Bom dia de quinta-feira. Faltam
somente dois dias para chegar o fim-de-semana da ordem. Isso para os que ainda
se mantêm a trabalhar só de segunda a sexta. O que é cada vez mais raro. A
seguir temos o Expresso Curto por Ricardo Marques, da filial do Bilderberg… Ops.
Aborda o assunto demissionário do general Rovisco=Azeredo=Tancos. Todos os dias
cansa. Perguntando: e quem mais vai cair nas forças armadas? Uns quantos saem
dos cargos e caso abafado? Não pode voltar a ser como tem sido. Assim, com
grandes abafadores. Mudem de postura. Sejam decentes.
O juiz vedeta de Mação, de
Portugal, do mundo. Ele ficou viciado em não guardar recato, adora as luzes da
ribalta. Já sabem de quem se trata. Carlos Alexandre, esse mesmo. Supimpa,
apesar de maloio que vai à missa e é um exemplo de… Recatado é que não é. Era tão
giro que o fosse e fizesse o seu trabalho sem holofotes e tricas, além de
apontar computadores batoteiros. Os batoteiros conhecem-se bem? Será isso?
Estamos para ver.
Siga o Curto porque daquele
Alexandre pequeno já estamos fartos. Preferimos Alexandres grandes, na
personalidade e na resistência à falsa beatice e aos holofotes dos mediatismos
e imediatismos que são somente palha que alieneia os cidadãos e não lhes
proporciona algo de útil nem realmente informativo. Nem formativo.
Bom dia, bom Expresso Curto. Fique bem, apesar de o pior estar para chegar. (CT
| PG)
Bom dia este é o
seu Expresso Curto
Pessoas sempre pessoais
Ricardo Marques | Expresso
Um juiz e um general, duas
pessoas normais, entram num bar e sentam-se ao balcão a falar de coisas
pessoais.
- Meu caro oficial superior,
o que o levou a deixar agora o comando das forças terrestres da pátria,
resignando ao cargo de chefe de estado maior?
- Meu bom amigo, direi
apenas que foram razões pessoais.
- Muito bem, muito bem.
- Já agora, meu estimado
lente de lei, posso perguntar o que o levou a faltar ao trabalho no
preciso dia em que seria sorteado o juiz de instrução de um
certo processo que, bem sabe, pode abalar os alicerces do regime?
- Calma na
marcha, valoroso militar. Abalar por abalar, convenhamos que a
historia de um certo paiol mal vigiado não é uma questão menor e quem
sabe que danos poderá ainda causar…
- Bem sei, bem sei… Ou
melhor, eu não sei. Mas estará o digníssimo magistrado a ensaiar
uma retirada estratégica à minha certeira questão?
- Longe disso. Dir-lhe-ei
apenas que nesse dia fui forçado a ausentar-me por assuntos pessoais.
Gabriel Garcia
Marquez faria muito melhor. Mas cada um escreve sobre o país que
tem.
E o que temos nós? Duas cartas,
uma entrevista e uma estranha sensação de que algo sério está a acontecer por
cá.
O general Rovisco Duarte
resignou ao cargo e o Exército ficou temporariamente sem
Chefe do Estado-Maior. O problema, como se explica neste artigo,
é que alegou “razões pessoais” junto do poder político e “circunstâncias
políticas” numa mensagem para consumo interno.
Pelo meio, houve uma reunião
com o novo ministro da Defesa e uma série de 'não
respostas' de vários responsáveis.
A bomba,
salvo seja, tinha rebentado durante a tarde - e está hoje em todos os
jornais.
Mas a coisa
tornou-se absolutamente estranha à noite, quando a RTP exibiu
uma “entrevista” ao juiz Carlos Alexandre. Uso as aspas porque não se
tratou de uma entrevista-entrevista, daquelas em que o jornalista se senta em
frente ao entrevistado com uma mesa pelo meio. Foi outra coisa.
Meia Mação falou para as câmaras.
Do padre à colega de escola,
do carteiro ao presidente da câmara, ninguém poupou nos elogios
ao conterrâneo magistrado que não foi escolhido para a
instrução da Operação Marquês. A terra defende os seus.
Depois porque ainda antes de
a entrevista ser transmitida já o Conselho Superior da Magistratura tinha
anunciado a abertura de um um inquérito "para cabal esclarecimento de
todas as questões suscitadas pelo juiz de instrução criminal" que
coloca em causa o processo de escolha do juiz para a fase de
instrução do processo da Operação Marquês.
