de manipulação ou, são falhas por ignorância destes aspetos técnicos organizacionais e do funcionamento do género do processo de tomada de decisões aqui aplicado (principio de consenso) e dos factos cá descritos.

E, à CEDEAO é dizer que nada justifica a sua posição de ter mantido até a presente data a SITUAÇÃO DE SUSPENSE instalada à volta deste assunto. Mesmo pensando em obrigações resultando da imperatividade das exigências de uma diplomacia silenciosa e respeitadora dos princípios de precaução e de prudência ligados às preocupações do respeito dos princípios da soberania e constitucionais bissau-guineenses; não! Com o que está em jogo e a acontecer no terreno e, com o tal instrumento fidedigno de criação da transparência total necessária nas mãos (se se trabalhou bem)? Não! Não dá! É estratégia falsa! Porque assim, de um lado, só se tem vindo a minar o aspeto mais inteligente contido nos Acordos (Roteiro) de Bissau e de Conakry, e de outro lado, só se tem deixado infecionar toda a atual situação de crise ainda mais do que é e tem sido de pior até aqui. Uma atitude e comportamento políticos muito prejudiciais à própria posição da CEDEAO, a seus interesses político-diplomáticos em geral e em matéria da gestão e resolução de conflitos na Sub-região, e muito particularmente à aplicação eficiente dos seus parcos meios financeiros na Guiné-Bissau em tais operações. Pensa-se neste ponto às despesas da CEDEAO para com o financiamento da missão da ECOMIB em execução na Guiné-Bissau desde o mês de Maio de 2012.

Portanto, uma posição que não é senão apenas desnecessária e inútil em todos os sentidos e para todas as partes envovidas no processo de promoção da paz e estabilidade na Guiné-Bissau (Cif., http://www.operationspaix.net/168-historique-ecomib.html; acessado, 10.01.2014).

Obrigado.

Boa sorte para todos nós bissau-guineenses (Mulheres e Homens).

Que reine o bom senso.

Amizade.

A. Keita

*Pesquisador Independente e Sociólogo (DEA/ED); este texto foi publicado primeiramente nas suas duas versões iniciais de rascunho nos Blog “Rispito” e em “O Democrata”, no dia 11 de Novembro de 2016. 

Esclarecimento PG: Alguns dos artigos que estamos a publicar (tal como este) foram cedidos por email ao PG em data atempada, só não foram publicados imediatamente devido a impossibilidades físicas da edição do PG que estamos a procurar superar para o regresso à normalidade. Aos autores e colaboradores, assim como aos leitores, apresentamos as devidas desculpas.

O DIFÍCIL 19 DE DEZEMBRO… (2016)


Em teoria um 19 de Dezembro é um dia mais no calendário anual. Em teoria.

Só que o gregoriano 19 de Dezembro de 2016 vai ser – terá sido, quando este texto for publicado – um difícil e complicado dia do universo político-governativo do continente africano.

Dois países e dois presidentes cessantes, ainda que por motivos diferentes, contribuem para isso: Gâmbia e República Democrática do Congo.

N’ A Gâmbia, no início do mês, houve eleições presidenciais e o ditatorial presidente Yahya Jammeh foi derrotado pelo opositor Adama Barrow, apoiado por uma coligação de oposição, que obteve 45,5% dos votos expressos, enquanto Jammeh se ficava pelos 36,7% dos votos.

Nada seria surpreendente se não fosse Jammeh, que sempre se considerou quase omnipotente no país e de que foi presidente durante 22 anos, inesperadamente, ter acolhido e aceite os resultados eleitorais.

Só que foi uma curta aragem fresca num deserto de poderes governativos instalados no nosso Continente e que se desejam perpectuar infinitamente (mesmo que já tenham quase 90 anos e estejam no poder há cerca de 30 anos e decidam ir novamente a uma eleições que já nem os próprios correligionários acolhem…).

Dias depois Jammeh deu o dito por não dito e decidiu contestar as eleições por considerar que a “Comissão Eleitoral Independente (CEI) cometeu erros inaceitáveis” na contagem dos votos, e de “numa região do país os seus apoiantes “sofreram intimidações” e não foram votar” – o que não deixa de ser caricato face à rígida liderança que Jammeh tem mantido sobre o país – pelo que apresentou a sua contestação no Tribunal Supremo.

