quinta-feira, 9 de março de 2017

CONCEITOS DIVERGENTES DE POPULISMO


Prabhat Patnaik [*]

Muitas vezes a mesma palavra é utilizada por diferentes pessoas com diferentes significados e isto pode ser uma fonte de imensa confusão. O Banco Mundial aproveitou-se bem disso, apossando-se de expressões que estavam a ser utilizadas num sentido particular, especialmente pela esquerda, e utilizando-as num sentido muito diferente, a fim de criar confusão deliberada e explorar de alguma forma o sentimento simpático que a expressão havia despertado na sua utilização inicial. "Ajustamento estrutural" é um bom exemplo de tal apropriação pelo Banco Mundial. Na sua utilização inicial sugeria que a solução mercado era inadequada em países do terceiro mundo e que, em alternativa, o que era necessário era "mudança estrutural" associada a mudanças nas relações de propriedade, tais como reformas agrárias. Mas o Banco Mundial utilizou a expressão "ajustamento estrutural" para dizer exactamente o oposto, nomeadamente para evitar quaisquer mudanças em relações de propriedade e para introduzir "mercados livres" por toda a parte.

A expressão "sociedade civil" utilizada por Hegel, e muitas vezes mencionada por Marx, é outro exemplo óbvio. "Sociedade civil" nos seus escritos era para ser distinguida do Estado e referia-se a todo o conjunto das relações sociais (as quais de acordo com Marx eram determinadas em última análise pelas relações de propriedade dentro das quais a produção era executada). Mas nos dias de hoje a expressão é utilizada essencialmente para referir-se às ONGs, as quais são designadas como sento "Organizações da Sociedade Civil". 

PRESENTE DE DESPEDIDA


Ana Alexandra Gonçalves*

François Hollande prepara-se para deixar o Palácio do Eliseu e numa cimeira organizada por si e que teve lugar em Versalhes - centro de ostentação da monarquia francesa - deixou o seu presente de despedida: "ou há uma UE a duas velocidades ou ela explode". Segundo o ainda Presidente francês, a UE a 27 "já não pode ser uniforme a 27 e a ideia de uma Europa a várias velocidades suscitou resistência, mas hoje essa ideia impõe-se, senão é a Europa que explode".

Ora, onde é que fica o projecto europeu nesta Europa sonhada a duas velocidades? Onde fica a coesão, ambição maior da Europa? Ou alguém acredita que uma Europa a duas velocidades cinge-se à vontade de uns irem mais longe em matéria de defesa, harmonização fiscal, cultura ou juventude, em diferentes graus de integração? E essa ideia não é precisamente contrária ao propósito da UE?

Com este presente de despedida, a Europa reconhece a existência da hegemonia de alguns Estados; a Europa reconhece a visão derrotista que se traduz na existência de uma vasta maioria de Estados-membros que se subjugam a dois Estados-membros e o reconhecimento das desigualdades como norma.

Portugal. OS CLEPTOCRATAS


Rafael Barbosa* – Jornal de Notícias, opinião

O elenco não é novo, mas não deixa por isso de ser impressionante: José Sócrates, deputado, ministro e finalmente primeiro-ministro de Portugal durante sete anos; Ricardo Salgado, líder do BES, com fama (e proveito) de ser uma espécie de DDT (Dono Disto Tudo) ao longo de várias décadas; Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, a dupla que durante anos geriu a PT e os seus voláteis e volúveis milhares de milhões de euros; Armando Vara, ex--ministro e ex-administrador da CGD e do BCP, os dois maiores bancos portugueses; Joaquim da Conceição, do Grupo Lena, um dos maiores potentados da construção civil.

Há poucos anos, todos integravam a lista de indivíduos mais poderosos e influentes de Portugal. Admirados e temidos. Uma verdadeira elite política, financeira e económica. Eram políticos argutos e populares, gestores brilhantes, empresários visionários. Hoje, fazem parte de uma lista de indivíduos que, tudo o indica, deverão ser acusados de crimes tão graves como corrupção, fraude fiscal, branqueamento de capitais ou tráfico de influências.

Portugal. OFFSHORES: 88% VEIO DO BES E DO NOVO BANCO


As declarações de transferências para offshores que escaparam ao controlo do Fisco entre 2011 e 2014 tiveram origem em 14 bancos. Mas a esmagadora maioria veio do BES e do Novo Banco.

A revelação é feita hoje pelo jornal online Eco, segundo o qual o BES e o banco que ficou com os seus ativos não tóxicos são responsáveis por 88% dos dez mil milhões de euros que foram declarados pelos bancos mas que não migraram corretamente do Portal das Finanças para o sistema central informático.

Segundo o jornal, estes 88%  correspondem a 8.580,8 milhões de euros.

Serão valores reportados numa declaração entregue em 2014 e duas em 2015 - referentes a transferências feitas no ano anterior - é uma declaração de substituição entregue já em 2016 referente a 2012.

Até agora, o Ministério das Finanças tem recusado confirmar estas informações que têm vindo a público, alegando sigilo bancário.