Afinal, o que disse o juiz?
Explicou que não esteve presente no dia do sorteio do juiz de instrução
porque, por coincidência, teve de tratar de “assuntos pessoais”. Constatou
que o computador tem regras e que a aleatoriedade é maior ou
menor consoante o número de processos que tem cada juiz.
Depois, as coisas ficaram
ainda mais esquisitas, porque a conversa saltou para os livros de Garcia
Marquez. Questionado sobre se se sentia um general preso num
labirinto (“O general no seu labirinto”), Carlos Alexandre respondeu
que se sentia mais um náufrago (uma procuradora oferecera-lhe “Relato
de um náufrago”), mas que ia sobreviver.
A seguir, ficámos a saber
onde é a casa de banho do Tribunal Central de Instrução Criminal,
constatámos que Alexandrefalou duas vezes com Ivo Rosa nas últimas semanas
(mas não disse uma única vez o nome do colega que vai conduzir a instrução
do Caso Marquês), descobrimos que o magistrado esteve “sitiado” pelo fogo
no verão, que está preocupado com a poluição no Tejo e que - mesmo
não tendo sido um aluno brilhante a matemática, como contou a colega de escola
- sabe que lhe faltam exatamente dois mil dias úteis para se
reformar. “Veja que os tenho bem contados”, disse ao jornalista.
A entrevista acabou
com música de fundo. Carlos Alexandre, vestido a rigor, caminha para
lá do portão de ferro. É um homem só, com as mãos atrás das costas, e
avança em direção a um país que, fica-se com a ideia, ele acha que não o
compreende.
A imagem perfeita de um
general a deixar o campo de batalha.
OUTRAS NOTÍCIAS
Vamos então mergulhar no
paiol da atualidade à procura dos temas que ficam e, com cuidado
para a malta da ronda não notar, meter alguns no saco dos assuntos de
que provavelmente vai ouvir falar durante o dia.
Esta é fresquinha: conhece
a Fifó?
Não sabe o que está a perder. A miúda tem 18 anos e marcou os quatro golos
da vitoria (4-1) sobre o Japão na final feminina de Futsal dos Jogos
Olímpicos da Juventude que decorrem em Buenos Aires , na
Argentina.
Medalha de ouro para
Portugal, para começar bem a quinta-feira.
(Aqui está
uma entrevista com a árbitro da final, a iraniana Gelareh
Nazemi, que só por acaso é sobre futebol)
A greve no Metropolitano de
Lisboa termina às 10h00.
Daqui a pouco há Conselho de
Ministros, o primeiro da nova equipa titular do Governo, e, por
isso, daqui a pouco e mais umas horas haverá certamente novidades.
Posso adiantar já uma: António Costa não está.
O primeiro-ministro
- cidadão António Luís Santos da Costa, como disse ontem Carlos
Alexandre - encontra-se em Bruxelas. Para os que julgam que
é fácil a vida optimista de quem nos comanda, deixo aqui a agenda
09:30 - Encontro com o
Presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani
10:05 - Início da sessão de
trabalho do Conselho Europeu, com o tema: Migrações; Segurança Interna;
Relações Externas
13:00 - Almoço de trabalho -
Cimeira do Euro
19:25 - Cerimónia de
abertura da 12.ª Cimeira da ASEM
21:00 - Jantar dos Chefes de
Estado e de Governo da 12.ª Cimeira ASEM, no Museu Real de Arte e História
A historia começou a escrever-se
quando Theresa May aterrou na Bélgica e começou uma série de conversas
com o único objetivo de garantir um acordo para o Brexit. Diz a
primeiro-ministro britânica que “ainda é possível”, mas só com muito
trabalho. Os responsáveis europeus aguardam e não parecemtão optimistas.
Por muito que queiramos,
não é fácil vir respirar um pouco à superfície do oceano
orçamental em que nos encontramos. Há três dias que só se fala disso e é
garantido que para a semana a paisagem vai ser idêntica. OE para cá, OE
para lá.
Ou, no caso dos funcionários
públicos, é mais o Oyeahh(estou a brincar…mas para os restantes tenho uma
boa sugestão de leitura no final deste curto).
