Ai, ai, hoje há jogo da seleção
de Portugal com Marrocos, no Mundial disputado na Rússia. Num aparte apetece
perguntar: “Os russos comem criancinhas?” Não? Alguma vez comeram criancinhas?
Não? Então que raio de trouxas eram esses mais velhos de outros tempos que
deixaram que o salazarismo e a igreja lhes enfiassem isso na cachimónia? Não
era só o analfabetismo, desculpem lá. Para acreditar nessa e em muitas outras
patranhas é preciso ser muito burro (salvem-se os quadrúpedes porque isto é
para os bípedes). É assim que a modos de como hoje: o Correio da Manha e outros
igualmente manhosos publicam patranhas, assim como políticos e outros da
desinformação, e há bípedes que acreditam piamente. Deve de lhes cheirar a
palha. É o que deve acontecer. E é doença? Pois, adiante.
E o Sebastião, aquele imberbe, otário,
doentiamente devoto e manipulado pela igreja e outros bandidos da época, lá foi
para a batalha em Marrocos e desapareceu. Foi um ar que lhe deu. Depois gramámos
com os sacanas do Reino de Castela por 60 anos até os escorraçarmos e linchar
os traidores portugueses que colaboravam com os ocupantes. Há sempre sacanas
desses em todos os lugares. Nos tempos atuais vimos imensos. E estão bem na
vida, os larápios. Só que agora vendem o país à pátria do cifrão. São traidores
de alto gabarito nomeados com pompa e circunstância, engravatados e de
colarinhos alvos. Mais ou menos bem falantes e muito mentirosos. Tinham de ser.
Têm de ser…
Omessa. Vamos lá ao Expresso
Curto de hoje porque desta retórica já chega. E é mesmo no Curto que temos o
Sebastião imberbe que foi rei da treta porque era a igreja quem desgovernava o
povo e o país e se governava (um tal cardeal Henrique). Por Marrocos ser hoje o adversário de Portugal
vimos no Expresso a referência ao Sebastião e à batalha de Alcácer Quibir. Nessa
batalha as tropas de Portugal levaram porrada de três em pipa. E hoje, no retângulo
relvado em que 22 gajos vão andar a correr e a pontapear a bola? Nunca se sabe.
Pois. E, se perdermos por uma cabazada, será que vão desaparecer jogadores? Talvez.
Para depois aparecerem em Limojes – como diz a prosa de Manuela Goucha Soares. Ora
vá ler AQUI depois desta entradinha:
“Sabe mesmo onde morreu o rei D.
Sebastião? Em Limoges ou Marrocos
Foi em Marrocos que desapareceu o
rei de Portugal e o país perdeu a independência durante 60 anos. No dia em que
a seleção das quinas joga com a equipa marroquina no Mundial de Futebol, o Expresso
conversou com investigadores que defendem que o jovem rei D. Sebastião sobreviveu
a Alcácer Quibir e morreu em França perto dos 80 anos”.
O Expresso Curto a seguir. Para
encurtar. Bom dia e boas festas aos jogadores. Por quantos irá vencer o Ronaldo
a equipa de Marrocos? (MM | PG)
Bom dia este é o seu Expresso
Curto
Hoje há jogo, por isso...
Vou tentar ser rápida nesta
habitual vista de olhos pela atualidade de cá e de lá fora. O dia vai
dividir-se em antes e depois das 13h, hora do Portugal-Marrocos, com o
Presidente Marcelo a assistir in loco, duas horas depois de ser recebido no
Kremlin pelo seu homólogo Vladimir Putin (“Assalto ao Kremlin”,
não é assim que se chama o hino da seleção?) Não sei se o PR foi a Moscovo ver
o jogo e, já agora, encontra-se com Putin, ou se já tinha agendada a visita a
Putin e aproveitou e vê o jogo, mas isso também não interessa. Os outros, como
nós, aqui na Impresa, fomos convidados a juntar-nos no auditório para partilhar
em comum a emoção do jogo (a Altice deu "folga" aos funcionários para
ver o jogo). No café da esquina o dono comprou uma televisão para agarrar os
comensais.
