António Abreu | AbrilAbril
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Hoje
(21/8) é o último dia da campanha eleitoral em Angola. De acordo com as últimas
sondagens conhecidas, João Lourenço será o próximo Presidente de Angola e na
Assembleia Nacional o MPLA manterá a maioria dos deputados, como em 2012.
Poderão
ter mais de 60% dos votos (em 2012, 71,84%). Em 2012 o MPLA atingiu uma maioria
absoluta de 175 deputados, enquanto a oposição ficou pelos 45.
Ao
contrário de França, por exemplo, que tem um outro tipo de presidencialismo,
que garante automaticamente ao presidente eleito uma maioria confortável de
deputados, em Angola isso não acontece.
A
CASA-CE (Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral), de
Abel Chivukuvuku, poderia ser a segunda força mais votada, com cerca de 19% das
intenções de voto (em 2012, 6%), embora a diferença em relação à UNITA, que
ficaria com 15% (em 2012, 18,66%) se situar na margem de erro da sondagem.
«Mas, ainda assim, existe a possibilidade de a CASA-CE se tornar na segunda
força com mais assentos no Parlamento», estima Carlos Pacatolo.
A
União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) criticou a
sondagem. O candidato, Isaías Samakuva, considera que a amostra «não
permite um apuramento sério da intenção de voto dos angolanos».
Nestas
eleições concorre mais um partido, o APN. Mas estas três candidaturas
continuariam a ter reduzida expressão eleitoral, a saber Quintino Moreira e o
APN, Lucas Benghi Ngonda e a FNLA, e Benedito Daniel e o PRS. Mas elegerão
deputados, como em 2012.
Para
as eleições da próxima quarta-feira, a CNE constituiu 12.512 assembleias de
voto, que incluem 25.873 mesas de voto, algumas a serem instaladas em escolas e
em tendas por todo o país, com o escrutínio centralizado nas capitais de
província e em Luanda. Estão inscritos 9.317.294 eleitores em todo o país. A
província de Luanda, a maior eleitoralmente, apresenta 2.882.632 eleitores.
Os
delegados às mesas de voto terão um subsídio do Estado para o efeito.
Segundo
a CNE, estavam credenciados no passado dia 17, 1200 observadores nacionais e
200 observadores internacionais. Estando assim coberto um número
significativo de mesas de voto para esse efeito.
A
UE, ao contrário do que nestas situações acontece noutros países, queria ter
observadores seus em Angola mesmo antes do início da campanha eleitoral, o que
violaria a lei eleitoral. Os eurodeputados não poderão estar presentes e a UE
terá apenas quatro «peritos» eleitorais. Andou aqui a mãozinha de Ana
Gomes?
Os
peritos reuniram com a FNLA, «A FNLA esclareceu as inquietações que os peritos
apresentaram em relação ao andamento do processo eleitoral que decorre no
país», disse à imprensa o secretário-geral do partido, Pedro Dala. Para a
CASA-CE, o seu presidente Abel Chivukuvuku tinha declarado há dias aceitar
o resultado das eleições e, depois da reunião com os peritos da UE, Dala
referiu que o processo eleitoral caminha dentro da normalidade, apesar de um ou
outro constrangimento.
As
sondagens
Na
sondagem acima referida, João Lourenço poderia tornar-se no próximo Presidente
de Angola se se confirmar a maioria absoluta, que deverá superar os 60%,
segundo o inquérito político-social do Instituto Superior Politécnico Jean
Piaget de Benguela, em parceria com o Instituto Superior Politécnico Sol
Nascente do Huambo e o apoio da Universidade Católica Portuguesa.
Apesar
de prever mais uma vitória do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA),
Carlos Pacatolo, coordenador da sondagem, aponta para uma possível mudança no
cenário político no país, devida à passagem da CASE-CE a segundo partido mais
votado com 19%, enquanto a UNITA poderia ficar nos 15%.
Nesta
sondagem, 30% dos eleitores desconfia da credibilidade da eleição (em número
que porém se situa abaixo da soma das expectativas eleitorais dos vários
partidos de oposição).
Uma
outra pesquisa, realizada entre os dias 8 e 12 deste mês, em todo o país, pelo
Consórcio angolano Marketpoll Consulting e pela brasileira Sensus Pesquisa e
Consultoria, dá a vitória ao MPLA e ao seu candidato, João Lourenço, com 68%
dos votos.
