Taxa de cobertura de
abastecimento no distrito de Machaze, a sul da província de Manica, ronda os
40%. Muitos habitantes consomem água imprópria e têm de percorrer longas
distâncias para chegar à fonte mais próxima.
Mais de 86 mil pessoas, de um
total de 142 mil habitantes, carecem de água potável no distrito de Machaze, a
sul da província de Manica, centro de Moçambique. Neste momento, a taxa de
cobertura de abastecimento situa-se em 40%, servindo 56 mil e 500 pessoas em
todo o distrito.
Devido à insuficiência de fontes
de água no distrito de Machaze, a população carenciada consome água imprópria
extraída de poços tradicionais, rios e charcos. Muitos têm de percorrer longas
distâncias para encontrar a fonte mais próxima.
Nhacha Mário Gonçalo, residente
na localidade de Masvissanga, é uma das pessoas afetadas pela falta de água
potável:"Nós íamos buscar [água] ao riacho, onde se lavava a roupa. Era
onde procurávamos água para beber, então sofríamos muito. Estivemos a beber
água suja".
São frequentes os casos de
doenças por consumo de água imprópria.Nhacha diz que o Governo distrital tem
estado a responder paulatinamente às reclamações da população, na medida em que
transforma algumas fontes em pequenos sistemas de água.
Transformar furos em sistemas
Ouvida pela DW África, a
administradora do distrito de Machaze, Joana Guinda, afirma que existem
atualmente 128 furos operacionais no distrito, registando-se um défice de 287
fontes. Para além destas, funcionam ainda em Machaze 23 pequenos sistemas de
abastecimento de água e 73 bombas manuais que estão instaladas nos principais
aglomerados do distrito.
Joana Guinda garante que, para
minimizar o drama, estão em curso acções com vista à transformação de furos em
pequenos sistemas de abastecimento de água. Neste momento, as atenções estão
viradas ao povoado de Chivavisse, na localidade de Chipudje.
António João Batista, régulo de
uma povoação na localidade de Sambassoca, em Machaze, saúda estas medidas:
"Registamos com satisfação a transformação de nove furos de água para
pequenos sistemas, onde o abastecimento da água é mais abrangente".
O régulo afirma que a operação
contribuiu para diminuir "as grandes distâncias" que a população
tinha de percorrer em busca de água potável e, ao mesmo tempo, reduziu
"filas de espera das mesmas nas fontes".
A população de Machaze é campeã
em encontrar alternativas para recolher e poupar água. Uma pequena chuva basta
para reter o precioso líquido, através das famosas caleiras montadas nas
residências, na sua maioria, precárias e cobertas de capim, bem como nos
hospitais e estabelecimentos de ensino.
Presidente reitera compromisso
O problema da falta de água no
distrito foi também abordado pelo Presidente da República de Moçambique numa
visita recente à província de Manica. Num comício popular na localidade de
Sambassoca, em Machaze,a 14 de julho, Filipe Nyusi garantiu que as autoridades
estão a trabalhar para encontrar uma solução.
"Quando estivemos em 2014 e
2015, falámos de água para a nossa vila de Machaze. Dos furos criou-se o
sistema de água, embora pequeno. Já tínhamos assumido esse compromisso e
continuamos com o compromisso de fazer mais furos ao longo das localidades e
povoações e mesmo aumentar a capacidade da própria vila de Machaze",
afirmou o chefe de Estado.
À DW África, a administradora do
distrito, Joana Guinda, garantiu que trabalho idêntico de transformação de
furos em pequenos sistemas de abastecimento de água vai ser realizado em
diversas localidades, incluindo Sambassoca, Chipudje, Mavende, Mavissanga e
Chipopopo.
O trabalho está a ser executado
em parceria com UNICEF e deverá culminar com o aumento da taxa de cobertura do
abastecimento de água potável no distrito dos actuais 40 para 56 por cento.
No distrito de Machaze, a
abertura de furos é dificultada pelo problema de profundidade dos lençóis
freáticos, os reservatórios subterrâneos de água doce, havendo igualmente
situações de água salubre que jorra nalgumas fontes.
Bernardo Jequete (Chimoio) |
Deutsche Welle
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