Muito tempo vai demorar a hora de almoço por este país fora! Esqueçam, hoje não é dia de trabalhar. Até à 1h há de falar-se das perspetivas do jogo (e Fernando Santos já preveniu que Portugal tem de jogar melhor) e depois das 3 do que se jogou… Espera-se que o extra-terrestre Ronaldo surja outra vez em campo, mas vá lá… os outros também têm de dar uma ajuda. E… pronto, não digo mais. Vamos ao que interessa.
1.Tudo (ou quase tudo) que lhe pode interessar sobre o jogo está aqui (mais bola e mais pressão, em suma). Se quer relembrar a conferência de imprensa do Fernando Santos, veja aqui e a do selecionador marroquino, Hervé Renard, aqui – atenção, terrestres, foi ele que lembrou que Portugal ganhou o Europeu sem o capitão! (Também pode ler histórias curiosas do Ronaldo, se é que não as conhece já). Isto é a literatura básica. Se ainda quiser ter um cheirinho de ambiente, espreite aqui. Acho que já fica com uma boa panorâmica.
2.O resto são muuuuuitas opiniões (umas com graçolas assim e outras assado) do que pode ser e ainda não é. Ah, é verdade, esquecia-me. Talvez seja engraçado também lembrar que há 32 anos que Portugal não jogava com Marrocos e… perdeu por 3-1. Não foi bonito de ver e quem se lembra (pelo menos de ouvir contar) diz que foi “uma grande balda”. Hoje seria impossível. Ao menos isso. Leia, que é ilustrativo. Foram os tempos do caso Saltillo, contado por Álvaro Magalhães. E se quiser ir mesmo mais atrás, pode até recordar-se que El-rei D. Sebastião andou por terras marroquinas. E também perdeu. A si próprio e ao país. Demorámos 60 anos a sair do atoleiro.
Não sei se já podemos largar o tema, creio que sim. O leitor agora fica por conta própria e pode vestir a camisola. O dia ainda agora começou e aposto que já sabe tudo sobre o ambiente em Marrocos e na Rússia, e que engraçado que é ver uma criança marroquina a dizer que torce por Portugal e uns portugueses que dizem que andam muito divertidos a cantar por ali, na Rússia, com o Praça Vermelha em pano de fundo. Espetáculo! (E não vou falar mais de futebol, e menos ainda do Sporting).
Muito tempo vai demorar a hora de almoço por este país fora! Esqueçam, hoje não é dia de trabalhar. Até à 1h há de falar-se das perspetivas do jogo (e Fernando Santos já preveniu que Portugal tem de jogar melhor) e depois das 3 do que se jogou… Espera-se que o extra-terrestre Ronaldo surja outra vez em campo, mas vá lá… os outros também têm de dar uma ajuda. E… pronto, não digo mais. Vamos ao que interessa.
1.Tudo (ou quase tudo) que lhe pode interessar sobre o jogo está aqui (mais bola e mais pressão, em suma). Se quer relembrar a conferência de imprensa do Fernando Santos, veja aqui e a do selecionador marroquino, Hervé Renard, aqui – atenção, terrestres, foi ele que lembrou que Portugal ganhou o Europeu sem o capitão! (Também pode ler histórias curiosas do Ronaldo, se é que não as conhece já). Isto é a literatura básica. Se ainda quiser ter um cheirinho de ambiente, espreite aqui. Acho que já fica com uma boa panorâmica.
2.O resto são muuuuuitas opiniões (umas com graçolas assim e outras assado) do que pode ser e ainda não é. Ah, é verdade, esquecia-me. Talvez seja engraçado também lembrar que há 32 anos que Portugal não jogava com Marrocos e… perdeu por 3-1. Não foi bonito de ver e quem se lembra (pelo menos de ouvir contar) diz que foi “uma grande balda”. Hoje seria impossível. Ao menos isso. Leia, que é ilustrativo. Foram os tempos do caso Saltillo, contado por Álvaro Magalhães. E se quiser ir mesmo mais atrás, pode até recordar-se que El-rei D. Sebastião andou por terras marroquinas. E também perdeu. A si próprio e ao país. Demorámos 60 anos a sair do atoleiro.
Não sei se já podemos largar o tema, creio que sim. O leitor agora fica por conta própria e pode vestir a camisola. O dia ainda agora começou e aposto que já sabe tudo sobre o ambiente em Marrocos e na Rússia, e que engraçado que é ver uma criança marroquina a dizer que torce por Portugal e uns portugueses que dizem que andam muito divertidos a cantar por ali, na Rússia, com o Praça Vermelha em pano de fundo. Espetáculo! (E não vou falar mais de futebol, e menos ainda do Sporting).
