segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

DESPASSARADOS? MUITA PARRA E POUCA UVA… E VICENTE NÃO VEIO A PORTUGAL


Afinal, Manuel Vicente esteve ou não em Portugal?

Manuel Vicente, ex-vice-presidente angolano e um dos protagonistas da Operação Fizz, alegadamente esteve em Portugal. O Ministério Público emitiu um mandado de captura com base em supostas informações da PSP, que prefere não comentar a situação. A defesa de Manuel Vicente nega a sua presença em Portugal.

Manuel Vicente, ex-vice-presidente angolano e o principal visado da Operação Fizz, esteve ou não em Portugal no passado fim de semana? Eis a questão. A PSP supostamente terá indicado que sim; mas a defesa do também ex-presidente da Sonangol nega. A polémica está instalada.

Este domingo chegavam a público informações que davam conta de que, com base em informações da PSP, estaria em Portugal Manuel Vicente, acusado de corrupção ativa, branqueamento de capitais, violação de segredo de justiça e falsificação de documentos.

Com efeito, o tribunal que julga o processo Operação Fizz emitiu na sexta-feira um mandado de detenção para notificar em Portugal o ex-vice-presidente angolano Manuel Vicente da acusação, segundo despacho a que a agência Lusa teve acesso.

O Ministério Público solicitou, então, ao tribunal coletivo a emissão de mandados para que Manuel Vicente fosse notificado do teor da acusação e prestasse Termo de Identidade e Residência (TIR), com indicação de morada em Portugal.

Os juízes aceitaram o pedido do Ministério Público e emitiram o mandado de detenção com validade para este fim de semana, comunicando a decisão ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), à PSP e à Polícia Judiciária (PJ).

Recorde-se que, até hoje, Manuel Vicente nunca foi notificado quer da constituição de arguido, quer da acusação, tendo as autoridades angolanas recusado cumprir a carta rogatória para o notificar, invocando que Manuel Vicente ainda goza de imunidade devido ao cargo que ocupou na vice-presidência de Angola.

Ontem, a defesa do ex-presidente da Sonangol dizia estranhar a iniciativa do Ministério Público, que se terá “baseado "em invocadas informações da PSP, as quais não têm qualquer verdade quanto à alegada viagem" de Manuel Vicente a Portugal no passado fim de semana. "Estamos certos de que essas informações serão devidamente averiguadas por quem de direito", afirmaram Rui Patrício e João Lima Cluny em comunicado a que a Lusa teve acesso.

Ora, contactada pelo Notícias ao Minuto, fonte oficial da Direção Nacional da Polícia de Segurança Pública escusou-se a prestar declarações sobre o tema, dado “que o assunto está em segredo de justiça”.

Os advogados, que afirmam terem sabido do mandado de detenção pela comunicação social, estranham também que o momento desta iniciativa do MP coincida "com a concentração do tribunal e da atenção mediática na análise dos factos e das versões dos arguidos que têm estado a depor" no julgamento que decorre em Lisboa, bem como das "provas apresentadas", "vicissitudes da investigação" e "interrogações e perplexidades" que as mesmas suscitam.

Os advogados de Manuel Vicente dizem ainda estranhar a "(in)oportunidade processual desta iniciativa do MP, quando o processo separado não está ainda sequer constituído, nem numerado e autuado (...) e mais ainda quando se encontra por apreciar em toda a sua extensão e nas suas várias implicações a resposta recente da República de Angola à carta rogatória expedida a 27 de novembro".

No primeiro dia do julgamento da Operação Fizz, a 25 de janeiro, foi determinado pelo coletivo de juízes separar o processo que envolve Manuel Vicente, acusado de corrupção ativa e branqueamento de capitais, do outro caso que está a ser julgado e que tem como principal arguido o ex-procurador Orlando Figueira, acusado de ter sido corrompido pelo antigo vice-presidente angolano, para que arquivasse inquéritos em que este era visado.

Segundo a defesa de Manuel Vicente, encontra-se também por decidir a posterior tramitação processual no processo separado a constituir, além de também estarem pendentes recursos sobre matérias relevantes em tribunais superiores.

O Notícias ao Minuto contactou igualmente a Procuradoria-Geral da República, mas até ao momento ainda não obteve qualquer resposta.

Notícias ao Minuto | Foto Reuters

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