Autoridades da Guiné Equatorial
negam existência de presos políticos no país ou violações dos Direitos Humanos,
como decidiu voto aprovado pelo Parlamento português.
O Parlamento português aprovou
esta sexta-feira (26.01), com a abstenção do PCP, um voto de condenação
apresentado pelo Bloco de Esquerda pelas "limitações à liberdade política
e violações dos Direitos Humanos na Guiné Equatorial".
Numa nota enviada à agência Lusa,
a embaixada equato-guineense em Lisboa afirma-se surpreendida que "os
parlamentares portugueses, com algumas exceções, se deixem manipular pelas
aparências e vejam atropelos a Direitos Humanos onde há respostas criminais legítimas
a distúrbios da ordem e agressões a forças policiais", nomeadamente
durante as últimas eleições gerais, em novembro passado.
A condenação aprovada pela
Assembleia da República portuguesa é, para as autoridades de Malabo,
"infundada e parcial", uma vez que "pinta como presos políticos
comuns agressores".
"Não existem presos
políticos na Guiné Equatorial"
Segundo a nota emitida pela
embaixada, "vários grupos de militantes de um partido da oposição
provocaram e agrediram, em vários pontos do país, as forças da ordem, que, por
sua parte, tinham ordens superiores para não ripostarem, evitando situações de
conflito que poderiam ter sido delicadas".
"Não existem presos
políticos na Guiné Equatorial", garante a representação das autoridades da
Guiné Equatorial em Lisboa. A nota recorda ainda que as eleições tiveram uma
missão de observadores, que incluiu um deputado português, que descreveu o
processo "como transparente" e "mencionou a agressão às forças
da ordem, embora meramente de passagem".
O voto afirma que a Justiça
equato-guineense "formalizou as acusações contra 135 militantes da
oposição ao regime de Teodoro Obiang", todos "membros do partido
Cidadãos para a Inovação, presos sem motivo, após terem sido detidos em Malabo e
em Bata, durante os protestos que ocorreram depois das eleições gerais de 12 de
novembro".
Convite para visitar o país
A embaixada menciona ainda a
alegada tentativa de golpe de Estado contra o Presidente Obiang, que Malabo diz
ter frustrado no final de dezembro passado, afirmando-se surpreendida que
"o Parlamento português não se tenha pronunciado", quando
"várias organizações internacionais, entre elas a União Africana e a
Organização das Nações Unidas condenaram
e repudiaram essa tentativa de tomada de poder pela força, num país com um
Governo constitucional".
As autoridades de Malabo referem
ainda que já convidaram o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro
Rodrigues, a visitar a Guiné Equatorial "para testemunhar, no local, os
factos reais e contribuir para dissipar os estereótipos prevalecentes na classe
política portuguesa sobre aquele país".
"A Assembleia da República,
reunida em sessão plenária, condena a detenção de pessoas na Guiné-Equatorial
por razões de simples discordância política e a todas as limitações impostas à
liberdade política naquele Estado-membro da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP)", deliberou hoje a maioria dos deputados portugueses.
Os bloquistas apontavam ainda a
"longevidade" de Obiang no poder, desde 1979, lamentando a
"acumulação de riqueza" da sua família, em contraste com "a
miséria da generalidade da população, num país em que a esperança média de vida
à nascença não ultrapassa os 60 anos", apesar de ter "o 63.º PIB per
capita mais elevado do mundo".
Agência Lusa, mjp | Deutsche
Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário