Milhares de palestinos voltaram a
protestar nesta sexta-feira na fronteira da Faixa de Gaza com Israel, onde
quatro palestinos foram mortos por soldados israelenses, elevando a 38 o número
de mortos desde 30 de março.
Os manifestantes queimaram pneus
perto da fronteira e em alguns casos lançaram coquetéis molotov. É a quarta
sexta-feira consecutiva de protestos. Centenas de palestinos ficaram feridos
desde então.
Segundo fontes do Ministério da
Saúde de Gaza, dois palestinos foram mortos a tiros nesta sexta por soldados
israelenses.
Um adolescente de 15 anos e dois
homens de 24 e 25, respectivamente, foram mortos a tiros no norte do enclave.
Um quarto palestino, de 29 anos,
foi morto no sul da Faixa de Gaza. O Ministério indicou que 83 pessoas ficaram
feridas.
"É escandaloso atirar em
crianças [...], as crianças devem estar protegidos da violência, não
expostos", publicou nesta sexta-feira no Twitter o enviado especial da ONU
para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov.
O enviado solicitou que a morte
do adolescente seja investigada.
Com isto, o balanço de palestinos
mortos desde o início da onda de protestos aumentou para 38. Outras centenas
ficaram feridas a tiros ou inalação de gás, segundo os serviços de resgate,
inclusive mais de 440 nesta sexta-feira.
O embaixador palestino na ONU,
Riyad Mansur, voltou a pedir nesta sexta às Nações Unidas abrir uma
"investigação transparente e independente" sobre a violência na
fronteira com Israel.
A Faixa de Gaza, localizada entre
Israel, Egito e o Mediterrâneo, controlada pelo movimento islâmico Hamas,
descrito como "terrorista" por Israel, registra desde o dia 30 de
março grandes manifestações de palestinos.
Alguns se aproximam da fronteira
para lançar projéteis ou queimar pneus na direção dos soldados israelenses
posicionados ao longo da barreira de segurança. Estes soldados, por vezes,
dispararam balas para evitar a entrada dos manifestantes em território
israelense.
Nesta sexta-feira, aviões
militares israelenses jogaram panfletos na fronteira com advertências.
"Estão participando de
manifestações violentas. A organização terrorista Hamas se aproveita de vocês
para cometer ataques terroristas", diz os panfletos, acrescentando:
"Fiquem longe da cerca e não tentem danificá-la. Evitem usar armas e
cometer atos violentos contra as forças de segurança israelenses e os cidadãos
israelenses".
O número de manifestantes nesta
sexta-feira era menor do que nas semanas anteriores, mas somavam milhares.
Entre os que participavam nos
protesto, pelo menos centenas se aproximaram da cerca para atirar pedras,
constatou a AFP. As forças israelenses lançaram gás lacrimogêneo e dispararam
balas reais.
As forças armadas israelenses
estimaram em cerca de 3.000 o número de manifestantes palestinos envolvidos em
"tumultos e tentativas de se aproximar da infraestrutura de
segurança".
Eles acrescentaram em uma declaração que "as
tropas respondem com o objetivo de dispersar os manifestantes e disparam de
acordo com as regras" ensinadas.
O ministro da Defesa de Israel,
Avigdor Lieberman, disse em uma visita à fronteira nesta sexta-feira que
"o que o outro lado tem que entender é que temos um exército determinado e
treinado aqui".
As forças israelenses são
acusadas de uso excessivo da força contra os manifestantes palestinos.
Os palestinos marcham até a
fronteira para reivindicar seu direito de retornar às suas terras, de onde
fugiram ou foram expulsos com a criação do Estado de Israel em 1948.
Também denunciam o bloqueio
imposto por Israel há mais de dez anos para conter o movimento islâmico Hamas,
que comanda o território, com quem Israel travou três guerras desde 2008.
AFP | Foto: AFP/Said Khatib
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