OUTRAS NOTÍCIAS
Esta é a última: um incêndio de grandes proporções destrói fábrica em Viseu. Já e verão, voltou o calor.
De cá, primeiro. Governo e Bloco de Esquerda ao mais alto nível encontraram-se ontem (António Costa versus Catarina Martins) para começar a discutir temas do Orçamento de Estado. Demorou duas horas e meia e obrigou Costa a cancelar parte da agenda
Hoje é dia de debate quinzenal e o tema são os fundos europeus, Portugal 2030. Na segunda parte, o debate será preparatório do Conselho Europeu de 28 e 29 de junho e versará exclusivamente sobre migrações. É bom saber o que pensa o Governo, parceiros e oposição sobre este tema que se arrisca a incendiar a Europa, mas já lá vamos. Esta quarta-feira é o Dia Mundial do Refugiado e os especialistas dizem que Portugal devia aprender com os erros da Europa. Em 2017 concedeu cerca de 700 estatutos, mas recusou muitos. Ao todo, no mundo, o número de refugiados anda a rasar os 70 milhões.
Mas tenho dúvidas que o PM consiga circunscrever o tema do debate. Com o acordo da concertação social sobre as relações laborais, a greve dos professores e o esboço de propostas do PS sobre a reforma da saúde em cima da mesa, é pouco crível que os deputados fiquem só a discutir os milhões que vêm (ou não) para aqui. Vamos por partes.
Concertação social: o acordo foi assinado na segunda-feira por António Costa, que não deixou dúvidas que era para valer, apesar das discordâncias dos parceiros. Aqui pode ler o que muda no Código de Trabalho e aqui o que divide os três partidos-parceiros sobre o assunto. O PM foi claro, o acordo é para valer, e na sua coluna de opinião, o bloquista-senador Francisco Louçã voltou a insistir na tónica: “O Governo pretende um conflito com a esquerda”. Já é a segunda vez no espaço de duas semanas e sobre assuntos diversos em que Louçã carrega nesta tecla. Porque será? Santana Lopes também repetiu na SIC (pela segunda vez em 15 dias) que “cheira a Bloco central”. Carlos César repete: o eleitorado dos parceiros e do partido socialista preferem a atual solução governativa.
Greve dos professores: na segunda-feira, Mário Nogueira desafiava o Governo a encontrar uma escola onde se tenham realizado reuniões de avaliação (“uma agulha no palheiro”) e protestou contra a tentativa de imposição de serviços mínimos nas reuniões : “é um atentado à democracia”, disse. As greves estão para durar: há um pré-aviso entregue até 13 de julho, e previsão de greve para 14 de Setembro, o primeiro dia de aulas, e durante toda a semana que termina a 5 de Outubro. Os pais começam a reclamar, ressuscitando lutas antigas.
O orçamento, como se sabe, tem de se ser apresentado até dia 15 deste mês. Ontem houve outra reunião e nada deu. Foram cinco horas a partir pedra e a conclusão foi constituir um colégio arbitral para analisar a necessidade ou não de serviços mínimos. Mas só a partir de julho. A informação é da Fenprof.
Nas jornadas parlamentares do PSD também se falou deste assunto: Rui Rio diz que o país não está em condições para contar com o tempo todo aos professores. Quanto às jornadas parlamentares propriamente ditas, que terminaram ontem, Rio falou para muitas cadeiras vazias. A análise do Filipe Santos Costa: uma orquestra desafinada.
Saúde: Maria de Belém apresentou ontem o esboço do projeto do PS sobre a Lei de Bases na Saúde, três dias antes apenas de um debate marcado pelo Bloco para discutir o assunto e que tem, juntamente com o PCP, opiniões muito diferentes sobre o assunto. É um tema que divide os parceiros. O ministro vai esta manhã à comissão Parlamentar de Saúde.
Na frente económica, a notícia são os pormenores do que já se sabia: que a compra da TVI pela Altice foi chumbada pela Autoridade da Concorrência: custaria 100 milhões aos consumidores. A Anabela Campos esmiuça as razões.