A comunidade internacional, em geral, mas a africana em particular, nomeadamente, a União Africana, através do Conselho de Paz e Segurança, e da CEDEAO, tudo têm feito para persuadir Jammeh a aceitar a derrota eleitoral. A CEDEAO, através do presidente da Comissão, Marcel Alain de Souza, sublinhou que apesar da diplomacia estar a ser privilegiada, não exclui a hipótese de uma intervenção militar poder ser equacionada, para que os resultados das presidenciais de 1 de Dezembro sejam respeitados.

Jammeh não parece dar crédito a estas pressões continentais e regionais tendo, inclusive, apelado aos líderes religiosos para induzi-los a espalhar "paz e perdão" e promover a reconciliação após sua decisão de permanecer no Poder. Todavia, a sua estratégia política fracassou quando os 67 clérigos do Supremo Conselho Islâmico da Gâmbia e do Conselho Cristão da Gâmbia, por unanimidade, pronunciaram-se a favor da sua retirasse e se afastasse no interesse da paz. Jammeh manteve-se impassível na sua decisão de não se retirar e acusou os de traição.

19 de Dezembro de 2016 e – ou era – o fim do seu mandato e a data para passar a presidência a Adama Barrow!

Já na RDC, há um caso similar de fim de mandato a 19 de Dezembro. É – era, mas de certeza que não se verificará – a data limite para Joseph Kabila ter terminado o seu mandato presidencial e de ter, em tempo útil – o que não aconteceu – convocado eleições presidenciais.

Nem as eleições foram alguma vez convocadas – Kabila Jr. mostrou sempre não estar disponível para tal – nem os congoleses democráticos vão ter um Governo de unidade já previsto e, teoricamente, aceite por Kabila e liderado por este até às previstas – possíveis – eleições que seriam, em data oportuna, convocadas.

Ora, é um 19 de Dezembro de 2016 claramente difícil e complicado no universo político-governativo do continente.

O que leva os nossos dirigentes políticos a considerarem que a manutenção no Poder é a forma mais ideal de levar por diante os seus obscuros intentos?

Laurent Gbagbo, recordemos o que lhe aconteceu, deveria ser – ou ter sido –  um aviso para toda a liderança africana.

Excepto nas monarquias de Lesotho e Swazilâmdia, em África temos como governantes, Presidentes que são eleitos por períodos constitucionalmente definidos e não Reis absolutistas!

Que o 19 de Dezembro de 2016 seja uma referência para todos nós!

Nota natalícia: A todos os leitores e colaboradores do Novo Jornal, e a todos os nossos concidadãos votos de uma Festas Felizes e que 2017 nos traga tudo o que mais almejamos e com muita saúde.

©Artigo de Opinião publicado no semanário angolano Novo Jornal, ed. 463, de 22-Dezembro-2016, página 35

*Investigador e Pós-Doutorando. 

**Eugénio Costa Almeida – Pululu - Página de um lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em Relações Internacionais e Doutorado em Ciências Sociais - ramo Relações Internacionais - nele poderão aceder a ensaios académicos e artigos de opinião, relacionados com a actividade académica, social e associativa.

GENE SHARP FALA SÓ



Os Estados Unidos, em relação a Angola insiste em não respeitar a Constituição em vigor no país, desrespeitando sempre e simultaneamente a sua história, as suas convicções necessariamente progressistas e as suas legítimas tradições libertárias, de forma a montar o máximo de obstáculos em relação às aspirações de renascimento africano, de luta contra o subdesenvolvimento e do modo que possibilita todo o povo angolano de tirar partido da paz, da reconstrução nacional, da reconciliação e da reinserção social.

Quando algum ativista patriota ataca em suas próprias páginas no Facebook o robot-mercenário Luaty Beirão, o “ousado” é expulso dessa rede e por tabela, são apagados todos os trabalhos onde exista sua participação, como aconteceu com a página da ASPAR, Acção Social Para Apoio e Reinserção.

