Parece um filme de terror mas não
é um filme. É o terror dos EUA e de Trump exercido contra os latino americanos
adultos e que também aterroriza os seus filhos, muitos de tenra idade.
Os EUA são profícuos em aterrorizar populações, vimos no Vietname e em outros terríveis teatros de guerra, vimos os seus parceiros de Israel a fazer o mesmo na Palestina, o que ainda não tínhamos visto com tanta nitidez é nos próprios EUA as crianças latino americanas sofrerem traumas irremediáveis devido ao terrorismo dos EUA, de Trump e da súcia de criminosos a viverem com gáudio na opulência da Casa Branca e noutros departamentos governamentais associados.
Os EUA são profícuos em aterrorizar populações, vimos no Vietname e em outros terríveis teatros de guerra, vimos os seus parceiros de Israel a fazer o mesmo na Palestina, o que ainda não tínhamos visto com tanta nitidez é nos próprios EUA as crianças latino americanas sofrerem traumas irremediáveis devido ao terrorismo dos EUA, de Trump e da súcia de criminosos a viverem com gáudio na opulência da Casa Branca e noutros departamentos governamentais associados.
Trazemos ao PG novo texto do
Expresso acerca do tema. Pouco importa ser dito que vão abrandar as ações
coercivas praticadas contra os latino americanos e contra as suas crianças
porque a maquilhagem que possa aplicar à realidade e drama do sofrimento de
milhares de crianças e de adultos já não nos permite acreditar numa única
palavra do criminoso Trump, nem dos que o ladeiam. Segue o texto de Hélder
Gomes. Mais um com mais do mesmo: terrorismo dos EUA e de Trump. (MM | PG)
“As grades não são nada
comparadas com a separação dos pais.” Mesmo dando calmantes às crianças
A badalada “tolerância zero” do
Presidente dos EUA, Donald Trump, em relação aos migrantes sem documentos
conheceu nas últimas horas avanços e recuos. Face à pressão política e
humanitária, Trump pareceu recuar e assinou um decreto a proibir que as crianças
fossem afastadas dos pais para, pouco depois, assegurar que continuará a agir
com mão dura. Mais preocupante ainda parece ser a administração de enormes
quantidades de psicotrópicos a crianças, entretanto revelada. “O sofrimento e o
desamparo têm efeitos para toda a vida”, diz um dos psicólogos ouvidos pelo Expresso
Nos últimos dias, circulou uma
gravação áudio de crianças da América Central, separadas dos pais, e mantidas
num centro de detenção na fronteira entre o México e os EUA. “Há pessoas que
não a conseguem ouvir porque o choro das crianças é excruciante. Esta nossa
reação dá-nos uma curta medida da angústia e do sofrimento em que estas
crianças se encontram”, avalia a psicóloga e psicoterapeuta Ana Moniz.
“A probabilidade de desenvolverem
uma depressão reativa, perturbações de ansiedade e de personalidade e problemas
comportamentais é muito alta”, continua, acrescentando que “algumas já podem
estar a manifestar esses sintomas, enquanto outras só irão manifestá-los mais
tarde”.
Ao contrário dos adultos, que têm
“a capacidade intelectual de saber o que está a acontecer”, estas crianças “só
comunicam entre si, com outras crianças também desesperadas e que também não
sabem o que se passa”, contrapõe Tânia Dinis, também psicóloga e
psicoterapeuta. Perante uma situação que não entendem, começam a revelar sinais
de profunda insegurança.
Para tentarem remediar a
situação, os adultos que se ocupam delas nos centros poderão pintar um cenário
de esperança, que acaba por não se concretizar, “mentindo-lhes”, e as crianças
rapidamente percebem e começam a desconfiar. “Quanto mais precocemente se
manifestar essa desconfiança, maior será a dificuldade de estabelecer relações
futuras – amorosas, no trabalho, etc. – porque sentirão sempre que qualquer
pessoa lhes pode puxar o tapete a qualquer momento”, alerta.
Uma criança desamparada até pode
aproximar-se de um adulto, em busca de conforto, de uma ligação segura. “Pode
até agarrar-se às pernas de um adulto porque só quer que qualquer pessoa cuide
dela, mas isso não é afeto genuíno”, sublinha Tânia Dinis. Do ponto de vista
emocional, ligar-se ou não se ligar são cenários semelhantes, porque “não há
segurança no vínculo”.
Por isso, a especialista defende
que uma tentativa de aproximação é “um desastre tão grande como a situação em
que a criança se encolhe num canto e não quer contacto com ninguém”. Por outro
lado, as crianças detidas estão “entregues a adultos sem capacidade para lidar
com elas e, mesmo que tivessem essa capacidade, não teriam mãos para atender a
tantos casos”, refere.
