Martinho Júnior | Luanda
A
ESPIRAL DE CAOS, TERRORISMO E DESAGREGAÇÃO VAI ALASTRAR PARA SUL DO SAHEL, EM
DIRECÇÃO À ÁFRICA AUSTRAL
1-
Quando em Berlim as potências coloniais elaboraram a obra de engenharia e
arquitectura das colónias com que iriam poder explorar até à medula e de “mãos
livres” (de mãos isentas de qualquer empecilho que tivesse a ver com
direitos humanos), o desenho prevalece até aos nossos dias, transportando do
passado autênticas armadilhas que foram semeadas em finais do século XIX.
São
os povos africanos, as jovens nações e os respectivos estados, que apesar da
sua vulnerabilidade, apesar de estarem na cauda dos Índices de Desenvolvimento
Humano, conforme ilustram os relatórios anuais da ONU, continuam a ter que
lidar com essas armadilhas que vêm de longe no prolongamento das trevas, o que
dificulta a libertação do continente-berço, nas suas legítimas aspirações de
luta contra o subdesenvolvimento e por um desenvolvimento sustentável nas
trilhas das gerações presentes e futuras.
As
potências coloniais de primeira grandeza de então, fizeram prevalecer na
partilha de África, os interesses anglo-saxónicos tendo o Império Britânico na
coluna-vertebral (do “Cabo ao Cairo”), envolvendo ainda as colaterais da
Alemanha (Sudoeste Africano e Tanzânia), que relegaram as potências menores da
Europa que tinham aspirações coloniais para um segundo plano que determinou a
sua vassalagem “no terreno”, conforme os casos da França (que ocupou a
região de água mais rarefeita), o caso da Itália (com as “batatas
quentes” da Líbia, da Abissínia e da Somália), de Portugal (que sofreu o
ultimato da “velha aliada” em relação à pretensão expressa no Mapa
Cor-de-Rosa) e do Rei Leopoldo II da Bélgica que, embora tenha ficado com o
pulmão tropical do continente, viu sua saída para o Atlântico estrangulada na
foz do Congo).
2-
O Congo, cujo território se situa no coração físico-geográfico-ambiental de
África (o centro geográfico do enorme triângulo que tem no Cabo o seu vértice a
sul), partindo da posição dum colonialismo vassalo, detinha (e detém)
fronteiras com 11 outros territórios que foram geridos pelas outras potências
e, à vassalagem artificiosa da potência colonial que o administrou, juntaram-se
todos os candentes problemas dum gigante com pés de barro.