Depois de participarem no último
dia da cimeira dos BRICS, em Joanesburgo, Angola e Moçambique afirmam que estão
dispostos a cooperar com o bloco e esperam desenvolvimento e "benefícios
mútuos".
O Presidente de Angola, João
Lourenço, afirmou nesta sexta-feira (27.07), em Joanesburgo, que gostaria de
integrar o seu país nos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul). Da mesma forma, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, garantiu
que o país está aberto para colaborar "na base de vantagens e benefícios
mútuos". As posições foram defendidas no última dia da 10ª
cimeira do bloco.
No seu discurso aos chefes de
Estado e de Governo dos BRICS e demais autoridades africanas presentes na
cimeira, o Presidente João Lourenço deixou clara a sua intenção de receber
apoio dos países emergentes: "O vosso exemplo inspira-nos e motiva a
trabalhar com a ambição de almejar o objetivo de um dia se poderem acrescentar
outras letras à sigla BRICS".
Lourenço também afirmou que
Angola tem feito um "grande esforço de reconstrução nacional",
investindo recursos em infraestruturas e obras sociais, "embora ainda
insuficientes para colmatar as crescentes exigências das populações e das
empresas no que diz respeito às suas necessidades básicas".
"Reitero o apelo então feito
para que ajudem a República de Angola a superar os constrangimentos ainda
existentes para colocar a economia angolana ao serviço do desenvolvimento, do
progresso e do bem-estar das populações", frisou João Lourenço, que marcou
presença na qualidade de chefe Estado da República de Angola e presidente em
exercício do Órgão de Cooperação Política, Defesa e Segurança (OCPDS) da
Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
"Benefícios mútuos"
O Presidente moçambicano, Filipe
Nyusi, também discursou neste último dia da cimeira e afirmou que
"Moçambique aprecia a necessidade de aprofundar a cooperação com os BRICS,
para o crescimento e o desenvolvimento sustentável das economias, num espírito
de equidade, respeito, confiança mútua e justeza". Nyusi ressaltou ainda
que esta cooperação deve ser "na base de vantagens e benefícios
mútuos".
Filipe Nyusi disse aos chefes de
Estado dos BRICS que as prioridades do seu país são "as infraestruturas, a
agricultura, a industrialização, a ciência e tecnologia, e a balança de pagamento".
E garantiu que a economia moçambicana está a recuperar "depois de um
abrandamento decorrente de fatores conjunturais, em particular no ano de 2016,
estando para este ano de 2018 uma estimativa de crescimento de 5,3% do
PIB".
"Os países africanos, atualmente,
figuram entre aqueles que demonstram os maiores índices ou perspectivas de
crescimento económico, que pode ganhar maior expressão se trabalharmos em
conjunto. A abordagem de cooperação para o desenvolvimento dos BRICS, para além
de dar voz aos sem voz, faz-se acompanhar de uma agenda de desenvolvimento
concentrando as nossas necessidades e prioridades", disse Nyusi.
Nações africanas e livre comércio
Além de Angola e Moçambique,
outros países africanos participaram no encerramento da 10ª cimeira dos BRICS,
como Namíbia, Botsuana, Malaui, Zâmbia, Zimbabué, Lesoto, República Democrática
do Congo, Maurícias, Madagáscar, Seychelles, Senegal, Tanzânia, Togo, Uganda,
Ruanda, Etiópia, Gabão, Togo, e o secretariado da União Africana.
Entretanto, a importância das
nações africanas foi destacada logo no primeiro dia do evento, quando o
Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa instou a uma maior cooperação
BRICS-África e outras plataformas multilaterais, acrescentando que "os
BRICS devem promover a integração e o desenvolvimento do continente
africano" e aproveitar o potencial de investimento existente em
África.
"Na década passada, África
cresceu a uma taxa de 2 a 3 pontos percentuais a mais do que o PIB global, com
o crescimento regional previsto para se manter estável acima de 5% em
2018", precisou.
O chefe de Estado frisou que o
acordo sobre a Zona de Livre Comércio Continental Africana apresentará mais
oportunidades através do acesso a um mercado de centenas de milhares de pessoas
e um Produto Interno Bruto (PIB) global de mais de 3 mil milhões de dólares.
"O valor desta área de livre
comércio só será plenamente realizado através de investimentos maciços em
infraestrutura e desenvolvimento de capacidades. Isso apresenta oportunidades
para os países do BRICS, alguns dos quais têm ampla experiência em
desenvolvimento de infraestruturas e são líderes mundiais em educação e
desenvolvimento de habilidades", afirmou o líder sul-africano.
Comércio multilateral
Na quinta-feira (26.07), Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul defenderam em conjunto o comércio global
na plenária da cimeira de três dias, e prometem combater o unilateralismo e o
protecionismo, assinando uma declaração conjunta de apoio a um sistema
multilateral de comércio aberto e inclusivo, como prevê a Organização Mundial
do Comércio (OMC).
"Reconhecemos que o sistema
multilateral de comércio enfrenta desafios sem precedentes. Salientamos a
importância de uma economia mundial aberta, permitindo que todos os países e
povos compartilhem os benefícios da globalização, que deve ser inclusiva e
apoiar o desenvolvimento sustentável e a prosperidade de todos os países. Pedimos a todos os membros da OMC que respeitem as regras da OMC e honrem os
seus compromissos no sistema multilateral de comércio", refere a
declaração assinada pelos cinco chefes de Estado.
Agência Lusa, Reuters, tms |
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