Para
tentar salvar um modelo falido, indústria automobilística sugere que
modelos elétricos pouparão o planeta. Por que a saída é ilusória. Quais as
opções efetivas
George
Monbiot | Outras Palavras | Tradução: Inês Castilho
Dizemos
a nós mesmos que apreciamos a eficiência. Mas criamos um sistema de transporte
cujo princípio é o desperdício. Carrocerias de metal (que aumentam a cada ano),
cada uma carregando uma ou duas pessoas, viajam em paralelo para os mesmos
lugares. Caminhões carregando mercadorias idênticas em direções opostas passam
uns pelos outros em viagens de mais de 3 mil quilômetros. Empresas concorrentes
cruzam as mesmas rotas de encomendas, em vans em grande parte vazias.
Poderíamos, talvez, reduzir nosso movimento de veículos em 90% sem prejuízo do
serviço, e com um grande ganho em nossa qualidade de vida.
Mas
contestar essa forma peculiar de insanidade é, como sinto na pele, ser
considerado insano. Veja como a publicidade está dominada pelas empresas que
fabricam carros, e você começa a entender o impulso para assegurar que esse
sistema ilógico persista. Olhe para o poder de lobby da indústria
automobilística e seu apoio na mídia, e você vê por que vários planos para
enfrentar a poluição parecem destinados a fracassar.
Sugira
um sistema mais simples, e você será calado por pessoas insistindo que não
querem viver numa economia planificada. Mas nesse aspecto (e outros) nós já
vivemos numa economia planificada. Hoje os planejadores fazem algumas pequenas
cocessões para ciclistas, pedestres e carros, mas seu objetivo primordial é
maximizar o fluxo de veículos privados. Ao invés de encorajar o uso mais
eficiente da infraestrutura existente, eles continuam aumentando o espaço de
que a ineficiência precisa para expandir-se.