quarta-feira, 10 de maio de 2017

TRUMP DESPEDE QUE SE FARTA | CUIDADO COM AS “TORNEIRAS” DO OXIGÉNIO CEREBRAL


Boa tarde. Bom resto de dia. Oxalá que tenham almoçado, e bem. Esta é a abertura do Expresso Curto que nos chega de manhã mas que por razões várias publicamos só à tarde. Por aqui estamos a concluir que os dias são curtos nas suas 24 horas. Queremos dias com 30 horas ou mais. Por favor.

O senhor Guerreiro é quem serve a cafeína do Expresso que aqui vai tendo lugar… até que a morte nos separe? Pois. Quem sabe se assim não será? Adiante. Hoje é dia de abrir com os despedimentos Trump. Lana caprina mas que se calhar vende, vai daí os média não fazem outra coisa durante as horas curtas do dia. Tá bem. Lá por isso não pense que este Curto não vale ler. Vale sempre, desde que se dê uso à engrenagem que vai do occipital ao frontal. Pois.

Depois da seca Trump, FBI e etc., será de bom-tom fazer notar a greve dos médicos. Pois. Querem melhores condições de trabalho, de atendimento no SNS, e mais daquilo com que se compram os melões. O pilim. Pois. Entretento os que recorreram aos serviços médicos deram com a cara na porta. E há enfermeiros também em greve, por solidariedade e zelo. Cartel. Fixe. Pelo que corre, o governo negociou com os médicos para evitar esta greve… mas não negociou. Foi um encontro muito acertivo que tiveram já lá vão uns dias mas satisfazer as exigências dos profissionais de saúde é que não pode ser nada. Truz. Toma lá Zé Povinho que já te tramaste. Pois. Hospitais e coisa e tal, nicles. Leia mais e melhores esclarecimentos pela pena do senhor Guerreiro do Curto. 

Para acabar, fora do esquema: ontem, numa repartição de finanças, um senhor da GNR cortou o oxigénio que devia ir ao cérebro de um contribuinte que estava a reclamar (não se sabe bem o quê). Vai daí o tal GNR, que vestia à civil e também estava a ser usuário dos serviços do saca-saca aos pagantes destas rebaldarias dos bancos, banqueiros, políticos e afins… essa tal coisa a que chamam Finanças, pronto. Dizia, o GNR fez um truque com um nome de leão no reclamante que num ápice o pôs inconsciente e assim perdeu o pio. Plim. Gravado e mostrado em vídeo. Mau. Muito mau espetáculo. O que se pergunta é porque não foi algum dos funcionários das Finanças a chamar a PSP se o contribuinte em questão estava a ser incorreto e inconveniente. E se não era nada demais aquela reclamação ou protesto porque foi o GNR fazer o que fez na sua intervenção. Intervenção que dá para perceber pela voz (no vídeo) que o deixou muito satisfeito, assim como que a exultar que tivera ali a oportunidade de brilhar fechando a “torneira” do oxigénio ao protestante. Provavelmente nunca tinha experimentado fazer aquilo e pensou: “olha, olha, isto até resulta!” Que felicidade!

Ficamos combalidos por saber que há agentes de autoridade a atirar para o esquisito, que provavelmente andam mal das cucas ou usam-nas de modo muito afastado daquilo que deviam naquela dificil profissão. E depois, senhores, porquê a intervenção dele sem que a solicitassem? E porque não chamaram a PSP? Certo que não se sabem todos os pormenores mas que só pela voz do GNR se percebe que ele estava mesmo feliz, isso sem dúvida. Quem sabe dessas coisas de som sabe que até havia um ligeiro sorriso na saída da cavidade bocal do sujeito. Feliz porquê?

Acabemos. O resto já sabe. O tal reclamante saiu com termo de identidade e residência e ao GNR esperam-no dois inquéritos. Só por ironia: por castigo deviam também incluir uns cortes na torneira do oxigénio que vai para o cérebro do GNR. E deviam ser em modo self-service. Para ver se gostaria. E para ver o tal sorriso prazenteiro que se adivinhou. Fosse como fosse, o que vimos… Não havia “nexexidade…” Foi mais uma exibição de um exibicionista. Mais isso que outra coisa. Quanto ao reclamante, pelo visto, talvez tenha sido um bocado calhau. E quando dois calhaus se encontram acontece faísca. Pena.