E
há mais de uma semana, o esquerda.net divulgou em Portugal
outra «sondagem» em que MPLA ficava atrás da Oposição, com apenas 38% dos
votos, baseado num artigo de 10 de Agosto, no Maka Angola, de Rafael
Marques de Morais. Este personagem, também grato ao lobbyanti-angolano em
Portugal, apresenta-se como investigador no National Endowment for Democracy
(NED), um dos dois organismos da administração norte-americana que canaliza
financiamentos para ONGs que procuram desestabilizar regimes da sua lista
negra. E Angola é um deles.
E
atribuía a «sondagem» ao consórcio Marketpoll Consulting e a Sensus
Pesquisa e Consultoria, já atrás referido. Só que estas empresas desmentiram
essa suposta sondagem eleitoral, que, de acordo com as consultoras, nunca foi
realizada, sendo todos os dados contidos na matéria «falsos e
irresponsavelmente difundidos».
Num
comunicado, as duas empresas afirmaram que «a matéria veiculada
pelo "Maka Angola” socorre-se de uma fonte não credível, sendo
completamente falsa e passível de responsabilização judicial, nos termos da lei
angolana e no quadro internacional dos crimes cibernéticos.»
Nem esquerda.net nem
Rafael Marques de Morais sentiram necessidade de corrigir a mentira.
Tempos
de antena e campanha eleitoral
Cada
concorrente às eleições gerais teve cinco minutos de antena na televisão e dez
minutos na rádio, a partir das 20 horas do primeiro dia da campanha eleitoral.
As
formações políticas concorrentes às eleições gerais deste ano utilizaram de
forma diferente os tempos de antena na Rádio Nacional de Angola (RNA) e na
Televisão Pública de Angola (TPA), com promessas e aspectos programáticos,
sendo os dos partidos da oposição frequentemente irrealizáveis e muito críticos
em relação ao governo nos atrasos de políticas sociais. Em dois casos avançam
com propostas que não podem ser contempladas no quadro constitucional como o
federalismo ou a separação das eleições presidenciais das legislativas.
Os
incidentes foram muito poucos.
Quanto
às declarações das candidaturas, João Lourenço afirmou que o MPLA vai «promover
e estimular a competência, a honestidade e entrega ao trabalho e desencorajar o
'amiguismo' e compadrio no trabalho». «O MPLA reafirma neste programa
de governação o seu compromisso na luta contra a corrupção, contra a má gestão
do erário público e o tráfico de influências», referiu o dirigente,
acrescentando que o partido conta com «os angolanos empenhados na concretização
do sonho da construção de um futuro melhor para todos».
«Vamos
contar com aqueles que estão verdadeiramente dispostos a 'Melhorar o que está
bem e a corrigir o que está mal'», numa referência ao lema da campanha do
partido às eleições gerais de 23 de Agosto deste ano. Estas declarações são
promissoras para que possa cessar a corrupção e amiguismo em altos cargos do
país. Como positivo foi o seu apelo para que o dinheiro em contas de cidadãos
angolanos noutros países regresse ao país e possa ser aplicado em investimentos
de que ele carece.
Mas
as intenções confrontam-se com as realidades. Como combater a corrupção num
país que importa muito (hoje menos devido à falta de divisas), em que essa
actividade, que pode gerar luvas muito altas, se junta a que o estado e
particulares entram em regimes de contratação de obras públicas e prestação de
serviços que facilitam a corrupção? E os ricos, que depositaram noutros países
o dinheiro que obtiveram, muitas vezes em esquemas fraudulentos, e que se
traduziram também na fuga ao fisco, em que condições aceitariam o regresso a
casa dessas fortunas elevadíssimas?
Mas
quem são os que em Portugal ou nos EUA atiram a primeira pedra? Os que aqui e
lá estão mergulhados até ao pescoço em processos semelhantes? E que autoridades
têm estes para intervir em assuntos internos de Angola e condicionarem a
soberania do país que cabe apenas aos angolanos? Ou é ainda a mentalidade
colonial a pairar nessas cabeças.
As
outras cinco candidaturas apresentaram algumas propostas interessantes, mas
mais frequentemente avançaram com objectivos irrealistas e demagógicos,
atendendo à conjuntura angolana. Noutros casos avançaram com objectivos que violam
a constituição, como o federalismo e a realização das eleições presidenciais e
legislativas em momentos distintos. Mas tudo isso avançado, naturalmente, no
quadro destas eleições realizadas em democracia.
Em
tudo o que lemos, ouvimos e vimos nos meios de comunicação social mais afectos
ao governo ou à oposição, não se podem extrair conclusões que afectem a
democraticidade da campanha.
Contrastando
com o ambiente relativamente calmo da campanha eleitoral, a três dias das
eleições, as formações políticas da oposição, com excepção da APN, ameaçaram
desencadear uma série de medidas, entre elas a realização de manifestações,
caso não sejam resolvidas algumas questões que consideram essenciais para a
lisura e transparência do processo eleitoral. Fizeram-no em conferência de
imprensa, dirigida por Adalberto Costa Júnior, em representação do presidente
da UNITA, e em que não estiveram representantes destacados dos partidos que a
convocaram.
O
que entra em contradição com as declarações do presidente da CASA-CE e do
secretário-geral da FNLA, atrás referidas.
Os
partidos acordaram antes com a CNE que cada formação política credenciasse 200
mil delegados, mas, a três dias da data das eleições, ainda se estará muito
aquém de se atingir esta meta. Para estes partidos, devem ser eles próprios a
completar a credenciação. Face a deslocações de tropas de uns para outros
pontos do país, interpretam isso como o MPLA estar a querer prevenir resultados
eleitorais menos favoráveis nesses locais.
Também
a transferência de eleitores de assembleias de voto próximas das suas áreas de
residência para outras zonas. A CNE angolana nega intenção de prejudicar os eleitores.
Já
em Junho passado, a UNITA tinha convocado manifestações contra a escolha, por
concurso, das empresas Sinfic e Indra, para a elaboração dos cadernos
eleitorais, a credenciação os agentes eleitorais bem como garantir os materiais
de votação e as soluções tecnológicas.
A
última legislatura
Durante
a legislatura que terminou na passada terça-feira, consolidou-se o papel
da Assembleia Nacional na produção legislativa relevante e no sistema de
poderes definido constitucionalmente. Foram aprovados 21 diplomas, nomeadamente
a Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino, a Lei da Divisão
Político-Administrativa e a aprovação da Lei das Autarquias, suporte da
actividade a ser desenvolvida no país até à instauração das autarquias locais
importante primeiro passo para a sua criação.
Foram
ainda aprovadas a Lei que aprova o Orçamento Geral do Estado, a Lei que aprova
o Regime Jurídico das Contrapartidas, a Lei de Imprensa, a Lei da Entidade
Reguladora da Comunicação Social e outra sobre o Exercício da Actividade da
Radiodifusão, assim como a Lei do Estatuto do Jornalista, a Lei de Protecção
das Redes e Sistemas Informáticos, a Lei Geral da Publicidade, a Lei das Micro,
Pequenas e Médias Empresas.
Por
iniciativa parlamentar, nomeadamente no âmbito de comissões, aprovou-se
legislação relativa ao controlo e fiscalização das acções do Executivo, ao
nível de relações internacionais e a questões de organização das próprias
comissões.
Os
debates parlamentares foram vivos.
Os
marginais
Depois
da morte de Jonas Savimbi, em 2012, a aposta de quem queria reverter a situação
de Angola, no desrespeito pela Constituição, viria a recair no grupo de
Luaty Beirão, que acabou em liberdade, depois das acusações que lhe foram
imputadas em 2015, tornando-se no must que beneficia mais dos apoios
do lobbie anti-angolano em Portugal, que funciona desde a declaração da
independência em 1975. Projecção mediática, viagens e outros apoios não lhes
faltam.
O Expresso do
passado dia 12 não se limitou a tentar fazer passar a ideia do sociólogo Álvaro
Pereira que antevê a vitória do MPLA, mas que admite que uma nova forma de
governo pode surgir em Angola com um Presidente minoritário?
Fez
uma longa entrevista a Luaty na Revista da mesma edição, com a capa
integralmente coberta com a figura de Luaty Beirão, e mais 9 páginas, sendo
quatro delas para outros tantos "bonecos" dele também em página
inteira.
Luaty não
vota «porque não vale a pena, porque João Lourenço e o MPLA já
ganharam»... Da entrevista ressaltam outras considerações repetitivas sobre a
situação em Angola. Mas o jornalista da Impresa que o entrevista centra o
interesse editorial sobre uma nova coligação de partidos que poderia ser
dirigida por ele próprio ou em parceria com Rafael Marques. A Impresa
– refira-se a propósito –, tem pendente a autorização do governo angolano
sobre a pretensão da SIC em instalar vários canais de TV em Angola.