Notícias diversas mas interessantes: o Ministério Público continua no encalço dos negócios de Manuel Pinho, desta vez são as casas que vendeu; PS e PSD – qual é o mais amigo da natalidade? Estão ambas no Expresso Diário de ontem. Quanto ao mistério do desaparecimento dos quatro dedos cortados na estátua de D. José no Terreiro do Paço vem no Observador.
LÁ FORA
EUA. Vem de lá a notícia que nos surpreendeu a todos (embora, pensando bem, não seja assim tão surpreendente): o país retira-se do Conselho de Direitos Humanos da ONU (aqui). O cantinho do Trump vai-se alargando: é o escândalo das crianças separadas dos pais (2000 já! Veja as fotos e os vídeos) na fronteira com o México, a guerra comercial que estalou com a China (e consequente abalo em Wall Street, afundando os mercados), o último tweet do Presidente americano a criticar a chanceler Merkel sobre a política de imigração (e a resposta em tom grosso do presidente da Comissão, que disse que Trump “não governa a Europa”), as divergências que alarmam já a NATO a um mês da sua cimeira, e, e, e …
NOTA: a política de Trump sobre a imigração foi a única coisa que nestes últimos tempos conseguiu reunir toda a classe política (e sociedade civil) do CDS ao BE: os seus líderes vão estar presentes amanhã numa inédita manifestação de protesto.
ALEMANHA-FRANÇA. Angela Merkel (que, a propósito, não está assim tão tremida, venceu mais um round, “Renasceu das cinzas”) e Emanuel Macron reuniram-se em Paris para falar da eurozona e encontraram um terreno mínimo de acordo (também aqui) sobre a reforma da dita, nomeadamente a criação de um orçamento para a zona - mas é tudo moderado, calma! Ouça este podcast e perceba porque Macron está a ficar isolado. Se quiser ler o texto completo da declaração final está aqui. Isto leva-me a revisitar as propostas de António Costa, pela mão do site Opendemocracy.net).
EUROPA. O encontro abordou também o problema maior da imigração, realizando-se dias depois da crise do Aquarius, o barco carregado de imigrantes que a Itália recusou acolher e aportou em Valencia. O problema é sério em toda a Europa, sobretudo porque se olharmos para os números se verifica que caíram drasticamente (44% em 2017 em relação a 2016) – consulte o Relatório europeu ou o seu resumo. Quanto ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, quer estabelecer centros de imigrantes fora da Europa. Chame-lhe o que quiser.
A situação é grave, tendo em vista que, por exemplo, em França, de acordo com as sondagens, a maioria da população (56%) foi contra o acolhimento em terras francesas dos imigrantes do Aquarius (metade dos 630 quer ir para França). Na Alemanha são 90% os que querem mais expulsões de clandestinos. Apesar disso e também para dar alguma ajuda a Merkel, Macron aceitou receber os imigrantes que estão na Alemanha e que entraram por França.
Por estas e outras razões, deixo-lhe aqui os links para três artigos sobre o tema: é ou não uma crise de, por e para políticos? (Rui Tavares); a política europeia tout court sobre o tema(Paulo Rangel); e o novo eixo do mal (Amílcar Correia). Há uma crise de perceção na Europa e só um cego não a vê. Mas é assim que se propaga o nacionalismo, o populismo e outros “ismos” – senão, leia este discurso de Viktor Órban, o primeiro-ministro húngaro e descubra por que este tipo de raciocínio é tão apelativo. Cúmulo: foi dito numa cerimónia em memória do grande europeu que foi o chanceler alemão Helmut Kohl.
ESPANHA. Afinal, Pedro Sanchez quer ficar no Governo até 2020 (ver-se-á se consegue) e faz operação de charme na Moncloa (onde antes havia o Rico há agora uma Turca) – não se preocupe estamos a falar de cães e da obsessão dos líderes políticos em os mostrar. O Politico encontrou quatro pontos em que Sanchez copia Trudeau, o primeiro-ministro do Canadá (nós portugueses entendemo-lo melhor).