Ontem uma
das surpresas foi a das reformas antecipadas.
Há também novidades nos recibos verdes,
no preço dos
carros… Rui Rio, líder do PSD, considera que
se trata de um orçamento de ‘chapa-ganha-chapa-gasta’ para enganar os
eleitores, mas António Gosta garante que o objetivo é continuar a “melhorar a
vida dos portugueses e da economia”.
Isto é a política nacional
ao mais alto nível. Sempre surpreendente.
No extremo oposto, o da
aborrecida previsibilidade do quotidiano, está o buraco na rua. Um
grande buraco em Lisboa. Em Alcântara.
E o trânsito ainda vai
estar condicionado esta manhã.
Nesse extremo está também a
falta de eletricidade numa série de casas nas zonas atingidas pelo mau
tempo do último fim de semana. A EDP garante que são
menos de duas mil, como conta o Diário de Coimbra, e é preciso reconhecer que
já foram mais de 300 mil.
No fundo, é uma questão de
perspectiva. O tal buraco da Maria Pia também deve
parecer minúsculo visto da estação espacial, mas acho que ninguém
gostava de cair lá dentro…
Passaram cinco dias desde a
tempestade Leslie e o prejuízo já ultrapassa os 80
milhões de euros. Com tendência para aumentar.
Na mesma ficaram duas
condenações a pena máxima aplicadas nos tribunais portugueses. Pedro
Dias viu a Relação confirmar os
25 anos de prisão. Tal como sucedeu aos arguidos condenados no
caso da ‘Máfia de Braga’.
Os terrenos onde funcionava a
Feira Popular, ali na zona de Entrecampos em Lisboa - e que se encontram
em processo de leilão (com direito a anúncios em alguns dos jornais mais
vendidos no mundo, como o Financial Times) - parecem estar dentro de um
daqueles carrinhos da montanha russa. O CDS entregou na
Procuradoria-Geral da República (PGR) um “pedido de sindicância” à Operação
Integrada de Entrecampos.
O que é que rima com
Entrecampos? Tancos, claro. E o que é que mesmo parecido com
Tancos? O roubo de armas na Direção Nacional da PSP, em Lisboa. Foram 57
Glocks que desapareceram há quase dois anos. No Parlamento, o ministro da
Administração Interna revelou que já
apareceram oito: quatro em Espanha, quatro em Portugal. Faltam 49.
Eduardo Cabrita disse também
que ainda não há videovigilância em todos os locais onde as polícias têm
armas guardadas. Neste particular, o ministro não concretizou quantos
faltam.
Ainda assim, há trabalho a
fazer. Pode ler neste artigo que o trabalho - ainda que possa trazer maior
segurança ao material bélico nacional - dificilmente tornará alguém rico.
Mais deum milhão de portugueses que trabalham são pobres.
Um pequeno bloco de notícias
rápidas, mas importantes
O Parlamento discute hoje
dois projetos de resolução (PSD e PCP) sobre a ala pediátrica do Hospital
de São João;
O ex-super-espião Jorge
Silva Carvalho vai lançar um livro que, assegura a
revista Sábado, tem “revelações explosivas”: operações ilegais, pressões
internas, escutas e um "assalto" feito por espiões à sede de um
partido político;
Os manuais escolares gratuitos já
têm um prazo de vida. Ao fim de três anos são substituídos por livros novos;
Se quiser impressionar os amigos, atire a seguinte pergunta para o ar: Alguém sabe que dia é hoje? Um vai dizer que é Dia Europeu de Luta Contra o Tráfico de Seres Humanos; outro responderá que é Dia Mundial da Resolução de Conflitos; um terceiro irá garantir que é Dia Mundial da Menopausa; e o mais calado surpreenderá tudo e todos ao revelar que é Dia dos Médicos. Nenhum está errado. É tudo verdade.
Mas guarde o melhor para o fim:
ontem foi ‘dia da moca’ no Canadá.
Um dos maiores países do mundo legalizou o consumo de marijuana e a BBC
acompanhou o fumo a subir durante várias horas.
É com esta sensação de
ligeira alucinação e absoluta incompreensão que o mundo
vai assistindo à lenta marcha dos dias que faltam para as eleições
brasileiras. Os dois candidatos estão em
plena guerra nas redes sociais. Bolsonaro lidera as sondagens, mas o que
as sondagens mostram mesmo é
um país que não se compreende a si próprio.