Siga para bingo… Raios, siga para o Curto. Fique bem, com a torneira aberta, para ler e entender. Ler e pensar, sobretudo.

MM | PG

Portugal | TOLERÂNCIA DE PONTO-FINAL-PARÁGRAFO


Miguel Guedes | Jornal de Notícias | opinião

Se Deus - ou alguém em sua representação oficial - voltasse à terra na véspera do 13 de Maio, o que veria? Crentes funcionários públicos em peregrinação, crentes funcionários privados em abstinência espiritual ou não abençoados funcionários-de-todo-o-Mundo-uni-vos em absoluto desdém pela intolerância? A tolerância de ponto decretada pelo Governo socialista-laico é uma reminiscência daqueles habituais costumes que não deveriam fazer do hábito a razão última da sua permanência. Ou será apenas a habitual e moderna tendência transgénica do cultivo das rosas sem espinhos? Sacrossanto caminho este. Caminhar para a cruz à distância do calvário, sacrificando a exegese ao sabor de uma maioria que a sustente.

No caso concreto da visita papal, a maioria até fez o pleno. À excepção de vozes individuais, nenhum dos partidos com representação parlamentar manifestou qualquer discordância ou reserva sobre a subserviência do pequeno país laico ao enorme país católico. A laicidade do Estado, porém, deveria estar para além do respeito: ela vive da equidade. Quando todo o espectro político não levanta a questão da desigualdade entre a celebração pública das convicções mais íntimas, esqueçam a canonização da santa Lúcia: a única beatificação da semana pertence a António Costa e à aparição do seu pleno parlamentar. Não me conforta o argumento de que esta é matéria estritamente reservada ao Governo. Recordo-me de como PS, BE e PCP criticaram a decisão de Passos Coelho em não conceder tolerância de ponto aos funcionários públicos pelo Carnaval.

Ponto final à tolerância, final de parágrafo. A tolerância de ponto não é um fim por si só, uma qualquer forma hábil de devolver qualidade ao lazer das famílias ou sadio ócio ao agregado. Não são férias acrescidas, diminuição da idade da reforma ou redução do horário de trabalho. Está longe de ser um direito. A tolerância de ponto é uma benesse. Neste caso, entre públicos e privados, desigual. Neste caso, entre crentes e não crentes, absurda. Como entendo que isto da fé é para ser levado muito a sério, questiono-me como se permite aos partidos que continuem a brincar às religiões. Se fosse ateu, estaria abalado na minha crença. Enquanto agnóstico, limito-me a desconfiar. Adeus à virgem.
O autor escreve segundo a antiga ortografia

* Músico e advogado

TRABALHAR SEIS HORAS, DESEJO IMPOSSÍVEL?


Sob a lógica capitalista, todo avanço tecnológico produz desemprego e submissão. Um novo projeto emancipatório precisa exigir o contrário: redução substantiva da jornada, sem diminuição de salários

Esteban Mercatante*, no Ideas de Izquierda | Outras Palavras | Tradução: Inês Castilho

Os avanços da robotização e da inteligência artificial, nos últimos anos, deram novo vigor à reflexão sobre o “fim do trabalho”. Quase toda semana surgem na mídia notícias sobre os milhões (ou mesmo dezenas de milhões) de empregos que desaparecerão nos pŕoximos anos como consequência desse avanço. Os fantasmas sobre o fim do trabalho vêm de antes – em 1995 saiu o livro de Jeremy Rifkin O fim do trabalho e já nos anos 80 o teórico crítico André Gorz apontou as mutações no mundo da produção que colocavam em crise o papel do trabalho. Mas agora, tornaram-se uma perspectiva mais próxima, ou ao menos assim parecia, dados os prognósticos mais alarmistas. No ano passado, o Fórum Econômico Mundial, que se reúne todos os janeiros em Davos, apresentou estimativas que projetam uma queda dramática da quantidade de assalariados em consequência da introdução de novas tecnologias. Todos esses estudos têm muito de alarmistas; como mostra Paula Bach neste dossiê, a ameaça da robotização mostra-se exagerada à luz das tendências atuais de acumulação de capital. Michel Husson expõe conclusões semelhantes em O grande “bluff” da robotização. Por outro lado, a crise mundial desencadeada pela queda do Lehman Brothers, que teve seus efeitos mais duradouros nas economias mais ricas da Europa e dos EUA, complicou ainda mais o panorama do emprego. Mesmo nos EUA, o país capitalista onde o emprego mais se recuperou mais desde a quebra de 2008, os empregos criados são principalmente nos setores de serviços e de comércio, mal remunerados.

