@Verdade | Editorial
Inesperadamente ou não, a Frelimo
e a Renamo decidiram a revisão pontual da Constituição da República de
Moçambique, sem antes consultar os moçambicanos através de um referendo como
manda a Constituição. Mas pouco importa a consulta, até porque os moçambicanos
já estão habituados a esse tipo de teatro protagonizado por actores amadores de
muito mau gosto de sempre. Sem sombras de dúvidas que a preparação da revisão
da lei-mãe começou a ser feita em silêncio – e em segredo, deixando de lado as
outras forças políticas, a sociedade civil e o povo.
Tudo indica que a coligação
Frenamo, sobretudo as suas duas equipas cravadas na Assembleia da República vão
se movimentar, qual orquestra, para acomodar os interesses dos seus partidos
políticos – na sua maioria, não explicado -, ao invés de resguardarem os
legítimos interesses de um povo que é forçado a viver na pobreza e na ilusão de
que os seus “doutos” representantes - os mesmos que regularmente se comportam
quais símios quando esbarram em um cacho de bananas - cuidarão do seu destino.
Discursando à Nação, o Chefe de
Estado, Filipe Nyusi, revelou aos moçambicanos que como corolário das
negociações secretas que ele e o líder do partido Renamo têm encetado ao longo
dos últimos 13 meses acordaram os termos para a descentralização exigida por
Afonso Dhlakama que vão implicar “a revisão pontual da Constituição da
República de Moçambique”.
Ou seja, o sistema eleitoral, por
sufrágio universal, será alterado, designadamente a eleição do Presidente da
República, dos deputados da Assembleia da República, dos Membros das
Assembleias Provinciais, autárquicas e distritais. Como resultado disso, os
membros eleitos para as Assembleias Provinciais, sejam de partidos políticos
maioritários é que vão propor o nome para ser nomeado pelo Presidente da
República, a assumir o cargo de Governador Provincial, e o mesmo procedimento
nos distritos e autarquias, mas nomeado pelo ministro de tutela, a partir das
eleições a decorrer este ano de 2018.
Com isso, os moçambicanos serão
obrigados a escolher o cabaz preparado pelos partidos políticos, ao invés de um
indivíduo que possa dirigir os destinos das suas vidas. Além disso, essas
situação vai acabar com o multipartidarismo, abrindo espaço para a
bipolarização partidária. Mais uma vez a nossa jovem democracia vai receber um
valente golpe.
Portanto, a Frelimo e a Renamo,
na sua habitual chatice congénita, continuam a demonstrar desprezo absoluto por
alguns princípios básicos da democracia, valendo-se da maioria parlamentar, e
prosseguem indiferentes ao eleitor, ao povo e à opinião pública.
Sem comentários:
Enviar um comentário