Portugal perdeu com o Uruguai,
tinha de acontecer com aquele árbitro mexicano que foi subtilmente tendencioso
mas muito provavelmente preponderante no resultado. Contudo a seleção
portuguesa já não é o que era, os jogadores mais jovens ainda não aprenderam a
comer a relva, daí Ronaldo ter de vir atrás buscar jogo em vez de estar
adiantado e ter maiores possibilidades de marcar golos.
Foi um péssimo resultado, este
com o Uruguai, mas com jogadores daqueles outra coisa não seria de esperar. Pela
postura que todos tiveram, apesar de tudo, estão desculpados. Afinal venceu a
melhor seleção, Uruguai.
Os tais “melhores do mundo” – Messi e Ronaldo – não fazem
milagres e os que no jogo se encostam a eles e deles se sentem dependentes são os responsáveis pelas derrotas
que lhes foram infligidas.
Daqui por quatro anos há mais. Talvez Ronaldo já nem
jogue, nem Messi. Há males que vêm por bem. (PG)
Era para ser o Mundial de
Ronaldo, mas acabou cedo de mais
Seleção nacional saiu derrotada
pelo Uruguai nos oitavos (1-2) e o campeonato do mundo fica sem Messi e
Cristiano Ronaldo no mesmo dia
Mundial que começou por ser o de
Cristiano Ronaldo despediu-se da seleção nacional e do seu capitão com as
expectativas portuguesas por cumprir. Portugal caiu nos oitavos-de-final
perante o Uruguai (1-2), pagando uma crise de identidade futebolística que
Fernando Santos resolveu tarde de mais neste torneio. O campeão europeu saiu de
cena e arrastou Ronaldo com ele, no mesmo dia em que também deixou a prova o
seu principal rival, Lionel Messi.
Cristiano Ronaldo continua sem
ter qualquer golo em jogos a eliminar de campeonatos do mundo. E mantém as
meias-finais do Mundial 2006, o seu primeiro, como a melhor campanha. De então
para cá, duas eliminações nos oitavos-de-final (ontem e em 2010) e uma na fase
de grupos (2014).
"Não me parece nada justo,
Portugal fez o suficiente para ter outro resultado. Os jogadores tentaram tudo.
Estou muito triste, mas futebol é isto", lamentou no final o selecionador
português. Portugal jogou mais, sim; teve mais oportunidades, também; mas
perdeu demasiado tempo em indefinições ideológicas e acabou em desespero, a
cobrar do árbitro o tempo perdido por culpa própria, como os mais de 300
minutos que Fernando Santos levou neste Mundial a perceber que Bernardo Silva
tinha de ter mais presença interior no jogo da seleção portuguesa - só o fez na
segunda metade de ontem.
Na era Fernando Santos, esta foi
apenas a segunda derrota de Portugal em competições oficiais (num total de 33
jogos), e a primeira em fases finais (onde Portugal não perdia desde a estreia
no Mundial de há quatro anos, contra a Alemanha, há 18 jogos). Mas foi uma
derrota dolorosa pela sensação de se ter desperdiçado, numa série de equívocos
coletivos, a melhor versão de Cristiano Ronaldo num Mundial de futebol.
Por vezes, a culpa também é da
vontade. Já o cantou Variações. E Portugal começou a sucumbir assim frente ao
Uruguai. Pela vontade excessiva com que entrou. Sobretudo Ronaldo. O capitão
partiu para cima da defesa uruguaia mal soou o apito inicial: logo aos 2",
tentou entrar pela esquerda; aos 6", foi atrás buscar a bola e rematou de
meia distância; e aos 7", entusiasmado, correu para fazer rapidamente um
lançamento lateral. Mas quem acabou surpreendido foi Portugal: os uruguaios
intercetaram o lançamento e partiram para um rápido contragolpe que apanhou a
equipa portuguesa desposicionada e acabou em golo construído pela letal dupla
de avançados da seleção celeste - Suárez cruzou para a cabeça de Cavani.
Aos 7", a seleção com fama
de ser o melhor exemplo de como defender bem, um Uruguai que não sofreu
qualquer golo na fase de grupos deste Mundial, apanhava-se na situação ideal:
em vantagem, a ter de preocupar-se "apenas" em tapar os caminhos para
a sua baliza.
E Portugal perante uma tarefa
gigantesca. Ainda para mais mantendo a estranha contradição ideológica com que
atravessou grande parte deste Mundial da Rússia. Uma equipa de médios
interiores no meio-campo (Adrien ganhou o lugar a Moutinho, ontem), mas a
abusar dos corredores laterais (Ricardo Pereira, na direita, foi principal
novidade do onze) na procura de cruzamentos para a área (onde, no entanto,
faltava uma referência, pois Ronaldo e Guedes "fugiam" demasiado para
outras zonas).
As coisas melhoraram,
substancialmente, quando Fernando Santos resolveu colocar Bernardo Silva junto
a Cristiano Ronaldo na zona central do ataque - com o criativo do Manchester
City a 10 a mostrar por fim algum do futebol que lhe vale a fama de novo
"pequeno genial" do futebol português. Mas foi numa bola parada (num
canto) que Pepe fez aquilo que se julgava ser o mais difícil: marcar um golo ao
Uruguai.
Só que, quando o entusiasmo tinha
finalmente (bom) futebol no qual se alavancar para tentar chegar à vitória,
Portugal acabou traído por outro dos seus pecados neste Mundial: os erros
defensivos que atravessaram a campanha portuguesa na competição. Um pontapé de
baliza de Muslera mal abordado por Pepe foi o suficiente para Cavani arranjar
forma de voltar a marcar, num belíssimo remate cruzado. Depois disso, já era
pedir de mais ver o Uruguai sofrer um segundo golo. O Portugal-Coreia do Norte
de 1966 continua a ser a única reviravolta lusa em Mundiais de futebol.
Diário de Notícias | Foto: Cristiano
Ronaldo vê amarelo por reclamar uma falta na parte final © REUTERS/Toru
Hanai
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