Do lado do PP, a luta é feroz pelos despojos de Rajoy. O partido está dividido ao meio com a entrada em cena das duas dirigentes, Maria Dolores de Cospedal (ex-ministra) e Soraya Sáenz de Santamaria (a vice-presidente), ambas criações do antigo líder. O Jorge Almeida Fernandes chama-lhe as duas generalas(mas porque será que quando as mulheres se afirmam em mundo de homens têm patente militar?) Há mais quatro candidatos ao cargo, todos homens. A ver quem ganha.
FRASES
"Vai ser uma final para nós, uma batalha importante. Vamos dar a vida em campo", Nadir Dirar, jogador de Marrocos
"Sabemos das nossas capacidades e trabalhamos para um só objetivo, que é honrar a camisola e o país", Pepe. jogador de Portugal
"Não há pozinho mágico, Portugal tem capacidade para fazer melhor", Fernando Santos
"A função do PSD é empurrar o Governo para a irresponsabilidade? Não, isso é função do PCP e do BE. Nós (...) temos outra, que é a de obrigar o Governo a falar verdade", Rui Rio, nas jornadas parlamentares
"Não é um acordo ótimo, mas é um acordo bom", Carlos Silva, líder da UGT, ao I, sobre a concertação social.
O QUE ANDO A LER
Não é para fazer propaganda à casa – mas por acaso já passou os olhos pela coleção sobre Jerusalém, A Biografia de Simon Sebag Montefiore, que o Expresso está a editar em pequenos livrinhos há seis semanas? Pois devia, porque a história da cidade sagrada das religiões monoteístas, que por três vezes foi arrasada e três vezes ressuscitou, merece que lhe dedique alguma atenção. Como foi que se decidiu criar uma inóspita cidade no meio do deserto, os nomes que teve, as mãos porque passou (e as invasões que sofreu), os massacres de que foi vítima? Tudo é objeto de estudo, com uma descrição tão abundante de pormenores que não custa a transportar-nos para esse mundo de outrora que ainda revive. A História da Humanidade está recheada de desumanidade. Os livros, que no conjunto são um grosso tomo, são um mimo de saber e cultura (com um pequeno senão - a tradução é tão fraca que me pergunto se algum português reviu o texto). Se conseguir ultrapassar isso, garanto-lhe, vale muito a pena.
E por hoje é tudo. Eu queria escrever pouco e não consegui. Está liberto para voltar ao futebol, se assim o entender.
Tenha um Bom Dia… e que a vitória nos sorria!
Esta é a última: um incêndio de grandes proporções destrói fábrica em Viseu. Já e verão, voltou o calor.
De cá, primeiro. Governo e Bloco de Esquerda ao mais alto nível encontraram-se ontem (António Costa versus Catarina Martins) para começar a discutir temas do Orçamento de Estado. Demorou duas horas e meia e obrigou Costa a cancelar parte da agenda
Hoje é dia de debate quinzenal e o tema são os fundos europeus, Portugal 2030. Na segunda parte, o debate será preparatório do Conselho Europeu de 28 e 29 de junho e versará exclusivamente sobre migrações. É bom saber o que pensa o Governo, parceiros e oposição sobre este tema que se arrisca a incendiar a Europa, mas já lá vamos. Esta quarta-feira é o Dia Mundial do Refugiado e os especialistas dizem que Portugal devia aprender com os erros da Europa. Em 2017 concedeu cerca de 700 estatutos, mas recusou muitos. Ao todo, no mundo, o número de refugiados anda a rasar os 70 milhões.
Mas tenho dúvidas que o PM consiga circunscrever o tema do debate. Com o acordo da concertação social sobre as relações laborais, a greve dos professores e o esboço de propostas do PS sobre a reforma da saúde em cima da mesa, é pouco crível que os deputados fiquem só a discutir os milhões que vêm (ou não) para aqui. Vamos por partes.
Concertação social: o acordo foi assinado na segunda-feira por António Costa, que não deixou dúvidas que era para valer, apesar das discordâncias dos parceiros. Aqui pode ler o que muda no Código de Trabalho e aqui o que divide os três partidos-parceiros sobre o assunto. O PM foi claro, o acordo é para valer, e na sua coluna de opinião, o bloquista-senador Francisco Louçã voltou a insistir na tónica: “O Governo pretende um conflito com a esquerda”. Já é a segunda vez no espaço de duas semanas e sobre assuntos diversos em que Louçã carrega nesta tecla. Porque será? Santana Lopes também repetiu na SIC (pela segunda vez em 15 dias) que “cheira a Bloco central”. Carlos César repete: o eleitorado dos parceiros e do partido socialista preferem a atual solução governativa.