A Voice of America, serviço em português dirigido para Angola, durante o final do ano deu relevo às suas próprias implicações, dando espaço a arruaceiros recrutados, agentes dos serviços de inteligência estado-unidenses, que preenchem a partir das injecções projectadas no exterior a aplicação da cartilha anti Constitucional do “filósofo” Gene Sharp, nem dando mesmo oportunidade a partidos da oposição que integram o Parlamento angolano e partícipes da estratégica vontade nacional em curso.

Com a utilização sistemática dum Luaty Beirão, dum Domingos da Cruz, dum Rafael Marques de Morais, dum MCK ou de outros similares, a Voice of America, serviço em português para África dirigido a Angola, coloca na boca de dilectos fantoches, de facto, um constante “Gene Sharp fala só”!

Esse espectro de “iniciativas” das Agências de inteligência estado unidenses integradas no USAFRICOM que impactam em Angola, é corroborado pelo esforço de vassalos na União Europeia e sobretudo em Portugal, tirando partido do carácter do estado português moldado após o 25 de Novembro de 1975 e da sua proverbial hipocrisia, cinismo e ambiguidade, assim como nos processos de sua própria inteligência económica e financeira em curso, nos relacionamentos desse país que deveriam ser estritamente bilaterais para com Angola.

Uma parte substancial das elites portuguesas, com alguma representatividade em partidos como o CDS, o PSD, o PS e o Bloco de Esquerda, está agenciada pelo mesmo monstro que recrutou as expressões vivas de Gene Sharp instrumentalizadas na disposição de atingir Angola e desde logo atingir sua Constituição em vigor, que espezinham e combatem no quadro duma escalada que pretendem irreversível de acções combinadas, perseguindo o esquema duma “revolução colorida”ou duma “primavera árabe”, ementas que advêm das agendas internacionais dos Estados Unidos desde a administração republicana de Ronald Reagan, quanto da administração de Margareth Thatcher na Grã-Bretanha.


Esses agenciamentos reforçam o “Gene Sharp fala só” em curso, pondo a boca nos microfones portugueses para ter a difusão que serve à aristocracia financeira mundial, desde os pronunciamentos a rigor proferidos com aplausos em plena Assembleia da República Portuguesa, até aos “Tchavolas” da SIC ao serviço do Bilderberg… ridicularizando de propósito Angola, o processo de paz angolano e colocando em cheque até a expressão de paz do novo Secretário-Geral da ONU, o socialista António Guterres, cuja identidade sócio-política se aproxima precisamente das mesmas causas social-democratas que Angola tem defendido, a nível interno e a nível internacional.

Em Portugal, praça-forte dos agenciados e ressabiados coloniais contra Angola e refúgio dos robots-mercenários angolanos, os que se deixam instrumentalizar pelo “Gene Sharp fala só”, enquanto abjectos vassalos e assimilados da cultura neoliberal afecta à aristocracia financeira mundial que professa a hegemonia unipolar, procuram lançar todo o tipo de obstáculos nos relacionamentos bilaterais, assim como se tornam manancial de ingerências e manipulações que chocam frontalmente com Angola, com a sua Constituição e são uma afronta a todo o processo histórico angolano!

Esses sectores não podiam ter escolhido entidade melhor senão Isabel Moreira, filha pródiga de Adriano Moreira antigo Ministro do Ultramar do regime fascista e colonial salazarento, para num caduco 25 de Novembro como o dos nossos dias, falar enquanto Gene Sharp e ser aplaudida em plena tribuna da Assembleia da República Portuguesa!

Já no início de 2017, ano de eleições gerais em Angola, o que se oferece à voz anti Angola e anti Constituição de Gene Sharp é essa, o que será ao longo do ano, na altura e logo a seguir dos actos eleitorais?

“Ao inimigo nem um palmo da nossa terra”!

* Fotos de Gene Sharp e de alguns dos instrumentos fantoches de sua voz deliberadamente dirigidos contra Angola.