Entretanto, enquanto não chega
o novo presidente, o atual (que, recorde-se, está a caminho de deixar de
ser depois de ter substituído a presidente que foi destituída, após ter
sucedido ao presidente que está detido) encontra-se em maus lençóis.
Michel Temer foi indiciado
pela polícia por corrupção e lavagem de dinheiro. Está ‘lulado',
portanto.
Jean-Luc Mélenchon estava
inspirado. Nas últimas horas tornou-se uma vedeta das redes sociais e
um fortíssimo candidato a autor da frase do ano. “La republique c’est
moi”, gritou ele
na cara do polícia que o separava de uma porta. (O video é imperdível) Uma
clara homenagem a Louis XIV que, alegadamente, terá dito, em 1655, “LÉtát
cest moi”. Alegadamente porque não há qualquer registo escrito da
frase e também porque, ao contrário do que sucedeu com o líder do
movimento França Insubmissa, o rei não tinha a polícia a realizar buscas à
sede do seu partido.
O assunto seguinte, que vai estar
também no topo da atualidade desta quinta-feira, tem algumas frases que
custam a ler. A morte de um
jornalista no consulado da Arábia Saudita na Turquia ameaça tornar-se
um foco de tensão internacional. Os pormenores do
caso são chocantes e as suas implicaçõespreocupantes.
No Vaticano, o Papa
Francisco recebe esta manhã o presidente da Coreia do Sul. Moon Jaein vai
transmitir ao Papa uma mensagem do líder do líder da Coreia do Norte, Kim
Jong-un. Ao que tudo indica, será o tal convite para
uma visita de que se falou há uns dias.
Há uns anos valentes, neste
preciso dia em 1867, o Alasca tornou-se oficialmente parte integrante
dos Estados Unidos da América. Os americanos compraram-no à Rússia
por cinco centavos o hectare. Custou 7,2 milhões de dólares.
Por muito menos - vamos ser
sério, é à borla - milhares de jovens de 18 anos vão poder
viajar de comboio pela Europa. O concurso para os bilhetes grátis começa
a 29 de novembro e os pormenores estão aqui.
Sem sair do Vida Extra, a
novidade mais recente do site do Expresso, arrisco sugerir um salto a
Nova Iorque para ver,
nos ecrãs gigantes de Times Square, os trabalhos do
português Santiago Ribeiro.
Logo à noite há futebol. A
abrir as hostilidades desta eliminatóriada Taça
de Portugal temos um Sertanense-Benfica, jogado em Coimbra. De um lado,
uma equipa cujo relvado não
estava de acordo, cheio de buracos que pareciam feitos por toupeiras; do
outro, uma equipa que chegou a acordo com a
Google para lidar com toupeiras.
Antes, pode ser que
haja surf em
Peniche. Frederico Morais estána
luta.
O QUE ANDO A LER
Calma, não me esqueci de si
caro leitor-não-funcionário-público. Antes, contudo, gostava de destacar
alguns artigos sobre a juventude.
Podemos começar por este, que conta a história de uma jovem
ativista de 15 anos que passa dias inteiros a tentar salvar o
planeta.
Passamos para um ambicioso projeto do
The New York Times, que foi à procura dos sonhos das raparigas que fazem
18 anos em 2018. Uma viagem por diferentes países e personalidades.
E, já agora, aproveite para recordar este
artigo que publicámos há uns meses na revista E sobre os jovens adultos
que nasceram em 2000. Uma espécie de Geração 18, à portuguesa.
O livro, por fim. “Felizes sem um Ferrari”, de Ryunosuke Koike, um monge japonês.
O título, traduzido literalmente,
é “Manual Para Aprender a Ser Pobre”. No entanto, e do pouco que já
consegui ler, é mais um tratado para nos ensinar a viver com menos.
A questão do consumo, e
das implicações que pode ter no futuro da humanidade, na medida em
que ameaça a própria sobrevivência do homem no planeta, foi um dos
temas de uma conferencia recente
do cientista Manuel Sobrinho Simões.
O livro de Koike é um bom pequeno passo para esse grande salto que, parece, teremos mesmo de dar um dia.
Este problema já não é pessoal. É
de todas as pessoas.
Tenha um bom dia. Estamos por cá, no site do Expresso.
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