“PODERIA SER TRAUMÁTICO PARA QUALQUER
PESSOA E EM QUALQUER IDADE”
“O que se está a passar poderia
ser traumático para qualquer pessoa e em qualquer idade”, ressalva Ana Moniz.
“Mas estamos a falar de crianças de um a cinco anos, idades em que a ligação às
figuras de vinculação é crucial para desenvolverem uma noção de confiança em si
próprias, nos outros e no mundo. É uma necessidade básica”, defende. E
acrescenta: “As grades não são nada comparadas com a separação dos pais. O
sofrimento e o desamparo têm efeitos para toda a vida”. A diretora executiva da
UNICEF Portugal, Beatriz Imperatori, concorda que se trata de uma “situação
deveras traumática” e que, do ponto de vista clínico, “essas crianças poderão
ter necessidade de acompanhamento”.
Beatriz Imperatori qualifica a
situação atual como “um óbvio exercício de violência”, que põe em causa “o
superior interesse da criança nos princípios fundamentais da segurança e do
bem-estar”. De qualquer modo, a secção portuguesa da agência das Nações Unidas
para a proteção das crianças mostra-se “satisfeita com a alteração da
política”, anunciada esta quarta-feira por Donald Trump, e sobretudo com as
“consequências no terreno”, ou seja, “não haver mais crianças desacompanhadas”,
que passam agora a ser detidas juntamente com os pais.
No entanto, pouco depois de ceder
à pressão interna e internacional e assinar uma ordem executiva para acabar com
a separação de famílias na fronteira, o Presidente dos EUA assegurou que a
política de “tolerância zero” em relação aos migrantes era para continuar.
Trump garantiu então que os Estados Unidos iam mandar os migrantes de volta,
numa formulação agressiva e difícil de traduzir de uma forma que lhe faça
justiça: “we’re sending them the hell back”.
Por outro lado, de acordo com a
própria administração americana, a tal ordem executiva não será aplicada às
mais de 2300 crianças que já foram separadas dos pais. A responsável da UNICEF
defende que é crucial “resolver a situação dessas crianças já separadas”,
sublinhando que há uma “óbvia urgência na reunificação dessas famílias”. No
processo de relativa normalização que venha a acontecer, o pediatra Hugo Faria
defende que “é fundamental explicar à criança o que se passou”. Quando “a rede
de suporte se rompe, é necessário ajudar a restabelecer os laços”, devolvendo
às crianças “o conforto e a segurança” perdidos, acrescenta.
NOVE COMPRIMIDOS DE MANHÃ E SETE
À NOITE
Na quarta-feira, o jornal
“Huffington Post” revelou, citando documentos judiciais, que funcionários dos
centros de reinstalação de refugiados estão a administrar psicotrópicos a
crianças sem o consentimento dos pais. Num dos casos denunciado, uma criança
tomou nove comprimidos de manhã e outros sete à noite, uma prática que, segundo
a documentação médica e judicial a que o jornal teve acesso, é generalizada.
Hugo Faria mostra-se
“profundamente chocado”, dizendo que isso “revela a intensidade do desespero e
da angústia” por que passam as crianças quando é necessário administrar “uma
quantidade tão grande de medicamentos”. “O fármaco pode ajudar, mas deve ser o
último recurso. Não é desejável que a criança necessite dele”, acrescenta. E,
tendo em conta a quantidade de medicamentos administrada, deixa a pergunta:
“qual será a intensidade de um stress pós-traumático?”. “A confirmar-se este
caso e existindo uma denúncia sólida, acreditamos que os mecanismos de
supervisão atuarão da forma que for necessária”, afirma, por sua vez, Beatriz
Imperatori.
A psicóloga e psicoterapeuta
Tânia Dinis levanta um problema raramente considerado: o trauma dos próprios
agentes nos centros de detenção. “A conformidade e a obediência de quem está no
terreno poderão levá-los a considerar que a responsabilidade não é sua, que
estão apenas a cumprir a lei. Mas quando um dia lhes passar o nevoeiro, que os
faz acreditar que os imigrantes são más pessoas e que os culpados são os pais,
isso poderá persegui-los para o resto da vida”, explica.
O stress, a irritabilidade, o
consumo abusivo de álcool e drogas e até a violência doméstica são alguns dos
cenários possíveis, refere, acrescentando a possibilidade de virem a ter
“pesadelos com as caras das crianças”. Quanto às vítimas mais imediatas, Ana
Moniz diz que “no limite, estas crianças vão sobreviver, é provável que
sobrevivam”. “Mas é uma tragédia como sociedade que estejamos ao nível da
sobrevivência”, conclui.
Hélder Gomes | Expresso
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