Filipe Nyusi completa esta
segunda-feira três anos do seu mandato. Cidadãos ouvidos pela DW África no
Niassa dão nota positiva ao Presidente moçambicano. Mas também há críticas à
falta de políticas para a juventude.
Os avanços com vista a um acordo
de paz com a Resistência
Nacional Moçambicana (RENAMO), o principal partido da oposição, e a
estabilidade no país são dois dos pontos positivos destacados na governação
de Filipe
Nyusi. Na última sexta-feira (12.01), numa cerimónia no Comando da Unidade
de Intervenção Rápida, o Presidente moçambicano disse que o pacote sobre a
descentralização e os assuntos militares nas negociações de paz está em fase de
conclusão, mas não avançou detalhes.
"Sinto que o Presidente fez
muita coisa, sobretudo a aproximação com o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, e
isso é muito importante para nós", afirma Alberto Weston, residente no
Niassa, que avalia positivamente as negociações para um acordo de paz
definitivo do Governo com o maior partido da oposição. "Quando temos paz,
andamos como um pássaro a voar", lembra.
Suizane Rafael, jornalista do
jornal Faísca, semanário independente no Niassa, destaca que os três anos de
governação de Filipe Nyusi foram caracterizados pela concretização de vários
projetos.
Se tivesse de dar uma nota ao
Presidente, numa escala de 0 a 10, o jornalista daria 6, "porque no
primeiro ano foi quase nada", teve de gerir muitas questões do Governo
anterior. "Mas a partir do segundo ano, começou a mostrar o seu plano de
governação, as promessas que foram feitas durante a campanha eleitoral".
Suizane Rafael lembra ainda que
Nyusi concluiu a reabilitação da linha
férrea Cuamba-Lichinga - depois de sete anos de paralisação, os
comboios voltaram a circular em setembro de 2016. E também lançou o projeto
de asfaltagem
da EN13, a estrada nacional que liga as cidades de
Cuamba e Lichinga, uma velha promessa do Executivo, "que já está
a acontecer", salienta o jornalista.
Faltam políticas para a juventude
Fernando Lopes, outro residente
no Niassa, recorda que a promessa de valorização da juventude, entre outras
feitas por Filipe Nyusi, ainda não está a ser cumprida. "E a
partidarização das instituições públicas ainda se nota, porque ainda não existe
liberdade partidária", destaca também.
Para o académico Luís Ausse, os
três anos de governação de Filipe Nyusi foram de "muito empenho". Mas
desafia o Presidente da República a melhorar as condições dos funcionários
públicos do Estado nos dois anos de mandato que lhe restam.
"Há uma ligeira letargia, há
estagnação nas mudanças de carreira e promoções", observa.
Desde 2016, o Presidente da
República viu-se obrigado a gerir a polémica das chamadas dívidas
ocultas, no valor de dois mil milhões de dólares, que dificultaram ainda
mais a situação económica do país. Moçambique continua sem a ajuda dos doadores
internacionais, mas, sublinha Suizane Rafael, o país não parou graças ao
desempenho e vontade do chefe de Estado.
"Já não são dívidas ocultas,
já são visíveis, o que afetou muito a imagem do país a nível internacional.
Alguns credores internacionais pararam de dar dinheiro a Moçambique, mas o país
está a andar, não caímos completamente", afirma.
Os residentes do Niassa também
apelam ao Presidente Filipe Nyusi para que prossiga a luta contra a corrupção,
para desencorajar a prática no país.
Manuel David (Lichinga) |
Deutsche Welle – 15.01.2018
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