Avaliação é feita pela chefe da
diplomacia europeia, Federica Mogherini, numa altura em que a comissão permanente
do Parlamento avisa que poderá ser impossível realizar eleições legislativas.
A chefe da diplomacia da União
Europeia (UE), Federica Mogherini, considerou esta sexta-feira (02.02) que a
situação política é "crítica" na Guiné-Bissau, acrescentando estar em
risco a ordem democrática e institucional no pais.
"A situação política crítica
na Guiné-Bissau está a pôr em risco a ordem institucional e democrática no
país, com sérias implicações para a estabilidade na região", disse
Mogherini, num comunicado divulgado pelo Serviço de Ação Externa da UE, que
dirige.
A UE, realçou, continua
comprometida com a promoção de uma solução pacífica para o país, em
"coordenação estreita com os outros membros do grupo P5", incluindo
as Nações Unidas, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
A chefe da diplomacia da UE
salientou ainda, no comunicado, que os 28 estão preocupados com a situação de
desrespeito pelos direitos humanos, especialmente os políticos. A UE apelou
ainda às forças de segurança na Guiné-Bissau para que mantenham a sua posição
de não-intervenção na crise política.
Eleições em risco?
A comissão permanente do
Parlamento da Guiné-Bissau alertou entretanto para o perigo de aquela
instituição ficar bloqueada ao ponto de impedir a escolha da nova equipa que
irá organizar as próximas eleições legislativas.
A comissão permanente, órgão que
exerce as competências do parlamento na ausência das sessões plenárias,
reuniu-se esta sexta-feira para analisar a situação política no país, tendo
deliberado que a nomeação de Artur Silva como primeiro-ministro, por decisão do
Presidente José Mário Vaz, não vai ajudar a desbloquear o ambiente político.
"A atitude do Presidente da
República está a bloquear a realização das eleições legislativas", diz a
deliberação da comissão permanente, constituída por nove deputados do Partido
Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e seis do Partido da
Renovação Social (PRS), sendo que estes deixaram de comparecer às reuniões
deste órgão há mais de dois anos.
Diz a comissão permanente que a
nomeação do novo primeiro-ministro, fora do quadro constitucional e do Acordo
de Conacri, não irá permitir que o plenário do parlamento se reúna para eleger
a nova direção da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
À luz da Constituição guineense,
cabe ao PAIGC, na qualidade de vencedor das últimas eleições legislativas,
indicar o nome do presidente da CNE.
"Situação
incontrolável"
A comissão permanente do
Parlamento estranha, por outro lado, que o Procurador-geral da República,
Bacari Biai, ainda não tenha aberto inquérito ao alegado incitamento à
violência feito por alguns dirigentes políticos. Exige ainda um posicionamento
do poder judicial sobre a "situação de caos reinante no setor", fruto
de tomadas de posições dos tribunais perante as disputas políticas.
A comissão permanente do
parlamento guineense considera que "há uma intenção perigosa" de os
membros do Governo demitido pelo chefe do Estado no dia 16 de janeiro último
"conduzirem o país para uma situação potencialmente incontrolável".
O órgão congratula-se pelo facto
de a comunidade internacional ter ameaçado aplicar sanções aos políticos
guineenses que estejam a impedir o entendimento no país.
A Guiné-Bissau vive uma crise
política desde agosto de 2015 quando o Presidente, José Mário Vaz, demitiu o
Governo do PAIGC liderado por Domingos Simões Pereira. Desde 2012, o país já
teve seis primeiros-ministros, tendo o último, Artur Silva, sido nomeado esta
semana, embora não seja um nome de consenso, tal como está previsto no Acordo
de Conacri, promovido pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO), que já impôs sanções aos responsáveis políticos que estão a impedir a
resolução da crise política.
Agência Lusa, mjp | em Deutsche Welle
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