segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

MACAU | Julgamento de deputado pró-democracia adiado para 16 de janeiro


Macau, China, 08 jan (Lusa) - O julgamento do deputado pró-democracia de Macau Sulu Sou foi adiado por uma semana, para dia 16 de janeiro, anunciou hoje o Tribunal Judicial de Base.

O início do julgamento estava agendado para esta terça-feira. De acordo com a imprensa em língua portuguesa do território, os arguidos, Sulu Sou e Scott Chiang, vão ser defendidos pelo advogado português Jorge Menezes, que avançou com o pedido de adiamento.

Sulu Sou, que viu o mandato suspenso a 04 de dezembro, vai ser julgado pelo crime de desobediência qualificada, na sequência de um protesto realizado em maio de 2016.

A primeira audiência de julgamento no Tribunal Judicial de base (TJB, primeira instância) esteve inicialmente agendada para 28 de novembro, mas foi cancelada a pedido da Assembleia Legislativa que pediu mais tempo para se pronunciar sobre a suspensão do mandato do deputado. Em 04 de dezembro decidiu a favor da suspensão, permitindo que avançasse o processo judicial.

Esta foi a primeira vez desde 1997 que o mandato de um deputado foi suspenso em Macau.

Sulu Sou, de 26 anos, o mais jovem deputado de Macau, conquistou um assento no hemiciclo nas eleições de setembro último por via de uma lista afiliada daquela que é a maior associação pró-democracia do território, a Novo Macau.

Em causa no processo judicial, em que também é arguido Scott Chiang, então presidente da Novo Macau, figura o protesto de 15 de maio de 2016, convocado pela associação contra a controversa atribuição, por parte da Fundação Macau, de um subsídio de 100 milhões de reminbis (13,7 milhões de euros ao câmbio da altura) à Universidade de Jinan, na China.

A Novo Macau entendia haver conflito de interesses por o chefe do executivo, Fernando Chui Sai On, presidir ao Conselho de Curadores da Fundação Macau e ser, em simultâneo, vice-presidente do Conselho Geral da Universidade de Jinan.

Mais de 3.000 pessoas, segundo os organizadores, e 1.100, de acordo com a polícia, saíram então à rua para pedir a demissão do líder do Governo.

Durante a manifestação, os participantes estiveram parados durante uns minutos na avenida onde se localiza a sede do Governo, uma vez que a rua foi bloqueada pela polícia, em cumprimento de uma decisão do Tribunal de Última Instância, que não permitiu que os manifestantes seguissem pela estrada.

A polícia afirmou então que os manifestantes se desviaram "sem dar nenhum aviso legal", "ocuparam ilegalmente as vias públicas" e recusaram responder à ordem de dispersão, levando à "confusão do trânsito naquela zona".

EJ (DM/ISG/FV/MP) // PJA

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