E
o esquerda.net não dá apenas o espaço que referimos em baixo a
Sedrick de Carvalho. Vai trazê-lo cá no dia 26 para uma conferência. Está-se
mesmo a ver para quê…Nem outros apoios se ficam pelos da «Tinta-da-China».
Alguns
dos elementos deste grupo manifestam algumas simpatias pela CASE-CE, de Abel
Chivukuvuku, segundo sucedâneo de Savimbi, que poderia vir a sofrer alterações
internas. Mas, para já, agora afastam-se do acto eleitoral para «não pactuarem» com
o regime que vem aperfeiçoando o seu carácter democrático.
O
tom das suas declarações é típico de outsiders que esperam uma oportunidade que
os tire do isolamento em que ficaram depois da sua libertação. E querem
aproveitar a crise social que possa resultar da deterioração da economia
angolana. Lá voltará, então, o estudo dos ensinamentos do livrinho de Gene
Sharp, adaptado à realidade por Domingos da Cruz, outro dos 15 detidos em
Angola em 2015, e que, entretanto Bárbara Bulhosa, da Tinta-da-China, editou em
português.
São
de registar algumas afirmações de Sedrick e Luaty:
«O
presidente da República, enquanto instituição, é o principal promotor da
violência no país, e recompensa quem assim procede. Da morte de Jonas Savimbi
às actuais mortes e detenções, a mão institucional está presente.» (…)
«Não
há guerra em Angola, mas também não há paz!»
(Sedrick
de Carvalho, esquerda.net 15/08/17)
«[João
Lourenço] já ganhou. Já cozinhou isso. (…) com tudo o que se passou já não é
uma vitória justa, já se condicionou o voto das pessoas.» (…)
«[Sobre
as eleições a 23]: Não vou meter-me no mesmo carro, com os mesmos assaltantes,
com o mesmo valor no bolso, para ser roubado de novo» (…)
«Não
vou diminuir-me à condição de pateta alegre que se entrega às mãos dos bandidos
a cada cinco anos. Alguns de nós tentámos aproximar-nos dos partidos da
oposição para criar esse novo elemento e dar um sinal forte à sociedade.» (…).
(Luaty
Beirão na entrevista ao Expresso já referida)
E,
já agora, de Rafael Marques de Morais:
«Angola
é dotada de imensuráveis riquezas naturais e tem registado na última década um
impressionante crescimento económico, sem impacto positivo no quotidiano da
maioria dos angolanos, que continuam a viver na miséria.»
Os
operacionais do lobby que já tanto mal fez às relações
luso-angolanas, continuarão a levá-los ao colo. Provocam mossa às relações do
nosso país com Angola mas, para já, estão limitados pela continuidade das
relações económicas, culturais e políticas entre os dois países.
Evolução
da economia
O
Produto Interno Bruto (PIB) per capita em Angola assumiu em 2016 o valor de
3.654,73 dólares de acordo com dados oficiais (inferior seis vezes em relação
ao português). Está em curso, entretanto, a instalação de novas estruturas que potenciarão
o crescimento.
O
país combateu os resultados da crise financeira internacional de 2012, com
efeitos a partir de 2014, e mais recentemente os riscos da quebra dos preços de
venda do petróleo nos mercados internacionais, que reduziram o peso das suas
receitas no PIB. Considerando os dados do produto em sectores agregados,
conclui-se que o maior peso no PIB corresponde ao sector não petrolífero, com
80,4%, representando o sector petrolífero, apenas 19,6% do PIB.
Face
à queda o preço do petróleo, o programa de governo teve que ser alterado para
redefinir as despesas públicas para que fosse possível assegurar a
sustentabilidade da agenda de desenvolvimento.
O
aumento do peso no PIB do petróleo aumentou até 2008, chegando então aos 57,9%,
de acordo com dados do Ministério do Planeamento. As autoridades angolanas têm
realizado políticas que têm atribuído cada vez maior peso ao sector não
petrolífero da economia mas não compensando o crescimento perdido da economia.
Hoje
é o sector dos serviços que aparece em primeiro lugar, com cerca de um terço do
PIB. Temos depois o sector dos petróleos, a agricultura, a construção e a
indústria transformadora.
Mas,
em resultado da crise, a construção está em queda desde 2014 com muitos
despedimentos e a indústria transformadora só em pequena parte resolve o
abastecimento dos consumíveis à actividade industrial. Com peso menor estão os
sectores dos diamantes, das pescas e da energia.
