O Executivo do Huambo, em Angola,
está a ser acusado de censurar a comunicação social, após emitir uma diretiva
que obriga os média a submeter o seu planeamento informativo à Direção
Provincial da Comunicação.
A ordem que consta do documento é
explícita: a partir de agora os jornalistas devem passar a submeter àquele
departamento as suas pautas informativas diárias, antes das mesmas serem
divulgadas pelos órgãos de comunicação social.
O ofício já circula nas redes
sociais e é assinado pela diretora provincial da Comunicação Social do Huambo,
Dorina Tchinhama Miguel, e dirigido aos órgãos de comunicação social locais,
públicos e privados.
Segundo o documento, a decisão
surge a propósito de uma orientação da vice-governadora do Huambo para a Esfera
Política, Social e Económica, Maricel Capama.
A medida está a preocupar os
jornalistas que temem uma nova vaga de censura na província. Israel Samalata,
correspondente da Rádio Despertar no Huambo, alerta que este tipo de decisões
só prejudicam Angola.
"Pedimos às autoridades para
que desencorajem este tipo de comportamento porque não ajudam o país. Estamos
numa nova era, com nova governação, novas políticas e as aspirações do povo
tendem para uma nova esfera de convivência”, avisa o repórter.
Em declarações à DW África, o
jornalista afirma que espera uma rápida mudança de atitude das autoridades
locais. "Nós agradecíamos que este comportamento parasse. É muita
brincadeira quando os membros dos órgãos do Governo local interferem no trabalho
dos profissionais de comunicação que têm contribuído para a luta pela liberdade
de imprensa do nosso país", diz.
Pedido de esclarecimento
A Organização Horizonte Media de
Angola (OMEA), que se dedica à promoção do pluralismo nos meios de comunicação
social no Huambo, já escreveu ao executivo local a pedir esclarecimentos.
"Produzimos uma nota que
endereçámos aos vários meios de comunicação social e especialmente à Direção
Provincial da Comunicação Social, já que eles não têm conhecimento efetivo e
deram a entender que não estavam a perceber bem de onde vinha essa informação.
Nós propusemos que fizessem um inquérito e que esse inquérito depois fosse
levado a público”, disse Memória Ekolica, coordenador geral da OMEA.
Por outro lado, o coordenador da
organização estranha a atitude do Governo local, quando a nível nacional o
cenário é de abertura. "Angola tem estado a avançar com alguns passos
saudáveis de liberdade de expressão, porque o que temos vindo a reparar em termos
de governação é que a única coisa que temos como conquista é a própria
liberdade. Quando vem o contrário, ficamos surpreendidos", comenta.
Em comunicado, o gabinete de
imprensa do governador do Huambo já disse desconhecer a existência do documento
emitido pela diretora provincial da Comunicação Social, reconheceu a gravidade
da alegada orientação e prometeu diligências para apurar a verdade.
José Adalberto (Huambo) |
Deutsche Welle
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