A consultar:
- A hegemonia unipolar estimula a internacional neo fascista – http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/01/a-hegemonia-unipolar-estimula.html
- A propósito de alguns fundamentalismos correntes e “transversais” – http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/12/a-proposito-de-alguns-fundamentalismos.html
- MARTINHO JÚNIOR FACEBOOK UMA NINHADA DE RATAZANAS FASCISTAS MADE IN EUA –http://paginaglobal.blogspot.com/2016/12/martinho-junior-facebook-uma-ninhada-de.html?spref=fb
- LUATY BEIRÃO, AVESSO À CRÍTICA E À OPINIÃO DE OUTROS, QUEIXOU-SE AO FACEBOOK? – http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/12/luaty-beirao-avesso-critica-e-opiniao.html
- FACEBOOK vs MARTINHO JÚNIOR: CHECK POINT BLOCK. BLOQUEIOS CONTINUAM – http://paginaglobal.blogspot.com/2017/01/facebook-vs-martinho-junior-check-point.html

VER VÍDEOS SOBRE E COM DECLARAÇÕES DA DEPUTADA ISABEL MOREIRA, DO PS

COMO INICIAR UMA REVOLUÇÃO CONTRA OS INTERESSES DAS POPULAÇÕES



A REVOLUÇÃO À MODA DE GENE SHARP COM DESENHO DA CIA E SIMILARES - propaganda

“Como iniciar uma revolução”. A inspiração com desenho da CIA e cordenações adaptadas de outras agências, que nos mostra as “inspirações" que conduziram ao descalabro que hoje é a então chamada “Primavera Árabe” ou a “libertação” no Brasil. Golpes de Estado “desenhados” por “génios” que asseguraram a predominância de governos fantoches dominados pelos EUA, a UE e outros Estados ocidentais. Pelos senhores do grande capital e da guerra. Prevalecendo a manipulação dos povos iludindo-os com a conquista das liberdades e da democracia.

A “inspiração” para ditaduras modernas cujos figurinos não distam quase nada das ditaduras antigas mas que se mascararam de “adereços” ditos democráticos. Veja-se, por exemplo o que acontece na atualidade nos países da chamada “Primavera Árabe” e no Brasil, para além de outras dessas Revoluções no filme de inspiração Gene Sharp. Os pobres cada vez mais pobres e mais reprimidos, os ricos cada vez mais ricos, com total licença para explorar e escravizar. Impunes. (MM / PG)

COMO INICIAR UMA REVOLUÇÃO

Publicado a 26/01/2014

Como Iniciar uma Revolução é um filme premiado pela BAFTA o documentário britânico sobre Prêmio Nobel da Paz candidato e teórico político Gene Sharp, descrito como estudioso mais importante do mundo na revolução não-violenta. O filme descreve as idéias da Sharp, e sua influência sobre revoltas populares em todo o mundo. Exibido em cinemas e na televisão em mais de 22 países , tornou-se um hit underground com o Wall Street movimento Occupy .

Dirigido pelo jornalista britânico Ruaridh Seta o filme segue o uso da obra de Gene Sharp entre grupos revolucionários em todo o mundo. Há especial incidência na chave de texto da Sharp da ditadura para a democracia , que foi traduzido por ativistas da democracia em mais de 30 idiomas e é utilizado em rotações da Sérvia e Ucrânia para o Egito e Síria.


O filme descreve como 198 métodos de ação não-violenta da Sharp ter inspirado e informado levantes em todo o mundo .

A personagem principal do filme é Gene Sharp , fundador do Albert Einstein Institution, e um candidato de 2009 e 2012 para o Prêmio Nobel da Paz . Sharp tem sido um estudioso em ação não-violenta por mais de 50 anos, e tem sido chamado tanto a ". Maquiavel da não-violência "e" Clausewitz de guerra não-violentas ".

Outros personagens principais incluem Jamila Raqib, ex- refugiada afegã e o Diretor Executivo do Albert Einstein Institution, o coronel Robert " Bob " Helvey; ! Srdja Popovic, líder do grupo de estudantes Otpor Sérvia; Ahmed Maher, líder do grupo 6 de abril democracia Egito, e Ausama Monajed
, ativista sírio.

