segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Paradoxo na economia: "a gente sabe o que funciona e estamos fazendo exatamente o contrário"



Confira entrevista do professor titular de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Ladislau Dowbor, ao Sul21

Marco Weissheimer - Sul21

"Estamos destruindo o planeta em proveito de uma minoria, enquanto os recursos necessários ao desenvolvimento sustentável e equilibrado são esterilizados pelo sistema financeiro mundial. (...) Quando oito indivíduos são donos de mais riqueza do que a metade da população mundial, enquanto 800 milhões de pessoas passam fome, achar que o sistema está dando certo é prova de cegueira mental avançada". Essa é uma das teses centrais do novo livro do economista Ladislau Dowbor, "A era do capital improdutivo. A nova arquitetura do poder: dominação financeira, seqüestro da democracia e destruição do planeta" (Outras Palavras/Autonomia Literária), que analisa a captura dos processos produtivos e políticos da sociedade mundial pelo capital financeiro.

Na avaliação do professor titular de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o neoliberalismo repousa sobre "balelas" e a concentração de renda e de riqueza no planeta atingiu níveis obscenos. Em entrevista ao Sul21, Dowbor fala sobre o seu novo livro e sobre os desdobramentos dessa hegemonia do capital especulativo no Brasil. O déficit no Brasil, defende o economista, não foi criado por gastos públicos, mas sim pelo desvio dos gastos públicos para os bancos no serviço da dívida pública:

"Muito curiosamente, o teto de gastos paralisa as atividades próprias do Estado em educação, saúde, segurança, etc., mas libera a continuidade da transferência de recursos públicos para os bancos. O Brasil tem, hoje, cerca de 60 milhões de adultos que estão negativados. Essas pessoas não conseguem pagar suas contas relativas a comprar anteriores e, muito menos, efetuar novas compras. E as empresas também estão endividadas. Esse sistema é absolutamente inviável".

SÉRIAS COWBOIADAS | Ameaças militares dos EUA são provocações para a guerra nuclear



A situação na Coreia do Norte é terrífica 

– A carta urgente da RDPC ao secretário-geral da ONU

 Carla Stea [*]

A situação em relação à Coreia do Norte é terrífica. Assisto à acumulação furtiva de pressão sobre o Conselho de Segurança, semelhante àquela que antecedeu as invasões do Iraque e da Líbia. O veto russo-chinês impediu um ataque à Síria com aval da ONU, mas a Rússia e a China não estão a vetar estas sanções odiosas sobre a Coreia do Norte e estão a permitir este cerco militar incrivelmente provocatório à RDPC. Que negociações estão a ser feitas?

No dia 13 de Outubro a RDPC enviou uma carta urgente ao secretário-geral das Nações Unidas, Guterres. Esta foi a terceira carta enviada à ONU desde 20 de Novembro, três cartas em 23 dias tentando alerta as Nações Unidas para a situação de crise no Nordeste da Ásia que põe em risco a paz e a segurança internacional, uma crise que poderia precipitar uma guerra nuclear a qualquer momento. Todas as três cartas foram ignoradas, levantando questões alarmantes acerca do compromisso da ONU de "salvar a humanidade do flagelo da guerra".

Qualquer tentativa de acusar a RDPC de "provocação" é um embuste flagrante, pois as provocações e ameaças à sobrevivência da Coreia do Norte descritas neste apelo ao secretário-geral revelam a preparação estado-unidense-sul-coreana para um ataque iminente e extermínio da Coreia do Norte.

ESCRAVOS É NEGÓCIO NA LÍBIA | África reage ao comércio ilegal de migrantes na Líbia


Há Guineenses a serem vendidos como escravos

O Ruanda anunciou que vai acolher 30 mil migrantes. Há guineenses entre as vítimas. A Liga Guineense dos Direitos Humanos pediu às autoridades que "acionem mecanismos de repatriação".

As denúncias sobre a existência de leilões de escravos na Líbia gerou reações no continente africano contra as práticas desumanas que estão a vitimar jovens subsaarianos que tentam chegar à Europa pelo Mar Mediterrâneo.

O Ruanda vai acolher 30 mil migrantes retidos na Líbia. As negociações sobre o acolhimento estão a ser discutidas com a União Africana (UA).

A porta-voz do Governo do Ruanda, Louise Mushikiwabo, afirmou que o país não pode ficar em silêncio "quando seres humanos estão a ser maltratados e vendidos como gado", e pediu que os ruandeses acolham os migrantes.

A decisão do Ruanda, anunciada esta quinta-feira (23.11), é uma resposta ao pedido do presidente em exercício da União Africana, Alpha Condé, para que os estados-membros ofereçam apoio e ajudem as vítimas a regressar aos países de origem.

ZIMBÁBUE | Emmerson Mnangagwa não é diferente de Mugabe



Milhares saúdam na capital Harare o novo presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa. Mas "o Crocodilo" não é melhor do que seu antecessor, e está longe de significar mudança, opina o jornalista Ludger Schadomsky.

No Zimbábue, os coloridos kitenges – vestimenta semelhante ao sarong, típica do Centro e Oeste da África – sempre refletem um pouco a paisagem política do país. Assim, nos últimos 37 anos, seus estampados geralmente traziam o retrato do presidente Robert Mugabe.

Depois de o idoso autocrata ter sido definitivamente varrido do cargo, porém, últimas semanas de novembro já se vê, aqui e ali, o rosto do novo homem forte em Harare: o ex-vice-presidente Emmerson Mnangagwa, de 75 anos. No entanto, por mais sedutor que seja o simbolismo, o novo rosto do Zimbábue está longe de ser um emblema de liberação, e muito menos de reconciliação nacional.

Não é acaso o apelido de Mnangagwa ser "o Crocodilo". Fiel a Mugabe, ele sempre se encarregou do trabalho sujo para seu mestre; primeiro como seu guarda-costas, nos anos 70, depois como chefe do serviço secreto, e por último como brutal vice. O assassinato de milhares de oposicionistas e ativistas pesa nas costas da suposta nova esperança zimbabuense – da mesma forma que o massacre de fazendeiros brancos.

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