No entanto, o facto de a maioria das transferências ter ocorrido em 2014, ano do colapso do BES, e de 97% das transferências para o Panamá - o offshore mais usado pelo GES - têm levado os deputados a levantar a questão de saber se houve ocultação de capitais com intuito de fugir a credores.

O assunto deverá fazer parte das audições que a Comissão de Orçamento e Finanças já deliberou fazer aos ex-ministros de Passos Coelho, Vitor Gaspar e Maria Luís Albuquerque.

Margarida Davim – jornal i

MARCELO, UM ANO A SALVAR A CREDIBILIDADE DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA




Marcelo, o contrário do seu antecessor. O antidemocrático, nocivo e desprezível Cavaco Silva

Segue-se um peça do Notícias ao Minuto com a Lusa em que ressaltam os afetos que Marcelo anda a espalhar pelos portugueses, e mais. É uma questão de lerem. Mas além dos afetos – que eram muito precisos devido à geleira que é Cavaco Silva – Marcelo faz algo muito importante, labuta por salvar a credibilidade da Presidência da República, da figura institucional do cargo de Presidente da República, coisa que Cavaco Silva arrazou com comportamentos mesquinhos, doentios, falsos, despreziveis. Pior que Cavaco na Presidência da República só aqueles que ocuparam o cargo em plena ditadura. Afinal o tempo adequado de Cavaco. Se assim não fosse jamais Cavaco seria um comprovado colaborador da PIDE/DGS, a polícia política que torturou e assassinou portugueses que somente pretendiam contribuir para libertar Portugal do fascismo salazarista.

Hoje, um ano volvido de Marcelo na Presidência, já podemos dizer que Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República devolveu credibilidade e democracia àquela importante instituição republicana. Pejoa de princípios democráticos que Cavaco havia estrangulado, humanizou-a, fez de Belém a casa dos afetos e da tolerância. Um Presidente de centro-direita que se preocupa exclusivamente com o país e com os portugueses, desprezando as tricas partidárias e interesses esconsos tão característicos do seu antecessor, o antidemocrático, nocivo e desprezível presidente Cavaco Silva.

Sim, é verdade, Marcelo é um Presidente de afetos… Mas muito mais que isso. E ainda mais por constituir uma agradável surpresa no desempenho do seu cargo. Claro que haverá momentos em que dele poderemos discordar, mas isso não invalida o positivismo e credibilidade por que se tem pautado para devolver o seu ao seu dono: a República aos portugueses. 

Leia a peça que juntamos em seguida. (MM / PG)

AO PSD CABE RETIRAR PASSOS COELHO DA LIDERANÇA


Sobre o que se passou no parlamento no dia de ontem já estamos conversados. Mais em baixo tem a opinião de Carlos Tadeu em prosa extra Expresso Curto. É evidente que este assunto tem a abordagem de Valdemar Cruz no dia de hoje e abre o Curto. Depois vai por aí e por acolá, mas sobre o CDS e o PSD, que ele refere, nada é de estranhar porque até dá ideia de serem partidos dos anos 70, repletos de ressabiamentos do passado longínquo e do de há apenas ano e meio. CDS e PSD configuram os partidos dos retornados dos anos 70 e um pouco dos anos de 80. Vendo bem compreende-se. Cristas veio criança ou pré-adolescente de Angola e Passos Coelho idem, já para não falar do “cérebro” Miguel Relvas, do PSD. Aquelas mentalidades não evoluíram como o fizeram os que retornaram das ex-colónias, que se adaptaram, integraram e contribuíram em grande parte para o progresso empresarial de Portugal. Outros revelaram-se produtivos trabalhadores. Foi um bem que retornou a Portugal. Mas Cristas e Passos ficaram agarrados a recordações eivadas de “soberania” sobre os desgraçados que eram explorados e oprimidos nos seus próprios países por via do colonial-fascismo. São pessoas doentes, inadaptadas à democracia ao justo. Por isso infringem regras ou tentam fazê-lo por princípio. Até parece que nem eles dão por isso. Passos Coelho, esse, então, é uma lástima. Viciado em manipular, em mentir com todos os dentes que tem e ainda com o maior dos descaramentos. Um Chico-Esperto que usou e abusou da ingenuidade dos portugueses numas eleições em que foi o festivaleiro da mentira, da manipulação. Ele é mesmo assim. Por isso, ele e ela (muito mais ele) querem voltar a apossar-se dos poderes e fazer dos que governam escravos, ao estilo do que viram nas suas infâncias. Só pode ser isso o que os move tão doentiamente (muito mais em Passos). Uma doença muito perniciosa. Deviam tratar-se nas termas da democracia e saber que – queiram ou não – “o povo é quem mais ordena” em democracia. Não sendo assim, não é democracia. Que se lembrem: de negreiros estamos fartos. E de mentirosos também. Passos rebentou com a escala da nossa tolerância nisso de usar a mentira como verdade. Coisa que ainda o faz, parece que desta vez sem êxito. Ao PSD, principalmente, cabe pensar em retirar da liderança Passos Coelho e fazê-lo rapidamente. A sua credibilidade está em causa. Siga para o Expresso Curto com Valdemar Cruz, com a espuma que se impõe. Tenham um bom dia. MM / PG

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