Eixo-Atlântico diz que Mariano
Rajoy deve demitir-se "por dignidade"
O secretário-geral do
Eixo-Atlântico afirmou hoje que o primeiro-ministro espanhol devia apresentar a
sua demissão "nem que não fosse por uma questão de dignidade", depois
do partido que lidera ter sido "envolvido e condenado" num processo
de corrupção.
"Há algo que é
inacreditável, que seja condenado nos tribunais o partido do Governo por
corrupção, com uma gravidade extrema, e o dirigente do partido, que é o
primeiro-ministro, não apresente a demissão, nem que não seja por uma questão
de dignidade", afirmou hoje Xuan Mao, em Braga, quando confrontado com a
moção de censura apresentada pelo PSOE ao Governo de Mariano Rajoy
Para aquele dirigente, que
salientou que a corrupção "é um cancro e com metáteses" em Espanha, a
moção de censura apresentada pelos socialistas espanhóis "é um resultado
lógico dos jogos políticos", mas tem outra leitura.
"O PSOE lança a moção de
censura mas não é só para restaurar a dignidade, é também para forçar o
Cidadãos (partido cujo apoio permitiu ao PP formar Governo) a tomar uma
posição, porque diz que veio para combater a corrupção mas continua a dar apoio
ao Governo Rajoy", afirmou.
Para Mao "é uma questão de
dignidade nacional e a moção de censura é a única saída que há mas partir daí é
uma questão de jogo politico".
Sobre a moção de censura hoje
apresentada no Congresso pelos socialistas, o responsável disse que o Cidadãos
vai opor-se e pediu aos socialistas que retirem a sua iniciativa, tendo, no
entanto, já anunciado que iria apresentar ele próprio uma moção de censura ao
Governo de Mariano Rajoy.
A moção de censura socialista
contra o presidente do Governo espanhol surge 24 horas depois da condenação,
com penas pesadas, de uma série de políticos e empresários envolvidos num
esquema de corrupção, a que se chamou "caso Gürtel", que ajudou a
financiar o Partido Popular (PP), no poder.
O próprio partido do primeiro-ministro
foi multado em 245 mil euros por ter beneficiado do esquema ilegal que se
baseava em conceder contratos públicos a empresas em troca de dinheiro.
Sem o apoio do Cidadãos, a moção
de censura do PSOE precisa do voto dos partidos independentistas catalães -
Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, esquerda) e Partido Democrático Europeu
Catalão (PDeCAT, do antigo presidente do governo catalão, Carles Puigdemont).
A soma dos votos socialistas
(84), juntamente com os do Unidos Podemos (67), ERC (nove) e PDeCAT (oito), que
já manifestaram publicamente o seu apoio a uma moção para fazer cair o Governo
de Rajoy, alcança o número de 168, a que se somariam previsivelmente os quatro
deputados do Compromís, os dois do EH Bildu e o deputado da Nova Canária.
Com estes apoios, bastaria um
voto para a iniciativa do PSOE ter maioria absoluta, pelo que deveria contar
pelo menos com o apoio da Coligação Canária, com um deputado, ou com o Partido
Nacionalista Basco (PNV), que tem cinco.
Outros três deputados integrantes
do Grupo Mixto, dois do UPN e um do Fórum Asturias, parceiros do PP nas
respetivas comunidades, pelo que não é provável que apoiem esta iniciativa.
Entretanto, os nacionalistas
bascos e canários deram apoio, na semana passada, ao PP para aprovar o orçamento
do Estado, tal como o Cidadãos, o partido que poderia garantir o sucesso da
moção, ao somar os seus 32 votos aos do PSOE e Unidos Podemos.
Lusa | em Notícias ao Minuto |
Foto Reuters
Sem comentários:
Enviar um comentário