Datafolha revela que
ex-presidente mantém larga vantagem em relação a rivais, com até 37% das
intenções de voto. Sem o petista, Bolsonaro lidera em todos os cenários, e
disputa por vaga no segundo turno se acirra.
A primeira pesquisa de intenções
de voto feita pelo Instituto Datafolha após a condenação em segunda
instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, divulgada nesta
terça-feira (30/01), aponta que o petista mantém uma ampla vantagem em relação
aos demais candidatos.
Em cinco cenários diferentes que
incluem o nome do ex-presidente, as intenções de voto favoráveis a Lula
variam entre 34% e 37%, mantendo uma distância confortável em relação ao
segundo colocado, o deputado Jair Bolsonaro, cujo percentual variou entre 15% e
18%.
A simulação em que a vantagem do
petista é maior (37%) inclui os nomes de Bolsonaro (16%), do
PSC; Geraldo Alckmin (7%), do PSDB; Ciro Gomes (7%), do PDT; Joaquim
Barbosa (5%), sem partido; Alvaro Dias (4%), do Podemos; Fernando Collor de
Mello (2%); do PTC; e Manuela D'Ávila (1%), do PCdoB.
O levantamento realizado com a
ausência de Lula entre os presidenciáveis, que simulou quatro cenários
diferentes, revela uma tendência de pulverização de seu eleitorado, inclusive
com um reforço à candidatura de Bolsonaro.
Sem Lula no páreo, caso o
ex-presidente seja barrado sob a Lei da Ficha Limpa, Bolsonaro lidera com entre
18% e 20% das intenções de voto. Nessas circunstâncias, os demais candidatos
também ganham mais apoio.
No
principal cenário sem Lula, Marina Silva, da Rede, aparece em segundo
lugar, com entre 13% das intenções de voto, seguida de perto por Ciro Gomes
(10%), Alckmin (8%) e Luciano Huck (8%), sem partido. Com Marina
fora da corrida, Ciro aparece na segunda colocação em ambos os cenários
possíveis, logo à frente do governador de São Paulo.
No segundo turno, Lula venceria
em possíveis disputas com Alckmin, Marina ou Bolsonaro. Sem o petista, Alckmin
aparece tecnicamente empatado tanto em uma disputa com Ciro Gomes quanto em uma
disputa com Bolsonaro. Num segundo turno entre Marina e Bolsonaro, a candidata
da Rede sairia vencedora.
A pesquisa Datafolha, publicada
pela Folha de S. Paulo, foi realizada entre os dias 29 e 30 de janeiro.
Foram entrevistadas 2.826 pessoas em 174 municípios. A margem de erro é de dois
pontos percentuais para mais ou para menos. Lula foi condenado em segunda
instância no último dia 24 de janeiro.
Lula na disputa?
A elegibilidade do petista ainda
é incerta. Na semana passada, os três juízes do Tribunal Regional Federal da 4ª
Região (TRF-4) confirmaram a condenação de Lula por corrupção passiva e lavagem
de dinheiro, imposta pelo juiz Sérgio Moro, no processo que envolve a
propriedade de um tríplex no Guarujá (SP). Ele ainda teve a pena aumentada de
nove anos e seis meses para 12 anos e um mês de prisão.
A Lei da Ficha Limpa, sancionada
pelo próprio Lula durante sua presidência, prevê que candidatos condenados por
órgãos colegiados (formados por mais de um juiz) não podem se candidatar.
Lula, porém, ainda possui alguns recursos para tentar contornar a categorização
como "ficha suja" e tentar concorrer às eleições.
Uma brecha na lei permite que um
candidato condenado possa entrar com um pedido de liminar em uma instância
superior para tentar concorrer. No caso de Lula, isso deverá ocorrer junto ao
Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Mas é totalmente imprevisível se
Lula vai conseguir essa liminar. No caso de obtê-la, sua defesa vai se
defrontar com um problema adicional: a concessão prevê que o próprio recurso
contra a condenação passe a tramitar de maneira acelerada. Dessa forma, se Lula
insistir em ser candidato, sua defesa pode atrair para o processo uma
velocidade indesejada, perdendo a oportunidade de protelar uma decisão final.
RC/ots |
Deutsche Welle
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