Pedro Marques Lopes | Diário de
Notícias | opinião
As agressões bárbaras a Nicol
Quinayas, rapariga negra de 21 anos, não são um acontecimento excecional, como
também o não são os insultos que o homem ao serviço dos STCP proferiu. Ainda há
muito pouco tempo tivemos o episódio da esquadra de Alfragide e basta um apelo
à memória para nos lembrarmos de várias situações que envolvem forças de
segurança e negros. Aliás, são quase rotineiros os relatórios de entidades
internacionais a acusar as nossas polícias de abusos e, apesar de não
exclusivamente, quase sempre a negros.
Poderíamos concluir dizendo que
temos um problema de racismo basicamente circunscrito às nossas forças de
segurança. Reforçar com a enésima falha grave de, no caso das agressões a
Nicol, a polícia não ter identificado o agressor no local, não ter chamado o
112 e só ter feito auto de notícia três dias depois - talvez por o caso ter
tido repercussões mediáticas. E sim, sendo forças de segurança ou entidades
ligadas ao setor público, este tipo de situações têm mais gravidade. É que
estas instituições são, de forma mais ou menos direta, os nossos
representantes. São as pessoas a quem delegamos a segurança ou outros
interesses comunitários, somos nós.
Mas não, não é assim. A conversa
de não termos um problema de racismo na nossa comunidade, de sermos um povo com
uma relação diferente da de outros com gentes de outras raças é uma terrível
mentira. Uma mentira mil vezes repetida. Uma mentira que ajuda um selvagem a
espancar selvaticamente uma rapariga de 21 anos perante a passividade das
pessoas que assistiam à cena. Uma mentira que permite que numa manifestação,
poucos metros acima da Assembleia da República, se chame monhé ao
primeiro-ministro. Uma mentira que permite a muitos chamar fundamentalista a
quem se revolta por se utilizar linguagem objetivamente racista. Uma mentira
que permite não termos negros com cargos relevantes na função pública, em
cargos políticos, na administração de empresas privadas. Uma mentira que faz
que ignoremos olimpicamente os insultos sistemáticos a negros em campos de futebol.
Uma mentira que faz que sejamos, segundo um relatório da Agência dos Direitos
Fundamentais da União Europeia, entre nove países (incluindo a Hungria), os que
mais discriminamos os ciganos no acesso a direitos básicos.
Não tenhamos ilusões. Tivéssemos
situação comparada à dos fluxos de imigrantes de outros países europeus e a
reação de muitos de nós seria igual ou pior do que a dessas comunidades. E
tenho poucas dúvidas de que inevitavelmente apareceria um tocador de flauta de
Hamelin racista e xenófobo a quem não faltariam nossos concidadãos a segui-lo.
O vírus do racismo está bem vivo
entre nós. Não basta existir e estar a ser alimentado de muitas formas e poder
ser engordado por outras, ainda conta com a colaboração de quem não está
infetado mas encolhe os ombros quando o vê diariamente, que promove a mentira
de sermos um país de brandos costumes perante outras raças. Não se iluda, caro
leitor, de uma forma ou de outra eu e você estávamos nos socos que deixaram a
cara da Nicol naquele estado.
O inferno da Portela
Só quem não apanhou nos últimos tempos um avião no terminal 1 do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, é que desconhece o caos que ali está instalado. As zonas de check-in parecem, o dia todo, o metro em hora de ponta e as filas para passar pela segurança estendem-se por centenas de metros.
Só quem não apanhou nos últimos tempos um avião no terminal 1 do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, é que desconhece o caos que ali está instalado. As zonas de check-in parecem, o dia todo, o metro em hora de ponta e as filas para passar pela segurança estendem-se por centenas de metros.
No dia 14 de junho demorei hora e
meia desde o momento em que passei a zona de validação do cartão de embarque
até cruzar a segurança. É evidente que os recursos estão a ser todos
explorados. Não há máquinas de verificação da bagagem de mão que estejam
paradas e não há falta de trabalhadores. E, claro, nem vale a pena falar dos
atrasos nos voos.
As músicas que nos salvam a vida
A rubrica faz parte de um programa da CBS, The Late Late Show. Nela, o apresentador James Corden convida um músico que leva num passeio de carro enquanto conversam e cantam.
A rubrica faz parte de um programa da CBS, The Late Late Show. Nela, o apresentador James Corden convida um músico que leva num passeio de carro enquanto conversam e cantam.
Num dos últimos episódios, o
convidado foi Paul McCartney. O passeio percorreu Liverpool, a casa onde Paul e
John escreveram os primeiros êxitos, os locais onde se inspirou para muitas
músicas que fazem parte da minha e da vida de tanta gente.
- Foto: Jornal de Notícias
- Foto: Jornal de Notícias
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