A estréia foi realizada em Boston em 18 de setembro de 2011, um dia após os protestos Occupy Wall Street começou oficialmente em Nova York. O filme recebeu uma ovação de pé e ganhou Melhor Documentário e o prêmio Impact Missa Boston Film Festival, e passou a ser rastreada por Occupy campos em todos os EUA e na Europa , incluindo o Banco de Idéias , em Londres.

A estreia europeia foi realizada no Raindance Film Festival, em Londres, onde o filme recebeu o prêmio de Melhor Documentário . Prêmios subseqüentes incluíram Melhor Documentário Fort Lauderdale International Film Festival 2011, Prêmio Especial do Júri One World Film Festival Ottawa, Prêmio do Júri Bellingham Direitos Humanos Film Festival e Melhor filme, Barcelona Direitos Humanos Film Festival. o filme ganhou o BAFTA escocês de novos talentos , em abril de 2012 e nomeado para um prêmio Grierson , em Julho de 2012.

Como começar uma revolução foi pego para distribuição por TVF Internacional no Reino Unido e 7 ª Arte Liberando os EUA. O filme teria sido traduzido para nove idiomas , incluindo japonês e russo. Instituto Albert Einstein informou que o filme foi mostrado internacionalmente em mais de 20 estações de televisão em 12 línguas.

Como começar uma revolução foi lançado em 18 de setembro de 2011, o dia após a primeira Ocupação de protestos em Wall Street, Nova York. O filme foi descrito como o filme não oficial do movimento Occupy e mostrado nos campos de todo os EUA e Europa. Foi um de uma série de eventos de alto nível , realizada em Banco de Idéias , em Londres, juntamente com um concerto pela banda britânica Radiohead.

Em 2012, após a contestada eleição geral mexicano um dos países maiores jornais relataram que os manifestantes estavam circulando uma tradução pirata espanhola de Como Iniciar uma Revolução que tinha ido viral no país. A tradução foi visto mais de meio milhão de vezes no espaço de Três dias. relatórios também foram publicadas citando a exibição do filme em simultâneo televisão espanhola com ampla discussão do trabalho da Sharp no anti- austeridade Movimento 15-M espanhol.

A estréia acadêmica foi organizada pelo Programa de Negociação da Harvard Law School em 11 de outubro de 2011, e em fevereiro de 2012, Como Iniciar uma Revolução foi exibido para uma platéia de MP de e Lordes no Reino Unido Casas do Parlamento pelo All Party Parlamentar Grupo sobre Questões de Conflitos ( APPGCI ), que teve a participação de Gene Sharp .

Um filme sobre o making of Como começar uma revolução, intitulado Road to Revolution, foi exibido em janeiro de 2012 pela Current TV no
​​Reino Unido.

O Como Iniciar um toque documentário Revolution foi indicado para o prêmio Internacional Melhor Mídia Digital no único Prêmio Mundial de Mídia 2013.

Assista o documentário e prepare-se para fazer a nossa REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA, LEGALISTA E SEM VIOLÊNCIA no Brasil.

Publicado em Youtube por Bruno Toscano

DESEJOS PARA O NOVO ANO


A chegada de um novo ano, para alguns, é o momento aproveitado para um balanço, quase sempre melancólico e introspectivo sobre aquele que acaba de terminar.

Jornal de Angola, opinião - A Palavra do Director

Um balanço onde muitos tentam perceber os erros que cometeram, ou que ajudaram a cometer, para os não voltar a repetir naquele que acaba de se iniciar.

Para outros, como eu, o desfolhar de um novo calendário é o momento aproveitado para perspectivar o que fazer no futuro imediato e, simultaneamente, para proceder a um quase secreto elencar de desejos, uma espécie de elaboração de agenda para melhor poder fazer frente aos desafios que se avizinham.

É evidente que há aqueles, mais “torturados” pelas amarguras da vida que, mesmo perspectivando o futuro, não conseguem esquecer o passado – mesmo que recente – e fazem dele um fardo tão pesado que muitas vezes os impede de caminhar para a frente com o positivismo que se exige a quem tem confiança no futuro.