Greve dos professores: na segunda-feira, Mário Nogueira desafiava o Governo a encontrar uma escola onde se tenham realizado reuniões de avaliação (“uma agulha no palheiro”) e protestou contra a tentativa de imposição de serviços mínimos nas reuniões : “é um atentado à democracia”, disse. As greves estão para durar: há um pré-aviso entregue até 13 de julho, e previsão de greve para 14 de Setembro, o primeiro dia de aulas, e durante toda a semana que termina a 5 de Outubro. Os pais começam a reclamar, ressuscitando lutas antigas.
O orçamento, como se sabe, tem de se ser apresentado até dia 15 deste mês. Ontem houve outra reunião e nada deu. Foram cinco horas a partir pedra e a conclusão foi constituir um colégio arbitral para analisar a necessidade ou não de serviços mínimos. Mas só a partir de julho. A informação é da Fenprof.
Nas jornadas parlamentares do PSD também se falou deste assunto: Rui Rio diz que o país não está em condições para contar com o tempo todo aos professores. Quanto às jornadas parlamentares propriamente ditas, que terminaram ontem, Rio falou para muitas cadeiras vazias. A análise do Filipe Santos Costa: uma orquestra desafinada.
Saúde: Maria de Belém apresentou ontem o esboço do projeto do PS sobre a Lei de Bases na Saúde, três dias antes apenas de um debate marcado pelo Bloco para discutir o assunto e que tem, juntamente com o PCP, opiniões muito diferentes sobre o assunto. É um tema que divide os parceiros. O ministro vai esta manhã à comissão Parlamentar de Saúde.
Na frente económica, a notícia são os pormenores do que já se sabia: que a compra da TVI pela Altice foi chumbada pela Autoridade da Concorrência: custaria 100 milhões aos consumidores. A Anabela Campos esmiuça as razões.
Notícias diversas mas interessantes: o Ministério Público continua no encalço dos negócios de Manuel Pinho, desta vez são as casas que vendeu; PS e PSD – qual é o mais amigo da natalidade? Estão ambas no Expresso Diário de ontem. Quanto ao mistério do desaparecimento dos quatro dedos cortados na estátua de D. José no Terreiro do Paço vem no Observador.
LÁ FORA
EUA. Vem de lá a notícia que nos surpreendeu a todos (embora, pensando bem, não seja assim tão surpreendente): o país retira-se do Conselho de Direitos Humanos da ONU (aqui). O cantinho do Trump vai-se alargando: é o escândalo das crianças separadas dos pais (2000 já! Veja as fotos e os vídeos) na fronteira com o México, a guerra comercial que estalou com a China (e consequente abalo em Wall Street, afundando os mercados), o último tweet do Presidente americano a criticar a chanceler Merkel sobre a política de imigração (e a resposta em tom grosso do presidente da Comissão, que disse que Trump “não governa a Europa”), as divergências que alarmam já a NATO a um mês da sua cimeira, e, e, e …
NOTA: a política de Trump sobre a imigração foi a única coisa que nestes últimos tempos conseguiu reunir toda a classe política (e sociedade civil) do CDS ao BE: os seus líderes vão estar presentes amanhã numa inédita manifestação de protesto.
ALEMANHA-FRANÇA. Angela Merkel (que, a propósito, não está assim tão tremida, venceu mais um round, “Renasceu das cinzas”) e Emanuel Macron reuniram-se em Paris para falar da eurozona e encontraram um terreno mínimo de acordo (também aqui) sobre a reforma da dita, nomeadamente a criação de um orçamento para a zona - mas é tudo moderado, calma! Ouça este podcast e perceba porque Macron está a ficar isolado. Se quiser ler o texto completo da declaração final está aqui. Isto leva-me a revisitar as propostas de António Costa, pela mão do site Opendemocracy.net).
EUROPA. O encontro abordou também o problema maior da imigração, realizando-se dias depois da crise do Aquarius, o barco carregado de imigrantes que a Itália recusou acolher e aportou em Valencia. O problema é sério em toda a Europa, sobretudo porque se olharmos para os números se verifica que caíram drasticamente (44% em 2017 em relação a 2016) – consulte o Relatório europeu ou o seu resumo. Quanto ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, quer estabelecer centros de imigrantes fora da Europa. Chame-lhe o que quiser.