Nesse contexto, colocar em discussão a redução da jornada de trabalho para 6 horas pareceria mais que razoável. O volume de trabalho humano a realizar diminui, tanto por fatores estruturais de longo prazo – a crescente automação dos processos produtivos faz com que se possa produzir o mesmo com menos tempo de trabalho – como por razões mais conjunturais (o fraco crescimento que parece ter chegado para ficar nas economias mais ricas). Por que não repartir o trabalho social por todas as mãos disponíveis?

TONY BLAIR RETORNA À POLÍTICA


O antigo Primeiro-ministro britânico, Tony Blair, declarou ao Daily Mirror desejar voltar à política a fim de lutar contra o Brexit.

Primeiro-ministro durante uma década (1997-2007), Tony Blair tinha amarrado a política externa do Reino Unido à dos Estados Unidos. Com o Presidente Bill Clinton, ele havia criado a «terceira via» (nem comunista, nem capitalista). Junto com George Bush Jr., lançou a «Guerra global contra o terror».

No entanto, face à Resistência Iraquiana, ele tinha proposto aos Estados Unidos uma nova política para o «Médio-Oriente Alargado» : o projecto das «Primaveras Árabes».

No final do seu mandato, ele aceitou tornar-se (2007-15) o enviado do Quarteto para o Próximo-Oriente (quer dizer, para supervisionar as relações entre Israel e a Autoridade Palestiniana). Simultaneamente, ele ocupa-se de negócios pessoais, principalmente no Kuweit, Catar e no Cazaquistão.

A sua esposa, a advogada Cherie Blair, formou, por sua vez, um grande escritório de advogados, que trabalha actualmente para o Catar preparando a condenação do presidente Bashar al-Assad que deveria seguir-se ao derrube da República Árabe Síria.

Os laços de Tony e Cherie Blair com a CIA foram objecto de um romance de ficção, Ghost, levado ao cinema por Roman Polanski.

Voltaire.net | Tradução Alva

PORQUE TRUMP BOMBARDEOU SHAIRAT?


Thierry Meyssan*

Contrariamente às aparências, longe de se comportar de maneira errática, a Administração norte-americana tenta fixar o quadro da sua política externa. O Presidente Donald Trump trava negociações com um porta-voz do Estado Profundo que governa o país desde o 11 de Setembro de 2001. Parece que terão encontrado um esboço de acordo, cujos detalhes permanecem por revelar. Membros da Administração deverão clarificar a nova política externa da Casa Branca, no final de Maio, perante uma Comissão do Congresso.

quando do bombardeamento de Shairat, eu havia observado que se tratava apenas de um gesticular e que o Secretário de Estado tinha utilizado este ataque para fazer pressão sobre os seus Aliados europeus, e forçar o verdadeiro organizador desta guerra, o Reino Unido, a expor-se. Entretanto, hoje em dia, sabemos um pouco mais a respeito.

O Presidente Trump, que tem de fazer face, ao mesmo tempo, à oposição da classe dirigente e à do Estado Profundo dos EUA, utilizou este ataque para «restaurar a credibilidade» (sic) da Casa Branca.

O Presidente Obama, tinha acusado a Síria, no verão de 2013, de ter utilizado gaz de combate na Guta e de ter, assim, cruzado uma «linha vermelha». No entanto, não tirou daí nenhuma consequência e refugiou-se por trás do Congresso para não fazer nada. A sua impotência foi tanto mais saliente, quanto em virtude da declaração de guerra de 2003 (o «Syrian Accountability Act»- «Lei de Responsabilização da Síria»-ndT), ele tinha total poder para bombardear a Síria sem precisar de uma nova autorização do Parlamento.

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