No
período 2008-2016, o PIB não petrolífero cresceu a um ritmo médio de 8,4% ao
ano. Já desde três anos antes da legislatura que agora chegou ao fim, o produto
interno bruto estava a subir até ao ano de 2013. Mas a partir de 2014, devido à
crise, esse crescimento abrandou, situando-se em valores cada vez mais baixos e
atingindo 0,1% em 2016.
O
crescimento em relação à indústria transformadora é ainda tímido, enquanto se
regista uma relativa manutenção da importância do sector agrícola no cômputo
geral do PIB, com altos e baixos nos últimos dez anos.
Apesar
de Angola não ter tido em 2016 crescimento negativo em dois trimestres
consecutivos, para se poder falar em recessão, com crescimentos tão baixos o
seu risco é real e vão ser necessários grandes esforços para a evitar.
A
recessão tem normalmente um efeito dominó, que resulta da falta de confiança
dos agentes económicos na economia, bem como da diminuição da disponibilidade
de crédito e da consequente diminuição do consumo a que se seguem a diminuição
da produção, o desemprego e a consequente diminuição do consumo.
José
Eduardo dos Santos no seu último discurso como Chefe do Governo salientou que
«Foi importante termos encarado a crise económica e financeira como uma
oportunidade para nos libertarmos da dependência excessiva desse produto [o
petróleo] e para acelerarmos o processo de diversificação da economia, através
do aumento da produção interna, da redução das importações, do fortalecimento
do tecido empresarial nacional, da promoção e criação de emprego e da
diversificação das fontes de receitas fiscais e de divisas».
Mas,
para sermos objectivos, digo eu, a diversificação da actividade económica não
se resolveu. A queda do preço do petróleo continua e, a não ser contida,
agravará a situação da economia.
Para
o futuro, será, certamente, necessário apostar de forma mais incisiva na
agricultura e na indústria, baixando a importância relativa dos serviços e do
sector petrolífero e na criação de emprego, procurando particularmente ir ao
encontro dos jovens, nas suas necessidade objectivas para singrarem na vida,
tornando-os também menos permeáveis a manobras desestabilizadoras que visam, em
última análise, criar condições de entrega da exploração das riquezas e do
trabalho angolanos em condições que afectem mais a soberania e os direitos os
trabalhadores.
José
Eduardo dos Santos
Para
compreender o drama de Angola, importa ter em conta que, para além dos onze
anos de luta pela libertação do domínio colonial português e de num ano e meio,
depois do 25 de Abril em Portugal, ter acedido à independência, em 11 de
Novembro de 1975, Angola foi vítima de uma guerra civil desde esse dia até ao
ano de 2002, depois da morte de Savimbi. Foram anos e anos a construir para
depois reconstruir o que tinha sido destruído, e a viver com a morte sempre à
porta. Foram 27 os anos da guerra e 15 os de paz.
Depois
da morte de Agostinho Neto, em 1979, José Eduardo dos Santos assumiu a
presidência até 2012, com a guerra civil imposta particularmente pela UNITA, os
EUA e um lobby anti-angolano em Lisboa. Só a partir de 2002, um país
com imensas perdas de vidas humanas e destruição de famílias (500 mil mortos e
4,3 milhões de deslocados) e destruição das suas infra-estruturas pôde começar,
em paz, a sua reconstrução. E, ainda assim, com os efeitos da crise financeira
internacional e a queda drástica dos preços do petróleo.
José
Eduardo dos Santos foi eleito Presidente da República nesse ano, como cabeça de
lista do MPLA nas eleições gerais, as primeiras num novo quadro constitucional
inaugurado em Fevereiro de 2010.
Durante
este período, José Eduardo dos Santos afirmou-se como um grande dirigente
nacional de projecção universal.
Deixou
a todos os angolanos a paz, a reconciliação nacional, a estabilidade política e
social, o normal funcionamento das instituições do Estado, a unidade e
integridade do território nacional, a recuperação da economia e o desenvolvimento
do país.
Apesar
das enormes desigualdades que continuam a existir no rendimento e condições de
vida dos cidadãos e do alastramento da corrupção às camadas dirigentes, estamos
certos que o MPLA ganhará as eleições de quarta-feira e conseguirá vencer os
problemas de que padece. Estamos com ele e com João Lourenço.
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