A situação é grave, tendo em vista que, por exemplo, em França, de acordo com as sondagens, a maioria da população (56%) foi contra o acolhimento em terras francesas dos imigrantes do Aquarius (metade dos 630 quer ir para França). Na Alemanha são 90% os que querem mais expulsões de clandestinos. Apesar disso e também para dar alguma ajuda a Merkel, Macron aceitou receber os imigrantes que estão na Alemanha e que entraram por França.
Por estas e outras razões, deixo-lhe aqui os links para três artigos sobre o tema: é ou não uma crise de, por e para políticos? (Rui Tavares); a política europeia tout court sobre o tema(Paulo Rangel); e o novo eixo do mal (Amílcar Correia). Há uma crise de perceção na Europa e só um cego não a vê. Mas é assim que se propaga o nacionalismo, o populismo e outros “ismos” – senão, leia este discurso de Viktor Órban, o primeiro-ministro húngaro e descubra por que este tipo de raciocínio é tão apelativo. Cúmulo: foi dito numa cerimónia em memória do grande europeu que foi o chanceler alemão Helmut Kohl.
ESPANHA. Afinal, Pedro Sanchez quer ficar no Governo até 2020 (ver-se-á se consegue) e faz operação de charme na Moncloa (onde antes havia o Rico há agora uma Turca) – não se preocupe estamos a falar de cães e da obsessão dos líderes políticos em os mostrar. O Politico encontrou quatro pontos em que Sanchez copia Trudeau, o primeiro-ministro do Canadá (nós portugueses entendemo-lo melhor).
Do lado do PP, a luta é feroz pelos despojos de Rajoy. O partido está dividido ao meio com a entrada em cena das duas dirigentes, Maria Dolores de Cospedal (ex-ministra) e Soraya Sáenz de Santamaria (a vice-presidente), ambas criações do antigo líder. O Jorge Almeida Fernandes chama-lhe as duas generalas(mas porque será que quando as mulheres se afirmam em mundo de homens têm patente militar?) Há mais quatro candidatos ao cargo, todos homens. A ver quem ganha.
FRASES
"Vai ser uma final para nós, uma batalha importante. Vamos dar a vida em campo", Nadir Dirar, jogador de Marrocos
"Sabemos das nossas capacidades e trabalhamos para um só objetivo, que é honrar a camisola e o país", Pepe. jogador de Portugal
"Não há pozinho mágico, Portugal tem capacidade para fazer melhor", Fernando Santos
"A função do PSD é empurrar o Governo para a irresponsabilidade? Não, isso é função do PCP e do BE. Nós (...) temos outra, que é a de obrigar o Governo a falar verdade", Rui Rio, nas jornadas parlamentares
"Não é um acordo ótimo, mas é um acordo bom", Carlos Silva, líder da UGT, ao I, sobre a concertação social.
O QUE ANDO A LER
Não é para fazer propaganda à casa – mas por acaso já passou os olhos pela coleção sobre Jerusalém, A Biografia de Simon Sebag Montefiore, que o Expresso está a editar em pequenos livrinhos há seis semanas? Pois devia, porque a história da cidade sagrada das religiões monoteístas, que por três vezes foi arrasada e três vezes ressuscitou, merece que lhe dedique alguma atenção. Como foi que se decidiu criar uma inóspita cidade no meio do deserto, os nomes que teve, as mãos porque passou (e as invasões que sofreu), os massacres de que foi vítima? Tudo é objeto de estudo, com uma descrição tão abundante de pormenores que não custa a transportar-nos para esse mundo de outrora que ainda revive. A História da Humanidade está recheada de desumanidade. Os livros, que no conjunto são um grosso tomo, são um mimo de saber e cultura (com um pequeno senão - a tradução é tão fraca que me pergunto se algum português reviu o texto). Se conseguir ultrapassar isso, garanto-lhe, vale muito a pena.
E por hoje é tudo. Eu queria escrever pouco e não consegui. Está liberto para voltar ao futebol, se assim o entender.
Tenha um Bom Dia… e que a vitória nos sorria!
Sem comentários:
Enviar um comentário