Para 2017, ano de grandes desafios que exigem de todos nós tudo o que de melhor possamos dar, os desejos são muitos e muitos deles, sabemos bem, não serão satisfeitos, por uma ou por outra razão.

Um desses desejos, talvez o que mais impacto poderá ter no futuro imediato de Angola, é o de que o percurso que falta cumprir do amplo e complexo processo eleitoral seja feito em harmonia entre todos os protagonistas, desde as instituições que têm sobre os ombros a responsabilidade de o liderar até aos diferentes partidos políticos, de modo que os interesses nacionais sejam devidamente salvaguardados, seja qual for o resultado final do pleito.

Um outro desejo tem a ver com a necessidade das diferentes instituições agirem de acordo com a lei, respeitando-a plenamente para que a palavra “cidadania” tenha o devido valor. Não se pode continuar a assistir ao descaso das escolas públicas de Luanda continuarem a abusar do cidadão que, desconhecendo a lei ou não tendo outras alternativas viáveis, se vê constrangido a pagar aquilo que lhe deveria ser oferecido gratuitamente.

A justiça angolana já deu suficientes provas de maturidade, de competência e de independência política, o que nos leva a acreditar, sem qualquer hesitação, de que continuará a desempenhar o seu papel de modo exemplar, mesmo que isso contrarie algumas forças que a gostariam de ver menos comprometida com a verdade e com a salvaguarda da legalidade, não hesitando em recorrer aos mais condenáveis truques para a por à prova.

Também gostaria que, em 2017, o discurso político fosse mais inclusivo, sobretudo aquele que é usado por alguns partidos da oposição e forças que se dizem da sociedade civil que para esconderem a sua incapacidade argumentativa recorrem, com demasiada frequência, ao insulto, à calúnia e à difamação, usando para isso alguns “peões” que neste tempo de crise (ela afinal toca a todos)  parece se terem virado para o estrangeiro optando por, usando as suas antenas, “cuspirem” no prato onde comeram, não importando que isso coloque em causa o próprio país onde nasceram.

Gostaria, também, que o ano de 2017 desse frutos mais robustos na aposta que foi atempadamente feita na diversificação da economia nacional, uma vez que essa é uma condição incontornável para combater a crise que nos entrou pelo país dentro.

Nos dois últimos meses já se começou a sentir alguma reanimação da economia, mas a verdade é que são precisos sinais mais fortes e consistentes de que a diversificação é um processo irreversível.

Ainda para 2017 seria bom que, de uma vez por todas, a imprensa portuguesa entendesse que Angola é um país independente e que, como tal, tem todo o direito de pensar pela sua cabeça e não andar ao som da música que lhe querem impingir empresas de comunicação tecnicamente falidas que não olham a meios para tentar aumentar as suas fracas audiências.

Neste aspecto, o império mediático de Francisco Pinto Balsemão tem-se mostrado particularmente atento, não perdendo uma oportunidade de chamar os seus habituais “opinadores” contratados para falar de Angola quase sempre cegos pelo ódio e, por isso mesmo, formatados num programa já desactualizado.

É tempo daqueles que trabalham para Pinto Balsemão perceberem que, por muito que tentem e se esforcem, Angola não deixará de ser um país independente, com defeitos e virtudes, mas com o pleno direito de se deixar governar por aqueles que o povo elegeu e que, por mais campanhas que lhes tentem impingir, nunca mais aceitarão as imposições externas com um bafiento cheiro a neocolonialismo.

É evidente que o povo e o governo português não têm nada a ver com aquilo que é o sonho neocolonialista que diferentes grupos de pressão internos exercem sobre Angola. Por isso, e muito bem, os portugueses que aqui vivem são tratados como nossos irmãos e, como tal, respeitados com toda a mesma fraternidade com que os portugueses tratam os angolanos que lá vivem.

O governo luso merece, inapelavelmente, o respeito devido a um país irmão ao qual nos unem laços de uma história e de uma cumplicidade que alguma imprensa portuguesa, por muito que tente, nunca conseguirá apagar.

