sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Mr. Trump goes to Davos!

Bernardo Ferrão | Expresso

Bom dia

Para um homem como Donald Trump que se afirmou pelo isolacionismo e como o defensor do povo contra as elites, é estranho vê-lo em Davos onde se reúne a alta finança liberal e pró-globalização. O autocentrado Presidente chegou à Suiça depois de uma semana de alertas dos líderes europeus para os perigos dos nacionalismos e protecionismos. Ironia das ironias, este ano a estrela do Fórum era Emmanuel Macron, o Presidente francês, que enfrentou a perigosa vaga populista que se inspirou em Trump e que assustou a França e a Europa.

Há 20 anos, desde Bill Clinton, que um Presidente dos EUA não marcava presença no encontro. Enquanto empresário, Trump nunca tinha sido convidado. Mas a vingança serve-se fria - à temperatura gelada das montanhas suíças -, e com muito show à mistura. “Ele está deliciado” conta este artigo da Quartz. Há notícias de quem já esteja a rever as agendas e a remarcar as idas às pistas de ski para não perder o discurso de Trump: o “America em primeiro” da campanha eleitoral (já?) não quer dizer “América sozinha”.

Entretanto, fez questão que o seu primeiro encontro fosse com Theresa May. Ficou dito que não há tensão entre Washington e Londres. Mesmo faltando o chá, houve diplomacia suficiente para fechar os “detalhes” da visita de Trump a Londres ainda este ano.

Quem também não quis perder o momentum de Davos foi António Costa e Mário Centeno. Quem os viu e quem os vê! Nesta fotografia é só sorrisos ao lado da sra. FMI, Christine Lagarde, que falou de Portugal como um “excelente exemplo”. Nem de propósito, foi lá que Costa considerou que o défice verificado em 2017 mostra que a economia cresceu mais do que a previsão “otimista” do Governo e que essa redução não resultou de cortes ou cativações. Na frente mais política, e numa entrevista ao italiano La Repubblica, o PM garantiu que o seu governo não tem problemas de instabilidade.

Com Rui Rio no PSD, o que fará Passos Coelho? O Jornal Económico foi à procura da resposta e publica um trabalho sobre a nova vida do ex-primeiro-ministro. Passos está a escrever um livro sobre a governação nos tempos do resgate e pós-troika. Planeia ainda dar aulas e pode vir a trabalhar em consultoria.

Afinal a transparência não é para já. O PSD pediu e o PS e os outros partidos concordaram em suspender os trabalhos da comissão. E tudo isto em 15 minutos. Quem disse que os deputados não são produtivos?

A PGR confirmou ao Expresso que os negócios de Salvador Malheiro, diretor de campanha de Rui Rio nas diretas do PSD e presidente da Câmara de Ovar, estão a ser investigados. O "Observador" revelou que o autarca entregou 2,2 milhões de euros a clubes e associações desportivas do concelho para a instalação de relvados sintéticos nos respetivos campos de futebol.

A Google vai ter um hub tecnológico ou um call centerem Oeiras? A pergunta é feita no ECO com base num tweet do jornalista Mike Butcher, editor sénior do Tech Crunch. E o que escreveu Butcher? “Acalmem-se todos. É apenas um call center”. O Governo negou de imediato e garantiu tratar-se de um “centro de investigação e desenvolvimento de software de novas tecnologias”. O Negócios avança que também a Amazon, o gigante do comércio eletrónico, está a negociar a entrada em Portugal. Agora para se instalar no Porto.

Se vive em Lisboa não se admire se hoje ficar parado com o semáforo verde. O trânsito pode estar momentaneamente mais condicionado para a passagem da comitiva do secretário-geral da NATO. Jens Stoltenberg está a visitar os vários Estados aliados. Estão marcadas reuniões com Marcelo Rebelo de Sousa e os ministros da Defesa e Negócios Estrangeiros.

O Museu de Serralves tem novo diretor. Trata-se de João Ribas, escolhido através de concurso internacional,

Da RTP chegou a confirmação de que Nuno Artur Silva vai mesmo deixar a administração. A notícia foi avançada pelo Expresso e resulta da "irresolução do conflito de interesses entre a sua posição na empresa e os seus interesses patrimoniais privados".

