Domingos de Andrade | Jornal de
Notícias | opinião
Comece-se pela conclusão, porque
já se tinha percebido há muito. O Governo não vai ceder, o ministro da
Educação, Tiago Brandão Rodrigues, não tinha mais para dar porque manda o
ministro das Finanças, os professores vão para a greve e outras formas de luta.
E volte-se ao princípio. O falhanço previsível das negociações com sindicatos
sobre a contagem do tempo de serviço leva o Governo a seguir o seu próprio
caminho e a obrigar os partidos que o suportam no Parlamento a fechar os olhos
na aprovação do Orçamento do Estado. É isso ou uma crise política, com eleições
ainda durante o primeiro trimestre do próximo ano. Só serve ao PS. E nem é
preciso olhar para as sondagens.
Mas todos olham. Para os
barómetros de opinião. Rui Rio enfrenta uma parte substancial do partido que
não o quer e vê metástases na própria direção. Anunciou-o, convidando a sair
quem não concordar com a estratégia. É muito para um homem só, mesmo que
resiliente. Ou tem trunfos na manga com ideias para o país, ou só lhe resta
apoiar o Governo no Orçamento para ganhar tempo eleitoral. Assunção Cristas
capitaliza sem ter de se esforçar.
O PCP, que promete não
condicionar a aprovação do Orçamento à luta dos professores, vai ter de fazer
contorcionismo na rua. E o Bloco de Esquerda, sufocado com o caso Robles,
precisa desesperadamente de um cavalo de batalha eleitoral. Esse vai para a rua.
Nova volta. Entre as contas dos
sindicatos e as contas do Governo vão 445 milhões de euros de diferença. A
contagem do tempo de serviço custa 180 milhões de euros se vingar a proposta do
Governo de contabilizar apenas dois anos, nove meses e 18 dias, ou 635 milhões
se os sindicatos acabarem por vencer o braço de ferro.
Parece muito e o histórico dá
razão aos professores. Mas o Governo já está no limite das promessas que pode
cumprir.
E há um ano eleitoral para gerir.
E boas contas para ganhar eleições.
*Diretor-Executivo do JN
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