O ano de 2016 já acabou, dando lugar a um 2017 que se abre cheio de esperança para um país que tendo um passado de luta está mais que preparado para vencer os desafios do futuro, mesmo contra aqueles que ainda teimam em nos ver com um saudosismo caduco que só lhes fica mal. Ah, já agora, era também bom que em 2017 os russos e os norte-americanos se deixassem dessa maluquice de quererem caminhar rapidamente para uma nova “guerra fria”.

Angola. CHUVA ABENÇOADA NO CUNENE


A província do Cunene, que sofria há três anos de uma forte seca, teve chuva em abundância durante a passagem de ano. Uma bênção e sinal de um ano de 2017 de muitas realizações.

A chuva é um fenómeno da natureza indispensável para a produção agrícola, uma vez que ajuda a irrigar os campos onde são cultivados alimentos para sobrevivência humana. A criação de gado na província do Cunene constitui um dos motivos que deixa satisfeitos os criadores. O capim verde renasce da terra e alimenta os bois e cabritos para satisfação das populações. 

A passagem de ano no Cunene  foi considerada calma pelas autoridades policiais.Houve um único registo de morte e três feridos em estado grave por descarga eléctrica no município do Cuanhama. A chuva também traz destas coisas.

A província de Luanda, ao contrário da agitação que se observou no sábado com os preparativos para a passagem de ano, despertou ontem calma e tranquila. As ruas estavam praticamente vazias. As chuvas que caíram de madrugada refrescaram o ambiente e levaram muitos munícipes a levantarem-se mais tarde. As águas paradas voltaram a provocar constrangimentos. Estradas alagadas e esburacadas e muito lixo marcaram ontem o postal da urbe luandense. 

Na noite do dia 31 de Dezembro para 1 de Janeiro o festival de pirotecnia realizado na Baía e na Ilha de Luanda, no distrito urbano da Ingombota, arrastou milhares de cidadãos para a baixa luandense, principalmente jovens. Muitas famílias optaram por passar o final de ano na zona da Marginal e Ilha do Cabo, com muitos cidadãos a abrir o champanhe pelo nascer de mais um ano. Está a tornar-se um hábito e uma tradição. São aos milhares as pessoas que se dirigem à Ilha.

Fogo-de-artifício

O lançamento de fogo-de-artifício deu as boas vindas ao novo ano para as famílias que desejam ver neste ano uma grande oportunidade para colocarem em marcha os planos adiados em 2016, por força das dificuldades por que passa a economia nacional mas não impede a inovação e a critividade.

Os jovens, alguns consumidos pelo entusiasmo, dançavam e esticavam as mãos aos céus, como forma de agradecer por terem chegado a 2017.

À semelhança do que vem ocorrendo há anos, Luanda deu mostras de não estar ainda preparada para receber grandes quantidades de chuva. A que caiu na madrugada da passagem de ano deixou os bairros do Cazenga, Capolo, Calemba 2, Bairro Popular, Vila da Mata e outros com as ruas inundadas. Algumas famílias, que decidiram passar o final de ano na zona da Marginal, viram-se e desejaram-se para regressar a casa.

Muitos jovens decidiram regressar a casa a pé e debaixo da chuva, ao passo que outros pernoitaram debaixo de prédios na zona baixa da cidade até a chuva passar. 

Os pequenos buracos existentes ao longo de algumas vias, tanto na zona baixa da cidade como nos arredores, contribuíram para os constrangimentos no trânsito. Os automobilistas foram forçados a manobras de gincana para se desviarem dos buracos. Junto ao Clube Náutico da Ilha de Luanda, na Baía, os automobilistas tiveram que desviar o sentido de marcha, encostando mais a viatura para a direita devido aos buracos e à água da chuva que caiu na madrugada. Os pequenos buracos existentes em vias reparadas recentemente também exigiam a precaução dos automobilistas.

A via que vai dar à Cuca estava totalmente alagada, agravada pelos buracos que se verificam naquele pavimento. Como alternativa, os automobilistas eram obrigados a reduzir ao mínimo a velocidade.