Nas manchetes dos jornais, o DN conta que, no capitulo da descentralização, o “Parlamento está há sete meses à espera de dados do Governo”. O Público avança que o Governo vai reabrir a “discussão sobre criação e fusão de freguesias”. O JN alerta para as denúncias por "reações a medicamentos" que estão a "duplicar". E o Correio da Manhã diz que o "Fisco está a arrecadar 115 milhões por dia".

OUTRAS NOTÍCIAS

Lula da Silva esta proibido de sair do Brasil. Um juiz federal de Brasília ordenou hoje a retirada do passaporte ao ex-presidente que foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção. Entretanto, o PT confirma que Lula é o candidato às presidenciais, mas nos bastidores já se avaliem alternativas.

“Não tenho ADN para isso”. Com esta frase Oprah Winfreymatou o sonho dos que a queriam na corrida à Casa Branca em 2020. Donald Trump bem tinha razão quando disse aos jornalistas: “Não acredito que ela vá candidatar-se!"

A Venezuela expulsou o embaixador espanhol e declarou-o persona non grata. Caracas fala em “recorrentes atos de ingerência nos assuntos internos”. Espanha promete responder à letra, ou seja, pode expulsar o representante de Caracas ou algo “similar”.

José Mourinho renovou com o Manchester United. O novo contrato é válido até 2020, ficando os red devils com cláusula de opção por mais um ano.

No capítulo das notícias estranhas há uma descoberta arqueológica que está a dar que falar. A investigação a uma múmia encontrada em Basileia, na Suíça, concluiu que se trata de uma antepassada de… (suspense)… nada mais, nada menos do que… (ouvem o rufar dos tambores?)… Boris Johnson. Sim, Boris Johnson, o ministro dos negócios estrangeiros britânico. E o que tem ele a dizer? A resposta está no seu twitter e merece ser lida sem tradução: “Very excited to hear about my late great grand 'mummy' - a pioneer in sexual health care. Very proud.”

O QUE ANDO A LER

“Paris, Domingo, 7 de maio de 2017”. O dia é de comemoração. E de alívio. Pelo menos para a maioria (66%) que votou em Emanuel Macron. A extrema-direita de Marine Le Pen tinha sido derrotada (mas ainda assim com uma votação expressiva de 33,9%). A Europa e o Mundo estavam colados ao ecrã. O “filho das Luzes” entrava no pátio do Louvre para o seu primeiro discurso como Presidente, ao som da Ode à Alegria, hino europeu, e não da Marselhesa, hino nacional. O local, onde Giscard D’Estaign, em 1981, também reunira os apoiantes depois de eleito, não tinha sido escolhido por acaso. Ali, no Louvre, representava-se o centro. O centro de Macron, “ideologicamente de toda a parte e de parte nenhuma (…) um lugar equidistante daquilo a que o sistema chama extremos, os ‘populismos’”.

Jaime Nogueira Pinto arranca assim o seu livro Bárbaros E Iluminados – Populismo e Utopia no século XXI. Uma análise ao que aconteceu em França mas sobretudo à conquista de terreno por parte dos partidos extremistas e anti-sistema na Europa. O autor debruça-se sobre a “crise profunda que afeta o mundo liberal globalizado” e a “rebelião dos povos” contra a elite internacional que ocupa o poder. A elite que se reúne no Fórum Económico Mundial, em Davos, lá no alto das montanhas suíças, onde se misturam negócios, ski e as recorrentes discussões sobre os problemas do planeta. Enquanto os vemos pela televisão e nas sorridentes fotos de família ficamos a saber que mais de 80% da riqueza de todo o mundo está nas mãos de 1% da população. A tal elite que este ano parece entretida com o show de Trump.

O Expresso Curto fica por aqui. Não se esqueça que hoje há Expresso da Meia-Noite, como sempre às 23h na SIC Notícias – participe nas redes sociais com a hashtag #emn. Esta noite vamos falar da Google e de outros investimentos estrangeiros em Portugal.

Obrigado.

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