Jogo não acabou, caminhos
jurídicos se estreitaram mas luta política mudou de patamar
Tereza Cruvinel | Brasil 247 |
opinião
A condenação do ex-presidente
Lula por unanimidade, pela oitava turma do TRF-4, não significa o fim do jogo
para sua candidatura mas certamente os caminhos jurídicos da defesa se
estreitaram. Não poderão ser apresentados os embargos infringentes, apenas os
declaratórios. Por outro lado, a luta política mudou de patamar com a grande
mobilização despertada pelo julgamento, devendo intensificar-se a resistência à
exclusão de Lula do pleito eleitoral.
Os caminhos jurídicos se
estreitaram porque, além da unanimidade na condenação, os três togados também
coincidiram na elevação da pena de Lula para 12,1 anos, e com isso fortaleceram
a impressão de um jogo combinado não apenas para condenar mas, também, para
impedir que a defesa apresente os embargos infringentes, que caberiam também se
tivesse havido divergência quanto à pena. Ou seja, fizeram questão de tapar
todas as brechas de que a defesa poderia se valer. Os infringentes, de
tramitação mais complexa e demorada, favoreceriam eleitoralmente Lula, pois
poderiam não estar concluídos na época do registro da candidatura, em agosto.
Mesmo assim, há pela frente uma longa guerrilha jurídica e política em defesa
do direito de Lula de ser candidato.
É preciso ter claro que o jogo
não acaba hoje em dois sentidos. No jurídico, a defesa de Lula tem pela frente
a batalha dos recursos. Certamente serão apresentados embargos declaratórios
junto ao próprio TRF-4, e lá adiante haverá a batalha nos tribunais superiores
para tentar garantir a candidatura. Os declaratórios, entretanto, não mudam a
sentença, só aclaram pontos.
Mas é preciso olhar também para
os desdobramentos políticos. O julgamento produziu uma mudança substancial na
qualidade da mobilização das forças democráticas e progressistas: militantes e
movimentos sociais saíram da letargia, a esquerda conseguiu uma rara unidade, a
repercussão internacional é imensa (e negativa para o Brasil), a população
começa a achar que tem mesmo caroço neste angu para impedir a candidatura de
Lula. Até onde a vista alcança, temos pela frente um tempo de mais luta nas
ruas, de confronto mais direto com as forças que querem subjugar a democracia e
a vontade popular. O povo brasileiro começa a retornar do longo exílio em que
se abrigou desde a derrota com o golpe de 2016. O impedimento da candidatura de
Lula pode ensejar uma resistência que, por muitas razões, não se manifestou
contra o golpe do impeachment.
Condenado agora, e virtualmente
impedido de candidatar-se, Lula já se tornou de fato um ator determinante do
resultado eleitoral deste ano, com seu nome ou com o de outro, por ele apoiado,
na urna eleitoral.
*Colunista do 247, Tereza
Cruvinel é uma das mais respeitadas jornalistas políticas do País
1 comentário:
OLHA A CARA DO OTÁRIO! VAI CARA A CADEIA, SEU SAFADO!
Enviar um comentário