Bebé do ano 

O primeiro bebé do ano nasceu com 3,20 quilos na Maternidade Lucrécia Paim e chama-se Jeferson. Para deixar os males de lado, muitos jovens procuraram ontem a praia da Ilha de Luanda para inaugurar o novo ano e retirar a ressaca com um bom mergulho no mar. Para outros, a festa do novo ano continuou durante o dia. Muitos foram para a praia em família, ao passo que outros jovens, como Bernadete João, Lourenço António e Clementina Patrício foram à praia numa excursão de 30 pessoas. Cerveja,  sumos, refrigerantes e pratos grelhados marcaram a festa dos jovens junto ao mar. O ar estava mais fresco. Por volta das 18 horas, alguns começaram a abandonar o local a pé, porque a maior parte dos taxistas resolveram não trabalhar e ficar com a família.

Ao longo da ronda efectuada pela reportagem do Jornal de Angola constatou-se a existência de muitos contentores abarrotados de lixo, desde a zona baixa até à periferia da cidade. Na zona da Marginal também eram visíveis, nas primeiras horas da manhã e princípio da tarde, alguns focos de lixo. O capim verde da Marginal estava muito maltratado, devido aos milhares de cidadãos que pernoitaram sobre o capim, antes fresco, e que só saíram devido ao cair da chuva por volta das três da madrugada.

Bombas vazias

Os automobilistas registaram ontem uma redução das filas nas bombas de combustíveis, praticamente “às moscas”. É que muitos automobilistas pernoitaram em várias festas e decidiram ficar em casa a recuperar energia para começar a trabalhar hoje. Mas a sorte não foi a mesma para quem trabalha em regime de turno. A Polícia Nacional continuou durante o dia de ontem a fazer o seu trabalho de patrulhamento nas principais vias da cidade de Luanda, com operações de prevenção à criminalidade e sinistralidade rodoviária. 

A equipa do Jornal de Angola deslocou-se, por volta das 17 horas, ao Hospital Josina Machel e verificou pouca enchente no banco de urgência. Os doentes que iam chegando eram prontamente atendidos pela equipa médica presente.

Cuanza Sul e Cabinda

A situação delituosa durante a passagem de ano na província do CuanzaSul revelou-se calma, quer no capítulo de cometimento de crimes, como em acidentes de viação. De acordo com o Comando Provincial do Cuanza Sul da Polícia Nacional, a quadra natalícia, assinalada a 25 de Dezembro, apresentou  mais casos de ofensas corporais em relação à passagem de ano. Houve uma redução significativa de crimes e a corporação explica o facto com o bom comportamento cívico dos cidadãos durante as maratonas músico-culturais na sede provincial e nos municípios. O comando provincial promete apresentar em breve o balanço geral da actividade policial na passagem de ano.

O director do Hospital Central de Cabinda, Alberto Tembo, disse que a passagem de ano na província mais a norte do país foi calma, sem casos graves. Na noite de 31 de Dezembro de 2016 para 1 de Janeiro de 2017, o hospital prestou assistência a 150 pessoas e foram todos casos sem gravidade. “Ontem, o dia também decorreu sem problemas graves. Tudo correu bem, felizmente”, disse o director e médico Alberto Tembo. 

A província de Benguela também teve uma transição calma, de acordo com o porta-voz do Comando Provincial da Polícia Nacional. O intendente Pinto Caimbambo disse que houve apenas o registo de um morto por acidente de viação.

O Jornal de Angola notou uma urbe que despertou calma e a meio da manhã de ontem a cidade estava praticamente deserta. A maior parte dos habitantes de Benguela preferiu permanecer em casa para recuperar forças para enfrentar hoje a primeira jornada laboral do ano.

Em todos os cantos da cidade de Benguela era notória a presença de agentes da ordem pública e de trânsito, para garantirem segurança à população. O destaque na transição do ano na cidade das Acácias Rubras também recaiu para o grande movimento de cristãos que se dirigiram às igrejas, para suplicar e agradecer a Deus por lhes ter protegido durante o ano findo e pedir a bênção para que 2017seja um ano de muito sucesso.Em Benguela também houve fogo-de-artifício no Largo de África.

A cidade vida (Huambo) acordou ontem calma e preparada para retomar hoje o trabalho em força.

André da Costa – Jornal de Angola – Foto: Ampe Rogério

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